Reproduzo artigo de Washington Araújo, publicado no sítio Carta Maior
Certa vez em uma entrevista, um diretor polonês disse que, por um longo tempo, a mídia em seu país havia dedicado sua primeira página todos os dias para falar sobre o governo sem nunca reportar que os cidadãos estavam fugindo em massa para Londres em busca de um futuro melhor. O diretor disse que um dia recebeu a mensagem dando conta que 1 milhão de poloneses havia emigrado de seu país. E, finalmente, foi com essa imagem da massa de emigrantes que os jornais formaram suas primeiras páginas.
Há que se perguntar como é que tão grande número de poloneses saiu do país sem que ao menos isso fosse noticiado? A verdade é que os jornais tinham, àquela altura, se distanciado profundamente da sociedade que buscavam retratar. Colocaram tanto foco nas minúcias, nos detalhes que ajudavam a perceber a realidade mais ao seu gosto, que perderam qualquer contato com a imagem da floresta. Isto me faz refletir sobre o momento atual por que atravessam nossos grandes conglomerados midiáticos. Estes cerram fileiras em torno dos grãos.
Todo esforço, todo grama de energia, todo milésimo de segundo é dedicado integralmente a potencializar o que sentem ser um retrato fiel da sociedade brasileira na atualidade. Hoje, imensas trilhas foram abertas nas florestas da informação, mas a grande imprensa não consegue nem mesmo ver as árvores. Para ela, uma ou duas folhas de uma árvore assumem importância tal que podem obliterar o conjunto todo.
Excesso de bordões
Neste contexto penso que para chegarmos sãos e salvos ao dia 3 de outubro haveremos ainda que passar por manchetes diárias estampadas em nossa grande imprensa (Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo, O Globo) dando conta da violação de sigilos fiscais de adicionais 21 pessoas intimamente relacionadas com a família do candidato José Serra. Após a quebra do sigilo da filha e do genro, do primo de sua mulher, ainda saberemos que foram ao meio fio os sigilos da sogra, da sobrinha, de dois tios, de uma comadre de sua filha e de sua afilhada. É o jornalismo conta-gotas, como se a sociedade estivesse recebendo ao longo das próximas semanas doses diárias do homeopático Beladona.
O meio mais eficaz para banalizar um crime é tratá-lo como banal. Simples assim. E é isto o que a imprensa paulista, aquela que se autointitula de abrangência nacional, vem fazendo desde os últimos dias e deverá pautar sua equipe de "opinionistas" e colaboradores: a cada dia o escândalo requentado busca render imagens "na medida" para atender interesses eleitorais na propaganda veiculada na tevê.
Ora, jornalismo geralmente envolve a arte e o ofício de refletir a realidade com os dados verificados, a fim de dar aos indivíduos o instrumental necessário para formar uma opinião construída sobre aquilo que acontece e como isso lhe pode afetar. É a esse jornalismo que nos dedicamos, e onde alguns atuam com mais ou com menos assertividade, com mais ou com menos credibilidade para, ao fim, poder visualizar essa foto do momento atual.
No caso dos sigilos há excesso nos enfoques: o culpado não pode ser outro que não o PT, a candidata governista. Excesso nos métodos: os jornais publicam a mesma manchete com leves alterações. Excesso no espaço: primeira página, editorial, caderno eleições. Excesso na contundência: a candidatura do governo precisa ser cassada pelo TSE. Excesso na repetição de bordões e frases feitas: terrorismo de Estado, crime fiscal hediondo, crime de lesa pátria, ilegalidade abominável. Excesso de opinião: todos os que têm a opinião impressa falam a mesma língua, usam os mesmos recursos lingüísticos e se estivessem em bancada de telejornal da noite, fariam as mesmas caras e bocas.
Libelo diários
Não por coincidência é um caso abordado por meio de muitos adjetivos e pouquíssimos substantivos. É que falta a verificação de dados: que informações sigilosas vieram à luz do dia? Falta clareza sobre os autores reais porque são privilegiados autores imaginários que se confundem, não por artes do destino, com a candidata majoritariamente mais bem avaliada em um mix de pesquisas de opinião.
De repente, nós encontramos um conjunto de casos em que as publicações fazem marcha batida para a direita, uma direção que até bem pouco parecia completamente escondida, mas que agora parece estar em seu habitat natural. Ao emitir esta percepção quero salientar que não estou falando de ideologia, de uma luta leal entre os argumentos concorrentes e diferentes pontos de vista.
Refiro-me a jornalistas e a políticos que consideram a busca da verdade nada mais que uma quimera. Profissionais que chegam primeiro às conclusões para depois construir os marcos indispensáveis à formulação de uma tese. Profissionais que difundem suas opiniões na forma de notícias sem atentar para o ritmo que a lógica impôs há séculos no discurso racional e que deve tornar sólida a democracia. Não posso deixar de ver que tal técnica de ignorar a lógica e atacar a verdade pode conduzir o Brasil a um caminho de tristíssima memória, que remonta aos primeiros anos de 1960, que conduz ao acirramento dos ânimos onde a luta pelo poder tem como insígnia a compreensão equivocada que os fins sempre estarão a serviço dos meios.
Quando a propagação de um jornalismo partidarizado se une à política convencional, temos o perigo real. Uma fábrica de manipulação quando começa a funcionar durante duas horas ao dia é prenúncio de que logo estará funcionando 24 horas ao dia, em três turnos ininterruptos. E não há nada pior do que estes libelos diários a atiçar os piores instintos da sociedade: alguns partidos sem líderes capazes de se manter frios e que se coloquem em defesa da razão. À ausência de tal liderança calma e clara em nossos principais partidos em tempos de crise, aliado ainda à guerra contra a verdade e a lógica, podem apenas nos trazer maus presságios.
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quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Serra e a reforma agrária em São Paulo
Reproduzo entrevista concedida à jornalista Maria Mello, publicada na página oficial do MST:
A continuidade da administração do PSDB no estado de São Paulo significa o aprofundamento do neoliberalismo, a consolidação de um plano de privatização de serviços públicos, a piora da qualidade do ensino público e o acirramento da violência contra a classe trabalhadora. A avaliação é de Gilmar Mauro, integrante da coordenação nacional do MST. “A permanência do tucanato no estado de São Paulo é a permanência do projeto neoliberal e de criminalização do MST”, afirma.
Segundo o dirigente do MST, houve um retrocesso em relação à arrecadação de terras devolutas e à estruturação do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) na gestão de Serra, em comparação ao período do governador Mario Covas, entre 1995 e 2001. Em entrevista à Página do MST, Gilmar apresenta uma avaliação das políticas do governo Serra em relação à reforma agrária. Ele aponta o crescimento do processo de repressão das lutas sociais durante sua gestão e o estímulo dado ao modelo agrícola de exportação, em detrimento da produção de alimentos. “São Paulo virou um grande canavial”, disse.
Na sua avaliação, como o governo Serra tratou a questão agrária e o MST à frente do governo do Estado de São Paulo?
Um primeiro aspecto é que nunca conseguimos fazer uma reunião com o Serra quando ele era governador. A única que fizemos foi com secretários de governo. Está tudo praticamente paralisado, todos os processos de arrecadação de terras. Não há iniciativa nenhuma do governo do estado em arrecadar. Prova disso é que os trabalhadores do Instituto de Terras do Estado de São Paulo fizeram uma greve recentemente, porque há um desmonte do órgão por parte do governo Serra. Então, no que se refere à reforma agrária não foi feito nada. Esta é a verdade. Nem quanto ao acompanhamento de assentamentos nem quanto à arrecadação de terras. No estado de São Paulo, não avançamos em absolutamente nada.
Como você avalia o trabalho do Itesp, o órgão responsável pela reforma agrária no estado?
O Itesp tem sido desmontado ao longo dos anos. No período Covas [governador entre 1995 e 2001], ele foi bastante incrementado. Tinha uma estrutura grande: técnicos, equipes de arrecadação. Havia uma ofensiva do governo estadual no sentido de arrecadar terras devolutas, principalmente no Pontal do Paranapanema. Com a entrada do Alckmin [entre 2001 e 2006], ainda houve alguma continuação, mas com um ritmo muito lento. No final do seu segundo governo, já não havia mais nada. Com a entrada do Serra, as atividades de arrecadação ficaram paralisadas. Houve desmonte, inclusive, do ponto de vista de condições de trabalho para os técnicos. Não existe nada de política agrária no estado de São Paulo por parte do governo Serra.
Qual é a tarefa do Estado em relação à arrecadação das terras devolutas?
São necessárias várias iniciativas. A primeira é a vontade política de arrecadar, ir para a região, como no governo Covas. É terra do Estado, vamos arrecadar e transformar em reforma agrária. A segunda é através das Procuradorias de Justiça: estimular a Procuradoria do estado a entrar com os pedidos de reivindicação dessas áreas, para que possam tomar a medida chamada de reivindicatória. Antes disso, ainda há uma série de tarefas que precisam ser tomadas do ponto de vista jurídico. Essas iniciativas são muito poucas no governo Serra. Pouquíssimas. O que a gente sabe é que havia várias ações judiciais – inclusive, acabou de sair uma decisão considerando devolutas terras do Pontal do Paranapanema, mas isso é fruto de um trabalho anterior, feito há muito tempo atrás. O engraçado é que o governo, em vez de fazer isso, mandou para a Assembleia Legislativa um projeto de lei para regularizar o grilo no Pontal e em todo o estado. Então, além de não arrecadar terras, o governo Serra buscou regularizar o grilo.
Qual foi o comportamento da polícia nas ações que envolveram trabalhadores do campo e da cidade sob o governo Serra?
Primeiro, é preciso lembrar que não há interesse nenhum em fazer a reforma agrária por parte do governo Serra e do tucanato em geral. Eles são contra a reforma agrária. Depois, as ações policiais, nos últimos tempos - diferentemente de algum tempo atrás, quando havia algum tipo de diálogo -, têm acontecido de forma muito mais violenta, com um processo de repressão bastante intenso. Aliás, não só conosco, mas com professores, com a própria Polícia Civil, trabalhadores urbanos, das favelas.
Quais as características do agronegócio em São Paulo? Como vem evoluindo a produção de etanol?
São Paulo passou a ser um grande canavial. A monocultura da cana e a do eucalipto são as que predominam em todo o Estado, com a diminuição do plantio de café, de laranja e de outros tipos de produção, inclusive da pecuária. Com esse avanço da cana e do eucalipto, a pecuária migra para a região Centro-Oeste, que tem um bioma importante que está sendo destruído e, principalmente, para a região amazônica. Hoje o Brasil tem 175 milhões de cabeças de boi migrando para o Norte e Centro-Oeste do país, provocando a destruição ambiental daqueles biomas importantes. São Paulo virou um grande canavial e um grande eucaliptal. Essa tem sido a postura de apoio do governo ao agronegócio. O impacto ambiental disso já está sendo sentido pela população: as secas, as mudanças de temperatura.
Segundo dados do Incra, existem em São Paulo 12.291 propriedades nas mãos de estrangeiros. Como avalia essa questão?
O grande agronegócio vem investir no Brasil porque, do ponto de vista competitivo, na lógica de produção de mercadorias e de competição internacional, o Brasil tem vantagens comparativas muito grandes. Possui água em abundância, terras férteis, sol... Enquanto o eucalipto, nos países baixos da Europa, vai levar 15, 20 anos pra dar corte, aqui em São Paulo ou na Bahia vai produzir em cinco ou seis anos. Então, as empresas do grande capital internacional estão cada vez mais investindo no Brasil, seja na aquisição de propriedades ou no controle de toda a produção. Isso tende a ser intensificado por causa dessa política de exportação de commodities que o país adotou, não só em São Paulo. Mas é evidente que o Estado de São Paulo interessa muito ao grande capital. Por isso, há esse número grande de propriedades nas mãos de estrangeiros.
Agora, se não houver uma política de reforma agrária de fato que substitua essa política de assentamentos dificilmente conseguiremos reverter esse quadro num curto espaço de tempo. E mais ainda aqui em São Paulo, onde não há interesse nenhum nesse sentido. No caso do Pontal, por exemplo, há tentativas de regularização de terras públicas que passam cada vez mais para o controle de grandes empresas. O processo de monopolização da terra não tem se modificado no decorrer dos anos.
O que significaria uma nova vitória da candidatura tucana no Estado?
Seria a consolidação de um projeto de privatização de vários serviços públicos. São Paulo está cheio de pedágios, não tem mais por onde andar sem pagar. Esse é um processo de privatização das estradas, em que o direito de ir e vir está sendo retirado. Outro é um projeto educacional extremamente complicado. Um exemplo são as escolas dos assentamentos no Estado, que hoje padecem de inúmeros problemas. Nós temos no MST crianças que têm de levantar às 4h da manhã para poder chegar às escolas com transporte extremamente precário. Do ponto de vista da repressão e criminalização, também existe uma intensificação, e a prova disso é a incapacidade do governador Serra em dialogar com os setores da classe trabalhadora em luta. Os próprios prefeitos do PSDB dizem que têm muita dificuldade em dialogar com o Serra. Com relação à reforma agrária, a permanência do tucanato no estado de São Paulo é a permanência do projeto neoliberal e de criminalização do MST.
E a eventual vitória da candidatura tucana à presidência, o que pode representar?
A linha política do Serra é a do grande capital. Mesmo que não haja grandes diferenças nesse aspecto entre o atual governo e um tucano, o que agravaria a situação para o nosso lado é que o governo tucano é antidemocrático. Praticou no período FHC a criminalização dos movimentos sociais. Tomando como exemplo a política de Serra no Estado de São Paulo, que nunca sentou conosco, imagino que em nível nacional isso se repetiria. E haveria um aumento vertiginoso do processo de criminalização da pobreza.
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A continuidade da administração do PSDB no estado de São Paulo significa o aprofundamento do neoliberalismo, a consolidação de um plano de privatização de serviços públicos, a piora da qualidade do ensino público e o acirramento da violência contra a classe trabalhadora. A avaliação é de Gilmar Mauro, integrante da coordenação nacional do MST. “A permanência do tucanato no estado de São Paulo é a permanência do projeto neoliberal e de criminalização do MST”, afirma.
Segundo o dirigente do MST, houve um retrocesso em relação à arrecadação de terras devolutas e à estruturação do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) na gestão de Serra, em comparação ao período do governador Mario Covas, entre 1995 e 2001. Em entrevista à Página do MST, Gilmar apresenta uma avaliação das políticas do governo Serra em relação à reforma agrária. Ele aponta o crescimento do processo de repressão das lutas sociais durante sua gestão e o estímulo dado ao modelo agrícola de exportação, em detrimento da produção de alimentos. “São Paulo virou um grande canavial”, disse.
Na sua avaliação, como o governo Serra tratou a questão agrária e o MST à frente do governo do Estado de São Paulo?
Um primeiro aspecto é que nunca conseguimos fazer uma reunião com o Serra quando ele era governador. A única que fizemos foi com secretários de governo. Está tudo praticamente paralisado, todos os processos de arrecadação de terras. Não há iniciativa nenhuma do governo do estado em arrecadar. Prova disso é que os trabalhadores do Instituto de Terras do Estado de São Paulo fizeram uma greve recentemente, porque há um desmonte do órgão por parte do governo Serra. Então, no que se refere à reforma agrária não foi feito nada. Esta é a verdade. Nem quanto ao acompanhamento de assentamentos nem quanto à arrecadação de terras. No estado de São Paulo, não avançamos em absolutamente nada.
Como você avalia o trabalho do Itesp, o órgão responsável pela reforma agrária no estado?
O Itesp tem sido desmontado ao longo dos anos. No período Covas [governador entre 1995 e 2001], ele foi bastante incrementado. Tinha uma estrutura grande: técnicos, equipes de arrecadação. Havia uma ofensiva do governo estadual no sentido de arrecadar terras devolutas, principalmente no Pontal do Paranapanema. Com a entrada do Alckmin [entre 2001 e 2006], ainda houve alguma continuação, mas com um ritmo muito lento. No final do seu segundo governo, já não havia mais nada. Com a entrada do Serra, as atividades de arrecadação ficaram paralisadas. Houve desmonte, inclusive, do ponto de vista de condições de trabalho para os técnicos. Não existe nada de política agrária no estado de São Paulo por parte do governo Serra.
Qual é a tarefa do Estado em relação à arrecadação das terras devolutas?
São necessárias várias iniciativas. A primeira é a vontade política de arrecadar, ir para a região, como no governo Covas. É terra do Estado, vamos arrecadar e transformar em reforma agrária. A segunda é através das Procuradorias de Justiça: estimular a Procuradoria do estado a entrar com os pedidos de reivindicação dessas áreas, para que possam tomar a medida chamada de reivindicatória. Antes disso, ainda há uma série de tarefas que precisam ser tomadas do ponto de vista jurídico. Essas iniciativas são muito poucas no governo Serra. Pouquíssimas. O que a gente sabe é que havia várias ações judiciais – inclusive, acabou de sair uma decisão considerando devolutas terras do Pontal do Paranapanema, mas isso é fruto de um trabalho anterior, feito há muito tempo atrás. O engraçado é que o governo, em vez de fazer isso, mandou para a Assembleia Legislativa um projeto de lei para regularizar o grilo no Pontal e em todo o estado. Então, além de não arrecadar terras, o governo Serra buscou regularizar o grilo.
Qual foi o comportamento da polícia nas ações que envolveram trabalhadores do campo e da cidade sob o governo Serra?
Primeiro, é preciso lembrar que não há interesse nenhum em fazer a reforma agrária por parte do governo Serra e do tucanato em geral. Eles são contra a reforma agrária. Depois, as ações policiais, nos últimos tempos - diferentemente de algum tempo atrás, quando havia algum tipo de diálogo -, têm acontecido de forma muito mais violenta, com um processo de repressão bastante intenso. Aliás, não só conosco, mas com professores, com a própria Polícia Civil, trabalhadores urbanos, das favelas.
Quais as características do agronegócio em São Paulo? Como vem evoluindo a produção de etanol?
São Paulo passou a ser um grande canavial. A monocultura da cana e a do eucalipto são as que predominam em todo o Estado, com a diminuição do plantio de café, de laranja e de outros tipos de produção, inclusive da pecuária. Com esse avanço da cana e do eucalipto, a pecuária migra para a região Centro-Oeste, que tem um bioma importante que está sendo destruído e, principalmente, para a região amazônica. Hoje o Brasil tem 175 milhões de cabeças de boi migrando para o Norte e Centro-Oeste do país, provocando a destruição ambiental daqueles biomas importantes. São Paulo virou um grande canavial e um grande eucaliptal. Essa tem sido a postura de apoio do governo ao agronegócio. O impacto ambiental disso já está sendo sentido pela população: as secas, as mudanças de temperatura.
Segundo dados do Incra, existem em São Paulo 12.291 propriedades nas mãos de estrangeiros. Como avalia essa questão?
O grande agronegócio vem investir no Brasil porque, do ponto de vista competitivo, na lógica de produção de mercadorias e de competição internacional, o Brasil tem vantagens comparativas muito grandes. Possui água em abundância, terras férteis, sol... Enquanto o eucalipto, nos países baixos da Europa, vai levar 15, 20 anos pra dar corte, aqui em São Paulo ou na Bahia vai produzir em cinco ou seis anos. Então, as empresas do grande capital internacional estão cada vez mais investindo no Brasil, seja na aquisição de propriedades ou no controle de toda a produção. Isso tende a ser intensificado por causa dessa política de exportação de commodities que o país adotou, não só em São Paulo. Mas é evidente que o Estado de São Paulo interessa muito ao grande capital. Por isso, há esse número grande de propriedades nas mãos de estrangeiros.
Agora, se não houver uma política de reforma agrária de fato que substitua essa política de assentamentos dificilmente conseguiremos reverter esse quadro num curto espaço de tempo. E mais ainda aqui em São Paulo, onde não há interesse nenhum nesse sentido. No caso do Pontal, por exemplo, há tentativas de regularização de terras públicas que passam cada vez mais para o controle de grandes empresas. O processo de monopolização da terra não tem se modificado no decorrer dos anos.
O que significaria uma nova vitória da candidatura tucana no Estado?
Seria a consolidação de um projeto de privatização de vários serviços públicos. São Paulo está cheio de pedágios, não tem mais por onde andar sem pagar. Esse é um processo de privatização das estradas, em que o direito de ir e vir está sendo retirado. Outro é um projeto educacional extremamente complicado. Um exemplo são as escolas dos assentamentos no Estado, que hoje padecem de inúmeros problemas. Nós temos no MST crianças que têm de levantar às 4h da manhã para poder chegar às escolas com transporte extremamente precário. Do ponto de vista da repressão e criminalização, também existe uma intensificação, e a prova disso é a incapacidade do governador Serra em dialogar com os setores da classe trabalhadora em luta. Os próprios prefeitos do PSDB dizem que têm muita dificuldade em dialogar com o Serra. Com relação à reforma agrária, a permanência do tucanato no estado de São Paulo é a permanência do projeto neoliberal e de criminalização do MST.
E a eventual vitória da candidatura tucana à presidência, o que pode representar?
A linha política do Serra é a do grande capital. Mesmo que não haja grandes diferenças nesse aspecto entre o atual governo e um tucano, o que agravaria a situação para o nosso lado é que o governo tucano é antidemocrático. Praticou no período FHC a criminalização dos movimentos sociais. Tomando como exemplo a política de Serra no Estado de São Paulo, que nunca sentou conosco, imagino que em nível nacional isso se repetiria. E haveria um aumento vertiginoso do processo de criminalização da pobreza.
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Quem são os amigos da Marina?
Reproduzo artigo de João Quartim Moraes, publicado no sítio Vermelho:
Muitos críticos intransigentes, na esquerda "lato sensu", sobretudo os da corrente "ecológica", que se escandalizaram quando Lula em 2002 convocou para candidato a vice em sua chapa um grande industrial mineiro, não parecem se incomodar tanto com o fato de que o vice de Marina Silva é presidente do trust transnacional Natura. Quando, por motivos respeitáveis, ela renunciou ao cargo de ministro do governo Lula, os mesmos eco-intransigentes imaginaram que ela saía do governo pela esquerda. Alguns, abusando do direito de serem ingênuos, persistiram nessa opinião mesmo depois dela ter aderido ao PV e se lançado candidata à presidência por esse partido.
Marina tem um novo amigo verde, F. Gabeira, ex-guru dos bichos-grilos da orla guanabarina e adjacências nos anos oitenta, agora candidato do centro-direita ao governo do Rio de Janeiro. Poucos políticos têm seguido, mais do que Gabeira, uma trajetória tão coerentemente retilínea: começou na extrema-esquerda e vem garbosamente caminhando para a direita, passo a passo e sem nenhum desvio. Apoiado no Rio pela frente bicéfala da direita (PSDEMB), ele retribui com galhardia: mal aberta a campanha eleitoral oficial, compareceu em São Paulo a um ato político em apoio a José Serra. Longe de exibir aborrecimento, Marina justificou o sócio, dizendo que ele veio a São Paulo "colher propostas do PSDB para seu programa de governo", coisa "perfeitamente natural". "O Gabeira me apóia e os tucanos e os democratas (sic) apóiam o Gabeira". Só que este queixou-se de que o partido de Serra não lhe estava repassando o prometido auxílio pecuniário. Quanta ingratidão!
