quarta-feira, 5 de abril de 2017

As "reformas" e os puxadinhos golpistas

Ilustração: Fernando Carvall
Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:

O presidente não eleito tem enchido a boca para falar de reformas. Quase sempre seguindo um jogo de chantagem pré-política, de quem não sustenta o debate democrático, apresenta seus projetos destrutivos como se fossem a salvação do país e a garantia preventiva para um cenário de caos anunciado. Ele mente de graça em discursos para empresários e paga para mentir nos meios de comunicação.

Próprio da condução autoritária do atual poder ilegítimo, são desqualificados todos os canais de consulta e participação popular. O Congresso entra nesse jogo como fiador da representatividade, ainda que manchado em sua maioria pelo alinhamento fisiológico explícito. Tem feito o serviço sujo de forma sabuja e sem constrangimento. Maia e Eunício não ficam nada a dever a Cunha e Renan.

A perseguição implacável de Gilmar Mendes

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Gilmar Mendes e Sérgio Moro têm várias coisas em comum. Atropelam os procedimentos e a compostura jurídica, são poupados pela mídia e pelos colegas, e reagem a qualquer crítica abrindo ações contra os críticos.

Trata-se de um atentado grave à democracia. Os abusos de ambos são reconhecidos por todo o meio jurídico. Mas, amparados ou pela mídia ou pelo clamor público, valem-se disso para despertar solidariedade ou intimidar o Judiciário e partir para a perseguição implacável dos críticos, valendo-se de seu poder de Estado.

Acabo de ser alvo da quarta ação de Gilmar.

O babaquinha da Gestapo paulistana

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Eu sou um cara antiquado.

Por isso, torço que uma professora daquelas com mais de vinte anos de magistério, como era minha mãe, ponha para correr esta caricatura de agente da Gestapo que é o tal Fernando Holiday.

De preferência, com uma bela bofetada (verbal, é claro) , daquelas de mão aberta, que machuca pouco mas faz um grande barulho.

Este moleque está divulgando nas redes, com o apoio do “padrinho” Kim, vídeos onde faz “fiscalização-surpresa” nas escolas para ver se os professores estão “doutrinando” os pobres alunos.

Temer e a restauração neoliberal

Ilustração do blog Pataxó
Por Pedro Rossi e Guilherme Mello, no site Brasil Debate:

Uma associação de interesses levou ao golpe político que destitui Dilma Rousseff do poder. De um lado, os membros da classe política inconformados com a resistência (ou incapacidade) da presidenta eleita em atuar para “estancar a sangria” ou salvá-los da operação Lava Jato. De outro lado, os interesses em torno do projeto econômico neoliberal, fortalecidos pela crise econômica e por um sentimento de insatisfação generalizado. Temer assume para atender a esses dois grupos de interesse: governa para “estancar a sangria” e terceiriza a gestão econômica para os porta-vozes do novo projeto econômico. Assim, em um acordo frágil, as elites golpistas aceitaram o escárnio e a impunidade em troca da implementação de uma agenda para desmontar o Estado social e o Estado indutor do crescimento.

Equador: Derrotado imita golpismo de Aécio

Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                                                        
São incríveis as semelhanças entre as eleições presidenciais do Brasil em 2014 e do Equador, cujo segundo turno que aconteceu neste domingo, 2 de abril, apontou a vitória do candidato de esquerda Lenín Moreno, apoiado pelo atual presidente Rafael Correa.

A margem apertada do resultado final em ternos percentuais foi praticamente a mesma do pleito brasileiro em favor de Dilma contra Aécio : 51,16% para Moreno e 48,84% para o banqueiro Guilherme Lasso, candidato oposicionista de direita.

Cresce rejeição popular a Temer e ao golpe

Editorial do site Vermelho:

O resultado da pesquisa CNI/Ibope divulgada em 31 de março é devastador para a imagem, já cambaleante, de Michel Temer: 79% dos brasileiros não confiam no mandatário ilegítimo, 73% rejeitam o modo como ele governa, e 55% avaliam seu governo como péssimo ou ruim.

A avaliação negativa, que em dezembro de 2016 já era péssima, aumenta a olhos vistos. Os números que a estatística revela dão maior expressão à realidade que se manifesta de forma crescente nas ruas e volta a animar o movimento popular em luta pela democracia, pela retomada do desenvolvimento, do emprego e da renda, e em defesa da soberania nacional.

A ditadura do superávit primário

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

O Banco Central (BC) acaba de divulgar seu Relatório Mensal sobre a Política Fiscal do governo brasileiro. Dentre as inúmeras informações relativas ao desempenho da equipe econômica no campo da administração da questão fiscal, vale a pena destacar os números que retratam o comportamento das despesas financeiras da administração pública federal.

De acordo com o levantamento apresentado pelo BC, ao longo do mês de fevereiro, o valor referente ao total de juros pagos pelo governo atingiu o montante de R$ 30,7 bilhões. Isso significa que, no acumulado dos últimos 12 meses, a União transferiu ao setor financeiro um volume de R$ 388 bi, em razão dos compromissos assumidos com cada uma das muitas modalidades do extenso cardápio que compõe o estoque de títulos de nossa dívida pública.

