segunda-feira, 7 de maio de 2018

De resistentes a golpistas

Por Maurício Dias, na revista CartaCapital:

Cada um veste a camisa que lhe convém e troca a roupa quando lhe é conveniente. Tem sido assim a trajetória adotada por parte da dita esquerda brasileira após a ditadura.

Uma massa enorme desses ex-militantes migrou para o lado oposto, a ultradireita golpista. Parece que arrependidos com o que eram. Subiram a escada pela esquerda e desceram pela direita até o inferno.

A migração da esquerda para a direita não é novidade no mundo todo, mas por aqui o fenômeno passa a ser mais curioso e assustador. Há muitos exemplos. É o caso de Fernando Gabeira, ex-integrante da luta armada que, sob a ditadura, participou do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, no Rio de Janeiro, em 1969.

A ausência de negros na novela da Globo

Do blog Socialista Morena:

Criticada nas redes sociais por não escalar negros para uma novela ambientada na Bahia, estado onde, segundo o IBGE, há uma população de quase 80% de pretos e pardos, a Globo resolveu jogar a “culpa” sobre as atrizes negras Taís Araújo e Camila Pitanga. Em nota oficial divulgada pelo jornalista Maurício Stycer, do UOL, a emissora diz: “na época da escalação de Segundo Sol discutiram-se nomes como o de Taís Araújo, que não poderia pois está em Mister Brau, e de Camila Pitanga, que não se sente pronta para voltar às novelas, depois do acidente que causou a morte de Domingos Montagner no final de Velho Chico”. Ou seja, a culpa é do negro por não ter negro na novela.

Feira do MST teve samba e rumo político

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Num país em esforço permanente para encontrar um destino civilizado, a III Feira Nacional da Reforma Agrária produziu um marco histórico e um exemplo.

Encerrada na noite de domingo, ao longo de quatro dias a Feira levou 260.000 pessoas ao Parque Água Branca, uma das mais antigas áreas públicas de São Paulo. Neste período, a praça de alimentação ofereceu 75 iguarias diferentes. As barracas de agricultores e feirantes comercializaram 420 toneladas de 1530 produtos. Na feira de livros, eram vendidas obras primas da ficção mundial e brasileira, além de raridades da literatura revolucionária do início do século XX, as vendas são estimadas, também, em várias toneladas.

Temer trouxe a nova segregação social

Por Marcio Pochmann, na Rede Brasil Atual:

Com o governo Temer, a volta do receituário neoliberal – somente possível sem o respeito à vontade popular – trouxe consigo uma nova forma de manifestação da segregação social no Brasil. Isso porque no ano de 2017, por exemplo, a pobreza enquanto medida de distanciamento de um padrão digno de vida, terminou por crescer mais acentuadamente nos segmentos que até pouco tempo pareciam estar protegidos, como brancos, homens, mais escolarizados e adultos.

domingo, 6 de maio de 2018

Bolsonaro: o candidato da (in)segurança

Por Leandro Gavião e Alexandre Valadares, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

De todos os presidenciáveis para as eleições de 2018, Jair Bolsonaro é aquele que busca de maneira mais enfática se apresentar como o candidato capacitado a solucionar o problema da violência que assola o país.

Na ausência de um programa, é possível recorrer ao farto material disponível na internet, de modo a antecipar aquilo que provavelmente será sua proposta para a segurança pública. As declarações presentes em vídeos, reportagens e entrevistas ajudam a fazer uma leitura interessante desse personagem que, mesmo sem nunca ter concorrido à Presidência, consegue ter mais seguidores no Facebook do que qualquer outro político brasileiro [1].

Papel e desafios da imprensa sindical

Por Joanne Mota, no site da CTB:

Já estão abertas as inscrições para o VI Seminário Unificado de Imprensa Sindical e o 4°Encontro Nacional de Jornalistas Sindicais. Os eventos são organizados por entidades que compõem o Fórum de Comunicação da Classe Trabalhadora. Em 2018, o seminário terá como tema “Fortalecer a comunicação sindical para enfrentar os ataques do capital” e será realizado em Salvador/BA, entre 31 de maio e 02 de junho, em parceria com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia e com o apoio de profissionais que atuam na comunicação sindical baiana.

