segunda-feira, 11 de setembro de 2017

A arte de manipular multidões

Por Álex Grijelmo, no site Vermelho:

A era da pós-verdade é na realidade a era do engano e da mentira, mas a novidade associada a esse neologismo consiste na popularização das crenças falsas e na facilidade para fazer com que os boatos prosperem.

A mentira dever ter uma alta porcentagem de verdade para ser mais crível. E terá ainda maior eficácia a mentira composta totalmente por uma verdade. Parece uma contradição, mas não é. Na sequência analisaremos como isso pode acontecer.


Janot virou o Órfão-Geral da República

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O “ex-perança” do Brasil, Rodrigo Janot, a uma semana de deixar o cargo desfila, em todos os jornais, o descrédito onde se lançou.

À esquerda, Janio de Freitas, na Folha, ao melhor estilo do “a sua ausência preenche uma lacuna” diz que a “a saída de Janot não é inoportuna”: “A imunidade plena concedida a Joesley Batista, por exemplo, virou-se contra Janot, e o pasmo generalizado parece tê-lo desestabilizado. Seu tão repetido argumento mais lembrou uma capitulação à exigência do possível delator, descabida mas capaz de saciar a ânsia de procuradores e do próprio Janot por mais processáveis”

Mercado tenta nos jogar areia nos olhos

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

A Bolsa sobe e o dólar cai, na crença de que a prisão de Joesley Batista vai dar fôlego a Temer e favorecer a aprovação da reforma previdenciária. Os economistas do mercado tentam turbinar as expectativas positivas, melhorando as estimativas do PIB para este ano e o próximo. Dois enganos. Primeiro, porque a segunda denúncia de Rodrigo Janot, a ser apresentada esta semana, terá mais lastro na delação de Lúcio Funaro que na da JBS, e a delação de Funaro é demolidora, especialmente quanto a obstrução da justiça. Temer só sai ganhando se o plenário do STF decidir que Janot não pode oferecer nova denúncia enquanto não houver decisão sobre a validade da delação da JBS, e isso também não for decidido esta semana.

A desigualdade do capital

Por Marcio Pochmann, na Rede Brasil Atual:

Para um país situado entre os mais desiguais do mundo, a proliferação de informações e análises a respeito da péssima distribuição da renda, ao invés de contribuir para o seu enfrentamento termina, muitas vezes, favorecendo o contrário. Exemplo disso ocorreu na década de 1970, quando o IBGE divulgou pela primeira vez o segundo censo demográfico contendo informações sobre rendimentos dos brasileiros, o que permitiu comprovar o aumento da concentração de renda. Os 5% mais ricos da população aumentaram de 27,3% para 36,2% a participação no total da renda nacional, enquanto os 40% mais pobres reduziram de 11,2% para 9,1% entre 1960 e 1970.

Palocci e o Brasil da traição

Por Aldo Fornazieri, no Jornal GGN:

O que espanta no depoimento de Antônio Palocci ao juiz Moro não foi a traição que ele perpetrou contra Lula, mas o despudorado cinismo da traição - a total desfaçatez com que foi feita. O depoimento foi, praticamente, uma delação. Nestes termos, seguiu o padrão de outras delações. Todas revelam o apodrecimento do caráter moral da política brasileira e de boa parte dos políticos e de empresários que se relacionam com o mundo político e com o Estado.

domingo, 10 de setembro de 2017

Fascistas do MBL abortam exposição de arte

Por Altamiro Borges

Os fedelhos do Movimento Brasil Livre (MBL) dizem que não são fascistas, mas apenas defensores do receituário ultraliberal de desmonte do Estado, da nação e do trabalho. Mas, na verdade, eles são fascistas da pior espécie, como demonstraram nas marchas golpistas pelo impeachment de Dilma Rousseff, aliando-se a torturadores e saudosos da ditadura, ou nas várias provocações realizadas nas escolas ocupadas por secundaristas. Nos últimos dias, estes fascistas mirins deram mais uma prova da sua intolerância e agressividade. Eles promoveram uma campanha de ataques a uma exposição de arte que estava em cartaz desde meados de agosto no Santander Cultural, em Porto Alegre.