Entretanto, o aspecto mais preocupante da trajetória de Marina, não somente do ponto de vista da esquerda, mas de quem quer que esteja minimamente persuadido de que a política externa do Brasil deve ser independente, está em vê-la fazer causa comum com o imperialismo e o facho-sionismo na diabolização do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Era ainda pré-candidata quando, destilando seu ressentimento contra o governo Lula e exibindo sua subserviência aos interesses da Casa Branca, declamou em Washington, no dia 24 de abril, a ladainha que os gringos queriam ouvir: "O Brasil é a única democracia ocidental que tem dado audiência para o Ahmadinejad. A própria China não tem dado, nem a Rússia". Difícil decidir se nessa declaração, doce melodia nas orelhas de Mrs. Clinton e sócios, é mais sintomática ideologicamente a alusão pejorativa àprópria China ou a auto-identificação subalterna com ademocracia ocidental, referência mistificadora típica dos papagaios de pirata da mediática capitalista.
A candidata verde proclamou ainda que "O Irã tem desrespeitado direitos humanos, ali tem presos políticos, pessoas são executadas". Marina não deveria ignorar que seus amigos democratas do Ocidente, capazes de todos os crimes de lesa-humanidade para defender seus interesses, são os responsáveis históricos pelo esmagamento das forças laicas, democráticas e anti-imperialistas do Irã que participaram do governo de Frente Nacional formado em 1951 por Mohamed Mossadegh, dirigente da esquerda nacionalista, apoiado pelo partido Tudeh (comunista). A decisão de nacionalizar o petróleo, que estava nas garras dos abutres anglo-estadunidenses, bastou para que a CIA, com a conivência do Xá Reza Pahlevi, montasse um golpe militar que em agosto de 1953 derrubou Mossadegh. Com a cooperação da mesma CIA, secundada pelo Mossad, o Xá instaurou um regime de terror policial centralizado na Savak, instituição comknow-howdemocrático-ocidental(para retomar o conceito da Marina), especializada nas formas mais eficientemente atrozes de tortura. O partido Tudeh foi implacavelmente perseguido. Seus dirigentes foram presos, torturados, alguns condenados à morte. Em conseqüência, a principal base da resistência ao odioso regime do Xá e da CIA passou a ser a oposição islâmica, que dirigiu a revolução popular de 1979. No poder, os islâmicos mantiveram proscrito o comunismo e com ele todas as forças consequentes no combate por uma república social, laica, culturalmente progressista.
Processos com dinâmica substancialmente idêntica iriam ocorrer nas décadas seguintes no Afeganistão e no Iraque. Ronald Reagan, pioneiro da Cruzada neoliberal de recolonização do planeta, justificava o apoio militar que concedia aos talebãs em luta contra os comunistas afegãos, argumentando que eles não eram terroristas e sim guerrilheiros da liberdade. Osdemocratas-ocidentais, sob o comando de Bush pai, de Clinton e de Bush filho prosseguiram na Cruzada assassina contra o que chamamEixo do Mal, composto na verdade pelos países que se recusam a lamber as botas do Pentágono e de seus sócios da OTAN. Exatamente na hora em que a Cruzada ameaça incendiar o Irã, Marina vem uivar junto com os lobos imperialistas, dando sua contribuiçãozinha para satanizar o governo legítimo daquele país. É o que dá andar em más companhias.
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Muitos críticos intransigentes, na esquerda "lato sensu", sobretudo os da corrente "ecológica", que se escandalizaram quando Lula em 2002 convocou para candidato a vice em sua chapa um grande industrial mineiro, não parecem se incomodar tanto com o fato de que o vice de Marina Silva é presidente do trust transnacional Natura. Quando, por motivos respeitáveis, ela renunciou ao cargo de ministro do governo Lula, os mesmos eco-intransigentes imaginaram que ela saía do governo pela esquerda. Alguns, abusando do direito de serem ingênuos, persistiram nessa opinião mesmo depois dela ter aderido ao PV e se lançado candidata à presidência por esse partido.
Marina tem um novo amigo verde, F. Gabeira, ex-guru dos bichos-grilos da orla guanabarina e adjacências nos anos oitenta, agora candidato do centro-direita ao governo do Rio de Janeiro. Poucos políticos têm seguido, mais do que Gabeira, uma trajetória tão coerentemente retilínea: começou na extrema-esquerda e vem garbosamente caminhando para a direita, passo a passo e sem nenhum desvio. Apoiado no Rio pela frente bicéfala da direita (PSDEMB), ele retribui com galhardia: mal aberta a campanha eleitoral oficial, compareceu em São Paulo a um ato político em apoio a José Serra. Longe de exibir aborrecimento, Marina justificou o sócio, dizendo que ele veio a São Paulo "colher propostas do PSDB para seu programa de governo", coisa "perfeitamente natural". "O Gabeira me apóia e os tucanos e os democratas (sic) apóiam o Gabeira". Só que este queixou-se de que o partido de Serra não lhe estava repassando o prometido auxílio pecuniário. Quanta ingratidão!
Entretanto, o aspecto mais preocupante da trajetória de Marina, não somente do ponto de vista da esquerda, mas de quem quer que esteja minimamente persuadido de que a política externa do Brasil deve ser independente, está em vê-la fazer causa comum com o imperialismo e o facho-sionismo na diabolização do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Era ainda pré-candidata quando, destilando seu ressentimento contra o governo Lula e exibindo sua subserviência aos interesses da Casa Branca, declamou em Washington, no dia 24 de abril, a ladainha que os gringos queriam ouvir: "O Brasil é a única democracia ocidental que tem dado audiência para o Ahmadinejad. A própria China não tem dado, nem a Rússia". Difícil decidir se nessa declaração, doce melodia nas orelhas de Mrs. Clinton e sócios, é mais sintomática ideologicamente a alusão pejorativa àprópria China ou a auto-identificação subalterna com ademocracia ocidental, referência mistificadora típica dos papagaios de pirata da mediática capitalista.
A candidata verde proclamou ainda que "O Irã tem desrespeitado direitos humanos, ali tem presos políticos, pessoas são executadas". Marina não deveria ignorar que seus amigos democratas do Ocidente, capazes de todos os crimes de lesa-humanidade para defender seus interesses, são os responsáveis históricos pelo esmagamento das forças laicas, democráticas e anti-imperialistas do Irã que participaram do governo de Frente Nacional formado em 1951 por Mohamed Mossadegh, dirigente da esquerda nacionalista, apoiado pelo partido Tudeh (comunista). A decisão de nacionalizar o petróleo, que estava nas garras dos abutres anglo-estadunidenses, bastou para que a CIA, com a conivência do Xá Reza Pahlevi, montasse um golpe militar que em agosto de 1953 derrubou Mossadegh. Com a cooperação da mesma CIA, secundada pelo Mossad, o Xá instaurou um regime de terror policial centralizado na Savak, instituição comknow-howdemocrático-ocidental(para retomar o conceito da Marina), especializada nas formas mais eficientemente atrozes de tortura. O partido Tudeh foi implacavelmente perseguido. Seus dirigentes foram presos, torturados, alguns condenados à morte. Em conseqüência, a principal base da resistência ao odioso regime do Xá e da CIA passou a ser a oposição islâmica, que dirigiu a revolução popular de 1979. No poder, os islâmicos mantiveram proscrito o comunismo e com ele todas as forças consequentes no combate por uma república social, laica, culturalmente progressista.
Processos com dinâmica substancialmente idêntica iriam ocorrer nas décadas seguintes no Afeganistão e no Iraque. Ronald Reagan, pioneiro da Cruzada neoliberal de recolonização do planeta, justificava o apoio militar que concedia aos talebãs em luta contra os comunistas afegãos, argumentando que eles não eram terroristas e sim guerrilheiros da liberdade. Osdemocratas-ocidentais, sob o comando de Bush pai, de Clinton e de Bush filho prosseguiram na Cruzada assassina contra o que chamamEixo do Mal, composto na verdade pelos países que se recusam a lamber as botas do Pentágono e de seus sócios da OTAN. Exatamente na hora em que a Cruzada ameaça incendiar o Irã, Marina vem uivar junto com os lobos imperialistas, dando sua contribuiçãozinha para satanizar o governo legítimo daquele país. É o que dá andar em más companhias.
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terça-feira, 14 de setembro de 2010
Nasce a rede de blogueiros do Maranhão
Reproduzo animadora notícia de Rogério Tomaz Jr., publicada no blog Conexão Brasília-Maranhão:
A 3 de setembro de 1939, a Inglaterra e a França declaravam guerra à Alemanha de Hitler.
No 3 de setembro de 2010, uma pequena iniciativa reforça a guerra contra o oligopólio da mídia no Maranhão.
Nesta data circulou o número zero, ainda experimental, do boletim Ê-Maranhão, ação surgida no contexto do Grande Encontro de Blogueiros e Twitteiros Progressistas do Maranhão, realizado na capital São Luís no dia 2 de setembro.
O Ê-Maranhão é uma ação do projeto “Nós de Rede”, apresentado no encontro pelo professor Francisco Gonçalves, chefe do Departamento de Comunicação da UFMA.
O boletim eletrônico Ê-Maranhão divulgará posts dos blogs integrantes do projeto para milhares de e-mails no estado e no Brasil.
A meta mais imediata é distribuir o Ê-Maranhão para 30 mil endereços eletrônicos. Apenas a título de comparação, a circulação somada de todos os jornais de São Luís — que já chegou a ter 11 diários (a maioria nanicos) em circulação, na década passada — não chega a esse número, segundo o jornalista Franklin Douglas, do blog Ecos das Lutas.
Encontro plural
Mais de cem pessoas, entre blogueir@s, twitteir@s, jornalistas, radialistas, publicitári@s, estudantes, militantes políticos e candidatos na atual eleição. Todas as candidaturas ao governo do estado foram convidadas a participar do Encontro e falar sobre suas propostas para a Internet e a comunicação em geral. Apenas a candidata Roseana Sarney não compareceu, embora um de seus marketeiros estivesse presente.
Jackson Lago (PDT), Flávio Dino (PCdoB), Josivaldo Correa (PCB), Marcos Silva (PSTU) e Saulo Arcangeli (PSol), candidatos ao governo, passaram pelo Encontro e deixaram seu recado, além de alguns candidatos ao Senado: Roberto Rocha (PSDB), José Reinaldo Tavares (PSB), também blogueiro, e Luís Carlos Noleto (PSTU).
Entre os participantes, estiveram também jornalistas e blogueir@s do portal iMirante, da família Sarney, do jornal O Imparcial e do Jornal Pequeno. No âmbito nacional, participaram apoiadores das campanhas de várias candidaturas presidenciáveis: Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV), Plínio de Arruda Sampaio (PSol) e Zé Maria (PSTU).
A rede de bloogueiros e twitteiros progressistas do Maranhão definiu como princípios a serem respeitados pelos seus participantes:
- a defesa e a promoção dos direitos humanos;
- a democratização da comunicação e
- a mudança social, econômica e política do Maranhão.
O Ê-Maranhão é a primeira iniciativa de uma rede que tem tudo para se constituir um contraponto ao oligopólio da comunicação reinante no Maranhão, dominado por grupos conservadores, inclusive os que fazem oposição à família Sarney.
O potencial da rede é enorme, mas de nada valerá se ele não for concretizado, como bem observou o professor Chico Gonçalves, um dos principais entusiastas do projeto “Nós de Rede”.
Outras iniciativas estão por vir, inclusive várias oriundas do I Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, realizado em São Paulo(SP), no final de agosto.
Longa vida e muita disposição à rede e aos blogs e twitteir@s que dela participam!
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A 3 de setembro de 1939, a Inglaterra e a França declaravam guerra à Alemanha de Hitler.
No 3 de setembro de 2010, uma pequena iniciativa reforça a guerra contra o oligopólio da mídia no Maranhão.
Nesta data circulou o número zero, ainda experimental, do boletim Ê-Maranhão, ação surgida no contexto do Grande Encontro de Blogueiros e Twitteiros Progressistas do Maranhão, realizado na capital São Luís no dia 2 de setembro.
O Ê-Maranhão é uma ação do projeto “Nós de Rede”, apresentado no encontro pelo professor Francisco Gonçalves, chefe do Departamento de Comunicação da UFMA.
O boletim eletrônico Ê-Maranhão divulgará posts dos blogs integrantes do projeto para milhares de e-mails no estado e no Brasil.
A meta mais imediata é distribuir o Ê-Maranhão para 30 mil endereços eletrônicos. Apenas a título de comparação, a circulação somada de todos os jornais de São Luís — que já chegou a ter 11 diários (a maioria nanicos) em circulação, na década passada — não chega a esse número, segundo o jornalista Franklin Douglas, do blog Ecos das Lutas.
Encontro plural
Mais de cem pessoas, entre blogueir@s, twitteir@s, jornalistas, radialistas, publicitári@s, estudantes, militantes políticos e candidatos na atual eleição. Todas as candidaturas ao governo do estado foram convidadas a participar do Encontro e falar sobre suas propostas para a Internet e a comunicação em geral. Apenas a candidata Roseana Sarney não compareceu, embora um de seus marketeiros estivesse presente.
Jackson Lago (PDT), Flávio Dino (PCdoB), Josivaldo Correa (PCB), Marcos Silva (PSTU) e Saulo Arcangeli (PSol), candidatos ao governo, passaram pelo Encontro e deixaram seu recado, além de alguns candidatos ao Senado: Roberto Rocha (PSDB), José Reinaldo Tavares (PSB), também blogueiro, e Luís Carlos Noleto (PSTU).
Entre os participantes, estiveram também jornalistas e blogueir@s do portal iMirante, da família Sarney, do jornal O Imparcial e do Jornal Pequeno. No âmbito nacional, participaram apoiadores das campanhas de várias candidaturas presidenciáveis: Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV), Plínio de Arruda Sampaio (PSol) e Zé Maria (PSTU).
A rede de bloogueiros e twitteiros progressistas do Maranhão definiu como princípios a serem respeitados pelos seus participantes:
- a defesa e a promoção dos direitos humanos;
- a democratização da comunicação e
- a mudança social, econômica e política do Maranhão.
O Ê-Maranhão é a primeira iniciativa de uma rede que tem tudo para se constituir um contraponto ao oligopólio da comunicação reinante no Maranhão, dominado por grupos conservadores, inclusive os que fazem oposição à família Sarney.
O potencial da rede é enorme, mas de nada valerá se ele não for concretizado, como bem observou o professor Chico Gonçalves, um dos principais entusiastas do projeto “Nós de Rede”.
Outras iniciativas estão por vir, inclusive várias oriundas do I Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, realizado em São Paulo(SP), no final de agosto.
Longa vida e muita disposição à rede e aos blogs e twitteir@s que dela participam!
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Mídia quer Dilma como rainha da Inglaterra
Reproduzo artigo de Luiz Carlos Azenha, publicado no blog Viomundo:
Estou escrevendo este texto para os novos leitores do blog, que são muitos.
Se vocês não perceberam ainda, temos argumentado faz tempo que alguns grupos de mídia brasileiros estão engajados até a medula na campanha eleitoral de José Serra, do consórcio PSDB/DEM.
Eles não declaram voto em seus editoriais — como faz a CartaCapital e é comum nos Estados Unidos e na Europa.
Ao contrário, eles editorializam o noticiário.
Escolhem manchetes, ângulos e pautas que favorecem a candidatura de José Serra ou que prejudicam — ou pelo menos pretendem prejudicar — a candidatura de Dilma Rousseff. Propagam crises federais — a do saneamento básico, por exemplo — sem tratar das crises estaduais (no caso de São Paulo, o trânsito, os rios poluídos, as enchentes, o metrô lotado, a falta de trens de subúrbio, as deficiências na saúde e na educação).
Os recursos humanos e materiais destes grandes grupos de mídia –Organizações Globo, Folha de S. Paulo, Editora Abril e O Estado de S. Paulo — são concentrados na pauta que interessa a um candidato, em detrimento dos demais.
No sábado a revista Veja publicou uma denúncia contra o governo, o PT e a candidata Dilma Rousseff que foi direto para a propaganda eleitoral de José Serra na TV.
Uma reportagem que tinha como espinha dorsal um contrato não reconhecido — e, portanto, desmentido — pela empresa que teria pago propina. Está aqui.
Na segunda-feira, os três principais jornais do Brasil trouxeram o assunto nas manchetes acima da dobra, aquelas que ficam o dia todo expostas nas bancas de jornal de todo o Brasil.
"Filho de ex-braço direito de Dilma trabalhou no governo", disse O Globo.
"Irmã de ministra deu aval a contrato sem licitação com governo", disse o Estado de S. Paulo.
"Dilma se distancia de Erenice e chama Serra de caluniador", disse a Folha.
A isso os jornalistas chamam “dar pernas a um assunto”. Independentemente de algo de ilegal ter sido feito ou não, o efeito de manchetes múltiplas é o de suscitar dúvidas nos eleitores em um período pré-eleitoral. As manchetes também servem para aparecer na propaganda eleitoral do candidato José Serra. A gente fica sem saber quem alimenta quem.
Foi a campanha de José Serra que distribuiu dossiês de seus investigadores aos jornais? Quem faz a coordenação entre a campanha de José Serra, se essa coordenação de fato existe, e os quatro grupos de mídia acima citados? Por que a “coincidência” das denúncias contra Dilma acontecerem na véspera da eleição? Não há denúncia alguma a ser feita contra José Serra, ou será que nesse caso esses grupos de mídia estão omitindo informações para não influenciar o eleitorado?
Em minha modesta opinião, a essa altura já não se trata apenas de:
1. Forçar um segundo turno; 2. Salvar candidatos da coligação PSDB/DEM nos estados; 3. Tirar antecipadamente a legitimidade de um governo eleito.
Eu diria que o consórcio midiático acima citado trabalha, ao mesmo tempo, para pautar Dilma Rousseff e formar o ministério.
As pautas econômicas dos grandes jornais estão repletas de balões de ensaio sobre medidas econômicas conservadoras que seriam tomadas pela candidata que ainda nem se elegeu!
Tenho comigo que o objetivo da mídia, agora, é fazer uma espécie de primeiro-ministro, “eleito” por ela, para colocar no coração do governo de Dilma Rousseff.
Ela ficaria com o papel de rainha da Inglaterra.
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Estou escrevendo este texto para os novos leitores do blog, que são muitos.
Se vocês não perceberam ainda, temos argumentado faz tempo que alguns grupos de mídia brasileiros estão engajados até a medula na campanha eleitoral de José Serra, do consórcio PSDB/DEM.
Eles não declaram voto em seus editoriais — como faz a CartaCapital e é comum nos Estados Unidos e na Europa.
Ao contrário, eles editorializam o noticiário.
Escolhem manchetes, ângulos e pautas que favorecem a candidatura de José Serra ou que prejudicam — ou pelo menos pretendem prejudicar — a candidatura de Dilma Rousseff. Propagam crises federais — a do saneamento básico, por exemplo — sem tratar das crises estaduais (no caso de São Paulo, o trânsito, os rios poluídos, as enchentes, o metrô lotado, a falta de trens de subúrbio, as deficiências na saúde e na educação).
Os recursos humanos e materiais destes grandes grupos de mídia –Organizações Globo, Folha de S. Paulo, Editora Abril e O Estado de S. Paulo — são concentrados na pauta que interessa a um candidato, em detrimento dos demais.
No sábado a revista Veja publicou uma denúncia contra o governo, o PT e a candidata Dilma Rousseff que foi direto para a propaganda eleitoral de José Serra na TV.
Uma reportagem que tinha como espinha dorsal um contrato não reconhecido — e, portanto, desmentido — pela empresa que teria pago propina. Está aqui.
Na segunda-feira, os três principais jornais do Brasil trouxeram o assunto nas manchetes acima da dobra, aquelas que ficam o dia todo expostas nas bancas de jornal de todo o Brasil.
"Filho de ex-braço direito de Dilma trabalhou no governo", disse O Globo.
"Irmã de ministra deu aval a contrato sem licitação com governo", disse o Estado de S. Paulo.
"Dilma se distancia de Erenice e chama Serra de caluniador", disse a Folha.
A isso os jornalistas chamam “dar pernas a um assunto”. Independentemente de algo de ilegal ter sido feito ou não, o efeito de manchetes múltiplas é o de suscitar dúvidas nos eleitores em um período pré-eleitoral. As manchetes também servem para aparecer na propaganda eleitoral do candidato José Serra. A gente fica sem saber quem alimenta quem.
Foi a campanha de José Serra que distribuiu dossiês de seus investigadores aos jornais? Quem faz a coordenação entre a campanha de José Serra, se essa coordenação de fato existe, e os quatro grupos de mídia acima citados? Por que a “coincidência” das denúncias contra Dilma acontecerem na véspera da eleição? Não há denúncia alguma a ser feita contra José Serra, ou será que nesse caso esses grupos de mídia estão omitindo informações para não influenciar o eleitorado?
Em minha modesta opinião, a essa altura já não se trata apenas de:
1. Forçar um segundo turno; 2. Salvar candidatos da coligação PSDB/DEM nos estados; 3. Tirar antecipadamente a legitimidade de um governo eleito.
Eu diria que o consórcio midiático acima citado trabalha, ao mesmo tempo, para pautar Dilma Rousseff e formar o ministério.
As pautas econômicas dos grandes jornais estão repletas de balões de ensaio sobre medidas econômicas conservadoras que seriam tomadas pela candidata que ainda nem se elegeu!
Tenho comigo que o objetivo da mídia, agora, é fazer uma espécie de primeiro-ministro, “eleito” por ela, para colocar no coração do governo de Dilma Rousseff.
Ela ficaria com o papel de rainha da Inglaterra.
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Os escândalos políticos midiáticos
Reproduzo excelente artigo de Venício Lima, publicado no Observatório da Imprensa:
Tão logo as pesquisas revelaram que uma das candidatas à presidência da República havia atingido índices de intenção de voto difíceis de serem revertidos, e que os resultados indicavam a possibilidade de decisão ainda no primeiro turno, a grande mídia e seus "formadores de opinião" reagiram prontamente. Insistiram eles que fatos novos poderiam ocorrer e que ainda era muito cedo para cantar vitória.
Um exemplo: sob o título "Festa na véspera", a principal colunista de economia do jornal O Globo escreveu em sua coluna "Panorama Econômico" do dia 31 de agosto:
"Então é isso? Uma eleição cuja campanha começou antes da hora acabou antes que os votos sejam depositados na urna? (...) Fala-se do futuro como inexorável. O quadro está amplamente favorável a Dilma Rousseff, mas é preciso ter respeito pelo processo eleitoral. Se pesquisa fosse voto, era bem mais simples e barato escolher o governante".