Chomsky e os cinco filtros da mídia

Lula é a estabilidade contra o caos

Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:

Por trás da fumaça que vem do Tribunal Superior Eleitoral (o TSE, como se sabe, decidiu adiar o julgamento da chapa Dilma-Temer, oferecendo sobrevida ao moribundo consórcio Temer/PMDB/PSDB) e de Curitiba (a Lava-Jato se consolida como um Tribunal de Exceção, conduzido por um juiz desequilibrado que manda prender blogueiro), alguns movimentos quase imperceptíveis no mundo da política indicam que o cenário mudou.

O fato político mais importante dos últimos 10 dias não foi, tampouco, a capa da “Veja”, que indica Aécio Neves no mesmo caminho trilhado por Carlos Lacerda em 64: implorou pelo golpe, achando que herdaria o poder, e terminou cassado pelo processo que ajudou a fomentar. Aécio é um cadáver, e será devorado, mas deixemos os mortos vivos em paz… O fato mais importante foi outro: a declaração enfática de Nelson Jobim (ex-ministro do STF, mas que é sobretudo um peemedebista com trânsito no PT e no PSDB) defendendo que “proibir Lula de ser candidato é fazer o que fizeram os militares”.

Qual é a base do otimismo com a economia?

Por Carlos Drummond, na revista CartaCapital:

Perde-se a conta das vezes em que o otimismo até certo ponto misterioso das frequentes sondagens de expectativa empresarial sucumbe à realidade da economia. O mantra incessante de Brasília sobre o fim da recessão e o raiar da recuperação também não adiantou.

Os dados de fevereiro do IBGE, divulgados na sexta-feira 31, mostram um aumento drástico do desemprego, de 11,7% no trimestre de dezembro a fevereiro, na comparação com o período de setembro a novembro.

A variação correspondeu ao acréscimo de 1,4 milhão de desempregados, elevando o total para inéditos 13,5 milhões de trabalhadores sem ocupação. A taxa de desemprego, de 13,2%, é a mais alta para trimestres desde que o instituto começou a publicar a pesquisa, em 2012. Em um ano, são 3,2 milhões de pessoas a mais sem emprego, um aumento de 30,6%.

Ampliar as alianças contra o retrocesso

Por Verônica Couto, no site SOS Brasil Soberano:

A necessidade de ampliar as alianças políticas, de modo a fortalecer a resistência ao projeto implantado após o impeachment, foi defendida pela maior parte dos palestrantes do I Simpósio SOS Brasil Soberano, realizado nesta sexta-feira (31/03), no Rio de Janeiro. Os debates de alternativas “Contra a crise, pelo emprego e pela inclusão”, tema do evento, também apontaram a urgência da retomada do investimento público. Especialmente na construção civil, para gerar empregos e estimular a economia, proposta do professor Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, e na tecnologia nacional, para assegurar posições estratégicas na indústria e no mercado internacional, como destacou o engenheiro Alan Paes Leme Arthou, ex-coordenador do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear da Marinha (Prosub). Tais medidas, voltadas à proteção de direitos e da soberania nacional, poderiam constituir, na avaliação do ex-ministro de C&T, Roberto Amaral, uma plataforma de unidade na resistência democrática e contra o programa em curso, de desconstrução do Estado.

Doria, o Berlusconi da Lava-Jato?

Por Jeferson Miola

O prefeito paulistano João Dória é uma das apostas da classe dominante caso a Lava Jato fracasse na condenação arbitrária do Lula e não consiga impedir sua candidatura. Estariam reservando a Dória, o “João trabalhador” do marketing eleitoral, o mesmo papel que o fascista Sílvio Berlusconi desempenhou na Itália pós-Operação Mãos Limpas?

O PIB da Itália em 1992, então a quinta economia do planeta, era de U$$ 1,28 trilhões. Em 1994, no auge das apurações da Mãos Limpas, o PIB desabou 17%, para US$ 1,06 trilhões, significando o derretimento de US$ 221 bilhões da economia do país em decorrência do fechamento de empresas e de prisões e suicídios de empresários.

TSE deixou claro: é para inglês ver

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Se alguém tinha ilusões com o julgamento da chapa Dilma-Temer pelo TSE, é bom ir enfiando a viola no saco. A sessão de abertura do julgamento deixou claro como será o jogo: com prazos, recursos e procrastinações, o julgamento vai terminar quando Temer não for mais presidente. Ou quando faltar tão pouco tempo para a eleição presidencial que os ministros poderão dizer candidamente: para o bem do país, que fique tudo como está.

