domingo, 6 de maio de 2018

Temer cria o “desemprego psicológico”

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O Brasil tornou-se um país insólito.

O homem que mais fez pelo país está preso, não importa muito a razão, porque a razão da prisão de Lula é, essencialmente, retirá-lo da política, o resto é apenas o que se puder arranjar como convicção.

Em lugar dele, temos um presidente que ultrapassa todos os limites da desfaçatez com a sua “retomada do crescimento” que nos encolhe e a “ponte para o futuro” que vai nos levando para o passado do qual pensávamos ter saído.

Hoje, na Folha, o energúmeno que ocupa o Planalto sai-se com mais um pérola de cinismo: a tese do “desemprego psicológico”. Vejam o que diz:

“Não é o que desemprego aumentou. É que o desempregado, quando a economia começa a melhorar, ele, que estava desalentado, portanto, não procurava emprego, ele se transforma em um alentado. Ele vai procurar emprego. Como não há emprego para todos ainda, ele não consegue o emprego e isso entra na margem do cálculo do IBGE.”
“Aumentou o número daqueles que procuram empregos. E aqueles procuram empregos, alentados que se acham, aumentam porque a economia está melhorando.”
Então, chegam à conclusão de que os mais de 30 mil que penaram sob o sol no Engenhão, no Rio, em busca de um emprego qualquer que fosse, eram “alentados”, felizes com a recuperação econômica, não infelizes que só viraram desempregados porque estão procurando emprego.

Será que os 5,3 mil que os Correios, a caminho da privatização, pretendem demitir, ao fechar 513 agências, também serão “alentados felizes”?

Somos um país entregue, não apenas na política, aos cínicos e desumanos: imprensa, juízes e políticos que se dedicam, diuturnamente, a destruir o Brasil.

Não é à toa que o cientista Miguel Nicolelis, uma das melhores cabeças brasileiras, diz que não conhece “nenhum outro país que seja tão fácil arregimentar pessoas nativas desse país para destruir a viabilidade do próprio país”.

E, para isso, tão dedicados a enjaular o que é a esperança visível de que possamos salvar nossa pátria.

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