sábado, 5 de maio de 2018

Argentina afunda. Cadê as antas da mídia?

Por Altamiro Borges

O jornal espanhol El País informa neste sábado (5) que a economia da Argentina está afundando. O temor da burguesia é com uma nova explosão de descontentamento popular no país vizinho. Já a mídia brasileira, que festejou a derrota do candidato de Cristina Kirchner nas eleições presidenciais de 2015 e sempre bajulou o ricaço Mauricio Macri, evita dar maior destaque para o assunto. Diante do fiasco, o site de ultradireita Antagonista, editado por algumas antas do jornalismo nativo, agora tenta se distanciar do desastre, apresentando o presidente neoliberal como “socialdemocrata”. Risível! Patético!

Segundo relato do El País, “o governo argentino se empenha em transmitir tranquilidade, mas os antecedentes de uma das economias mais convulsionadas do mundo ocidental provocaram nervosismo dentro e fora do país. O dólar disparou e o governo decidiu usar artilharia pesada para lutar contra essa escalada. Pela terceira vez na mesma semana, o Banco Central aumentou as taxas de juros, que já eram as mais altas da região, elevando-as em poucos dias de 27% para 40%, um recorde absoluto no mandato de Mauricio Macri. Mas não parou por aí. O ministro da Economia, Nicolás Dujovne, anunciou um corte de gastos significativo, de 3,2 bilhões de dólares (11,3 bilhões de reais), principalmente em obras públicas”.

Ainda de acordo com o jornal espanhol, as novas medidas podem produzir uma explosão social no país e ter fortes impactos na região. “A elevação dos juros para 40% e o corte de gastos significam um freio para uma economia que tinha voltado a crescer e começava a sair da longa crise. Um crescimento mais baixo também deve trazer implicações para o Brasil. O país vizinho deve reduzir as importações de produtos brasileiros, principalmente de automóveis. Hoje, a indústria automobilística responde por quase metade da pauta de exportação aos argentinos. A Argentina é o terceiro destino do comércio exterior brasileiro, segundo a Associação do Comércio Exterior do Brasil (AEB)”.

Mauricio Macri, a exemplo do seu colega Michel Temer, é um capacho da cloaca empresarial nativa e do imperialismo ianque. Graças ao apoio do Grupo El Clarín – similar ao Grupo Globo no Brasil –, que praticou um “jornalismo de guerra” contra Cristina Kirchner, o ricaço corrupto foi eleito presidente com a promessa de retomar “instantaneamente” a economia. A manipulação midiática, como sempre, iludiu a egoísta “classe mérdia”. Agora, porém, aparecem os resultados. A Argentina está derretendo, com o desmonte do Estado e a regressão nos direitos sociais. Os abutres financeiros são os únicos vitoriosos na gestão de Mauricio Macri e ainda exigem mais concessões. As antas do jornalismo argentino e brasileiro – com todo o respeito aos bichinhos – estão em pânico.

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