Simultaneamente, a poucas semanas do primeiro turno das eleições, os jornalões, a principal revista semanal e a principal rede de televisão abriram fartos espaços para a divulgação de "escândalos" com a óbvia intenção de atingir a reputação pública da candidata favorita.
O primeiro diz respeito a vazamento de informações sigilosas da Receita Federal ocorridos em setembro de 2009 [antes, portanto, da escolha oficial dos candidatos e do início da campanha eleitoral]. O "escândalo" foi imediatamente comparado com o caso Watergate, que levou à renúncia o presidente dos EUA Richard Nixon, em 1974, e também à prisão de integrantes do PT em hotel de São Paulo, em 2006. A narrativa midiática logo passou a referir-se a ele como "Aloprados II" e/ou "Receitagate".
O segundo, que surge tão logo o primeiro parece não ter atingido os objetivos esperados, faz um incrível malabarismo ao tentar incriminar a candidata favorita através de ações de lobby e tráfico de influência atribuídos ao filho de sua ex-auxiliar. Um exemplo: a manchete de primeira página da Folha de S.Paulo de domingo (12/9): "Filho do braço direito de Dilma atua como lobista".
O que estaria acontecendo na grande mídia brasileira?
Controle e dinâmica
Em abril de 2006, no correr da "crise do mensalão", escrevi neste Observatório [ver "Escândalos midiáticos no tempo e no espaço"] sobre o conceito de "escândalo político midiático" (EPM) desenvolvido pelo professor da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, John B. Thompson, em seu aclamado "O escândalo político - Poder e visibilidade na era da mídia" (Vozes, 1ª edição, 2002).
O momento é oportuno para retomar os ensinamentos de Thompson.
Os EPM surgem historicamente no contexto do chamado jornalismo investigativo, combinado com o crescimento da mídia de massa e a disseminação das tecnologias de informação e comunicação. E, sobretudo, no quadro das profundas transformações que ocorreram na natureza do processo político, ainda dependente, em grande parte, da mídia tradicional. Envolve indivíduos ou ações situados dentro de um campo ligado à aquisição e ao exercício do poder político através do uso, dentre outros, do poder simbólico. Fundamentalmente, o exercício do poder político depende do uso do poder simbólico para cultivar e sustentar a crença na legitimidade.
O poder simbólico, por sua vez, refere-se à capacidade de intervir no curso dos acontecimentos, de influenciar as ações e crenças de outros e também de criar acontecimentos, através da produção e transmissão de formas simbólicas. Para exercer esse poder, é necessário a utilização de vários tipos de recursos, mas, basicamente, usar a grande mídia, que produz e transmite capital simbólico - vale dizer, controla a visibilidade pública. A reputação, por exemplo, é um aspecto do capital simbólico, atributo de um indivíduo ou de uma instituição. O que está em jogo, portanto, num EPM é o capital simbólico do político, sobretudo sua reputação.
Como a grande mídia se tornou a principal arena em que as relações do campo político são criadas, sustentadas e, ocasionalmente, destruídas, a apresentação e repercussão dos EPM não são características secundárias ou acidentais. Ao contrário, são partes constitutivas dos próprios EPM.
Escândalo político midiático, portanto, é o evento que implica a revelação, através da mídia, de atividades previamente ocultadas e moralmente desonrosas, desencadeando uma seqüência de ocorrências posteriores. O controle e a dinâmica de todo o processo deslocam-se dos atores inicialmente envolvidos para os jornalistas e para a mídia.
Jogo de poder
Na verdade, a grande mídia ainda detém um enorme poder de legitimar a esfera propriamente política através do tipo de visibilidade pública que a ela oferece. Os atores da esfera política dependem de visibilidade na esfera midiática para se elegerem e/ou se manterem no poder. Através desse poder, próprio da esfera midiática, a grande mídia tenta submeter e controlar o processo político, em particular os processos eleitorais. É aí que surgem os EPM.
Não seria exatamente a tentativa de controlar a esfera propriamente política o último recurso que a grande mídia - declaradamente oposicionista pela voz da presidente da ANJ - estaria a exercer na construção de EPM a poucas semanas das eleições?
Será que o Brasil de 2010 é o mesmo de 2006, quando tentativa semelhante levou as eleições presidenciais para o segundo turno?
O que está realmente em jogo é o poder da mídia tradicional - e, por óbvio, dos grupos dominantes do setor - em tempos de profundas transformações nas comunicações. Em tempos de internet.
Quem viver verá.
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Tão logo as pesquisas revelaram que uma das candidatas à presidência da República havia atingido índices de intenção de voto difíceis de serem revertidos, e que os resultados indicavam a possibilidade de decisão ainda no primeiro turno, a grande mídia e seus "formadores de opinião" reagiram prontamente. Insistiram eles que fatos novos poderiam ocorrer e que ainda era muito cedo para cantar vitória.
Um exemplo: sob o título "Festa na véspera", a principal colunista de economia do jornal O Globo escreveu em sua coluna "Panorama Econômico" do dia 31 de agosto:
"Então é isso? Uma eleição cuja campanha começou antes da hora acabou antes que os votos sejam depositados na urna? (...) Fala-se do futuro como inexorável. O quadro está amplamente favorável a Dilma Rousseff, mas é preciso ter respeito pelo processo eleitoral. Se pesquisa fosse voto, era bem mais simples e barato escolher o governante".
Simultaneamente, a poucas semanas do primeiro turno das eleições, os jornalões, a principal revista semanal e a principal rede de televisão abriram fartos espaços para a divulgação de "escândalos" com a óbvia intenção de atingir a reputação pública da candidata favorita.
O primeiro diz respeito a vazamento de informações sigilosas da Receita Federal ocorridos em setembro de 2009 [antes, portanto, da escolha oficial dos candidatos e do início da campanha eleitoral]. O "escândalo" foi imediatamente comparado com o caso Watergate, que levou à renúncia o presidente dos EUA Richard Nixon, em 1974, e também à prisão de integrantes do PT em hotel de São Paulo, em 2006. A narrativa midiática logo passou a referir-se a ele como "Aloprados II" e/ou "Receitagate".
O segundo, que surge tão logo o primeiro parece não ter atingido os objetivos esperados, faz um incrível malabarismo ao tentar incriminar a candidata favorita através de ações de lobby e tráfico de influência atribuídos ao filho de sua ex-auxiliar. Um exemplo: a manchete de primeira página da Folha de S.Paulo de domingo (12/9): "Filho do braço direito de Dilma atua como lobista".
O que estaria acontecendo na grande mídia brasileira?
Controle e dinâmica
Em abril de 2006, no correr da "crise do mensalão", escrevi neste Observatório [ver "Escândalos midiáticos no tempo e no espaço"] sobre o conceito de "escândalo político midiático" (EPM) desenvolvido pelo professor da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, John B. Thompson, em seu aclamado "O escândalo político - Poder e visibilidade na era da mídia" (Vozes, 1ª edição, 2002).
O momento é oportuno para retomar os ensinamentos de Thompson.
Os EPM surgem historicamente no contexto do chamado jornalismo investigativo, combinado com o crescimento da mídia de massa e a disseminação das tecnologias de informação e comunicação. E, sobretudo, no quadro das profundas transformações que ocorreram na natureza do processo político, ainda dependente, em grande parte, da mídia tradicional. Envolve indivíduos ou ações situados dentro de um campo ligado à aquisição e ao exercício do poder político através do uso, dentre outros, do poder simbólico. Fundamentalmente, o exercício do poder político depende do uso do poder simbólico para cultivar e sustentar a crença na legitimidade.
O poder simbólico, por sua vez, refere-se à capacidade de intervir no curso dos acontecimentos, de influenciar as ações e crenças de outros e também de criar acontecimentos, através da produção e transmissão de formas simbólicas. Para exercer esse poder, é necessário a utilização de vários tipos de recursos, mas, basicamente, usar a grande mídia, que produz e transmite capital simbólico - vale dizer, controla a visibilidade pública. A reputação, por exemplo, é um aspecto do capital simbólico, atributo de um indivíduo ou de uma instituição. O que está em jogo, portanto, num EPM é o capital simbólico do político, sobretudo sua reputação.
Como a grande mídia se tornou a principal arena em que as relações do campo político são criadas, sustentadas e, ocasionalmente, destruídas, a apresentação e repercussão dos EPM não são características secundárias ou acidentais. Ao contrário, são partes constitutivas dos próprios EPM.
Escândalo político midiático, portanto, é o evento que implica a revelação, através da mídia, de atividades previamente ocultadas e moralmente desonrosas, desencadeando uma seqüência de ocorrências posteriores. O controle e a dinâmica de todo o processo deslocam-se dos atores inicialmente envolvidos para os jornalistas e para a mídia.
Jogo de poder
Na verdade, a grande mídia ainda detém um enorme poder de legitimar a esfera propriamente política através do tipo de visibilidade pública que a ela oferece. Os atores da esfera política dependem de visibilidade na esfera midiática para se elegerem e/ou se manterem no poder. Através desse poder, próprio da esfera midiática, a grande mídia tenta submeter e controlar o processo político, em particular os processos eleitorais. É aí que surgem os EPM.
Não seria exatamente a tentativa de controlar a esfera propriamente política o último recurso que a grande mídia - declaradamente oposicionista pela voz da presidente da ANJ - estaria a exercer na construção de EPM a poucas semanas das eleições?
Será que o Brasil de 2010 é o mesmo de 2006, quando tentativa semelhante levou as eleições presidenciais para o segundo turno?
O que está realmente em jogo é o poder da mídia tradicional - e, por óbvio, dos grupos dominantes do setor - em tempos de profundas transformações nas comunicações. Em tempos de internet.
Quem viver verá.
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Informar certo, reagir na hora
Reproduzo artigo de João Franzin, publicado no sítio da Agência Sindical:
Os boatos que corriam, sexta, sobre os ataques da imprensa na reta final da campanha eleitoral se confirmaram. O objetivo dessa ação articulada – observe que o “Estadão” repercutiu em manchete domingo a matéria que saiu na “Veja” – é criar um clima de histeria que: 1) Não deixe Serra levar uma surra nas urnas; 2) Leve o pleito para o segundo turno – e aí passe a imperar o vale-tudo; 3) Impeça o avanço eleitoral de candidatos a governos e ao Senado mais à esquerda; 4) Faça o denuncismo ter peso eleitoral.
Como outras denúncias virão – já que se trata de uma campanha articulada – vale adotar cautelas e providências, seguindo a velha fórmula de desmanchar/desorganizar com uma das mãos e construir/organizar com a outra mão.
Sendo assim, proponho a blogs, sites, veículos sindicais e outros não-alinhados ao denuncismo:
1. Sempre divulgar e repercutir as boas/ótimas notícias da economia, relacionando ganhos concretos para a nação: crescimento do PIB; 14 milhões de empregos gerados; ascensão social de milhões de brasileiros; aumento no salário mínimo – e mais uma tonelada de boas notícias, ações governamentais e conquistas sindicais;
2. Relembrar e difundir as mazelas dos anos FHC e governos tucanos: desemprego em massa; achatamento do salário mínimo; privatizações criminosas; subserviência à política dos Estados Unidos; afundamento da plataforma da Petrobrás; compra do segundo mandato de FHC; pedágios abusivos – e mais uma tonelada e meia de problemas e ações governamentais contra os interesses do povo;
3. Criar o plantão 24 horas dos blogs, sem parar, até a apuração, dia 3. Ou seja, contra a ação de tropas regulares, respostas guerrilheiras, que desorganizem o campo adversário e orientem ações no nosso campo;
4. Divulgar, nos materiais sindicais, nos veículos não-conservadores e nos próprios blogs dos nossos candidatos os endereços desses blogs do nosso lado;
5. No campo sindical – uma vez massificadas as informações sobre os ganhos concretos e os riscos representados pela direita – promover atos unitários com as entidades e os trabalhadores;
6. No campo estritamente eleitoral, massificar as campanhas dos nossos aliados; aumentar a presença física das campanhas; distribuir o máximo de material à população e aos eleitores, ocupando o mais possível o espaço no terreno da batalha.
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Os boatos que corriam, sexta, sobre os ataques da imprensa na reta final da campanha eleitoral se confirmaram. O objetivo dessa ação articulada – observe que o “Estadão” repercutiu em manchete domingo a matéria que saiu na “Veja” – é criar um clima de histeria que: 1) Não deixe Serra levar uma surra nas urnas; 2) Leve o pleito para o segundo turno – e aí passe a imperar o vale-tudo; 3) Impeça o avanço eleitoral de candidatos a governos e ao Senado mais à esquerda; 4) Faça o denuncismo ter peso eleitoral.
Como outras denúncias virão – já que se trata de uma campanha articulada – vale adotar cautelas e providências, seguindo a velha fórmula de desmanchar/desorganizar com uma das mãos e construir/organizar com a outra mão.
Sendo assim, proponho a blogs, sites, veículos sindicais e outros não-alinhados ao denuncismo:
1. Sempre divulgar e repercutir as boas/ótimas notícias da economia, relacionando ganhos concretos para a nação: crescimento do PIB; 14 milhões de empregos gerados; ascensão social de milhões de brasileiros; aumento no salário mínimo – e mais uma tonelada de boas notícias, ações governamentais e conquistas sindicais;
2. Relembrar e difundir as mazelas dos anos FHC e governos tucanos: desemprego em massa; achatamento do salário mínimo; privatizações criminosas; subserviência à política dos Estados Unidos; afundamento da plataforma da Petrobrás; compra do segundo mandato de FHC; pedágios abusivos – e mais uma tonelada e meia de problemas e ações governamentais contra os interesses do povo;
3. Criar o plantão 24 horas dos blogs, sem parar, até a apuração, dia 3. Ou seja, contra a ação de tropas regulares, respostas guerrilheiras, que desorganizem o campo adversário e orientem ações no nosso campo;
4. Divulgar, nos materiais sindicais, nos veículos não-conservadores e nos próprios blogs dos nossos candidatos os endereços desses blogs do nosso lado;
5. No campo sindical – uma vez massificadas as informações sobre os ganhos concretos e os riscos representados pela direita – promover atos unitários com as entidades e os trabalhadores;
6. No campo estritamente eleitoral, massificar as campanhas dos nossos aliados; aumentar a presença física das campanhas; distribuir o máximo de material à população e aos eleitores, ocupando o mais possível o espaço no terreno da batalha.
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Mídia tenta estancar a sangria
Por Altamiro Borges
Um fantasma ronda e desespera a mídia demotucana. Ela teme que uma forte “onda vermelha”, impulsionada pelo crescimento de Dilma Rousseff, afunde vários outros candidatos neoliberais aos governos estaduais, ao Senado e à Câmara Federal. Somada à vitória para a presidência, este resultado alteraria a correlação de forças na política brasileira, o que pavimentaria propostas mais ousadas de mudanças no país. Daí o seu esforço recente para estancar a sangria!
Objetivos da baixaria midiática
Toda a gritaria sobre a quebra do sigilo fiscal dos tucanos ou outros factóides teria dois objetivos básicos. O primeiro é tentar levar José Serra para o segundo turno, mesmo que seja com a ajuda da candidata verde Marina da Silva. O segundo, como subproduto, é evitar que o definhamento da candidatura demotucana contamine as disputas estaduais. Os sinais, neste sentido, são nítidos e indicam que a baixaria vai crescer nestas três últimas semanas de campanha eleitoral.
As pesquisas apontam que vários expoentes da direita nativa estão no cadafalso. Marco Maciel, César Maia, Arthur Virgílio Neto, Agripino Maia, entre outros demotucanos, caminham para a derrota na briga pelo Senado. Em São Paulo, os dois candidatos do bloco governista estão na dianteira; o mesmo ocorre no Paraná, Distrito Federal e em outros importantes estados. Já na disputa para a Câmara Federal, pesquisas indicam forte retração da bancada dos demos. Os tucanos também estão na berlinda. Direitistas convictos estão desesperados!
“Fim do DEM é um dado da realidade”
Diante desta tendência, os porta-vozes da mídia já soaram o sinal de alerta. Renata Lo Prete, da FSP (Folha Serra Presidente), escreveu neste final de semana: “Em privado, o fim do DEM é tratado como um dado de realidade pelos principais líderes do partido. A diferença se dá entre os que apostam em algum tipo de fusão agregadora de oposicionistas e aqueles que planejam pular do barco sozinhos, de preferência rumo a siglas lulistas. A segunda opção é majoritária”.
Ilimar Franco, do jornal O Globo, também já captou a possível reviravolta no quadro político. “Baseado nas pesquisas que faz em todos os estados do país, o Ibope concluiu sua projeção para o novo Senado. O PMDB, que preside a Casa, terá a maior bancada, com 17 a 19 senadores. O PT passará a ser a segunda bancada, com 13 a 16 senadores. Os partidos de oposição ficarão menores. O PSDB terá de nove a 12 cadeiras, e o DEM ficará com sete ou oito”.
O medo da "onda vermelha"
Preocupada, Cristiana Lôbo, uma das colunistas prediletas da família Marinho, já advertiu para o risco. No artigo “Subindo o tom”, ela informa que “o PSDB pretende subir o tom nas críticas à candidata petista Dilma Rousseff nesta reta final da campanha para marcar diferenças entre sua proposta e a da adversária e, assim, tentar recuperar o eleitorado que José Serra vem perdendo desde que começou a propaganda na televisão. Ainda que não haja tempo para reverter o quadro sucessório bastante favorável à Dilma, os tucanos consideram importante marcar diferenças”.
Conforme argumenta, “O maior temor do PSDB a esta altura da campanha é que o favoritismo de Dilma Rousseff provoque a chamada ‘onda vermelha’ que afete até os candidatos tucanos favoritos nas disputas aos governos estaduais – como Geraldo Alckmin, em São Paulo; Beto Richa, no Paraná e Antonio Anastasia, em Minas Gerais”. Estes e outros alertas indicam que toda a gritaria da mídia sobre os “novos escândalos” visa estancar a sangria da direita nativa. A bola da vez parece ser a da batalha para os governos estaduais, Senado e Câmara Federal.
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Um fantasma ronda e desespera a mídia demotucana. Ela teme que uma forte “onda vermelha”, impulsionada pelo crescimento de Dilma Rousseff, afunde vários outros candidatos neoliberais aos governos estaduais, ao Senado e à Câmara Federal. Somada à vitória para a presidência, este resultado alteraria a correlação de forças na política brasileira, o que pavimentaria propostas mais ousadas de mudanças no país. Daí o seu esforço recente para estancar a sangria!
Objetivos da baixaria midiática
Toda a gritaria sobre a quebra do sigilo fiscal dos tucanos ou outros factóides teria dois objetivos básicos. O primeiro é tentar levar José Serra para o segundo turno, mesmo que seja com a ajuda da candidata verde Marina da Silva. O segundo, como subproduto, é evitar que o definhamento da candidatura demotucana contamine as disputas estaduais. Os sinais, neste sentido, são nítidos e indicam que a baixaria vai crescer nestas três últimas semanas de campanha eleitoral.
As pesquisas apontam que vários expoentes da direita nativa estão no cadafalso. Marco Maciel, César Maia, Arthur Virgílio Neto, Agripino Maia, entre outros demotucanos, caminham para a derrota na briga pelo Senado. Em São Paulo, os dois candidatos do bloco governista estão na dianteira; o mesmo ocorre no Paraná, Distrito Federal e em outros importantes estados. Já na disputa para a Câmara Federal, pesquisas indicam forte retração da bancada dos demos. Os tucanos também estão na berlinda. Direitistas convictos estão desesperados!
“Fim do DEM é um dado da realidade”
Diante desta tendência, os porta-vozes da mídia já soaram o sinal de alerta. Renata Lo Prete, da FSP (Folha Serra Presidente), escreveu neste final de semana: “Em privado, o fim do DEM é tratado como um dado de realidade pelos principais líderes do partido. A diferença se dá entre os que apostam em algum tipo de fusão agregadora de oposicionistas e aqueles que planejam pular do barco sozinhos, de preferência rumo a siglas lulistas. A segunda opção é majoritária”.
Ilimar Franco, do jornal O Globo, também já captou a possível reviravolta no quadro político. “Baseado nas pesquisas que faz em todos os estados do país, o Ibope concluiu sua projeção para o novo Senado. O PMDB, que preside a Casa, terá a maior bancada, com 17 a 19 senadores. O PT passará a ser a segunda bancada, com 13 a 16 senadores. Os partidos de oposição ficarão menores. O PSDB terá de nove a 12 cadeiras, e o DEM ficará com sete ou oito”.
O medo da "onda vermelha"
Preocupada, Cristiana Lôbo, uma das colunistas prediletas da família Marinho, já advertiu para o risco. No artigo “Subindo o tom”, ela informa que “o PSDB pretende subir o tom nas críticas à candidata petista Dilma Rousseff nesta reta final da campanha para marcar diferenças entre sua proposta e a da adversária e, assim, tentar recuperar o eleitorado que José Serra vem perdendo desde que começou a propaganda na televisão. Ainda que não haja tempo para reverter o quadro sucessório bastante favorável à Dilma, os tucanos consideram importante marcar diferenças”.
Conforme argumenta, “O maior temor do PSDB a esta altura da campanha é que o favoritismo de Dilma Rousseff provoque a chamada ‘onda vermelha’ que afete até os candidatos tucanos favoritos nas disputas aos governos estaduais – como Geraldo Alckmin, em São Paulo; Beto Richa, no Paraná e Antonio Anastasia, em Minas Gerais”. Estes e outros alertas indicam que toda a gritaria da mídia sobre os “novos escândalos” visa estancar a sangria da direita nativa. A bola da vez parece ser a da batalha para os governos estaduais, Senado e Câmara Federal.
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Serra, cadê os blogs sujos?
Reproduzo artigo de Brizola Neto, publicado no blog Tijolaço:
Pena não termos um “Sindicato dos Blogs”, porque José Serra merecia que entrássemos hoje mesmo na Justiça contra ele. É que, usando a técnica de não citar os nomes e acusando genericamente, fica difícil fazer isso individualmente. Porque o que ele diz são palavras caluniosas, para variar.
Hoje, durante palestra na Ordem dos Advogados do Brasil, Serra disse que “blogs sujos” ligados à candidata petista veicularam informações obtidas com as quebras de sigilo de pessoas ligadas ao PSDB – entre elas o vice-presidente do partido, Eduardo Jorge, segundo a Folha Online.
“Esses blogs mantidos pelo governo ou pelo PT apresentavam já dados de Imposto de Renda de algumas das pessoas que depois se descobriu que tinham tido seus sigilos violados. Se essas pessoas fazem isso hoje em uma campanha, imaginem o que fariam detendo o poder federal em mãos?”
