terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Sobre a revolução cultural necessária

Por Hamilton Pereira (Pedro Tierra), na revista Teoria e Debate:

Não é um delírio imaginar que o governo de liquidação nacional liderado pela extrema direita ressuscite a possibilidade histórica de uma esquerda revolucionária no Brasil do século 21.

Revolucionária no sentido de formular um programa capaz de subverter a lógica destrutiva do capitalismo financeiro. Essa que, impulsionada pelas tecnologias digitais, põe em xeque a capacidade da imensa maioria dos trabalhadores de reproduzir diariamente as condições indispensáveis à sua sobrevivência, para se apresentar na manhã seguinte, disposta a cumprir uma nova jornada em qualquer ocupação que lhe ofereçam. Uma lógica excludente e destrutiva que ameaça a própria sobrevivência ecológica do planeta.

Ode à informalidade no trabalho

Por Pedro Daniel Blanco Alves, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

A edição de 27 de dezembro de 2019 do Jornal Nacional, dia em que o IBGE divulgou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C) do trimestre móvel encerrado em novembro, enalteceu o dito melhor desempenho do mercado de trabalho desde 2016. Segundo a reportagem, o “desemprego” teria caído à menor taxa observada no triênio.

Amplamente repercutido na imprensa, o otimismo da reportagem teve como ponto de partida o fato de que a desocupação atingiu 11,2% da força de trabalho nacional, o que se refere a 11,8 milhões de pessoas. Antes, de acordo com a série abrangida pela pesquisa, iniciada em 2012, o mercado de trabalho brasileiro só havia encontrado uma menor taxa no primeiro trimestre de 2016, quando foi de 10,9%, com 11 milhões de pessoas desocupadas.

'Democracia em Vertigem': golpe no estômago

Por Breno Altman, no site Opera Mundi:

O documentário “Democracia em Vertigem” não é para corações e mentes desavisados. Cada pedaço da narrativa é um golpe no estômago, flertando com a tessitura de uma tragédia shakespeariana.

Emociona e estremece o espectador como uma ficção do melhor cinema, mas sua matéria-prima e linguagem são forjados pela realidade mais bruta. O tempo voa, o ritmo é contagiante, levando a um estado de exaustão, dor e perplexidade frente à decomposição nacional.

Várias obras já foram produzidas sobre o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a Operação Lava Jato. Nenhuma delas, no entanto, tentou ir tão fundo na perfuração das camadas sobre as quais se construiu a trajetória recente do país.

Saúde para quem precisa de saúde

Por Jandira Feghali

Chegamos ao último ano da gestão municipal. É difícil encontrar pontos positivos, mas tarefa fácil é eleger a saúde como o pior fiasco da atual administração. Pior, porque, como dever do estado e direito de todos, o acesso aos serviços de saúde entrou em colapso. E as ações para impedir a desassistência e o desamparo dos que buscam a rede pública municipal têm vindo de atores externos.

A evidente falta de planejamento e de investimentos é um sinal de que a prefeitura do Rio de Janeiro desconsidera o significado de cuidar das pessoas. Diante deste quadro desastroso, propusemos a imediata instalação de um gabinete de crise com os três níveis da federação e a região metropolitana do Rio. O diálogo tem sido feito por meio desta articulação com o objetivo de apontar e pressionar por soluções.

domingo, 12 de janeiro de 2020

Mais dos ricos, menos dos pobres

Por Frei Betto, no site Correio da Cidadania:

O Pla­nalto anuncia a Re­forma Tri­bu­tária. No Brasil, entre vá­rias dis­tor­ções, des­taca-se o fato de o governo tri­butar pe­sa­da­mente o con­sumo e a pro­dução, quando de­veria ar­re­cadar mais da renda. Vigora hoje o im­posto re­gres­sivo - quem é mais pobre e ganha menos paga, pro­por­ci­o­nal­mente, mais im­postos que os mais ricos.

