Do site do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz:
Oito meses após o desastre de Brumadinho (MG), em janeiro de 2019, os prognósticos mais uma vez se confirmam: os impactos gerados pela tragédia não se restringem a danos ambientais imediatos ou às mortes que, nesse caso, tornaram o país campeão em número de vítimas fatais em um desastre. Já se registra uma sobrecarga do sistema de saúde local, como foi constatado no balanço realizado por pesquisadores, profissionais de saúde e representantes de movimentos sociais, reunidos em seminário organizado pela Fiocruz, na cidade, em agosto. Os pesquisadores Carlos Machado e Mariano Andrade, do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde da Fiocruz (Cepedes/Fiocruz), que lá estiveram, analisam o cenário, no vídeo abaixo.
Carlos Machado chama atenção para o aumento de 80% no consumo de ansiolíticos e de 60% no de antidepressivos, citando dados da secretaria municipal da cidade, que expressam o impacto causado sobre a saúde mental da população. “Esse desastre provocou uma sobrecarga no sistema de saúde, exigindo a contratação de mais de 80 profissionais, além dos que já existiam, com um custo de mais de 1 milhão e meio de reais por mês”, observa.
Carlos Machado destaca, ainda, a incidência de doenças respiratórias, provocadas pelo contato com materiais diversos e com a lama; elevação de casos de dengue e doenças potenciais decorrentes da qualidade da água do rio Paraopeba, que está imprópria e até hoje não pode ser utilizada para qualquer atividade. “São profundas as alterações ecológicas provocadas na vegetação e em animais silvestres”, acrescenta ainda.
O pesquisador destaca, ainda, os impactos de longo prazo do desastre de janeiro. “Além dos impactos imediatos em termos de óbitos, do impacto na saúde mental e dos problemas relacionados à água e ao solo, vamos vivenciar grande impacto social e econômico no município”, alerta.
Nesse sentido, a Fiocruz realizará um estudo longitudinal de 15 a 20 anos, para verificar as condições de vida, trabalho e saúde da população de Brumadinho.
O pesquisador Mariano Andrade aponta o pouco avanço alcançado pelo país na capacidade de gestão e redução de risco de emergência e desastre no Brasil. “Temos 24.092 barragens identificadas. Dessas, pelo menos 85%, ainda, não têm uma categorização de riscos. Isso significa que não sabemos qual o nível de integridade das estruturas, se os empreendedores estão obedecendo os critérios de fiscalização e qual o dano potencial associado, caso essas barragens viessem a romper um dia”, explica.
Muitos desses danos, destaca Mariano, de ordem socioeconômica não são registrados pelos órgãos de Defesa Civil, que direcionam suas ações mais para o curto prazo. “Uma série de outros danos, sejam ambientais, sociais ou econômicos, não conseguem ser capturados pelo sistema público de gestão de risco e desastres. São modificações ecossistêmicas envolvendo alterações do ciclo de vetores, por exemplo, e podem mudar o padrão de adoecimento dessa população”, lembra o pesquisador, assinalando a importância da saúde pública em identificar esses novos cenários de riscos e organizar o setor público de saúde para responder a novas demandas, de curto, médio e longo prazos.
Mariano cita o exemplo do município de Barra Longa (MG), que recebeu a enxurrada de lama provocada pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, em 2015. O município sofreu alterações ambientais e socioeconômicas que modificaram todo o processo de saúde-doença da população. “É muito importante identificarmos as modificações de cenário que podem favorecer o adoecimento da população”.
Oito meses após o desastre de Brumadinho (MG), em janeiro de 2019, os prognósticos mais uma vez se confirmam: os impactos gerados pela tragédia não se restringem a danos ambientais imediatos ou às mortes que, nesse caso, tornaram o país campeão em número de vítimas fatais em um desastre. Já se registra uma sobrecarga do sistema de saúde local, como foi constatado no balanço realizado por pesquisadores, profissionais de saúde e representantes de movimentos sociais, reunidos em seminário organizado pela Fiocruz, na cidade, em agosto. Os pesquisadores Carlos Machado e Mariano Andrade, do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde da Fiocruz (Cepedes/Fiocruz), que lá estiveram, analisam o cenário, no vídeo abaixo.
Carlos Machado chama atenção para o aumento de 80% no consumo de ansiolíticos e de 60% no de antidepressivos, citando dados da secretaria municipal da cidade, que expressam o impacto causado sobre a saúde mental da população. “Esse desastre provocou uma sobrecarga no sistema de saúde, exigindo a contratação de mais de 80 profissionais, além dos que já existiam, com um custo de mais de 1 milhão e meio de reais por mês”, observa.
Carlos Machado destaca, ainda, a incidência de doenças respiratórias, provocadas pelo contato com materiais diversos e com a lama; elevação de casos de dengue e doenças potenciais decorrentes da qualidade da água do rio Paraopeba, que está imprópria e até hoje não pode ser utilizada para qualquer atividade. “São profundas as alterações ecológicas provocadas na vegetação e em animais silvestres”, acrescenta ainda.
O pesquisador destaca, ainda, os impactos de longo prazo do desastre de janeiro. “Além dos impactos imediatos em termos de óbitos, do impacto na saúde mental e dos problemas relacionados à água e ao solo, vamos vivenciar grande impacto social e econômico no município”, alerta.
Nesse sentido, a Fiocruz realizará um estudo longitudinal de 15 a 20 anos, para verificar as condições de vida, trabalho e saúde da população de Brumadinho.
O pesquisador Mariano Andrade aponta o pouco avanço alcançado pelo país na capacidade de gestão e redução de risco de emergência e desastre no Brasil. “Temos 24.092 barragens identificadas. Dessas, pelo menos 85%, ainda, não têm uma categorização de riscos. Isso significa que não sabemos qual o nível de integridade das estruturas, se os empreendedores estão obedecendo os critérios de fiscalização e qual o dano potencial associado, caso essas barragens viessem a romper um dia”, explica.
Muitos desses danos, destaca Mariano, de ordem socioeconômica não são registrados pelos órgãos de Defesa Civil, que direcionam suas ações mais para o curto prazo. “Uma série de outros danos, sejam ambientais, sociais ou econômicos, não conseguem ser capturados pelo sistema público de gestão de risco e desastres. São modificações ecossistêmicas envolvendo alterações do ciclo de vetores, por exemplo, e podem mudar o padrão de adoecimento dessa população”, lembra o pesquisador, assinalando a importância da saúde pública em identificar esses novos cenários de riscos e organizar o setor público de saúde para responder a novas demandas, de curto, médio e longo prazos.
Mariano cita o exemplo do município de Barra Longa (MG), que recebeu a enxurrada de lama provocada pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, em 2015. O município sofreu alterações ambientais e socioeconômicas que modificaram todo o processo de saúde-doença da população. “É muito importante identificarmos as modificações de cenário que podem favorecer o adoecimento da população”.
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