Fofocas dominam as tardes da TV brasileira

Por Altamiro Borges

Com raríssimas exceções, a tevê brasileira está cada dia pior. Programas policialescos que estimulam o ódio e a violência, novelas que nutrem os piores instintos, arrendamento ilegal para seitas religiosas, jornalismo da pior qualidade – se é que dá para chamar de jornalismo os noticiários partidarizados e distorcidos. Nesta sexta-feira (8), mais um levantamento confirmou a deterioração da programação das emissoras. Segundo o site UOL, os programas de fofocas já dominam as tardes da televisão, contribuindo para idiotizar uma parcela da sociedade. Vale conferir a reportagem bajulatória:

Geddel, Loures e as malas dos sonegadores

Por Altamiro Borges

A quadrilha de Michel Temer será lembrada no futuro como a máfia da mala. O ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB), homem de confiança do usurpador, foi flagrado em vídeo carregando uma mala com R$ 500 mil. Está livre e já desapareceu do noticiário da mídia chapa-branca, nutrida com milhões em publicidade oficial. Já o ex-ministro Geddel Vieira, do mesmo partido do Judas, teve seu “bunker” descoberto em Salvador com R$ 51 milhões em dinheiro vivo alojados em malas. Diante do flagrante, a seletiva Justiça não teve como soltá-lo novamente da cadeia e agora ele está no presídio de Papuda – talvez esperando um habeas-corpus de Gilmar Mendes, o líder dos golpistas no Supremo Tribunal Federal (STF).

Aliado de Alckmin detona Doria: “Traidor”

Por Altamiro Borges

O “picolé de chuchu” que governa São Paulo e o “prefake” da capital paulista até tentam disfarçar nos eventos oficiais. Mas as bicadas no ninho tucano são cada dia mais explícitas e sangrentas. Na semana passada, um dos principais aliados de Geraldo Alckmin, o deputado estadual Campos Machado disparou em plena tribuna da Assembleia Legislativa (Alesp): “O senhor é um traidor. Vou repetir: o senhor é um traidor. E não existe nada pior no mundo do que a traição. O senhor traiu o governador vergonhosamente", disse o exaltado parlamentar do PTB. Ele também denunciou as frequentes viagens do “prefake” turista:

Delações premiadas por quem e para que?

Por Robson Leite, no site Carta Maior:

É impressionante como a mídia e o judiciário ainda possuem um enorme poder de influência nas opiniões do nosso país. Chega ao ponto de confundir até aos militantes mais inseridos no dia-a-dia da política e da área de comunicação. A delação premiada do ex-Ministro Antônio Palocci é um excelente exemplo que ilustra bem essa minha afirmação.

O ex-ministro ficou preso quase dois anos. A sua condenação o deixaria pelo menos mais 20 na cadeia. Ele pediu vários habeas corpus nesse último período e todos foram negados. O Ministério Público afirmou que ele só seria solto e teria sua pena reduzida para menos de três anos em regime aberto (ou seja, só mais alguns meses e cumprida em casa) se fizesse uma delação "que colaborasse com o objetivo do trabalho do MP". Ele tentou vários acordos e nenhum foi aceito, pois não continha nada contra o Lula e o PT. Ele topou fazer a delação que atendesse a esse propósito, mas não teria como provar. O MP aceitou. Isso também aconteceu com o Delcídio que afirmou, inclusive, coisas piores sobre Lula e Dilma. Como não havia provas, o STF inocentou-os um ano e meio depois da delação - agora comprovadamente mentirosa - do ex-Senador Delcídio do Amaral. Porém, depois desse tempo todo, apesar da absolvição dos acusados, o estrago político já tinha sido feito, incluindo aí o impeachment, pois essa famosa delação foi antes da votação do dia 17 de abril de 2016.

De onde saiu a grana viva de Geddel?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

"Chega, ninguém aguenta mais tanto roubo. Isso já deixou de ser corrupção. É roubo, assalto aos cofres públicos para enriquecer os petistas" (Geddel Vieira Lima, em entrevista à TV, durante protesto contra a corrupção, no dia 16 de agosto de 2015, no Farol da Barra, em Salvador, Bahia).

Em meio à avalanche de absurdos dos auto-grampos da JBS, da nova denúncia da PGR de bilhões em propinas para o PT e das delações sem fim, ganhou destaque nesta terça-feira a imagem da montanha de dinheiro encontrada num apartamento em Salvador a um quilômetro de onde mora o suspeito de ser o dono do tesouro.

O amigo de Moro e a corrupção no Panamá

Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

O jornal El País foi atrás de uma pista dada por Rodrigo Tacla Durán sobre corrupção no Panamá e comprovou que a dica era quente.

Em reportagem publicada nesta quinta-feira, 7 de setembro, pelos repórteres Jose María Irujo e Joaquín Gil, a Odebrecht abriu conta no Banco Privada de Andorra, paraíso fiscal da Europa, em nome dos pais de um dos homens fortes do ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli, que governou o país entre 2009 e 2014.

Prisão de Gustavo Ferraz abala ACM Neto

Do site Socialista Morena:

O diretor da Defesa Civil da prefeitura de Salvador, Gustavo Ferraz, foi preso nesta sexta-feira junto com Geddel Vieira Lima, ex-ministro do governo Temer. As digitais de Ferraz e Geddel foram encontradas pela polícia no apê dos 51 milhões de reais, no bairro da Graça, de classe alta em Salvador, e também em algumas das notas encontradas.