A tri­bu­tação de­veria ser pro­gres­siva – co­brar mais im­postos sobre renda e pa­trimônio, e isentar quem ganha até R$ 4 mil. Assim, os 206 bi­li­o­ná­rios bra­si­leiros con­tri­bui­riam mais para fi­nan­ciar os serviços pú­blicos. Na tri­bu­tação re­gres­siva re­co­lhem-se mais re­cursos nos im­postos sobre con­sumo de bens (sabão, arroz, li­qui­di­fi­cador etc.) e ser­viços (luz, água, lan­cho­nete etc.). Os im­postos embutidos em bens e ser­viços são pagos por toda a po­pu­lação, sem dis­tinção de poder aqui­si­tivo. A fa­xi­neira e o ban­queiro pagam o mesmo por um quilo de ba­tatas.

A volta da inflação e o desfalecer de Guedes

A luta contra a privatização da Caixa

O samba da Mangueira e a política

Fake News X Memes: o humor contra o ódio

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

O desenho é bem simples: mostra o prédio-sede do Ministério da Educação em Brasilia com a fachada alterada para “Miniztério da Educassão”.

Precisa dizer mais? Quem assina é o chargista Zé Dassilva, que eu ainda não conhecia. Bombou em todos os grupos das redes.

Saem os comentaristas políticos e entram os humoristas, que estão tomando conta das redes sociais, na guerra contra as fake news e do ódio desse governo de mentira.

A luta é desigual porque os novos chargistas e humoristas da internet são amadores e enfrentam uma milícia bem armada, movida por robôs e muito dinheiro, para propagar as fake news do capitão e inventar outras.

Com poucas palavras e muita criatividade, vejo com alegria o surgimento desta nova geração que enfrenta com estilingue a tropa de choque do boçalnarismo em marcha.

Bolsonaro gosta é de tirar dinheiro dos pobres

Por Paulo Moreira Leite, no site Brasil-247:

O cotidiano da sociedade brasileira mostra que a vocação de Bolsonaro é tirar dinheiro do bolso dos pobres, em particular dos muito pobres, aqueles que não têm o suficiente para colocar comida na mesa ou uma casa para morar.

Os números oficiais registram a agonia do Minha Casa, Minha Vida, que já foi o mais ambicioso projeto de moradia popular da história do país e um dos maiores do mundo.

Ajudava a criar empregos para os operários e residência para quem não pode comprar -- além de assegurar ganhos que animam empresários a investir.

Em 2018, o programa conseguiu 153,2 mil moradias na faixa 1, das famílias mais pobres, para quem o subsídio pode chegar a 90% do preço de cada unidade. Em novembro de 2019, o balanço de 11 meses mostrava que apenas 54,5 mil residências foram entregues.

Os novos ataques aos trabalhadores em 2020

Da Rede Brasil Atual:

A classe trabalhadora brasileira acumulou muitas derrotas em 2019, a principal delas a aprovação da reforma da Previdência, que restringe o acesso e reduz o valores das aposentadorias. Para 2020, são pelos menos outros 20 projetos legislativos, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), a serem votados no Congresso Nacional, que são de interesse do governo Bolsonaro e atacam direitos dos servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada, como, por exemplo, os jovens que estão na busca pelo primeiro emprego.

TV Escola vai acabar. Viva a ignorância!

Por Fernando Brito, em seu blog:

Teremos livros e cadernos, ano que vem, com desenhos escolares da bandeira brasileira e as letras de hinos pátrios, no ano que vem. “Os pais vão vibrar”, diz o presidente da República, comemorando também que o material didático vai ter menos “um montão de amontoado de coisa escrita”.

Mas, em nossa célere caminhada rumo ao passado, não teremos a TV Escola, ou o uso desta mídia que tem “só” 70 anos, funcionando como suporte aos professores.

Foi o que anunciou hoje o ministro da Educação, Abraham Weintraub ao ator bolsonarista Carlos Vereza, que apresenta uma programa da emissora, o Plano Sequência, sobre cinema brasileiro.

Vereza não entende as acusações presidenciais de que o canal tem uma “programação totalmente de esquerda.”

- Então, o que é que eu estou fazendo lá?

O "pacote de bondades" na Argentina

Por Martín Fernández Lorenzo, no blog Socialista Morena:

10 de dezembro de 2019 foi um dia para não esquecer. Depois de quatro anos agonizantes e com um governo que não deu trégua à classe trabalhadora, ver a posse de Alberto Fernández foi emocionante, um alívio depois de tantos abusos. Milhões de argentinos/as assistiram quando o novo presidente chegou ao Congresso dirigindo seu próprio carro e cumprimentando as pessoas, como um cidadão qualquer.