A atualidade de Karl Marx

Editorial do site Vermelho:

Karl Marx nasceu há duzentos anos, em 5 de maio de 1818. O mundo mudou muito desde então – o antigo sistema colonial estava em seus estertores, a Europa se recuperava das guerras napoleônicas e a paz da reacionária Santa Aliança (Áustria, Prússia e Rússia), dominava o velho mundo.

O modo de produção também mudava radicalmente, e o capitalismo, com suas fábricas, a exploração dos trabalhadores e a disseminação do domínio do dinheiro sobre todas as relações sociais, se consolidava aceleradamente.

Jornalistas farão ato em defesa da democracia

Por Flaviana Serafim, no site do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo:

Jornalistas, blogueiros, midiativistas, representantes de organizações da sociedade civil, dos movimentos populares e do movimento sindical participam do “Ato em Defesa da Democracia e do Sindicato”, que ocorre no próximo 8 de maio (terça-feira), a partir das 19 horas, no auditório Vladimir Herzog, sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), na Rua Rego Freitas nº 530, sobreloja, Vila Buarque, centro paulistano.

Temer cria o “desemprego psicológico”

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O Brasil tornou-se um país insólito.

O homem que mais fez pelo país está preso, não importa muito a razão, porque a razão da prisão de Lula é, essencialmente, retirá-lo da política, o resto é apenas o que se puder arranjar como convicção.

Em lugar dele, temos um presidente que ultrapassa todos os limites da desfaçatez com a sua “retomada do crescimento” que nos encolhe e a “ponte para o futuro” que vai nos levando para o passado do qual pensávamos ter saído.

Um longo velório para Michel Temer

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Maio começou mal para o presidente Michel Temer. No ano passado, neste mesmo mês, estourou o caso JBS, mas ele ainda tinha capital político. Torrou-o aliciando votos para enterrar as duas denúncias de Rodrigo Janot. Agora, seu governo enfrenta uma espécie de velório antecipado, que se prolongará por oito meses, se não acontecer antes a morte súbita, por conta de uma terceira denúncia. Ele encerrou uma semana espinhosa discutindo com seu advogado o rumo do inquérito em que é investigado no STF e admitindo desistir de sua inconvincente candidatura à reeleição.

O fim do foro, Barroso e a antipolítica

Por Gilberto Maringoni, na revista Fórum:

O fim do foro especial – equivocadamente chamado foro privilegiado -, ao contrário de ser uma medida moralizante é uma vitória da demonização da política.

A iniciativa do ministro Luís Roberto Barroso – indicado pelo PT por seu vezo ongueiro – é fruto de um golpe, no qual o STF substitui o quórum qualificado do Congresso na aprovação de emendas à Constituição. Além disso, mostra como é o maravilhoso mundo judicializado: está mantida a prerrogativa para juízes e desembargadores e incide apenas sobre deputados e senadores. A medida é atabalhoada e gerará inúmeras confusões e incertezas legais.

A esquerda que quer voltar ao gueto

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Há dois momentos que ameaçam um grupo político: o do sucesso e o da derrota.

O sucesso tende a minimizar os riscos e os inimigos. Melhor exemplo foi o incomparável sucesso de Lula no período 2008-2010 e o de Dilma Rousseff nos dois primeiros anos, que os fez cegos aos movimentos de desestabilização que já estavam em andamento.

A derrota tende a promover a desesperança, como reação, despertar a busca de saídas mágicas. É um momento em que proliferam oportunistas, vendedores de poções mágicas do velho oeste, anunciando balas de prata aqui e acolá, que resolverão todos os problemas instantaneamente. Usam despudoradamente o recurso aos fake news para oferecer informações ou análises falsas, explorando a boa fé dos que precisam se iludir para superar a decepção com os rumos do país.

Armação Veja-PF: quem mente mais?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

O que se pode esperar de uma história sobre a prisão de Lula contada pela Veja e desmentida pela Polícia Federal?

Jogando juntos desde o início da Lava Jato, a revista e a PF pensam que todo mundo é idiota.

Com a chamada “Veja teve acesso à ala restrita onde está o ex-presidente e revela os bastidores dos seus primeiros trinta dias de cárcere”, a Veja circulou na sexta-feira com uma fakenews na capa, segundo nota divulgada pela Polícia Federal do Estado do Paraná:

A Europa pobre volta aos filmes

Por José Geraldo Couto, no site Outras Palavras:

Crianças e adolescentes indomáveis, crescendo num ambiente hostil, são um tema recorrente nos dramas sociais, e diante de Ciganos da Ciambra muita gente inevitavelmente se lembrou de clássicos como Os esquecidos, de Buñuel, Os incompreendidos, de Truffaut, e Pixote, de Babenco.