Estranha-me que nenhum advogado e nenhum jornalista tenha pedido a Serra para nominar qual ou quais os “blogs sujos” divulgaram informação coberta por sigilo fiscal e que informações foram essas.
E de que se vale Serra para promover a ligação entre Dilma e os “blogs sujos” aos quais não nomina?
Diz a Folha: Serra disse que os blogs citam o nome de Dilma e são ligados à candidata uma vez que ela não desautorizou a vinculação das páginas ao seu nome. “A pessoa é corresponsável porque não desautoriza. E ao não desautorizar há caráter de representatividade no blog.”
Muito interessante a teoria de Serra. neste caso, então, ele é corresponsável pelas ações do tal de Magnus Carlos durante os meses a fio em que este usou o domínio www.joseserra.com.br. Este espertalhão, que se apresentava pedindo dinheiro para uma campanha antidrogas, publicava anúncios – isso mesmo, anúncios pagos – contra Lula e Dilma na internet. Eu denunciei isso aqui no Tijolaço em outubro de 2009 e , como só em fevereiro ou março Serra procurou, por razões eleitorais, recuperar o domínio com seu nome, tem-se, pela teoria tucana, sua corresponsabilidade em tudo que se fez ali.
A técnica da calúnia é assim: não se diz quem, quando, o que alguém fez. Insinua-se, afirma-se genericamente, e diz-se que alguém é culpado até que se prove inocente.
É por isso que caluniar é próprio dos canalhas.
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Pena não termos um “Sindicato dos Blogs”, porque José Serra merecia que entrássemos hoje mesmo na Justiça contra ele. É que, usando a técnica de não citar os nomes e acusando genericamente, fica difícil fazer isso individualmente. Porque o que ele diz são palavras caluniosas, para variar.
Hoje, durante palestra na Ordem dos Advogados do Brasil, Serra disse que “blogs sujos” ligados à candidata petista veicularam informações obtidas com as quebras de sigilo de pessoas ligadas ao PSDB – entre elas o vice-presidente do partido, Eduardo Jorge, segundo a Folha Online.
“Esses blogs mantidos pelo governo ou pelo PT apresentavam já dados de Imposto de Renda de algumas das pessoas que depois se descobriu que tinham tido seus sigilos violados. Se essas pessoas fazem isso hoje em uma campanha, imaginem o que fariam detendo o poder federal em mãos?”
Estranha-me que nenhum advogado e nenhum jornalista tenha pedido a Serra para nominar qual ou quais os “blogs sujos” divulgaram informação coberta por sigilo fiscal e que informações foram essas.
E de que se vale Serra para promover a ligação entre Dilma e os “blogs sujos” aos quais não nomina?
Diz a Folha: Serra disse que os blogs citam o nome de Dilma e são ligados à candidata uma vez que ela não desautorizou a vinculação das páginas ao seu nome. “A pessoa é corresponsável porque não desautoriza. E ao não desautorizar há caráter de representatividade no blog.”
Muito interessante a teoria de Serra. neste caso, então, ele é corresponsável pelas ações do tal de Magnus Carlos durante os meses a fio em que este usou o domínio www.joseserra.com.br. Este espertalhão, que se apresentava pedindo dinheiro para uma campanha antidrogas, publicava anúncios – isso mesmo, anúncios pagos – contra Lula e Dilma na internet. Eu denunciei isso aqui no Tijolaço em outubro de 2009 e , como só em fevereiro ou março Serra procurou, por razões eleitorais, recuperar o domínio com seu nome, tem-se, pela teoria tucana, sua corresponsabilidade em tudo que se fez ali.
A técnica da calúnia é assim: não se diz quem, quando, o que alguém fez. Insinua-se, afirma-se genericamente, e diz-se que alguém é culpado até que se prove inocente.
É por isso que caluniar é próprio dos canalhas.
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A pancadaria na mídia vai piorar, sim!
Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
Serra já tentou ser bonzinho. Já tentou ser Zé. Tentou virar Lacerda, batendo à porta dos quartéis. Agora, virou o inquisidor-mor do Brasil (ou “caluniador”, como Dilma pregou na testa do tucano): nada disso deu resultado.
Serra encolhe, já beira os 20% dos votos na pesquisa Vox/Band/IG. Ele, a essa altura, virou uma espécie de Tiririca: pior do que está não fica.
O problema é que isso não tem graça nenhuma. Quanto mais despenca, mais Serra se afunda no gueto: vira um candidato acuado, ressentido, que mexe com os piores sentimentos do conservadorismo no Brasil. Quem fica ao lado dele é só a turma que quer conter o “comunismo”, que chama Bolsa-Família de “bolsa-esmola”, que insiste em chamar Lula de ”analfabeto”, “nordestino ignorante”, ”apedeuta”.
Passada a eleição, o tucano provavelmente vai ser lançado ao ostracismo. Mas o discurso do ressentimento – que ele encampou – seguirá vivo. Especialmente na velha imprensa. O festival de escândalos fabricados às vésperas da eleição mostra qual o clima que se pode esperar durante um provável governo Dilma. A guerra vai seguir. Engana-se quem pensa que o céu ficará desanuviado. Não. Derrotada e minoritária, a mídia velha vai ficar ainda mais aguerrida. Testará a capacidade de resistência de Dilma.
Lula não comprou essa briga de frente. Confiou em sua capacidade de ser o comunicador maior do governo, comendo pelas beiradas a velha mídia. Dilma não tem (ainda) a capacidade de mobilização de Lula. Como Dilma vai enfrentar a “Veja”, “O Globo”, a “Folha”, o “Estadão”?
Os três últimos são da velha escola golpista. A primeira é da nova escola fascista.
A provável presidenta Dilma travará essa batalha sozinha, no peito e na maciota, como fez Lula? Não. Essa precisa ser uma batalha da sociedade.
Há quem defenda a necessidade de uma articulação de partidos, sindicatos, movimentos sindicais, blogueiros e jornalistas progressistas, para dizer à turma (sedenta de sangue) que está do outro lado: se tentarem avançar o sinal, haverá reação.
Agora, na reta final da eleição, ou nos próximos meses, no início de um provável governo Dilma, a sociedade brasileira terá que dar conta dessa questão. A democracia brasileira precisa enfrentar e enterrar os velhos barões da mídia. Eles levarão uma surra nas urnas, abraçados ao candidato tucano. Mas - ao contrário de Serra - ainda não viraram Tiririca: são capazes de coisas muito piores do que promover crises e inventar escândalos. Já provaram isso no passado, como escrevi aqui.
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Serra já tentou ser bonzinho. Já tentou ser Zé. Tentou virar Lacerda, batendo à porta dos quartéis. Agora, virou o inquisidor-mor do Brasil (ou “caluniador”, como Dilma pregou na testa do tucano): nada disso deu resultado.
Serra encolhe, já beira os 20% dos votos na pesquisa Vox/Band/IG. Ele, a essa altura, virou uma espécie de Tiririca: pior do que está não fica.
O problema é que isso não tem graça nenhuma. Quanto mais despenca, mais Serra se afunda no gueto: vira um candidato acuado, ressentido, que mexe com os piores sentimentos do conservadorismo no Brasil. Quem fica ao lado dele é só a turma que quer conter o “comunismo”, que chama Bolsa-Família de “bolsa-esmola”, que insiste em chamar Lula de ”analfabeto”, “nordestino ignorante”, ”apedeuta”.
Passada a eleição, o tucano provavelmente vai ser lançado ao ostracismo. Mas o discurso do ressentimento – que ele encampou – seguirá vivo. Especialmente na velha imprensa. O festival de escândalos fabricados às vésperas da eleição mostra qual o clima que se pode esperar durante um provável governo Dilma. A guerra vai seguir. Engana-se quem pensa que o céu ficará desanuviado. Não. Derrotada e minoritária, a mídia velha vai ficar ainda mais aguerrida. Testará a capacidade de resistência de Dilma.
Lula não comprou essa briga de frente. Confiou em sua capacidade de ser o comunicador maior do governo, comendo pelas beiradas a velha mídia. Dilma não tem (ainda) a capacidade de mobilização de Lula. Como Dilma vai enfrentar a “Veja”, “O Globo”, a “Folha”, o “Estadão”?
Os três últimos são da velha escola golpista. A primeira é da nova escola fascista.
A provável presidenta Dilma travará essa batalha sozinha, no peito e na maciota, como fez Lula? Não. Essa precisa ser uma batalha da sociedade.
Há quem defenda a necessidade de uma articulação de partidos, sindicatos, movimentos sindicais, blogueiros e jornalistas progressistas, para dizer à turma (sedenta de sangue) que está do outro lado: se tentarem avançar o sinal, haverá reação.
Agora, na reta final da eleição, ou nos próximos meses, no início de um provável governo Dilma, a sociedade brasileira terá que dar conta dessa questão. A democracia brasileira precisa enfrentar e enterrar os velhos barões da mídia. Eles levarão uma surra nas urnas, abraçados ao candidato tucano. Mas - ao contrário de Serra - ainda não viraram Tiririca: são capazes de coisas muito piores do que promover crises e inventar escândalos. Já provaram isso no passado, como escrevi aqui.
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Quando a ascensão social causa medo
Reproduzo artigo de Luiz Carlos Azenha, publicado no blog Viomundo:
Há, por toda parte, da direita à esquerda, uma certa perplexidade. Intelectuais à esquerda e à direita se debruçam sobre a campanha eleitoral com uma ponta de saudosismo em relação ao passado e desprezo pela aparente despolitização do eleitorado. O domínio do marketing, a presença do Tiririca e a influência de Lula são apontados como sinais de que a democracia brasileira está às vésperas de um naufrágio.
Em um caderno especial, “Desafios do Novo Presidente”, o Estadão exibe sua saudade de um tempo em que ainda era possível controlar o protagonismo das multidões para negociar, por cima, uma “solução política”. Foi assim no movimento das Diretas Já! , em que o vozerio das ruas foi instrumentalizado para buscar uma democracia “de bastidores”. “Democracia à brasileira”, anuncia o Estadão, obviamente sem notar a ironia contida na escolha da foto. Se tivesse escolhido uma imagem da greve dos metalúrgicos do ABC, em 1980, não seria, naturalmente, o Estadão, embora a greve tenha sido o golpe que de fato chacoalhou o regime militar.
Na Folha, um colunista identificou no Tiririca o símbolo de tudo o que há de errado com a política brasileira. Ele se esqueceu que a despolitização é herança da cidadania negada e está explícita não só nos candidatos bizarros, mas também em partidos que não resistem a prévias internas para a escolha do candidato a presidente. O dedaço, como se sabe, é um mal apenas quando praticado pelo atual presidente da República, nunca quando se dá em um apartamento de Higienópolis. Politização exige engajamento. A amnésia do colunista se estende à campanha movida contra as tênues tentativas do governo Lula de promover a cidadania política, através das conferências nacionais e do Plano Nacional de Direitos Humanos, campanha da qual fez parte… a Folha.
O Globo de domingo gastou uma página inteira de papel e tinta para falar em Vazio de ideias, por que a apatia e a ausência de reflexão tomaram conta da campanha eleitoral. Na página, o poeta Claufe Rodrigues prega “mudar radicalmente o sistema de representação”. Será que ele sonha com o voto censitário? O jornalista Eugenio Bucci trata como “discurso autoritário” a propaganda eleitoral de Dilma Rousseff que dá ênfase à ascensão social (‘”pusemos” não sei quantos brasileiros na classe média’). O sociólogo Bernardo Sorj fala em “massa apática”, sustentada pela “classe média pagadora, que se preocupa com problemas como liberdade de expressão, transparência do Estado e corrupção”.
Curiosamente, as pílulas de O Globo revelam mais sobre os entrevistados do que sobre a população brasileira, os eleitores brasileiros e a conjuntura política e econômica do Brasil. Revelam desconhecimento, preguiça intelectual e a falta de reflexão que eles, os entrevistados, preferem atribuir — como sempre — “aos outros”.
Infelizmente, pouca gente tem se dedicado até agora a estudar a erupção política de milhões de brasileiros como resultado da ascensão social que eles viveram nos últimos anos. O fenômeno, em números, foi retratado mais recentemente no estudo A Nova Classe Média: o Lado Brilhante dos Pobres, da Fundação Getúlio Vargas. Do ponto de vista da ciência política, foi estudado por André Singer, em Raízes sociais e ideológicas do Lulismo.
Além da ignorância, no entanto, torcer o nariz para a atual campanha eleitoral também serve a um objetivo político: desqualificar antecipadamente os eleitos. Para além do golpismo, no entanto, está a perplexidade de classe — e aqui localizamos a esquina onde se encontram direitistas e esquerdistas (alguns, pelo menos). O Brasil é um país de extrema concentração de poder, de riqueza e de saber. E o fenômeno que vai influenciar as eleições brasileiras a longo prazo representa uma ameaça a essa sociedade, em que as “ideias” políticas, de comportamento e de consumo “vertem” dos ungidos em direção às massas.
Assistimos, em câmera lenta, a uma revolução nos papéis sociais, que vai se acelerar quando a ascensão econômica se combinar com a interiorização do conhecimento, o acesso à universidade e as tecnologias de informação.
Perplexos, os que se acreditam mantenedores de nossa ordem hierarquizada confundem sua irrelevância com a decadência definitiva da democracia brasileira. É um jeito elegante de dizer que eles sentem desprezo pelos pobres.
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Há, por toda parte, da direita à esquerda, uma certa perplexidade. Intelectuais à esquerda e à direita se debruçam sobre a campanha eleitoral com uma ponta de saudosismo em relação ao passado e desprezo pela aparente despolitização do eleitorado. O domínio do marketing, a presença do Tiririca e a influência de Lula são apontados como sinais de que a democracia brasileira está às vésperas de um naufrágio.
Em um caderno especial, “Desafios do Novo Presidente”, o Estadão exibe sua saudade de um tempo em que ainda era possível controlar o protagonismo das multidões para negociar, por cima, uma “solução política”. Foi assim no movimento das Diretas Já! , em que o vozerio das ruas foi instrumentalizado para buscar uma democracia “de bastidores”. “Democracia à brasileira”, anuncia o Estadão, obviamente sem notar a ironia contida na escolha da foto. Se tivesse escolhido uma imagem da greve dos metalúrgicos do ABC, em 1980, não seria, naturalmente, o Estadão, embora a greve tenha sido o golpe que de fato chacoalhou o regime militar.
Na Folha, um colunista identificou no Tiririca o símbolo de tudo o que há de errado com a política brasileira. Ele se esqueceu que a despolitização é herança da cidadania negada e está explícita não só nos candidatos bizarros, mas também em partidos que não resistem a prévias internas para a escolha do candidato a presidente. O dedaço, como se sabe, é um mal apenas quando praticado pelo atual presidente da República, nunca quando se dá em um apartamento de Higienópolis. Politização exige engajamento. A amnésia do colunista se estende à campanha movida contra as tênues tentativas do governo Lula de promover a cidadania política, através das conferências nacionais e do Plano Nacional de Direitos Humanos, campanha da qual fez parte… a Folha.
O Globo de domingo gastou uma página inteira de papel e tinta para falar em Vazio de ideias, por que a apatia e a ausência de reflexão tomaram conta da campanha eleitoral. Na página, o poeta Claufe Rodrigues prega “mudar radicalmente o sistema de representação”. Será que ele sonha com o voto censitário? O jornalista Eugenio Bucci trata como “discurso autoritário” a propaganda eleitoral de Dilma Rousseff que dá ênfase à ascensão social (‘”pusemos” não sei quantos brasileiros na classe média’). O sociólogo Bernardo Sorj fala em “massa apática”, sustentada pela “classe média pagadora, que se preocupa com problemas como liberdade de expressão, transparência do Estado e corrupção”.
Curiosamente, as pílulas de O Globo revelam mais sobre os entrevistados do que sobre a população brasileira, os eleitores brasileiros e a conjuntura política e econômica do Brasil. Revelam desconhecimento, preguiça intelectual e a falta de reflexão que eles, os entrevistados, preferem atribuir — como sempre — “aos outros”.
Infelizmente, pouca gente tem se dedicado até agora a estudar a erupção política de milhões de brasileiros como resultado da ascensão social que eles viveram nos últimos anos. O fenômeno, em números, foi retratado mais recentemente no estudo A Nova Classe Média: o Lado Brilhante dos Pobres, da Fundação Getúlio Vargas. Do ponto de vista da ciência política, foi estudado por André Singer, em Raízes sociais e ideológicas do Lulismo.
Além da ignorância, no entanto, torcer o nariz para a atual campanha eleitoral também serve a um objetivo político: desqualificar antecipadamente os eleitos. Para além do golpismo, no entanto, está a perplexidade de classe — e aqui localizamos a esquina onde se encontram direitistas e esquerdistas (alguns, pelo menos). O Brasil é um país de extrema concentração de poder, de riqueza e de saber. E o fenômeno que vai influenciar as eleições brasileiras a longo prazo representa uma ameaça a essa sociedade, em que as “ideias” políticas, de comportamento e de consumo “vertem” dos ungidos em direção às massas.
Assistimos, em câmera lenta, a uma revolução nos papéis sociais, que vai se acelerar quando a ascensão econômica se combinar com a interiorização do conhecimento, o acesso à universidade e as tecnologias de informação.
Perplexos, os que se acreditam mantenedores de nossa ordem hierarquizada confundem sua irrelevância com a decadência definitiva da democracia brasileira. É um jeito elegante de dizer que eles sentem desprezo pelos pobres.
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Seis notas oficiais desmentem a Veja
Reproduzo artigo de Claudio Gonzalez, publicado no sítio Vermelho:
Mais uma nota desmentindo cabalmente a matéria caluniosa da revista Veja sobre o suposto tráfico de influência na Casa Civil foi emitida na tarde de hoje, segunda-feira (13), desta vez pelos Correios. Com essa, já somam seis as notas oficiais que resgatam a verdade dos fatos e desmontam, uma a uma, as ilações levantadas pela revista da editora Abril.
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) afirmou em nota oficial que suas ações estão de acordo com a legislação vigente e que os contratos em vigor com a empresa de transporte aéreo de carga MTA (Master Top Airlines Ltda) “resultam de processos licitatórios regulares e transparentes que estão disponíveis para consulta na página dos Correios na internet”.
A empresa afirma ainda que os Correios têm contratos com mais seis empresas para o transporte aéreo de carga e que “todos passaram pelos mesmos crivos das leis 8.666/93 e 10.520/02”.
“A ECT reafirma sua determinação de manter a excelência dos serviços prestados, a transparência da sua gestão, o profissionalismo de sua diretoria e dos seus mais de 109 mil empregados, e que, a despeito de tentativas de desqualificá-la, continua merecendo o reconhecimento da população como uma das instituições mais confiáveis do Brasil”, diz a nota.
As informações foram dadas em resposta à reportagem da revista Veja que apontava Israel Guerra, filho da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, como mediador em contratos com a estatal. Para intermediar a operação, teria sido cobrada uma propina de 6% do empresário Fábio Baracat, ex-sócio da MTA.
ANAC também repudia informações falsas
Outra instituição pública que emitiu nota desmentindo a revista foi a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Ela disponibilizou cópias do processo que renovou a concessão da empresa MTA. De acordo com a assessoria de imprensa da agência, os documentos presentes no processo comprovam que não houve irregularidade na renovação da permissão da empresa.
Em nota divulgada no domingo (12), a Anac afirmou que a decisão favorável à MTA em 18 de dezembro aconteceu porque a empresa apresentou a certidão que faltava para comprovar que sua situação previdenciária estava regular. A revista havia insinuado que a decisão deu-se por pressão de lobistas.
Principal fonte desmentiu a revista
Ainda no sábado (11), logo que a revista chegou às bancas, o empresário Fábio Baracat, principal “fonte” da reportagem, divulgou uma nota desmentindo a Veja. Segundo ele, a revista mentiu aos leitores.
Na versão fantasiosa da Veja, Baracat, suposto dono da empresa Via Net e sócio da MTA, queria ampliar a participação de suas companhias nos Correios e, para isso, ele teria pago a suposta propina de aproximadamente 6% sobre um contrato de R$ 84 milhões.
O empresário diz na nota que foi surpreendido com a matéria: “Primeiramente, gostaria de esclarecer que não sou e não fui funcionário, representante da empresa Via Net, ou a representei em qualquer assunto comercial, como foi noticiado na reportagem. Apenas conheço a empresa e pessoas ligadas a ela, assim como diversos outros empresários do setor”.
Ele também negou “qualquer relacionamento pessoal ou comercial com a Ministra Erenice Guerra, embora tivesse tido de fato a conhecido, jamais tratei de qualquer negócio privado ou assuntos políticos com ela”.
Disse ainda que ao procurá-lo, a revista só perguntou sobre a relação da MTA com o Coronel Artur, atual Diretor de Operações dos Correios. E concluiu dizendo que se sentia como “mais uma personagem de um joguete político-eleitoral irresponsável do qual não participo, porém que afetam famílias e negócios que geram empregos”.
Em resposta, a revista divulgou outra nota em que tenta se defender, dizendo que a reportagem “não foi construída com base em declarações, mas em intensa apuração jornalística e sobre documentação, parte da qual ainda não foi publicada”. Mas parece que a "documentação" carece de credibilidade.
Empresa citada desconfia que Veja falsificou documentos
A empresa Via Net, citada na reportagem da Veja como pagadora da suposta propina para viabilizar contrato com o Correio, também divulgou nota, com a qual nega a existência do contrato reproduzido pela revista.
Segundo a Via Net, são completamente falsas as informações da revista sobre a relação de Fabio Baracat com a empresa. “Fabio Baracat nunca foi sócio, procurador ou gestor, e tampouco pertenceu algum dia ao quadro de funcionários da empresa, fatos esses que podem facilmente ser comprovados”.
A Via Net Express diz na nota que não reconhece o contrato apresentado na reportagem, “não assinou esse suposto contrato, não conhece a Capital Assessoria, não conhece seus sócios, nunca manteve qualquer contato e qualquer tipo de relação comercial com a mesma”. Afirma também que não possui nenhum tipo de contrato de prestação de serviços com o Correio, nem compra serviços de transpostre aéreo nas aeronaves do Correio. Ou seja, não sobra quase nada de verdade na falsa reportagem da revista.
Dinate do festival de calúnias levantadas pela revista, a Via Net Express diz na nota que “buscará os esclarecimentos necessários, para em seguida adotar as medidas judiciais cabíveis”.
Erenice processa revista e quer direito de resposta
Quem também já formalizou a disposição de levar a Veja às barras dos tribunais é a ministra Erenice Guerra, principal vítima das falsas denúncias levantadas pela revista.
Em nota, Erenice afirmou nesta segunda-feira que contratou um escritório de advocacia para processar a revista Veja por causa das calúnias levantadas pela publicação - todas já contestadas por meio de uma outra nota à imprensa, no sábado.