O termômetro do êxito sindical em 2020

Por João Guilherme Vargas Netto

Das tarefas estritamente sindicais durante todo o ano em curso a mais importante, decisiva e constante é a sindicalização dos trabalhadores.

Sofrendo uma recessão longa e continuada e as agressões aos sindicatos e trabalhadores o movimento sindical viu cair – e muito – a taxa de sindicalização depois dos desastres de 2015-2016.

A tradicional reta horizontal que, pelo menos desde a democratização, mede o pertencimento dos trabalhadores ao mundo associativo-sindical caiu da altura dos 18% para 12% em 2018 e terá caído ainda mais em 2019.

A indústria brasileira no abismo

Editorial do site Vermelho:

Os mais recentes números econômicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a indústria brasileira segue aquilo que o dramaturgo Nelson Rodrigues chamava de “arrancos triunfais de cachorro atropelado”. Depois de uma sequência de três meses de avanço lento, a produção voltou a cair. Recuperações eventuais fazem parte do processo natural de uma economia que há muito tempo se arrasta numa crise estrutural, mas são meros arrancos.

Os novos capitães-do-mato

Por Ronaldo Tadeu de Souza, no site A terra é redonda:

A cada semana, desde que Jair Bolsonaro e seu grupo político foram eleitos, em outubro de 2018, a sociedade brasileira tenta entender com perplexidade o que aconteceu (e acontece) com o país. As obscenidades políticas e de discurso de um movimento aparentemente sem fim se avolumam semana após semana.

Rodrigo Nunes, professor de filosofia contemporânea na PUC-RJ, tinha razão ao afirmar em 2016 que vivemos no Brasil uma era de obscenidades [1]. Eu só acrescentaria: de uma obscenidade de certos setores da elite política, econômica e cultural. Assistimos atônitos, chocados mesmo, por exemplo, à indicação do novo presidente da Fundação Palmares, destinada à valorização da cultura negra – alguém que se não a odeia, sem dúvida a despreza conforme suas declarações.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Bolsonaro volta a atacar os jornalistas

Inflação foi mais alta para os mais pobres

Da revista CartaCapital:

A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou o ano de 2019 em 4,31%. A taxa é superior aos 3,75% observados em 2018, segundo dados divulgados nesta sexta-feira 10 pelo Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa também ficou acima do centro da meta de inflação, estipulada pelo Banco Central para 2019, um valor esperado de 4,25%. O grupo de alimentação e bebidas foi o setor que teve maior variação e maior impacto – ou seja, pesou mais no bolso dos brasileiros -, com alta de 6,84% nos preços.

Bolsonaro e seu exército de Brancaleones

Por Sergio Araujo, no site Sul-21:

Jair Bolsonaro não sabe falar direito. Se atrapalha com a língua pátria e por isso mesmo tropeça nas ideias e não consegue se fazer entender. O que se por um lado é ruim – transparência não só é uma exigência constitucional para quem exerce cargo público, mas uma pré-requisito cada vez mais cobrado pela sociedade -, por outro é bom, pois evita que o pior dele seja explicitado e gere mais temor pelo que está por vir.

2019 bateu recorde de empregadas domésticas

Por Juliane Furno, no jornal Brasil de Fato:

O fim de 2019 veio carregado de más notícias: uma economia praticamente estagnada; desemprego persistente; queda da renda média dos trabalhadores; aumento da desigualdade e concentração de renda; elevação dos ganhos na faixa dos super ricos à revelia da perda de rendimento dos mais pobres.

Um dos sintomas de uma coalização política como a liderada pelo conservador Jair Bolsonaro (sem partido), e tendo como representantes da política econômica a fina flor do liberalismo, é a junção de uma economia que não deslancha, ou seja – um “bolo” que se mantém pequeno – e, uma divisão cada vez menos equânime da riqueza criada, ou seja – cada vez mais a fatia dos mais ricos se torna maior e a parte pertencente aos trabalhadores míngua.