De tradicional família baiana, Gustavo Pedreira de Couto Ferraz teve apoio de ACM Neto na última eleição à prefeitura de Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador, quando concorreu a vice-prefeito na chapa comandada por Mateus Reis, do PSDB. No pedido de prisão feito pela PF, consta que foi realizado exame pericial no dinheiro apreendido, no qual os peritos localizaram fragmentos de impressões digitais de Geddel e de Gustavo Pedreira no material.

A condenação de Lula no país do apartheid

Por Juarez Guimarães, no site da Fundação Perseu Abramo:

Julgado por um regime de justiça de exceção, condenado pela Rede Globo e por todas as grandes empresas de comunicação antes já de ser julgado, só há um caminho para defender Lula: restituí-lo à história do povo brasileiro. É vão pretender formar um juízo equilibrado em uma cena armada para condenar.

Se Mandela foi condenado por um júri de brancos no país do apartheid social, Lula está sendo condenado por um júri de classe dos grandes capitalistas no país do apartheid social.

Os trabalhadores e o problema nacional

Por Osvaldo Bertolino, no Blog do Renato:

A renda nacional é uma espécie de síntese de toda a atividade econômica do país. Sendo assim, a forma como ela é distribuída constitui necessariamente o objetivo fundamental de uma política de desenvolvimento econômico e social. Surge, portanto, a indagação de como lidar com a renda nas dimensões e características necessárias. Em primeiro lugar, é preciso constatar que esse é um problema político. Medidas que valorizem o trabalho conduzirão, inevitavelmente, ao aguçamento da luta de classes - o que, do ponto de vista social, é um enorme progresso.

Geddel, Temer, Funaro e os R$ 51 milhões

Ilustração: Cival Einstein Macedo Alves
Por Sérgio Lirio, na revista CartaCapital:

Michel Temer estava na China, na reunião dos BRICs, quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se viu obrigado a ameaçar com a revisão do acordo de delação premiada dos executivos da JBS.

Temer não conteve a satisfação diante das irregularidades reveladas do processo, a começar pela duvidosa participação do procurador Marcelo Miller, ex-integrante da PGR e hoje advogado da J&F, holding que controla a JBS, no planejamento da ação que levaria Joesley Batista a gravá-lo durante um encontro no Palácio do Jaburu. 

O desmonte de Temer na economia do petróleo

A implantação da ditadura civil brasileira

Por Yuri Martins Fontes, na revista Caros Amigos:

Enquanto há meio século, em meio à crise econômica que se agravava, os golpes de Estado na América se deram com violência aberta e pelo rompimento direto das instituições (dada a autonomia de que dispunham os militares por motivo da Guerra Fria), agora, no turbilhão da nova crise (reiniciada em 2008 com a socialização forçada dos prejuízos do capitalismo central com as economias dependentes), os golpes de novo tipo têm se dado com o mínimo de violência, e sempre que possível no rigor das leis (leis aliás construídas pelos mesmos segmentos dominantes golpistas).

Além de trair Alckmin, Doria trai paulistanos

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Em 2006, José Serra abandonou a prefeitura de São Paulo na metade do mandato para concorrer ao governo do estado. Ele se candidataria à vaga deixada por Alckmin, que naquele mesmo ano abandonou o mandato de governador para se candidatar à presidência da República. Eleito governador, Serra novamente abandonaria o mandato para se candidatar à presidência.

Largar mandatos em São Paulo para disputar – e perder – eleições nacionais já é uma tradição tucana. E ela irá continuar. Alckmin já sinalizou que pode abandonar o governo em abril, quando pretende iniciar campanha presidencial se for o candidato escolhido pelo PSDB. Doria já abandonou a prefeitura, ainda que não oficialmente, para sair em turnê mundial. Apresenta-se como o anti-Lula e busca aumentar popularidade no Nordeste, onde é pouco conhecido. 

sábado, 9 de setembro de 2017

Mais e novas caravanas antes que seja tarde

Foto: Ricardo Stuckert
Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Numa situação que se pudesse chamar de normal, num país no qual os meios de comunicação se preocupassem com as questões que interessam a todas as pessoas, qualquer que fosse a preferencia política, renda mensal ou cor da pele, uma parcela ponderável de brasileiros estaria fazendo um balanço da vitoriosa caravana de Lula pelo Nordeste e preparando os passos para a etapa seguinte, possivelmente em Minas Gerais. A razão é elementar.

Comprovado que o colapso das instituições atingiu o nível da demência, apenas a partir de iniciativas dessa natureza, que traduzem um esforço para ir às fontes da vontade popular, em contato direto com o eleitor, que se prepara uma saída democrática, lúcida, para crise. O resto é desvio de atenção e perda de energias, para não falar em coisa pior.