Assinada pela Casa Civil, a primeira nota afirma que a reportagem é caluniosa e visa apenas “atingir a honra, bem como envolver familiares” da ministra.
Segundo Erenice, quando foi procurada pelo repórter autor das aleivosias, ela e seus familiares forneceram todas as respostas cabíveis a cada uma das interrogações feitas pela revista. “De nada adiantou nosso procedimento transparente e ético, já que tais esclarecimentos foram, levianamente, desconhecidos”, denuncia Erenice.
“Sinto-me atacada em minha honra pessoal e ultrajada pelas mentiras publicadas sem a menor base em provas ou em sustentação na verdade dos fatos, cabendo-me tomar medidas judiciais para a reparação necessária. E assim o farei. Não permitirei que a revista Veja, contumaz no enxovalho da honra alheia, o faça comigo sem que seja acionada tanto por danos morais quanto para que me garanta o direito de resposta”, diz a nota.
No texto, ela lamenta “que o processo eleitoral, no qual a citada revista está envolvida da forma mais virulenta e menos ética possível, propicie esse tipo de comportamento e a utilização de expediente como esse, em que se publica ataque à honra alheia travestido de material jornalístico sem que se veicule a resposta dos ofendidos”.
Lula: Erenice continua no cargo
A nota de Erenice Guerra e os esclarecimentos que a ministra já prestou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva renovaram a confiança de Lula na ministra e o presidente já avisou que, se depender da vontade dele, Erenice fica no cargo. Os dois se encontraram domingo à noite no Palácio da Alvorada – residência do presidente.
A própria ministra tomou a iniciativa de solicitar a abertura de procedimento na Comissão de Ética Pública da Presidência para que o episódio seja apurado. Ela reafirmou que abre mão de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.
No início da tarde, a comissão, que fiscaliza a conduta de servidores na administração pública federal, confirmou a abertura de um procedimento preliminar a pedido da ministra. O relator é o advogado Fábio Coutinho. Ele tem um prazo de 10 dias para analisar o caso e, se necessário, solicitar documentos e ouvir pessoas envolvidas, incluindo Erenice. O prazo pode ser prorrogado, mas Coutinho disse pretender finalizar o relatório antes das eleições, em 3 de outubro.
Nassif revela como jornalista da Veja montou a falsa reportagem
O jornalista Luis Nassif, que conhece a Veja por dentro e é autor de vários textos denunciando o “jornalismo de esgoto” que a revista pratica, publicou em seu blog um “roteiro” com o caminho percorrido pelo jornalista Diego Escosteguy --autor da matéria da Veja-- que mostra como foi possível dar "ares de verdade" a uma falsa reportagem.
Segundo Nassif, Veja publicou a própria prova do crime de calúnia. “O jogo da manipulação consiste em pegar um conjunto de informações soltas, depois compor um roteiro à vontade do freguês, uma peça de ficção mas que contenha alguns ingredientes reais”, conta Nassif, e detalha:
Como fez o Diego?
1. Levantou um contrato da Via Net Express com a Capital (do filho da Erenice) em que se fala em taxa de sucesso de 6%.
2. Diz que, pela Via Net, quem assina é o seu dono Fábio Baracat. Na verdade, Baracat nada tem a ver com a empresa, a não ser oferecer serviços eventuais.
3. Levanta matérias recentes da imprensa, sobre as ligações da MTA com a ANAC e os Correios.
4. Ponto: tem os contratos da MTA junto aos Correios e a comissão de 6%. Cruza uma com outra e tem-se o valor da propina.
5. Para fechar o elo, diz que Erenice “indicou” o tal coronel Quá-Quá para a ANAC. A prova: a assinatura dela na indicação. Não informa que todas as indicações para cargos públicos passam pela Casa Civil.
6. A partir dessa soma admirável, a revista faz toda sorte de elucubrações. Fala em financiamento do esquema, em reuniões fechadas, sem celular nem caneta e o escambau.
Nassif mostra ainda que a Veja aponta como “suspeito” um trecho do contrato que é texto padrão de qualquer contrato de consultoria. “Deveria fazer parte da formação dos chamados repórteres invesgativos conhecimento básico sobre contratos”, ironiza Nassif.
“A revista precisava mostrar a “prova” do pagamento de 6% de propina. Mas esse percentual não vinha separado: estava em um parágrafo inteiro que não podia ser suprimido. Precisou, então, publicar o parágrafo inteiro para expor o número mágico dos 6%. Publicando, matou ela própria sua matéria.
E aí fica-se sabendo que a taxa de sucesso nada tinha a ver com a ANAC, com contratos com os Correios, com renovação de concessão. Mas apenas no caso de obter financiamentos – que, pelas declarações do Baracat, nunca foram obtidos.
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Mais uma nota desmentindo cabalmente a matéria caluniosa da revista Veja sobre o suposto tráfico de influência na Casa Civil foi emitida na tarde de hoje, segunda-feira (13), desta vez pelos Correios. Com essa, já somam seis as notas oficiais que resgatam a verdade dos fatos e desmontam, uma a uma, as ilações levantadas pela revista da editora Abril.
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) afirmou em nota oficial que suas ações estão de acordo com a legislação vigente e que os contratos em vigor com a empresa de transporte aéreo de carga MTA (Master Top Airlines Ltda) “resultam de processos licitatórios regulares e transparentes que estão disponíveis para consulta na página dos Correios na internet”.
A empresa afirma ainda que os Correios têm contratos com mais seis empresas para o transporte aéreo de carga e que “todos passaram pelos mesmos crivos das leis 8.666/93 e 10.520/02”.
“A ECT reafirma sua determinação de manter a excelência dos serviços prestados, a transparência da sua gestão, o profissionalismo de sua diretoria e dos seus mais de 109 mil empregados, e que, a despeito de tentativas de desqualificá-la, continua merecendo o reconhecimento da população como uma das instituições mais confiáveis do Brasil”, diz a nota.
As informações foram dadas em resposta à reportagem da revista Veja que apontava Israel Guerra, filho da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, como mediador em contratos com a estatal. Para intermediar a operação, teria sido cobrada uma propina de 6% do empresário Fábio Baracat, ex-sócio da MTA.
ANAC também repudia informações falsas
Outra instituição pública que emitiu nota desmentindo a revista foi a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Ela disponibilizou cópias do processo que renovou a concessão da empresa MTA. De acordo com a assessoria de imprensa da agência, os documentos presentes no processo comprovam que não houve irregularidade na renovação da permissão da empresa.
Em nota divulgada no domingo (12), a Anac afirmou que a decisão favorável à MTA em 18 de dezembro aconteceu porque a empresa apresentou a certidão que faltava para comprovar que sua situação previdenciária estava regular. A revista havia insinuado que a decisão deu-se por pressão de lobistas.
Principal fonte desmentiu a revista
Ainda no sábado (11), logo que a revista chegou às bancas, o empresário Fábio Baracat, principal “fonte” da reportagem, divulgou uma nota desmentindo a Veja. Segundo ele, a revista mentiu aos leitores.
Na versão fantasiosa da Veja, Baracat, suposto dono da empresa Via Net e sócio da MTA, queria ampliar a participação de suas companhias nos Correios e, para isso, ele teria pago a suposta propina de aproximadamente 6% sobre um contrato de R$ 84 milhões.
O empresário diz na nota que foi surpreendido com a matéria: “Primeiramente, gostaria de esclarecer que não sou e não fui funcionário, representante da empresa Via Net, ou a representei em qualquer assunto comercial, como foi noticiado na reportagem. Apenas conheço a empresa e pessoas ligadas a ela, assim como diversos outros empresários do setor”.
Ele também negou “qualquer relacionamento pessoal ou comercial com a Ministra Erenice Guerra, embora tivesse tido de fato a conhecido, jamais tratei de qualquer negócio privado ou assuntos políticos com ela”.
Disse ainda que ao procurá-lo, a revista só perguntou sobre a relação da MTA com o Coronel Artur, atual Diretor de Operações dos Correios. E concluiu dizendo que se sentia como “mais uma personagem de um joguete político-eleitoral irresponsável do qual não participo, porém que afetam famílias e negócios que geram empregos”.
Em resposta, a revista divulgou outra nota em que tenta se defender, dizendo que a reportagem “não foi construída com base em declarações, mas em intensa apuração jornalística e sobre documentação, parte da qual ainda não foi publicada”. Mas parece que a "documentação" carece de credibilidade.
Empresa citada desconfia que Veja falsificou documentos
A empresa Via Net, citada na reportagem da Veja como pagadora da suposta propina para viabilizar contrato com o Correio, também divulgou nota, com a qual nega a existência do contrato reproduzido pela revista.
Segundo a Via Net, são completamente falsas as informações da revista sobre a relação de Fabio Baracat com a empresa. “Fabio Baracat nunca foi sócio, procurador ou gestor, e tampouco pertenceu algum dia ao quadro de funcionários da empresa, fatos esses que podem facilmente ser comprovados”.
A Via Net Express diz na nota que não reconhece o contrato apresentado na reportagem, “não assinou esse suposto contrato, não conhece a Capital Assessoria, não conhece seus sócios, nunca manteve qualquer contato e qualquer tipo de relação comercial com a mesma”. Afirma também que não possui nenhum tipo de contrato de prestação de serviços com o Correio, nem compra serviços de transpostre aéreo nas aeronaves do Correio. Ou seja, não sobra quase nada de verdade na falsa reportagem da revista.
Dinate do festival de calúnias levantadas pela revista, a Via Net Express diz na nota que “buscará os esclarecimentos necessários, para em seguida adotar as medidas judiciais cabíveis”.
Erenice processa revista e quer direito de resposta
Quem também já formalizou a disposição de levar a Veja às barras dos tribunais é a ministra Erenice Guerra, principal vítima das falsas denúncias levantadas pela revista.
Em nota, Erenice afirmou nesta segunda-feira que contratou um escritório de advocacia para processar a revista Veja por causa das calúnias levantadas pela publicação - todas já contestadas por meio de uma outra nota à imprensa, no sábado.
Assinada pela Casa Civil, a primeira nota afirma que a reportagem é caluniosa e visa apenas “atingir a honra, bem como envolver familiares” da ministra.
Segundo Erenice, quando foi procurada pelo repórter autor das aleivosias, ela e seus familiares forneceram todas as respostas cabíveis a cada uma das interrogações feitas pela revista. “De nada adiantou nosso procedimento transparente e ético, já que tais esclarecimentos foram, levianamente, desconhecidos”, denuncia Erenice.
“Sinto-me atacada em minha honra pessoal e ultrajada pelas mentiras publicadas sem a menor base em provas ou em sustentação na verdade dos fatos, cabendo-me tomar medidas judiciais para a reparação necessária. E assim o farei. Não permitirei que a revista Veja, contumaz no enxovalho da honra alheia, o faça comigo sem que seja acionada tanto por danos morais quanto para que me garanta o direito de resposta”, diz a nota.
No texto, ela lamenta “que o processo eleitoral, no qual a citada revista está envolvida da forma mais virulenta e menos ética possível, propicie esse tipo de comportamento e a utilização de expediente como esse, em que se publica ataque à honra alheia travestido de material jornalístico sem que se veicule a resposta dos ofendidos”.
Lula: Erenice continua no cargo
A nota de Erenice Guerra e os esclarecimentos que a ministra já prestou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva renovaram a confiança de Lula na ministra e o presidente já avisou que, se depender da vontade dele, Erenice fica no cargo. Os dois se encontraram domingo à noite no Palácio da Alvorada – residência do presidente.
A própria ministra tomou a iniciativa de solicitar a abertura de procedimento na Comissão de Ética Pública da Presidência para que o episódio seja apurado. Ela reafirmou que abre mão de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.
No início da tarde, a comissão, que fiscaliza a conduta de servidores na administração pública federal, confirmou a abertura de um procedimento preliminar a pedido da ministra. O relator é o advogado Fábio Coutinho. Ele tem um prazo de 10 dias para analisar o caso e, se necessário, solicitar documentos e ouvir pessoas envolvidas, incluindo Erenice. O prazo pode ser prorrogado, mas Coutinho disse pretender finalizar o relatório antes das eleições, em 3 de outubro.
Nassif revela como jornalista da Veja montou a falsa reportagem
O jornalista Luis Nassif, que conhece a Veja por dentro e é autor de vários textos denunciando o “jornalismo de esgoto” que a revista pratica, publicou em seu blog um “roteiro” com o caminho percorrido pelo jornalista Diego Escosteguy --autor da matéria da Veja-- que mostra como foi possível dar "ares de verdade" a uma falsa reportagem.
Segundo Nassif, Veja publicou a própria prova do crime de calúnia. “O jogo da manipulação consiste em pegar um conjunto de informações soltas, depois compor um roteiro à vontade do freguês, uma peça de ficção mas que contenha alguns ingredientes reais”, conta Nassif, e detalha:
Como fez o Diego?
1. Levantou um contrato da Via Net Express com a Capital (do filho da Erenice) em que se fala em taxa de sucesso de 6%.
2. Diz que, pela Via Net, quem assina é o seu dono Fábio Baracat. Na verdade, Baracat nada tem a ver com a empresa, a não ser oferecer serviços eventuais.
3. Levanta matérias recentes da imprensa, sobre as ligações da MTA com a ANAC e os Correios.
4. Ponto: tem os contratos da MTA junto aos Correios e a comissão de 6%. Cruza uma com outra e tem-se o valor da propina.
5. Para fechar o elo, diz que Erenice “indicou” o tal coronel Quá-Quá para a ANAC. A prova: a assinatura dela na indicação. Não informa que todas as indicações para cargos públicos passam pela Casa Civil.
6. A partir dessa soma admirável, a revista faz toda sorte de elucubrações. Fala em financiamento do esquema, em reuniões fechadas, sem celular nem caneta e o escambau.
Nassif mostra ainda que a Veja aponta como “suspeito” um trecho do contrato que é texto padrão de qualquer contrato de consultoria. “Deveria fazer parte da formação dos chamados repórteres invesgativos conhecimento básico sobre contratos”, ironiza Nassif.
“A revista precisava mostrar a “prova” do pagamento de 6% de propina. Mas esse percentual não vinha separado: estava em um parágrafo inteiro que não podia ser suprimido. Precisou, então, publicar o parágrafo inteiro para expor o número mágico dos 6%. Publicando, matou ela própria sua matéria.
E aí fica-se sabendo que a taxa de sucesso nada tinha a ver com a ANAC, com contratos com os Correios, com renovação de concessão. Mas apenas no caso de obter financiamentos – que, pelas declarações do Baracat, nunca foram obtidos.
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Sucesso de Dilma deixa mídia em desespero
Reproduzo artigo de Mário Augusto Jakobskind, publicado no sítio Direto da Redação:
Não adianta teatralizar a campanha eleitoral, nem ficar na base do samba de uma nota só, como acontece com José Serra e seus correligionários na questão da violação dos segredos das declarações do Imposto de Renda.
O tema está sendo investigado e valeria uma pergunta óbvia: a quem interessa o carnaval midiático? A quem está absolutamente na frente das pesquisas ou a quem toda semana vê reduzido os seus índices percentuais? Respostas devem ser enviadas às redações de O Globo e TV Globo, Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, Veja, entre outras.
Outro fato que está saindo pela culatra para o conservadorismo é a citação a todo momento, negativa, claro, do ex-ministro José Dirceu. Resultado concreto: Zeca Dirceu, filho do “vilão”, está sendo apontado pelos institutos de pesquisa com um dos candidatos a deputado federal dos mais votados do país, algo praticamente inédito em termos de estado do Paraná, onde ele concorre.
Garotinho, ex-governador do estado do Rio, que todo mundo sabe que não é nenhum santo, também foi apontado entre os possíveis candidatos a deputado mais votado do país. Foi linchado por O Globo, com matérias no mínimo discutíveis já que praticamente não foi dado espaço proporcional às acusações.
Antes que algum leitor açodado diga que o autor deste comentário está apoiando este ou aquele candidato, não se pode deixar de constatar fatos concretos. A equipe de Serra no fundo alavancou Zeca Dirceu, enquanto as Organizações Globo mais uma vez demonstram que não estão com a bola toda. Ao longo da história, conspirou contra a ordem constitucional, como em 1964. Hoje não tem respaldo porque os tempos não são mais os da Guerra Fria. E essa constatação independe da confirmação se Garotinho poderá ou não ser candidato.
Quanto às eleições majoritárias, jornais e revistas do Rio e São Paulo, visivelmente orquestrados com a oposição, não dão folga a Dilma Rousseff, mas, como foi dito na semana passada, a cobertura tendenciosa não está surtindo efeito. O dia 3 de outubro está batendo às portas — vamos aguardar o resultado das urnas, que está sendo acompanhado com o máximo interesse em toda a América Latina
Enquanto isso, a Procuradoria da República da Colômbia mandou prender o jornalista William Parra acusando-o de vínculos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Farc. Parra, de nacionalidade colombiana, está exilado na Venezuela. O jornalista foi chefe da assessoria de imprensa do ex-presidente Ernesto Samper entre 1994 e 1998 e atualmente exercia a função de correspondente da Telesur, o canal de televisão de integração latino-americana.
A acusação do procurador geral da Colômbia Guillermo Mendoza diz que o nome de Parra foi encontrado no computador de Raul Reyes, dirigente das Farc assassinado no Equador pelo governo colombiano. O jornalista nega veementemente a acusação.
Esta informação praticamente não é divulgada pela mídia e não é a primeira vez que isso acontece. Outro jornalista da Telesur, Freddy Munhoz, foi detido em Bogotá em 2006 com as mesmas acusações que estão sendo imputadas a Parra. E sabem o que aconteceu depois de passado o estardalhaço? Munhoz depois teve de ser liberado por total falta de provas.
É o caso de perguntar: onde estão as entidades que se dizem defensoras da liberdade de imprensa na América Latina como, por exemplo, a Sociedade Interamericana de Imprensa? Neste exato momento a SIP está com antenas voltadas para a Argentina, acusando a presidenta Cristina Kirchner de restringir a liberdade de imprensa, quando o certo seria a SIP tirar a máscara e mencionar a liberdade de empresa.
Cristina Kirchner é mesmo a bola da vez do conservadorismo, que chegou a estampar que Nestor Kirchner deu um soco na cara da mulher. A “informação”, sempre entre aspas, se complementava dizendo que ela chegou a cair no chão. Isso aconteceu no ano passado, mas só agora foi divulgado em um livro. Justamente no momento em que os argentinos estão acompanhando a mexida na área midiática feita pelo governo, isso depois de uma ampla discussão pelos mais amplos setores da sociedade.
Em tempo: o jornal Folha de S.Paulo, cujo grupo cedia carros para a repressão no período ditatorial que viveu o Brasil, mandou um enviado especial para Porto Alegre. Objetivo: ouvir a opinião de um agente da ditadura sobre Dilma Roussef.
Nem é necessário transcrever o que disse de negativo. Só este fato serve para ilustrar o desespero que tomou conta das hostes do conservadorismo quanto à provável derrota do discípulo de FHC, José Serra em 3 de outubro próximo. Como se trata de um jornal que considerou o regime anterior como ”ditabranda”, tudo é possível, inclusive a matéria na edição deste domingo.
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Não adianta teatralizar a campanha eleitoral, nem ficar na base do samba de uma nota só, como acontece com José Serra e seus correligionários na questão da violação dos segredos das declarações do Imposto de Renda.
O tema está sendo investigado e valeria uma pergunta óbvia: a quem interessa o carnaval midiático? A quem está absolutamente na frente das pesquisas ou a quem toda semana vê reduzido os seus índices percentuais? Respostas devem ser enviadas às redações de O Globo e TV Globo, Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, Veja, entre outras.
Outro fato que está saindo pela culatra para o conservadorismo é a citação a todo momento, negativa, claro, do ex-ministro José Dirceu. Resultado concreto: Zeca Dirceu, filho do “vilão”, está sendo apontado pelos institutos de pesquisa com um dos candidatos a deputado federal dos mais votados do país, algo praticamente inédito em termos de estado do Paraná, onde ele concorre.
Garotinho, ex-governador do estado do Rio, que todo mundo sabe que não é nenhum santo, também foi apontado entre os possíveis candidatos a deputado mais votado do país. Foi linchado por O Globo, com matérias no mínimo discutíveis já que praticamente não foi dado espaço proporcional às acusações.
Antes que algum leitor açodado diga que o autor deste comentário está apoiando este ou aquele candidato, não se pode deixar de constatar fatos concretos. A equipe de Serra no fundo alavancou Zeca Dirceu, enquanto as Organizações Globo mais uma vez demonstram que não estão com a bola toda. Ao longo da história, conspirou contra a ordem constitucional, como em 1964. Hoje não tem respaldo porque os tempos não são mais os da Guerra Fria. E essa constatação independe da confirmação se Garotinho poderá ou não ser candidato.
Quanto às eleições majoritárias, jornais e revistas do Rio e São Paulo, visivelmente orquestrados com a oposição, não dão folga a Dilma Rousseff, mas, como foi dito na semana passada, a cobertura tendenciosa não está surtindo efeito. O dia 3 de outubro está batendo às portas — vamos aguardar o resultado das urnas, que está sendo acompanhado com o máximo interesse em toda a América Latina
Enquanto isso, a Procuradoria da República da Colômbia mandou prender o jornalista William Parra acusando-o de vínculos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Farc. Parra, de nacionalidade colombiana, está exilado na Venezuela. O jornalista foi chefe da assessoria de imprensa do ex-presidente Ernesto Samper entre 1994 e 1998 e atualmente exercia a função de correspondente da Telesur, o canal de televisão de integração latino-americana.
A acusação do procurador geral da Colômbia Guillermo Mendoza diz que o nome de Parra foi encontrado no computador de Raul Reyes, dirigente das Farc assassinado no Equador pelo governo colombiano. O jornalista nega veementemente a acusação.
Esta informação praticamente não é divulgada pela mídia e não é a primeira vez que isso acontece. Outro jornalista da Telesur, Freddy Munhoz, foi detido em Bogotá em 2006 com as mesmas acusações que estão sendo imputadas a Parra. E sabem o que aconteceu depois de passado o estardalhaço? Munhoz depois teve de ser liberado por total falta de provas.
É o caso de perguntar: onde estão as entidades que se dizem defensoras da liberdade de imprensa na América Latina como, por exemplo, a Sociedade Interamericana de Imprensa? Neste exato momento a SIP está com antenas voltadas para a Argentina, acusando a presidenta Cristina Kirchner de restringir a liberdade de imprensa, quando o certo seria a SIP tirar a máscara e mencionar a liberdade de empresa.
Cristina Kirchner é mesmo a bola da vez do conservadorismo, que chegou a estampar que Nestor Kirchner deu um soco na cara da mulher. A “informação”, sempre entre aspas, se complementava dizendo que ela chegou a cair no chão. Isso aconteceu no ano passado, mas só agora foi divulgado em um livro. Justamente no momento em que os argentinos estão acompanhando a mexida na área midiática feita pelo governo, isso depois de uma ampla discussão pelos mais amplos setores da sociedade.