Mas o filme de Jonas Carpignano se passa na Itália, berço do neorrealismo, que fecundou praticamente todas as cinematografias do mundo, e talvez fosse mais pertinente lembrar que a infância desamparada e rebelde esteve no centro de grandes marcos neorrealistas, de Vítimas da Tormenta (Vittorio De Sica, 1946) a Alemanha ano zero (Roberto Rossellini, 1948), passando pelo episódio napolitano de Paisà (Rossellini, 1946).

A tragédia da ocupação e a lógica do capital

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

A tragédia ocorrida no dia 01 de maio no centro de São Paulo exprime, infelizmente, de forma bastante nua os níveis de desigualdade e de injustiça tão cruéis que caracterizam a sociedade brasileira. A forma como os grandes meios de comunicação e alguns dos principais líderes da direita abordaram o assunto não nos oferece nada mais do que raiva, nojo e asco. De acordo com essa abordagem tão típica de parte das elites de nosso País, os responsáveis pelo acidente, pelas mortes e por todo o tipo de perdas ocorridos durante aquela madrugada seriam as pessoas que ocupavam o imóvel vazio pertencente à União.

sábado, 5 de maio de 2018

Argentina afunda. Cadê as antas da mídia?

Por Altamiro Borges

O jornal espanhol El País informa neste sábado (5) que a economia da Argentina está afundando. O temor da burguesia é com uma nova explosão de descontentamento popular no país vizinho. Já a mídia brasileira, que festejou a derrota do candidato de Cristina Kirchner nas eleições presidenciais de 2015 e sempre bajulou o ricaço Mauricio Macri, evita dar maior destaque para o assunto. Diante do fiasco, o site de ultradireita Antagonista, editado por algumas antas do jornalismo nativo, agora tenta se distanciar do desastre, apresentando o presidente neoliberal como “socialdemocrata”. Risível! Patético!

Marielle, Lula e a mídia manipulada

A falta de rigor jornalístico da 'Veja'

Por Camilo Vannuchi, no blog Diário do Centro do Mundo:

Tem uma publicação aí, que reivindica a alcunha de “revista semanal de informação”, que fez duas capas sobre fake news desde janeiro e, nesta semana, resolveu publicar mais uma reportagem repleta de inconsistências.

Entre elas, logo no comecinho, cravou que o ex-presidente Lula, em sua confortável rotina de presidiário VIP, numa sala de 15 metros quadrados sem cadeado e com televisão, recebe todas as manhãs uma dose de insulina.

Golpe de 2016 ameaça o meio ambiente

Por Paula Quental, no site Brasil Debate:

A agenda ambiental no Brasil contabiliza vitórias expressivas nos últimos 30 anos, entre elas a criação de importantes marcos legais, políticas e programas, o fortalecimento institucional do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o país ter sido sede de dois eventos internacionais do porte da Eco 92 e Rio+20 e a conquista de resultados efetivos, como a queda nas taxas de desmatamento na Amazônia legal. Os recursos públicos para a execução da política ambiental, ainda que muito mirrados em relação ao orçamento total da União, tiveram aumento entre 2003 a 2008 e um ápice em 2013 (0,34% do bolo orçamentário).

Chavismo continua movendo multidões

Por Fania Rodrigues, no jornal Brasil de Fato:

Depois de uma viagem de 2h30, saindo de Caracas, chegamos à cidade de Maracay, estado de Aragua, no interior da Venezuela. Um muro de três metros de altura separa os jornalistas do público. Dois portões de metais se abrem lentamente e deixam entrever um estádio lotado, em sua capacidade máxima. Parece uma final de campeonato, mas é a campanha eleitoral do presidente Nicolás Maduro, que tenta a reeleição no dia 20 de maio.

Os jornalistas ficam impactos com aquela cena. Nas arquibancadas, uma maré vermelha se posta em frente a um gramado tão verde que parecia ter sido recém plantado. No centro do estádio um palco baixo, muito próximo ao público de jovens estudantes e trabalhadores.