Os partidos devedores em fuga

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

A temerária ação do Procurador Dallagnol contra o PP, cobrando mais de dois bilhões de reais daquele Partido, decorrentes de lesões ao erário, que ele assevera cometidas por filiados ao mesmo, certamente abre a lista de um rosário de ações judiciais, que visam o extermínio dos partidos políticos no Brasil. Isso só foi possível “naturalizar”, como ação do Ministério Público Federal, após um exitoso movimento da mídia tradicional, articulado com direita liberal orgânica – existente na burocracia do Estado e na maioria dos partidos tradicionais – para criminalizar a política de forma radical. Por dentro da política democrática e com o funcionamento normal das suas instituições, não conseguiriam fazer as suas reformas de desmonte do Estado, de terceirizações selvagens e de entrega do pré-sal.

A classe trabalhadora e o discurso liberal

Por Jordana Dias Pereira, no site da Fundação Perseu Abramo:

Uma boa polêmica tomou conta de redes sociais a partir da recém-lançada pesquisa da Fundação Perseu Abramo, que aponta uma tendência das camadas de menor renda da nova classe trabalhadora para a orientação liberal.

A princípio, é importante destacar que este resultado não é uma novidade para o campo progressista. Há extensa bibliografia sobre os efeitos da ascensão social e do aumento do poder aquisitivo neste estrato social específico.

Os governos do PT, com políticas de ampliação do crédito e de aumento do salário mínimo, possibilitaram que o povo alcançasse aquilo que almejava num primeiro momento: acesso aos bens consumo (eletrodomésticos, carro, casa própria…). Isso deve ser visto como uma conquista importante da classe trabalhadora.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Mídia tenta esconder o caos econômico

Foto: Felipe Bianchi
Por Felipe Bianchi, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

A crise que não sai nos jornais foi tema de debate na sexta-feira (31), na sede do Barão de Itararé, em São Paulo. De acordo com o senador Roberto Requião (PMDB-PR), não adianta os grandes meios de comunicação contrariarem os indicadores para fingir que as promessas de melhoras na economia, que culminaram no impeachment de Dilma Rousseff, deram algum resultado. Pelo contrário, a despeito de manchetes espalhafatosas e esperançosas, "a realidade entra pelas portas e janelas de nossas casas", afirmou.

Temer tenta sobreviver a julgamento no TSE

Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

O julgamento do presidente Michel Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), previsto para começar na próxima terça-feira (4), ocorre num momento de ventos desfavoráveis. Sua popularidade está baixíssima e em queda. As duras críticas do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), ao governo, nos últimos dias, indicam que até mesmo correligionários do presidente começam a se preocupar mais com as eleições de 2018 do que com a salvação do próprio governo. E as manifestações contra Temer aumentam.

Reencontro de Dilma/Temer no banco de réus

Por Tomás Chiaverini, no site The Intercept-Brasil:

O processo de cassação da chapa Dilma-Temer, que começará a ser julgado nesta terça-feira, dia 4, para quem não lembra, foi iniciado em 2014, com uma birra do PSDB que, diante da derrota na corrida presidencial, em vez de sentar e chorar como qualquer menino mimado de respeito, resolveu tentar melar o jogo na Justiça.

Vivíamos, então, uma época de pureza e inocência, na qual ninguém sonhava com um Eduardo Cunha na presidência da Câmara e o impeachment não passava de uma ideia disparatada, oculta sob os cabelos metaleiros da desconhecida Janaína Pascoal. Então os tucanos apelaram para o que tinham à mão: acusaram a chapa adversária de, entre outros malfeitos, usar recursos não contabilizados para pagar contas de campanha. A ideia, ao que tudo indica, era usar o tapetão para que Aécio Neves, na condição de segundo mais votado, fosse alçado à Presidência. O processo era um tiro no escuro e tinha poucas chances de dar resultados, já que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nunca tinha julgado um processo contra um presidente eleito.

Condenação de Temer fará bem à democracia

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

O esforço de Michel Temer e seus aliados para impedir o avanço do julgamento no TSE se explica por um cálculo evidente. Em posição insustentável, a cassação dos direitos políticos de Temer abre o debate sobre a escolha do novo presidente, aquele que irá governar o país até 2018.

Em condições normais, não haveria o que discutir fora da regra constitucional, que determina a escolha pelo Congresso, em voto indireto, no prazo de 90 dias.

Mas o país não vive um período de normalidade desde o afastamento de Dilma sem crime de responsabilidade configurado. Desde o 15 de março de 2017, os brasileiros e brasileiras demonstraram, na rua, que estão mobilizados para defender seus direitos.

'Folha' propõe o que não faz

Por Jaime Sautchuk, no site Vermelho:

O jornal Folha de S.Paulo, apontado como o maior do País, está realizando nova reforma editorial e divulgou no final de março um projeto destinado a informar seu público sobre sua proposta. Não tem grandes novidades, mas propõe um jornalismo bem diferente daquele que pratica.

Este é um dos principais veículos do que costumamos chamar de “grande mídia impressa brasileira”, que apoiou o golpe de estado que foi o impeachment da presidente Dilma Rousseff, democraticamente eleita. Participou, portanto, de um dos momentos mais vergonhosos da história da imprensa tupiniquim.