Em tempo: o jornal Folha de S.Paulo, cujo grupo cedia carros para a repressão no período ditatorial que viveu o Brasil, mandou um enviado especial para Porto Alegre. Objetivo: ouvir a opinião de um agente da ditadura sobre Dilma Roussef.
Nem é necessário transcrever o que disse de negativo. Só este fato serve para ilustrar o desespero que tomou conta das hostes do conservadorismo quanto à provável derrota do discípulo de FHC, José Serra em 3 de outubro próximo. Como se trata de um jornal que considerou o regime anterior como ”ditabranda”, tudo é possível, inclusive a matéria na edição deste domingo.
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segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Ombudsman da Folha se rende aos blogs
Reproduzo artigo de Brizola Neto, publicado no blog Tijolaço:
Quando a nova ombudsman da Folha, Suzana Singer, assumiu suas funções, registramos aqui o desprezo que manifestou às redes sociais, tachando os blogs de radicais e de interessarem a poucos, e dizendo preferir falar aos leitores dos 290 mil exemplares do jornais.
Mas a ombudswoman teve que se render às novas formas de comunicação pela influência que passaram a ter no processo político, capacidade de organização e de intervenção, como a própria jornalista da Folha percebeu. Ao criticar e considerar injustificável jornalisticamente a manchete mentirosa da Folha do último domingo, que dizia “Consumidor de luz pagou R$ 1 bi por falha de Dilma”, a ombudsman vergou-se ao peso das redes sociais.
Contou ter recebido 194 mensagens protestando contra o noticiário político, e disse ter se dado no Twitter a maior reação ao jornalismo praticado pela Folha, com 45 mil mensagens contra o jornal.
A própria ombudsman foi obrigada a desconstruir a matéria da Folha, apontando todas as suas incongruências - o que já tínhamos feito aqui - mas o que a impressionou foi a rápida resposta da sociedade via novos mecanismos como os blogs e microblogs.
A ombudsman foi forçada a reconhecer que o movimento #Dilmafactsbyfolha, que transformou a infame manchete do jornal em piada, foi além de uma incitação petista – aliás, ela não esconde seu despeito político, chamando de “zumbis petistas” - ou de “blogs sujos”, como diria o candidato que a Folha apóia, e se tornou trending topic pela indignação causada pelo mau jornalismo da empresa em que ela trabalha.
“Não dá para desprezar essa reação e a Folha fez isso. Não respondeu aos internautas no Twitter e não noticiou o fenômeno”, escreveu a ombudsman, apontando mais uma falha do jornal, que considerara notícia outros trending topics, como o “Cala boca Galvão”, durante a última Copa do Mundo. “Não dá para olhar para as redes sociais apenas quando interessa”, criticou a ombudsman.
Mas não foi a senhora mesmo que disse que era para ignorar as redes sociais? Não chamou os blogueiros de “trogloditas de espírito”? Foi essa mentalidade que fez a Folha pagar um dos maiores micos da internet nos últimos tempos.
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Quando a nova ombudsman da Folha, Suzana Singer, assumiu suas funções, registramos aqui o desprezo que manifestou às redes sociais, tachando os blogs de radicais e de interessarem a poucos, e dizendo preferir falar aos leitores dos 290 mil exemplares do jornais.
Mas a ombudswoman teve que se render às novas formas de comunicação pela influência que passaram a ter no processo político, capacidade de organização e de intervenção, como a própria jornalista da Folha percebeu. Ao criticar e considerar injustificável jornalisticamente a manchete mentirosa da Folha do último domingo, que dizia “Consumidor de luz pagou R$ 1 bi por falha de Dilma”, a ombudsman vergou-se ao peso das redes sociais.
Contou ter recebido 194 mensagens protestando contra o noticiário político, e disse ter se dado no Twitter a maior reação ao jornalismo praticado pela Folha, com 45 mil mensagens contra o jornal.
A própria ombudsman foi obrigada a desconstruir a matéria da Folha, apontando todas as suas incongruências - o que já tínhamos feito aqui - mas o que a impressionou foi a rápida resposta da sociedade via novos mecanismos como os blogs e microblogs.
A ombudsman foi forçada a reconhecer que o movimento #Dilmafactsbyfolha, que transformou a infame manchete do jornal em piada, foi além de uma incitação petista – aliás, ela não esconde seu despeito político, chamando de “zumbis petistas” - ou de “blogs sujos”, como diria o candidato que a Folha apóia, e se tornou trending topic pela indignação causada pelo mau jornalismo da empresa em que ela trabalha.
“Não dá para desprezar essa reação e a Folha fez isso. Não respondeu aos internautas no Twitter e não noticiou o fenômeno”, escreveu a ombudsman, apontando mais uma falha do jornal, que considerara notícia outros trending topics, como o “Cala boca Galvão”, durante a última Copa do Mundo. “Não dá para olhar para as redes sociais apenas quando interessa”, criticou a ombudsman.
Mas não foi a senhora mesmo que disse que era para ignorar as redes sociais? Não chamou os blogueiros de “trogloditas de espírito”? Foi essa mentalidade que fez a Folha pagar um dos maiores micos da internet nos últimos tempos.
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Blogs informam mais do que a velha mídia
Reproduzo artigo de Luis Nassif, publicado em seu blog:
A cada dia que passa, mais se confirma a superioridade da informação dos leitores de blogs em relação aos que se valem exclusivamente da velha mídia.
O fato mais comentado dos dois últimos dias foi a tal denúncia da Veja envolvendo o filho de Erenice Guerra, Ministra-Chefe da Casa Civil.
Vamos a alguns pequenos exemplos:
Caso Anac
A Folha veio com a história de que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) renovou a licença da MTA, contra parecer contrário da diretoria.
A blogosfera desmontou essa tese mostrando que a diretoria negou, por falta de documentação necessária; e renovou assim que a documentação foi apresentada.
Hoje, os leitores da Folha recebem a seguinte informação (matéria não assinada):
Solange Vieira estendeu o prazo de concessão da MTA de três para dez anos, de forma monocrática, quatro dias após reunião da diretoria colegiada que deu parecer contrário à renovação.
O jornal, que não tem filtros de qualidade, misturou duas decisões: a renovação da concessão da MTA e o aumento do prazo de validade da concessão. Em nenhum deles - pelas notícias do próprio jornal - houve decisão monocrática. No primeiro caso, aprovou quando os papéis foram apresentados. No segundo, foi decisão unânime que se estendeu a todas as demais concessões.
Leitores de Blog já tem essa informação desde ontem.
O caso dos 5 milhões
Em matéria no Estadão, o repórter Daniel Bramatti escreveu - e a editoria aceitou - a informação de que:
Segundo a revista, o lobby teria rendido ao filho de Erenice uma comissão de cerca de R$ 5 milhões.
A blogosfera inteira já sabe que a revista tirou da cartola esse valor - pegou a menção a uma comissão de 6%, que valeria para o caso de captação de financiamentos (que jamais ocorreu) e aplicou sobre o valor dos contratos obtidos pela MTA com os Correios. Os jornalistas do Estadão, ainda não - o que dirá, então, os leitores que têm no jornal sua única fonte de informação.
Sem contar que a notícia mais importante do final de semana - a denúncia da Carta Capital de que em 2002 o Banco Central firmou um acordo que colocava todas as informações bancárias do país em um site controlado por Verônica Serra, filha de José Serra, em sociedade com Verônica Dantas, irmã de Daniel Dantas.
Em geral, supõe-se que jornalistas tenham mais informações que leitores. A prática está mostrando que leitores de blogs têm mais informações que repórteres e editores de jornais.
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A cada dia que passa, mais se confirma a superioridade da informação dos leitores de blogs em relação aos que se valem exclusivamente da velha mídia.
O fato mais comentado dos dois últimos dias foi a tal denúncia da Veja envolvendo o filho de Erenice Guerra, Ministra-Chefe da Casa Civil.
Vamos a alguns pequenos exemplos:
Caso Anac
A Folha veio com a história de que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) renovou a licença da MTA, contra parecer contrário da diretoria.
A blogosfera desmontou essa tese mostrando que a diretoria negou, por falta de documentação necessária; e renovou assim que a documentação foi apresentada.
Hoje, os leitores da Folha recebem a seguinte informação (matéria não assinada):
Solange Vieira estendeu o prazo de concessão da MTA de três para dez anos, de forma monocrática, quatro dias após reunião da diretoria colegiada que deu parecer contrário à renovação.
O jornal, que não tem filtros de qualidade, misturou duas decisões: a renovação da concessão da MTA e o aumento do prazo de validade da concessão. Em nenhum deles - pelas notícias do próprio jornal - houve decisão monocrática. No primeiro caso, aprovou quando os papéis foram apresentados. No segundo, foi decisão unânime que se estendeu a todas as demais concessões.
Leitores de Blog já tem essa informação desde ontem.
O caso dos 5 milhões
Em matéria no Estadão, o repórter Daniel Bramatti escreveu - e a editoria aceitou - a informação de que:
Segundo a revista, o lobby teria rendido ao filho de Erenice uma comissão de cerca de R$ 5 milhões.
A blogosfera inteira já sabe que a revista tirou da cartola esse valor - pegou a menção a uma comissão de 6%, que valeria para o caso de captação de financiamentos (que jamais ocorreu) e aplicou sobre o valor dos contratos obtidos pela MTA com os Correios. Os jornalistas do Estadão, ainda não - o que dirá, então, os leitores que têm no jornal sua única fonte de informação.
Sem contar que a notícia mais importante do final de semana - a denúncia da Carta Capital de que em 2002 o Banco Central firmou um acordo que colocava todas as informações bancárias do país em um site controlado por Verônica Serra, filha de José Serra, em sociedade com Verônica Dantas, irmã de Daniel Dantas.
Em geral, supõe-se que jornalistas tenham mais informações que leitores. A prática está mostrando que leitores de blogs têm mais informações que repórteres e editores de jornais.
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Dilma precisará de uma Ley de Medios
Reproduzo artigo de Paulo Henrique Amorim, publicado no blog Conversa Afiada:
A crise do sigilo levou uma bala no peito com a reportagem da CartaCapital e de Leandro Fortes sobre as recordistas mundiais da abertura de sigilo, a filha do Serra e a irmã do Daniel Dantas.
Agora, é a crise do lobby, germinada pela Veja, a última flor do Fascio, aquela do grampo sem áudio.
Não bastará fazer como a Ministra Erenice fez: abriu todos os sigilos dela e da família e vai à Justiça.
Essa será uma ação individual contra uma instituição – a Editora Abril – que milita contra os interesses nacionais.
Amigo navegante me diz que PiG será diferente com a Dilma: a Dilma não estimula o preconceito racial, de classe, que há contra o Lula.
Discordo.
Haverá sempre o preconceito contra a mulher – e o preconceito de classe.
A Dilma, como a Marta em São Paulo, será sempre perseguida porque traiu a classe e dedicou a atividade política aos pobres.
Isso é imperdoável.
O caminho inverso é o que o PiG enaltece.
O pobre que tornar defensor dos ricos, como o José Serra.
O Mino Carta – que diz essa semana que o Zé Baixaria será o bode expiatório dos ex-donos do poder -, o Mino Carta sabe das coisas.
Ele foi o primeiro a dizer que a Dilma dava uma boa sucessora do Lula.
E, depois, o primeiro a lembrar que a Dilma não é metalúrgica.
Quer dizer, ela não vai poder recorrer ao carisma incomparável do antecessor: o metalúrgico nordestino, sem um dedo, que não fala inglês e chegou lá.
O PiG e a elite branca (e separatista) de São Paulo serão incansáveis contra a presidenta.
O problema nuclear é ela ser trabalhista.
Dilma, por isso, não poderá cometer o erro do Lula.
Dilma vai precisar de uma Ley de Medios, porque ela não é metalúrgica, nordestina – e porque é mulher.
Mais do que isso.
Mesmo que ela tivesse todos os atributos do presidente Lula, quem precisa de uma Ley de Medios é a democracia brasileira.
Assim como o Brasil precisa distribuir a renda, instalar saneamento básico, aprimorar a educação etc etc, o Brasil precisa enfrentar essa ameaça permanente à democracia: o PiG.
O PiG só produz crise, já disse, lá atrás, o professor Wanderley Guilherme dos Santos.
O PiG escreve a agenda do Congresso e da opinião pública, disse, na crise do “caos-aéreo”, a professora Marilena Chauí.
O PiG e especialmente a Globo interditam a informação.
Como diz o Yacov, amigo navegante deste ordinário blog, o Brasil não passa na Globo.
O notável fenômeno da incorporação de uma Argentina ao segmento da Classe Média, no período de 7 anos – 32 milhões de pessoas –, esse progresso que entra pelos olhos de qualquer brasileiro que vá à rua – a Globo não viu isso.
Nem o PiG.
E como a Globo e o PiG não viram, o PSDB de São Paulo não viu.
E o Zé Baixaria é isso o que está aí: um saco vazio cheio de ódio.
A “mídia nativa”, diz o Mino, fecha a porta do Brasil aos brasileiros.
Os brasileiros só podem ver o que o PiG quer.
A presidenta Dilma Rousseff terá a responsabilidade garantir o direito à comunicação.
Um direito que vem da Grécia, da Revolução Francesa, de Tocqueville.
Não só a sobrevivência do Governo Dilma Rousseff estará em jogo.
É a própria democracia.
É por isso que este ordinário blogueiro faz parte do Instituto Barão de Itararé, que sob a liderança edificante do professor Fabio Comparato, prepara uma ADIN por Omissão para entrar no Supremo contra o Congresso Nacional.
O Congresso foi sitiado pelo senador Evandro Guimarães, o chefe do escritório de lobby da Globo em Brasília.
O Itararé quer que este sitiado Congresso regule os artigos da Constituição de 88 que tratam da Comunicação.
Nós, blogueiros independentes, fazemos a nossa parte.
A presidenta terá que fazer a dela.
Ou cai.
Os detritos de maré baixa da Veja e do PiG poderão contaminar seu governo irremediavelmente.
Dilma não é metalúrgica.
Em tempo: o Brizola se perguntava sempre: quantos passaportes tem o Sr. Civita? Na Argentina, o governo mandou a Editora Abril embora. Mas, lá, militar torturador vai para a cadeia.
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A crise do sigilo levou uma bala no peito com a reportagem da CartaCapital e de Leandro Fortes sobre as recordistas mundiais da abertura de sigilo, a filha do Serra e a irmã do Daniel Dantas.
Agora, é a crise do lobby, germinada pela Veja, a última flor do Fascio, aquela do grampo sem áudio.
Não bastará fazer como a Ministra Erenice fez: abriu todos os sigilos dela e da família e vai à Justiça.
Essa será uma ação individual contra uma instituição – a Editora Abril – que milita contra os interesses nacionais.
Amigo navegante me diz que PiG será diferente com a Dilma: a Dilma não estimula o preconceito racial, de classe, que há contra o Lula.
Discordo.
Haverá sempre o preconceito contra a mulher – e o preconceito de classe.
A Dilma, como a Marta em São Paulo, será sempre perseguida porque traiu a classe e dedicou a atividade política aos pobres.
Isso é imperdoável.
O caminho inverso é o que o PiG enaltece.
O pobre que tornar defensor dos ricos, como o José Serra.
O Mino Carta – que diz essa semana que o Zé Baixaria será o bode expiatório dos ex-donos do poder -, o Mino Carta sabe das coisas.
Ele foi o primeiro a dizer que a Dilma dava uma boa sucessora do Lula.
E, depois, o primeiro a lembrar que a Dilma não é metalúrgica.
Quer dizer, ela não vai poder recorrer ao carisma incomparável do antecessor: o metalúrgico nordestino, sem um dedo, que não fala inglês e chegou lá.
O PiG e a elite branca (e separatista) de São Paulo serão incansáveis contra a presidenta.
O problema nuclear é ela ser trabalhista.
Dilma, por isso, não poderá cometer o erro do Lula.
Dilma vai precisar de uma Ley de Medios, porque ela não é metalúrgica, nordestina – e porque é mulher.
Mais do que isso.
Mesmo que ela tivesse todos os atributos do presidente Lula, quem precisa de uma Ley de Medios é a democracia brasileira.
Assim como o Brasil precisa distribuir a renda, instalar saneamento básico, aprimorar a educação etc etc, o Brasil precisa enfrentar essa ameaça permanente à democracia: o PiG.
O PiG só produz crise, já disse, lá atrás, o professor Wanderley Guilherme dos Santos.
O PiG escreve a agenda do Congresso e da opinião pública, disse, na crise do “caos-aéreo”, a professora Marilena Chauí.
O PiG e especialmente a Globo interditam a informação.
Como diz o Yacov, amigo navegante deste ordinário blog, o Brasil não passa na Globo.
O notável fenômeno da incorporação de uma Argentina ao segmento da Classe Média, no período de 7 anos – 32 milhões de pessoas –, esse progresso que entra pelos olhos de qualquer brasileiro que vá à rua – a Globo não viu isso.
Nem o PiG.
E como a Globo e o PiG não viram, o PSDB de São Paulo não viu.
E o Zé Baixaria é isso o que está aí: um saco vazio cheio de ódio.
A “mídia nativa”, diz o Mino, fecha a porta do Brasil aos brasileiros.
Os brasileiros só podem ver o que o PiG quer.
A presidenta Dilma Rousseff terá a responsabilidade garantir o direito à comunicação.
Um direito que vem da Grécia, da Revolução Francesa, de Tocqueville.
Não só a sobrevivência do Governo Dilma Rousseff estará em jogo.
É a própria democracia.
É por isso que este ordinário blogueiro faz parte do Instituto Barão de Itararé, que sob a liderança edificante do professor Fabio Comparato, prepara uma ADIN por Omissão para entrar no Supremo contra o Congresso Nacional.
O Congresso foi sitiado pelo senador Evandro Guimarães, o chefe do escritório de lobby da Globo em Brasília.
O Itararé quer que este sitiado Congresso regule os artigos da Constituição de 88 que tratam da Comunicação.
Nós, blogueiros independentes, fazemos a nossa parte.
A presidenta terá que fazer a dela.
Ou cai.
Os detritos de maré baixa da Veja e do PiG poderão contaminar seu governo irremediavelmente.
Dilma não é metalúrgica.
Em tempo: o Brizola se perguntava sempre: quantos passaportes tem o Sr. Civita? Na Argentina, o governo mandou a Editora Abril embora. Mas, lá, militar torturador vai para a cadeia.
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Folha usa agente da ditadura contra Dilma
Por Altamiro Borges
A Folha não vai descansar até 3 de outubro. Fará de tudo para evitar a derrota do seu candidato, o ex-colunista José Serra. Ela já usou uma ficha policial falsa, difundida por grupos fascistas na internet, contra Dilma Rousseff. Estampou manchetes mentirosas, como a que esbravejava que “consumidor de luz pagou R$ 1 bi por falha de Dilma”. Até enviou um repórter à Bulgária para cavar histórias do pai da candidata. Agora, deu espaço para os ataques de um agente da ditadura.
Na edição deste domingo, o panfleto da famíglia Frias – que clamou pelo golpe militar de 1964, cedeu suas peruas para transportar presos políticos à tortura e aliou-se com o setor “linha dura” dos generais – entrevistou Silvio Carriço Ribeiro, ex-coronel da Brigada Militar do Rio Grande do Sul e “ex-agente da chamada comunidade de informações”. Durante o sanguinário período da ditadura militar, ele foi um dos responsáveis por espionar a atual candidata à presidência.
Falta de autoridade moral
No texto, o ex-agente aparece como um coitadinho, que “continua morando perto da casa em que Dilma viveu, na Vila Assunção, onde mantinha campana para investigar a ‘subversiva’”. Não há criticas à barbárie da ditadura, às torturas, assassinatos e censura. De passagem, a matéria apenas registra que “em 1998, no final do governo de Olívio Dutra (PT), Ribeiro enfrentou um Inquérito Policial Militar que o exonerou da Brigada Militar... Foi condenado e afastado do oficialato sob acusação de ter feito compras indevidas numa olaria pertencente à Brigada Militar”.
Apesar dos serviços sujos prestados à ditadura e da acusação de corrupção, a Folha dá destaque ao espião para traçar o “perfil psicológico” de Dilma Rousseff. Sem qualquer autoridade moral, ele afirma que “ela é uma mulher amarga. Não é aquilo que está aparecendo na televisão. É lobo em pele de cordeiro”. O espiãozinho diz ainda que Dilma “não é tão boazinha assim” e que ela “nasceu para mandar. Não para ser mandada. Lula vai se enganar com ela”.
Reporcagem é um escárnio
A “reporcagem” da Folha é um escárnio. Como reagiu o deputado Brizola Neto, ela envergonha a imprensa e “dá nojo aos democratas deste país”. “Desde quando um espião, araponga, agente da repressão, tem o direito de ver um jornal sair publicando suas ‘análises’ psicológicas? Ao que eu saiba, as únicas técnicas de ‘psicologia’ usadas pelos agentes da repressão eram bordoadas, choques elétricos, chicotadas, sufocamento e outras barbaridades, como os colegas deste tal Sílvio Carriço Ribeiro, que a Folha elevou à condição de ‘formador de opinião’ sobre Dilma”.
O jornal da famíglia Frias, que já usou o neologismo de “ditabranda” para se referir à sanguinária ditadura militar, ainda tentará novas cartadas até o final da campanha presidencial. Ela joga uma batalha de vida ou morte nesta eleição. Teme pela derrota do seu candidato, o demotucano José Serra, e procura evitar que uma “onda vermelha” enterre outros de seus protegidos aos governos estaduais, Senado e Câmara Federal. Não dá para subestimá-la!
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A Folha não vai descansar até 3 de outubro. Fará de tudo para evitar a derrota do seu candidato, o ex-colunista José Serra. Ela já usou uma ficha policial falsa, difundida por grupos fascistas na internet, contra Dilma Rousseff. Estampou manchetes mentirosas, como a que esbravejava que “consumidor de luz pagou R$ 1 bi por falha de Dilma”. Até enviou um repórter à Bulgária para cavar histórias do pai da candidata. Agora, deu espaço para os ataques de um agente da ditadura.
Na edição deste domingo, o panfleto da famíglia Frias – que clamou pelo golpe militar de 1964, cedeu suas peruas para transportar presos políticos à tortura e aliou-se com o setor “linha dura” dos generais – entrevistou Silvio Carriço Ribeiro, ex-coronel da Brigada Militar do Rio Grande do Sul e “ex-agente da chamada comunidade de informações”. Durante o sanguinário período da ditadura militar, ele foi um dos responsáveis por espionar a atual candidata à presidência.
Falta de autoridade moral
No texto, o ex-agente aparece como um coitadinho, que “continua morando perto da casa em que Dilma viveu, na Vila Assunção, onde mantinha campana para investigar a ‘subversiva’”. Não há criticas à barbárie da ditadura, às torturas, assassinatos e censura. De passagem, a matéria apenas registra que “em 1998, no final do governo de Olívio Dutra (PT), Ribeiro enfrentou um Inquérito Policial Militar que o exonerou da Brigada Militar... Foi condenado e afastado do oficialato sob acusação de ter feito compras indevidas numa olaria pertencente à Brigada Militar”.
Apesar dos serviços sujos prestados à ditadura e da acusação de corrupção, a Folha dá destaque ao espião para traçar o “perfil psicológico” de Dilma Rousseff. Sem qualquer autoridade moral, ele afirma que “ela é uma mulher amarga. Não é aquilo que está aparecendo na televisão. É lobo em pele de cordeiro”. O espiãozinho diz ainda que Dilma “não é tão boazinha assim” e que ela “nasceu para mandar. Não para ser mandada. Lula vai se enganar com ela”.
Reporcagem é um escárnio
A “reporcagem” da Folha é um escárnio. Como reagiu o deputado Brizola Neto, ela envergonha a imprensa e “dá nojo aos democratas deste país”. “Desde quando um espião, araponga, agente da repressão, tem o direito de ver um jornal sair publicando suas ‘análises’ psicológicas? Ao que eu saiba, as únicas técnicas de ‘psicologia’ usadas pelos agentes da repressão eram bordoadas, choques elétricos, chicotadas, sufocamento e outras barbaridades, como os colegas deste tal Sílvio Carriço Ribeiro, que a Folha elevou à condição de ‘formador de opinião’ sobre Dilma”.
O jornal da famíglia Frias, que já usou o neologismo de “ditabranda” para se referir à sanguinária ditadura militar, ainda tentará novas cartadas até o final da campanha presidencial. Ela joga uma batalha de vida ou morte nesta eleição. Teme pela derrota do seu candidato, o demotucano José Serra, e procura evitar que uma “onda vermelha” enterre outros de seus protegidos aos governos estaduais, Senado e Câmara Federal. Não dá para subestimá-la!
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domingo, 12 de setembro de 2010
"Dez razões" de Luis Fernando Verissimo
Para encerrar em alto astral a noite de domingo, reproduzo a deliciosa crônica de Luis Fernando Verissimo, publicada no jornal O Globo:
Dez razões pelas quais o Eike Batista deveria me dar um milhão de dólares.
1 — Eu sou um cara legal.
2 — Ele não sentiria falta.
3 — Não aguento mais esses fraudulentos substitutos de caviar no mercado. Chegaram ao cúmulo de pintar sagu de preto e vender em potes como se viesse de esturjões do lado errado do Mar Cáspio, o que explicaria o preço baixo. Você só descobre o engodo quando vê que, no rótulo, "Cáspio" está com acento circunflexo. A doação do Eike me livraria desses métodos inescrupulosos e me permitiria, finalmente, ser fiel ao lema "Caviar: ou Beluga ou nada" que me acompanha desde a infância.
4 — Eu pararia de trabalhar, o que causaria enorme regozijo público, e me dedicaria à leitura de todos os livros que fui para ler depois, começando por "O elefantinho Dudu" e chegando, se desse tempo, à "Crítica da razão pura".
5 — Nós estaríamos colaborando, mesmo que modestamente, para a redistribuição de renda no país.
6 — Eu teria mais, digamos assim, estofo moral para convidar a Luana Piovani para um cruzeiro no Caribe num daqueles navios que têm até metrô para o transporte interno, as piscinas têm cascatas e o show principal é do Cirque du Soleil com participação especial do Frank Sinatra, trazido de volta, com grande custo, para mais uma despedida. Nossos camarotes seriam separados, mas sempre haveria a esperança de que, em caso de furacão, ela batesse freneticamente na minha porta.
7 — Eu abandonaria, definitivamente, todos os meus outros planos para depressa, como o de me transformar em médium de animais domésticos. A ideia era oferecer meus serviços a quem quisesse entrar em contato com cachorros ou gatos falecidos e transmitir suas mensagens do Além, cuidando apenas para latir e miar de forma convincente.
8 — Eu estaria sempre à disposição do Eike para escrever uma biografia elogiosa, melhorando passagens da sua vida e, inclusive, lhe dando outro primeiro nome.
9 — Nós poderíamos estar inaugurando uma prática regular, a de o Eike dar um milhão dos seus dólares todos os meses. Pra mim.
10 — Eu... Mas o que estou dizendo? É claro que isso nunca vai acontecer. E, mesmo (consolo), um milhão de dólares não é mais o que era. Não quero.
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Dez razões pelas quais o Eike Batista deveria me dar um milhão de dólares.
1 — Eu sou um cara legal.
2 — Ele não sentiria falta.
3 — Não aguento mais esses fraudulentos substitutos de caviar no mercado. Chegaram ao cúmulo de pintar sagu de preto e vender em potes como se viesse de esturjões do lado errado do Mar Cáspio, o que explicaria o preço baixo. Você só descobre o engodo quando vê que, no rótulo, "Cáspio" está com acento circunflexo. A doação do Eike me livraria desses métodos inescrupulosos e me permitiria, finalmente, ser fiel ao lema "Caviar: ou Beluga ou nada" que me acompanha desde a infância.
4 — Eu pararia de trabalhar, o que causaria enorme regozijo público, e me dedicaria à leitura de todos os livros que fui para ler depois, começando por "O elefantinho Dudu" e chegando, se desse tempo, à "Crítica da razão pura".
5 — Nós estaríamos colaborando, mesmo que modestamente, para a redistribuição de renda no país.
6 — Eu teria mais, digamos assim, estofo moral para convidar a Luana Piovani para um cruzeiro no Caribe num daqueles navios que têm até metrô para o transporte interno, as piscinas têm cascatas e o show principal é do Cirque du Soleil com participação especial do Frank Sinatra, trazido de volta, com grande custo, para mais uma despedida. Nossos camarotes seriam separados, mas sempre haveria a esperança de que, em caso de furacão, ela batesse freneticamente na minha porta.
7 — Eu abandonaria, definitivamente, todos os meus outros planos para depressa, como o de me transformar em médium de animais domésticos. A ideia era oferecer meus serviços a quem quisesse entrar em contato com cachorros ou gatos falecidos e transmitir suas mensagens do Além, cuidando apenas para latir e miar de forma convincente.
8 — Eu estaria sempre à disposição do Eike para escrever uma biografia elogiosa, melhorando passagens da sua vida e, inclusive, lhe dando outro primeiro nome.
9 — Nós poderíamos estar inaugurando uma prática regular, a de o Eike dar um milhão dos seus dólares todos os meses. Pra mim.
10 — Eu... Mas o que estou dizendo? É claro que isso nunca vai acontecer. E, mesmo (consolo), um milhão de dólares não é mais o que era. Não quero.
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Mídia protege filha de Serra
Reproduzo artigo de João Peres, publicado na Rede Brasil Atual:
Duas reportagens publicadas neste fim de semana tinham a tarefa de agitar o noticiário eleitoral. A primeira, sob o título Sinais trocados, foi publicada por Leandro Fortes em CartaCapital e narra o episódio em que a empresa de Verônica Serra, filha de José Serra, deixou, em 2001, os dados bancários de 60 milhões de brasileiros expostos a visitação pública durante 60 dias. A segunda, publicada pela revista Veja, conta que o filho da ministra-chefe da Casa Civil supostamente vende facilidades aos que querem fechar contratos com o Estado.
Uma delas, no entanto, foi ignorada pelos jornais de maior peso, os chamados “jornalões”. Não é difícil imaginar qual. A reportagem de Leandro Fortes sobre Verônica Serra não ganhou uma linha em O Globo, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. A matéria de Veja, por outro lado, foi o destaque de capa de dois deles, que dedicam boa parte de seu noticiário dominical à repercussão do tema.
O candidato do PSDB, que vem sendo convidado diariamente a opinar sobre a quebra de sigilo fiscal de sua filha, foi novamente ouvido. Não sobre o episódio da Decidir.com, empresa que tinha sua filha como sócia, mas sobre a Capital Assessoria e Consultoria, do filho de Erenice Guerra, sempre apresentada como “braço-direito” de Dilma Rousseff.
Diferenças
É um bom exercício para o começo desta semana imaginar por que os jornais nada noticiaram sobre a reportagem de CartaCapital. A revista sofre de falta de credibilidade? Certamente não. Além de contar com a assinatura de Mino Carta, um dos jornalistas de melhor reputação do país, a revista não tem, ao longo de sua existência, um histórico de desmentidos e de distorção de fatos.
Quanto a Veja, reputação ilibada não tem sido um sinônimo da semanal da Abril. Foram muitos os episódios em que especialistas e autoridades tiveram de vir a público afirmar que nada haviam dito à revista ou que tiveram suas falas distorcidas. Este caso não é diferente. Fábio Baracat, empresário que aparece na reportagem deste fim de semana afirmando ter sido obrigado a negociar o pagamento de propinas com Ismael Guerra, emitiu nota mostrando-se “surpreendido” pela reportagem.
“Primeiramente gostaria de esclarecer que não sou e não fui funcionário, representante da empresa Vianet, ou a representei em qualquer assunto comercial, como foi noticiado (…) Durante o período em que atuei na defesa dos interesses comerciais da MTA, conheci Israel Guerra, como profissional que atuava na organização da documentação da empresa para participar de licitações, cuja remuneração previa percentual sobre eventual êxito, o qual repita-se, não era garantido (…) Acredito que tenha contribuído com o esclarecimento dos fatos, na certeza de que fui mais uma personagem de um joguete político-eleitoral irresponsável do qual não participo.”
Motivos
A vontade dos grandes jornais em mostrar episódios que possam enfraquecer a candidata Dilma Rousseff gera estranheza até mesmo dentro dessas redações. Na última semana, a Folha publicou que um erro da ex-ministra havia provocado prejuízo de R$ 1 bilhão. A notícia, sem base real, virou motivo de piada na internet, e um viral reproduzido pelo Twitter entrou para os principais tópicos mundiais da rede social.
Neste domingo, a ombudsman Suzana Singer chama atenção dos editores da Folha. “O jornal avançou o sinal.” Ela complementa: “Foi iniciativa de Dilma criar a tal tarifa social? Não, foi instituída no governo Fernando Henrique Cardoso.” A ombudsman pede que o jornal deixe o próprio leitor chegar a suas conclusões, sem direcionamentos, e lembra que não tem havido a mesma crítica à gestão de Serra em São Paulo. “A Folha deveria retomar o equilíbrio na sua cobertura eleitoral e abrir espaço para vozes dissonantes. O apartidarismo – e não ter medo de crítica – sempre foram características preciosas deste jornal.”
Neste momento, como os institutos de pesquisa indicam que é muito pequena a possibilidade de Dilma perder a eleição, é preciso considerar outros interesses na divulgação de algumas notícias. O Painel da Folha dá uma pista ao falar do caso: “Até agora, ela era dada como nome certo num eventual governo Dilma.” O blog Vi o Mundo, de Luiz Carlos Azenha, levanta uma indagação: “Será que tem o dedo de outros candidatos ao cargo na capa da Veja? Ou será que o Civita quer indicar o primeiro-ministro de um eventual governo Dilma?”
Mora aí uma diferença fundamental das atuais eleições. Ainda não se sabe qual será o real impacto da internet sobre os números finais da votação de 3 de outubro, mas a rede se converteu em um espaço para tentar difundir propostas - a favor ou contra os candidatos - e notícias que são ignoradas pela mídia comercial.
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Duas reportagens publicadas neste fim de semana tinham a tarefa de agitar o noticiário eleitoral. A primeira, sob o título Sinais trocados, foi publicada por Leandro Fortes em CartaCapital e narra o episódio em que a empresa de Verônica Serra, filha de José Serra, deixou, em 2001, os dados bancários de 60 milhões de brasileiros expostos a visitação pública durante 60 dias. A segunda, publicada pela revista Veja, conta que o filho da ministra-chefe da Casa Civil supostamente vende facilidades aos que querem fechar contratos com o Estado.
Uma delas, no entanto, foi ignorada pelos jornais de maior peso, os chamados “jornalões”. Não é difícil imaginar qual. A reportagem de Leandro Fortes sobre Verônica Serra não ganhou uma linha em O Globo, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. A matéria de Veja, por outro lado, foi o destaque de capa de dois deles, que dedicam boa parte de seu noticiário dominical à repercussão do tema.
O candidato do PSDB, que vem sendo convidado diariamente a opinar sobre a quebra de sigilo fiscal de sua filha, foi novamente ouvido. Não sobre o episódio da Decidir.com, empresa que tinha sua filha como sócia, mas sobre a Capital Assessoria e Consultoria, do filho de Erenice Guerra, sempre apresentada como “braço-direito” de Dilma Rousseff.
Diferenças
É um bom exercício para o começo desta semana imaginar por que os jornais nada noticiaram sobre a reportagem de CartaCapital. A revista sofre de falta de credibilidade? Certamente não. Além de contar com a assinatura de Mino Carta, um dos jornalistas de melhor reputação do país, a revista não tem, ao longo de sua existência, um histórico de desmentidos e de distorção de fatos.
Quanto a Veja, reputação ilibada não tem sido um sinônimo da semanal da Abril. Foram muitos os episódios em que especialistas e autoridades tiveram de vir a público afirmar que nada haviam dito à revista ou que tiveram suas falas distorcidas. Este caso não é diferente. Fábio Baracat, empresário que aparece na reportagem deste fim de semana afirmando ter sido obrigado a negociar o pagamento de propinas com Ismael Guerra, emitiu nota mostrando-se “surpreendido” pela reportagem.
“Primeiramente gostaria de esclarecer que não sou e não fui funcionário, representante da empresa Vianet, ou a representei em qualquer assunto comercial, como foi noticiado (…) Durante o período em que atuei na defesa dos interesses comerciais da MTA, conheci Israel Guerra, como profissional que atuava na organização da documentação da empresa para participar de licitações, cuja remuneração previa percentual sobre eventual êxito, o qual repita-se, não era garantido (…) Acredito que tenha contribuído com o esclarecimento dos fatos, na certeza de que fui mais uma personagem de um joguete político-eleitoral irresponsável do qual não participo.”
Motivos
A vontade dos grandes jornais em mostrar episódios que possam enfraquecer a candidata Dilma Rousseff gera estranheza até mesmo dentro dessas redações. Na última semana, a Folha publicou que um erro da ex-ministra havia provocado prejuízo de R$ 1 bilhão. A notícia, sem base real, virou motivo de piada na internet, e um viral reproduzido pelo Twitter entrou para os principais tópicos mundiais da rede social.
Neste domingo, a ombudsman Suzana Singer chama atenção dos editores da Folha. “O jornal avançou o sinal.” Ela complementa: “Foi iniciativa de Dilma criar a tal tarifa social? Não, foi instituída no governo Fernando Henrique Cardoso.” A ombudsman pede que o jornal deixe o próprio leitor chegar a suas conclusões, sem direcionamentos, e lembra que não tem havido a mesma crítica à gestão de Serra em São Paulo. “A Folha deveria retomar o equilíbrio na sua cobertura eleitoral e abrir espaço para vozes dissonantes. O apartidarismo – e não ter medo de crítica – sempre foram características preciosas deste jornal.”
Neste momento, como os institutos de pesquisa indicam que é muito pequena a possibilidade de Dilma perder a eleição, é preciso considerar outros interesses na divulgação de algumas notícias. O Painel da Folha dá uma pista ao falar do caso: “Até agora, ela era dada como nome certo num eventual governo Dilma.” O blog Vi o Mundo, de Luiz Carlos Azenha, levanta uma indagação: “Será que tem o dedo de outros candidatos ao cargo na capa da Veja? Ou será que o Civita quer indicar o primeiro-ministro de um eventual governo Dilma?”
Mora aí uma diferença fundamental das atuais eleições. Ainda não se sabe qual será o real impacto da internet sobre os números finais da votação de 3 de outubro, mas a rede se converteu em um espaço para tentar difundir propostas - a favor ou contra os candidatos - e notícias que são ignoradas pela mídia comercial.
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O desmonte tucano da TV Cultura
Reproduzo artigo de Gabriel Brito, publicado no sítio do Correio da Cidadania:
No mês de agosto, os responsáveis pela administração e manutenção da Rádio e TV Cultura anunciaram planos de desmonte da maior referência nacional de meio de comunicação público. Por meio de João Sayad, presidente da Fundação Padre Anchieta (FPA), que decide seus rumos, anunciou-se a intenção de demitir 1400 funcionários de todas as áreas no final do ano, criando enorme e inevitável tensão em torno de seu futuro.
"Essas idéias de esvaziamento e desmonte vêm de algum tempo. Como exemplo, os programas infantis, marcas registradas da TV, deixaram de ser produzidos e sobrevivem de reprises. O nível de novas produções é baixo já há alguns anos. O problema não é novo, é que explodiu agora, fruto de uma política que tampouco começou agora", diz José Augusto de Camargo, o Guto, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.
Por conta disso, logo após a disseminação de tal propósito, criou-se o Movimento Salve a Rádio e TV Cultura, formado por diversas entidades da sociedade civil, sindicatos e profissionais da área, a fim de combater mais um golpe de uma gestão voltada ao mercado.
Em entrevista ao Correio, Rose Nogueira, ex-funcionária da Cultura e também do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, afirma que "não há razão alguma para esse desmonte. A TV Cultura tem de continuar com sua programação, como sempre foi, produzindo seus programas, aperfeiçoando cada vez mais sua produção e reverenciando seu próprio produto, que é maravilhoso".
Por trás da idéia de enfraquecer nossa única emissora aberta de caráter não comercial, reside a persistente lógica de dissolução da ‘coisa pública’, a favor de uma pretensa ‘eficiência’ administrativa, em mais um dos capítulos de transferência do patrimônio público e social à iniciativa privada. "A TV Cultura é um patrimônio do povo paulista e brasileiro. Patrimônio material e cultural, pois é um dos melhores lugares para se fazer televisão, e também histórico, tendo sido local de trabalho de gente como Wladimir Herzog e outros grandes profissionais que passaram por lá", assinala Rose.
Neoliberalismo, mais uma dose
"Na verdade, a TV tem projeto antigo de mudança de perfil, que é resultado de alguns fatores. Primeiramente, uma falta clara de política do governo estadual para o setor de comunicação e cultura, refletida na TV. Em segundo, a TV não é administrada pelo Estado, tem perfil público e uma administração que guarda certa autonomia, impedindo que o governo se utilize da máquina da FPA para outros fins que não exclusivamente educativos e culturais. O que pode desinteressar certos setores políticos a investir na TV", esclarece Guto.
Para os dois dirigentes sindicais entrevistados pelo Correio, aquilo que tem sido levado adiante não representa nada mais do que uma ofensiva de cunho neoliberal, similar às que vimos avançar sobre diversos setores de nossa vida. "Como não se sabe o que fazer com aquilo, que aparentemente não tem serventia imediata (por falta de projeto político, necessidade de transparência e limitação quanto ao uso de sua máquina), abandona-se o projeto da emissora pública. Dessa forma, junta-se a fome com a vontade de comer e cria-se o caldo de cultura que os faz tentar levar adiante essa maluquice com a TV Cultura", explica Guto.
"Não sei de onde bateu essa idéia de desmonte, parece aquelas coisas do tempo do FHC e das privatizações. Aqueles mitos débeis mentais de que a iniciativa privada faz melhor. Se alguma coisa não está indo bem, você muda a administração, não joga ela fora!", completa Rose Nogueira.
Qualidade incontestável
Como se sabe, a emissora, principalmente por meio de seu canal televisivo, contribuiu sobremaneira para a formação cultural e educacional de amplos setores da população paulista, exatamente o contrário daquilo que oferecem as emissoras comerciais, com seu jornalismo francamente enviesado, ‘atrações’ com as mais torpes explorações de misérias humanas e completo rebaixamento intelectual.
"Ao longo dos anos, ela construiu essa imagem de oferecer uma programação de qualidade, uma espécie de oásis de bom gosto em meio ao que vemos aí", lembra Guto. Para ele, é exatamente essa a força que deverá sustentar a manutenção da Cultura tal como a conhecemos, longe das mãos do mercado e visões reducionistas de uma emissora cuja missão é prestar bons serviços à sociedade, que por sinal a sustenta.
"A Cultura foi fundada na ditadura militar, mas se construiu através do trabalho de seus funcionários. Foram basicamente os trabalhadores e algumas direções que resistiram à idéia de aparelhamento da TV e conseguiram transformá-la na melhor experiência que já tivemos em termos de TV pública", lembra Rose.
Ingerência política, resistência e solidariedade
Diante das ameaças, os trabalhadores da emissora buscam se defender. Nos espaços da mídia comercial, essas ameaças são travestidas de necessária transição ‘à modernidade’ ou ‘boa gestão’, como argumentou João Sayad, atual presidente da FPA. No entanto, esconde-se a total ingerência do governo Serra em sua gestão, que dialoga perfeitamente com processos semelhantes nas áreas de saúde, educação, rodovias etc.
Tanto é assim que, recentemente, a emissora demitiu os jornalistas Heródoto Barbeiro e Gabriel Priolli por fazerem matérias e questionamentos sobre os abusivos pedágios das estradas paulistas, política altamente rejeitada por setores da população, que paga as tarifas mais altas do mundo para circular pelo estado. Portanto, mesmo com o posterior recuo nas demissões, é absolutamente indisfarçável a interferência política nos rumos da Cultura, que nos últimos tempos ainda anunciou mudanças na programação, como no Roda Viva, agora apresentado por Marília Gabriela, e na tentativa frustrada de tirar do ar o programa ‘Manos e Minas’, voltado ao Hip Hop e outras manifestações culturais provenientes das periferias de São Paulo.
Aliás, foi exatamente essa empreitada que fez aumentar a resistência ao desmonte da Cultura, pois não se esperava a enorme onda de críticas relativas ao fim do programa, que já voltou à grade. "A questão do Manos e Minas, mesmo que ‘repaginado’ para livrar a cara dos gestores, demonstrou o quanto isso tudo mobilizou a sociedade, o quanto ela estranhou tal decisão. Portanto, não será nada fácil o governo levar a cabo esse projeto de desmontar a Cultura e transformá-la de produtora de conteúdo cultural em mera repetidora de conteúdos de terceiros, comprados no mercado", atesta Guto.
Além do mais, há uma grave questão em meio ao embate de visões acerca do papel da emissora: o futuro de seus funcionários. "É um absurdo alguém antecipar via imprensa a intenção de demitir 1400 funcionários em dezembro. É pedir pra criar uma crise. Não há razão alguma para esse desmonte", exclama Rose.
Quanto à resistência dos trabalhadores afetados, ambos os dirigentes entrevistados pelo Correio atestam que a mobilização dos funcionários é forte o bastante para lutar contra essa nova ofensiva pró-mercado. Mas, como não poderia ser diferente, o nível de tensão não fica atrás. "Creio que eles têm uma boa organização, mas mesmo assim estão apavorados, pois é algo que diz respeito a suas próprias vidas. Imagine um profissional com 10 anos de casa, dois filhos, pagando sua casa própria... como fica esse profissional?! Ninguém tem o direito de fazer isso aos outros", completa Rose, contemporânea de jornalistas que transformaram a Cultura numa representação de "resistência", como ela mesma diz.
Porém, pela maneira pouco habilidosa de conduzir a questão, o governo terá grandes dificuldades em promover mais um golpe ao patrimônio público. "Além de tudo, 1400 dispensas são demissão em massa, o que é caso para o Ministério Público do Trabalho. Perguntei para algumas pessoas como seriam pagas as indenizações e me disseram que poderiam vender o prédio. Mas, examinando a situação, descobri que não podem vender o prédio, pois é público. Não podem fazer isso", completa Rose.
"Os funcionários estão mobilizados, a rigor existem duas frentes de trabalho na Fundação: a interna, da TV e Rádio Cultura, e a externa, da TV Justiça e Assembléia, também com funcionários da Cultura que prestam serviços a elas. Um grupo tem de discutir diretamente o futuro da Cultura, e outro precisa se preocupar com o futuro das transmissões da TV Justiça e Assembléia, já que estão lotadas nesses outros canais", detalha Guto.
"Há belíssimos estúdios, uma maravilhosa equipe... vão fazer o quê? Demitir para comprar fora o mesmo produto que existe em casa, pagando o lucro dos outros? E essas produtoras vão empregar as pessoas com que salários, abaixo daqueles que recebiam?", questiona Rose.
De olho no futuro
Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas, o que estamos a conferir é apenas mais um capítulo que antagoniza setores progressistas e retrógrados de nossa comunicação, que até hoje não se livrou dos monopólios que a controlam. De acordo com ele, o governo Lula levou ao menos a um início da conscientização de que mudanças na área são impreteríveis, além de representarem um forte anseio popular.
"Um ponto importante de ser colocado é o de que a TV Cultura não entrou na rede da TV Brasil, a EBC. Nem a Cultura de São Paulo e nem a TV Educativa do Rio Grande do Sul, ambos os estados sob governos do PSBD, conferindo caráter ideológico no sentido de não priorizar a TV pública. Não foi por acaso que não fizeram parte do projeto, recusando-o deliberadamente. Isso mostra uma diferença importante entre a visão do governo federal e a dos governos do PSDB", analisa.
Por conta disso, ele ressalta a importância da 1ª. Conferência Nacional da Comunicação, realizada em Brasília no final de 2009, escancaradamente desqualificada e boicotada pelos oligopólios soberanos de nossas comunicações.
"O governo Lula deixou vários problemas na comunicação sem solução. Alguns estão encaminhados, devendo ser finalizados no próximo governo, como as questões da banda larga, da digitalização etc. Ainda assim, destaco três coisas positivas: a realização da Confecom, um inegável avanço histórico; a criação da TV pública, início de um trabalho que é uma referência de respeito; e em último lugar, menos visível, mas significativo, o começo da discussão acerca da distribuição do dinheiro de publicidade", enumera.
"A Cultura conta com muita simpatia de vários espectros sociais, tanto do povo simples, trabalhadores e donas de casa, como também de estudiosos; dos setores mais populares aos mais intelectualizados, que se preocupam em manter as características especiais, peculiares, diferenciadas, da TV Cultura em relação às outras emissoras comuns", finaliza José Augusto Camargo.
É essa TV que educa que está sendo atacada. Enquanto isso, as demais navegam em mares sempre tranqüilos, desfrutando de enormes privilégios, a começar pela falta de fiscalização, contrapartida exigida de toda concessão para Rádio e TV. Prossegue, assim, o Brasil como um bastião praticamente imbatível da desigualdade, do que não escapa a arena da comunicação.
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No mês de agosto, os responsáveis pela administração e manutenção da Rádio e TV Cultura anunciaram planos de desmonte da maior referência nacional de meio de comunicação público. Por meio de João Sayad, presidente da Fundação Padre Anchieta (FPA), que decide seus rumos, anunciou-se a intenção de demitir 1400 funcionários de todas as áreas no final do ano, criando enorme e inevitável tensão em torno de seu futuro.
"Essas idéias de esvaziamento e desmonte vêm de algum tempo. Como exemplo, os programas infantis, marcas registradas da TV, deixaram de ser produzidos e sobrevivem de reprises. O nível de novas produções é baixo já há alguns anos. O problema não é novo, é que explodiu agora, fruto de uma política que tampouco começou agora", diz José Augusto de Camargo, o Guto, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.
Por conta disso, logo após a disseminação de tal propósito, criou-se o Movimento Salve a Rádio e TV Cultura, formado por diversas entidades da sociedade civil, sindicatos e profissionais da área, a fim de combater mais um golpe de uma gestão voltada ao mercado.
Em entrevista ao Correio, Rose Nogueira, ex-funcionária da Cultura e também do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, afirma que "não há razão alguma para esse desmonte. A TV Cultura tem de continuar com sua programação, como sempre foi, produzindo seus programas, aperfeiçoando cada vez mais sua produção e reverenciando seu próprio produto, que é maravilhoso".
Por trás da idéia de enfraquecer nossa única emissora aberta de caráter não comercial, reside a persistente lógica de dissolução da ‘coisa pública’, a favor de uma pretensa ‘eficiência’ administrativa, em mais um dos capítulos de transferência do patrimônio público e social à iniciativa privada. "A TV Cultura é um patrimônio do povo paulista e brasileiro. Patrimônio material e cultural, pois é um dos melhores lugares para se fazer televisão, e também histórico, tendo sido local de trabalho de gente como Wladimir Herzog e outros grandes profissionais que passaram por lá", assinala Rose.
Neoliberalismo, mais uma dose
"Na verdade, a TV tem projeto antigo de mudança de perfil, que é resultado de alguns fatores. Primeiramente, uma falta clara de política do governo estadual para o setor de comunicação e cultura, refletida na TV. Em segundo, a TV não é administrada pelo Estado, tem perfil público e uma administração que guarda certa autonomia, impedindo que o governo se utilize da máquina da FPA para outros fins que não exclusivamente educativos e culturais. O que pode desinteressar certos setores políticos a investir na TV", esclarece Guto.
Para os dois dirigentes sindicais entrevistados pelo Correio, aquilo que tem sido levado adiante não representa nada mais do que uma ofensiva de cunho neoliberal, similar às que vimos avançar sobre diversos setores de nossa vida. "Como não se sabe o que fazer com aquilo, que aparentemente não tem serventia imediata (por falta de projeto político, necessidade de transparência e limitação quanto ao uso de sua máquina), abandona-se o projeto da emissora pública. Dessa forma, junta-se a fome com a vontade de comer e cria-se o caldo de cultura que os faz tentar levar adiante essa maluquice com a TV Cultura", explica Guto.
"Não sei de onde bateu essa idéia de desmonte, parece aquelas coisas do tempo do FHC e das privatizações. Aqueles mitos débeis mentais de que a iniciativa privada faz melhor. Se alguma coisa não está indo bem, você muda a administração, não joga ela fora!", completa Rose Nogueira.
Qualidade incontestável
Como se sabe, a emissora, principalmente por meio de seu canal televisivo, contribuiu sobremaneira para a formação cultural e educacional de amplos setores da população paulista, exatamente o contrário daquilo que oferecem as emissoras comerciais, com seu jornalismo francamente enviesado, ‘atrações’ com as mais torpes explorações de misérias humanas e completo rebaixamento intelectual.
"Ao longo dos anos, ela construiu essa imagem de oferecer uma programação de qualidade, uma espécie de oásis de bom gosto em meio ao que vemos aí", lembra Guto. Para ele, é exatamente essa a força que deverá sustentar a manutenção da Cultura tal como a conhecemos, longe das mãos do mercado e visões reducionistas de uma emissora cuja missão é prestar bons serviços à sociedade, que por sinal a sustenta.
"A Cultura foi fundada na ditadura militar, mas se construiu através do trabalho de seus funcionários. Foram basicamente os trabalhadores e algumas direções que resistiram à idéia de aparelhamento da TV e conseguiram transformá-la na melhor experiência que já tivemos em termos de TV pública", lembra Rose.
Ingerência política, resistência e solidariedade
Diante das ameaças, os trabalhadores da emissora buscam se defender. Nos espaços da mídia comercial, essas ameaças são travestidas de necessária transição ‘à modernidade’ ou ‘boa gestão’, como argumentou João Sayad, atual presidente da FPA. No entanto, esconde-se a total ingerência do governo Serra em sua gestão, que dialoga perfeitamente com processos semelhantes nas áreas de saúde, educação, rodovias etc.
Tanto é assim que, recentemente, a emissora demitiu os jornalistas Heródoto Barbeiro e Gabriel Priolli por fazerem matérias e questionamentos sobre os abusivos pedágios das estradas paulistas, política altamente rejeitada por setores da população, que paga as tarifas mais altas do mundo para circular pelo estado. Portanto, mesmo com o posterior recuo nas demissões, é absolutamente indisfarçável a interferência política nos rumos da Cultura, que nos últimos tempos ainda anunciou mudanças na programação, como no Roda Viva, agora apresentado por Marília Gabriela, e na tentativa frustrada de tirar do ar o programa ‘Manos e Minas’, voltado ao Hip Hop e outras manifestações culturais provenientes das periferias de São Paulo.
Aliás, foi exatamente essa empreitada que fez aumentar a resistência ao desmonte da Cultura, pois não se esperava a enorme onda de críticas relativas ao fim do programa, que já voltou à grade. "A questão do Manos e Minas, mesmo que ‘repaginado’ para livrar a cara dos gestores, demonstrou o quanto isso tudo mobilizou a sociedade, o quanto ela estranhou tal decisão. Portanto, não será nada fácil o governo levar a cabo esse projeto de desmontar a Cultura e transformá-la de produtora de conteúdo cultural em mera repetidora de conteúdos de terceiros, comprados no mercado", atesta Guto.
Além do mais, há uma grave questão em meio ao embate de visões acerca do papel da emissora: o futuro de seus funcionários. "É um absurdo alguém antecipar via imprensa a intenção de demitir 1400 funcionários em dezembro. É pedir pra criar uma crise. Não há razão alguma para esse desmonte", exclama Rose.
Quanto à resistência dos trabalhadores afetados, ambos os dirigentes entrevistados pelo Correio atestam que a mobilização dos funcionários é forte o bastante para lutar contra essa nova ofensiva pró-mercado. Mas, como não poderia ser diferente, o nível de tensão não fica atrás. "Creio que eles têm uma boa organização, mas mesmo assim estão apavorados, pois é algo que diz respeito a suas próprias vidas. Imagine um profissional com 10 anos de casa, dois filhos, pagando sua casa própria... como fica esse profissional?! Ninguém tem o direito de fazer isso aos outros", completa Rose, contemporânea de jornalistas que transformaram a Cultura numa representação de "resistência", como ela mesma diz.
Porém, pela maneira pouco habilidosa de conduzir a questão, o governo terá grandes dificuldades em promover mais um golpe ao patrimônio público. "Além de tudo, 1400 dispensas são demissão em massa, o que é caso para o Ministério Público do Trabalho. Perguntei para algumas pessoas como seriam pagas as indenizações e me disseram que poderiam vender o prédio. Mas, examinando a situação, descobri que não podem vender o prédio, pois é público. Não podem fazer isso", completa Rose.
"Os funcionários estão mobilizados, a rigor existem duas frentes de trabalho na Fundação: a interna, da TV e Rádio Cultura, e a externa, da TV Justiça e Assembléia, também com funcionários da Cultura que prestam serviços a elas. Um grupo tem de discutir diretamente o futuro da Cultura, e outro precisa se preocupar com o futuro das transmissões da TV Justiça e Assembléia, já que estão lotadas nesses outros canais", detalha Guto.
"Há belíssimos estúdios, uma maravilhosa equipe... vão fazer o quê? Demitir para comprar fora o mesmo produto que existe em casa, pagando o lucro dos outros? E essas produtoras vão empregar as pessoas com que salários, abaixo daqueles que recebiam?", questiona Rose.
De olho no futuro
Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas, o que estamos a conferir é apenas mais um capítulo que antagoniza setores progressistas e retrógrados de nossa comunicação, que até hoje não se livrou dos monopólios que a controlam. De acordo com ele, o governo Lula levou ao menos a um início da conscientização de que mudanças na área são impreteríveis, além de representarem um forte anseio popular.
"Um ponto importante de ser colocado é o de que a TV Cultura não entrou na rede da TV Brasil, a EBC. Nem a Cultura de São Paulo e nem a TV Educativa do Rio Grande do Sul, ambos os estados sob governos do PSBD, conferindo caráter ideológico no sentido de não priorizar a TV pública. Não foi por acaso que não fizeram parte do projeto, recusando-o deliberadamente. Isso mostra uma diferença importante entre a visão do governo federal e a dos governos do PSDB", analisa.
Por conta disso, ele ressalta a importância da 1ª. Conferência Nacional da Comunicação, realizada em Brasília no final de 2009, escancaradamente desqualificada e boicotada pelos oligopólios soberanos de nossas comunicações.
"O governo Lula deixou vários problemas na comunicação sem solução. Alguns estão encaminhados, devendo ser finalizados no próximo governo, como as questões da banda larga, da digitalização etc. Ainda assim, destaco três coisas positivas: a realização da Confecom, um inegável avanço histórico; a criação da TV pública, início de um trabalho que é uma referência de respeito; e em último lugar, menos visível, mas significativo, o começo da discussão acerca da distribuição do dinheiro de publicidade", enumera.
"A Cultura conta com muita simpatia de vários espectros sociais, tanto do povo simples, trabalhadores e donas de casa, como também de estudiosos; dos setores mais populares aos mais intelectualizados, que se preocupam em manter as características especiais, peculiares, diferenciadas, da TV Cultura em relação às outras emissoras comuns", finaliza José Augusto Camargo.
É essa TV que educa que está sendo atacada. Enquanto isso, as demais navegam em mares sempre tranqüilos, desfrutando de enormes privilégios, a começar pela falta de fiscalização, contrapartida exigida de toda concessão para Rádio e TV. Prossegue, assim, o Brasil como um bastião praticamente imbatível da desigualdade, do que não escapa a arena da comunicação.
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Jango, Lula e a imprensa golpista
Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
Releio o indispensável “O Governo João Goulart”, de Luiz Alberto Moniz Bandeira, em edição revista e ampliada – agora pela Editora Unesp. É obra impressionante, pelo volume de documentos e entrevistas que Moniz Bandeira recolheu, a reconstituir a marcha do confronto e do golpismo que abateu Jango.
Lá pelas tantas, no capítulo 10, ele conta o episódio em que Lacerda, “O Corvo”, vai ao “Los Angeles Times”, nos EUA, e anuncia que os militares brasileiros estavam avalaindo o que fazer com Jango, se seria “melhor tutelá-lo, patrociná-lo, colocá-lo sob controle até o término do seu mandato ou destrui-lo agora mesmo”.
Corria o ano de 1963. Jango e os militares “legalistas” que o apoiavam viram na declaração de Lacerda uma senha de que a direita daria o golpe, e tentaram decretar o estado de sítio. Mas o presidente não teve apoio no Congresso para tanto. A ala brizolista do PTB, diz Moniz Bandeira, não queria estado de sítio, queria um processo revolucionário mesmo. Jango prendia-se à legalidade e, sem apoio para atacar os oponentes dentro da Constituição, acabou recuando. Caminhou a passos largos para a deposição.
Ali, se os trabalhistas tivessem atacado, o golpe poderia ter sido debelado. Faltou unidade, combatividade e compreensão do que estava por vir.
A falta de limites e de escrúpulos da oposição a Lula faz-me lembrar essa história de 47 anos atrás. Os tempos são outros, eu sei. Não há Guerra Fria. E hoje a oposição golpista não teria eco em jornais dos EUA – que se derretem em elogios a Lula.
Serra vai mal no papel de Lacerda. Bem que tentou: bateu à porta do Clube da Aeronáutica, feito vivandeira. Mas falta-lhe vivacidade, falta-lhe alma e pulso.
É por isso que a imprensa assumiu o comando da oposição. Segue o mesmo roteiro do pré-64. Os escândalos forjados e o golpismo são explícitos. Colam entre parcelas da classe média – que ainda não se animou a marchas com Deus. Ela virão? Provavelmente, não. Hoje, existem as correntes na internet, os jornalistas apedeutas de esgoto e as capas da “Veja”.
Aliás, Lacerda também não faria sucesso a essa altura do século 21. Procura-se – entre o Jardim Botânico e a Barão de Limeira – um candidato a Micheletti, o líder da quartelada com ares de legalidade em Honduras.
A escalada midiática em 2010 faz necessário relembrar quem é essa gente. Relembrar as manchetes e os textos que eles produziram em 64. É essa a gente que hoje berra em “O Globo”, na “Folha”, no Estadão”. Já berravam em 64.
A velha mídia não tem o poder que tinha em 64, 82, 89 ou até mesmo em 2006. Mas ainda faz algum estrago. Vamos sentir agora, nessas três últimas semanas de bombardeio. Há pelo menos 3 meses, digo humildemente que subestimar o adversário é sempre um erro grave. Quanto mais, adversários desesperados.
Lula poderia tê-los enfrentado a sério no segundo mandato. Preferiu comer pelas beiradas. Agiu certo? Ou titubeou, como Jango em 63?
A história dirá.
Fiquem com o pesadelo e a farsa das manchetes de 64, recolhidas de um post da “Carta Maior” (não deixa de ser também uma forma de homenagear o presidente chileno Salvador Allende, morto em 11 de setembro de 73: ele, como Jango, foi vítima de uma elite perversa e de uma mídia golpista).
“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Ufa!!” (Tribuna da Imprensa – Rio de Janeiro – 2 de Abril de 1964 – jornal de Lacerda, o campeão do golpismo)
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“Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas (…) para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas…” (O Globo – Rio de Janeiro – 2 de Abril de 1964)
===
Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade … Legalidade que o caudilho não quis preservar. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas” (Jornal do Brasil – Rio de Janeiro - Abril de 1964, jornal tido como “democrático”)
===
(SÃO PAULO REPETE 32) “Minas desta vez está conosco”… “dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições.”
(1o/04/64 –O ESTADO DE SÃO PAULO)–
===
“Multidões em júbilo na Praça da Liberdade.
Ovacionados o governador do estado e chefes militares.
O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade” (Estado de Minas, 2 de abril de 64)
===
“A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil” (O Povo – Fortaleza – 3 de Abril de 1964)
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Releio o indispensável “O Governo João Goulart”, de Luiz Alberto Moniz Bandeira, em edição revista e ampliada – agora pela Editora Unesp. É obra impressionante, pelo volume de documentos e entrevistas que Moniz Bandeira recolheu, a reconstituir a marcha do confronto e do golpismo que abateu Jango.
Lá pelas tantas, no capítulo 10, ele conta o episódio em que Lacerda, “O Corvo”, vai ao “Los Angeles Times”, nos EUA, e anuncia que os militares brasileiros estavam avalaindo o que fazer com Jango, se seria “melhor tutelá-lo, patrociná-lo, colocá-lo sob controle até o término do seu mandato ou destrui-lo agora mesmo”.
Corria o ano de 1963. Jango e os militares “legalistas” que o apoiavam viram na declaração de Lacerda uma senha de que a direita daria o golpe, e tentaram decretar o estado de sítio. Mas o presidente não teve apoio no Congresso para tanto. A ala brizolista do PTB, diz Moniz Bandeira, não queria estado de sítio, queria um processo revolucionário mesmo. Jango prendia-se à legalidade e, sem apoio para atacar os oponentes dentro da Constituição, acabou recuando. Caminhou a passos largos para a deposição.
Ali, se os trabalhistas tivessem atacado, o golpe poderia ter sido debelado. Faltou unidade, combatividade e compreensão do que estava por vir.
A falta de limites e de escrúpulos da oposição a Lula faz-me lembrar essa história de 47 anos atrás. Os tempos são outros, eu sei. Não há Guerra Fria. E hoje a oposição golpista não teria eco em jornais dos EUA – que se derretem em elogios a Lula.
Serra vai mal no papel de Lacerda. Bem que tentou: bateu à porta do Clube da Aeronáutica, feito vivandeira. Mas falta-lhe vivacidade, falta-lhe alma e pulso.
É por isso que a imprensa assumiu o comando da oposição. Segue o mesmo roteiro do pré-64. Os escândalos forjados e o golpismo são explícitos. Colam entre parcelas da classe média – que ainda não se animou a marchas com Deus. Ela virão? Provavelmente, não. Hoje, existem as correntes na internet, os jornalistas apedeutas de esgoto e as capas da “Veja”.
Aliás, Lacerda também não faria sucesso a essa altura do século 21. Procura-se – entre o Jardim Botânico e a Barão de Limeira – um candidato a Micheletti, o líder da quartelada com ares de legalidade em Honduras.
A escalada midiática em 2010 faz necessário relembrar quem é essa gente. Relembrar as manchetes e os textos que eles produziram em 64. É essa a gente que hoje berra em “O Globo”, na “Folha”, no Estadão”. Já berravam em 64.
A velha mídia não tem o poder que tinha em 64, 82, 89 ou até mesmo em 2006. Mas ainda faz algum estrago. Vamos sentir agora, nessas três últimas semanas de bombardeio. Há pelo menos 3 meses, digo humildemente que subestimar o adversário é sempre um erro grave. Quanto mais, adversários desesperados.
Lula poderia tê-los enfrentado a sério no segundo mandato. Preferiu comer pelas beiradas. Agiu certo? Ou titubeou, como Jango em 63?
A história dirá.
Fiquem com o pesadelo e a farsa das manchetes de 64, recolhidas de um post da “Carta Maior” (não deixa de ser também uma forma de homenagear o presidente chileno Salvador Allende, morto em 11 de setembro de 73: ele, como Jango, foi vítima de uma elite perversa e de uma mídia golpista).
“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Ufa!!” (Tribuna da Imprensa – Rio de Janeiro – 2 de Abril de 1964 – jornal de Lacerda, o campeão do golpismo)
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“Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas (…) para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas…” (O Globo – Rio de Janeiro – 2 de Abril de 1964)
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Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade … Legalidade que o caudilho não quis preservar. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas” (Jornal do Brasil – Rio de Janeiro - Abril de 1964, jornal tido como “democrático”)
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(SÃO PAULO REPETE 32) “Minas desta vez está conosco”… “dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições.”
(1o/04/64 –O ESTADO DE SÃO PAULO)–
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“Multidões em júbilo na Praça da Liberdade.
Ovacionados o governador do estado e chefes militares.
O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade” (Estado de Minas, 2 de abril de 64)
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“A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil” (O Povo – Fortaleza – 3 de Abril de 1964)
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