segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Questões correntes sobre a ação golpista
Por Manuel Domingos Neto
Estivemos à beira de mais uma ditadura?
Estaremos sempre, enquanto persistir a síndrome pós-Guerra do Paraguai. Homens armados se veem superiores aos desarmados. Se bem treinados, maior a sensação de superioridade. Se enfileirados, uniformizados e afastados da convivência social, imaginam-se capazes de tudo. Pretendem-se dignos de glória e subjugam os que lhes sustentam. Para o poder político, comandá-los é tarefa obrigatória. Não há meios termos: ou comanda ou é submetido.
Os ânimos nos quais quartéis estão acirrados?
O clima é de apreensão sobre os desdobramentos das investigações. Há profundo mal-estar com a saraivada de denúncias e críticas desabonadoras. Corporações têm instinto de defesa: percebendo-se atacadas, tendem a se unir, não a se fragmentar.
Estivemos à beira de mais uma ditadura?
Estaremos sempre, enquanto persistir a síndrome pós-Guerra do Paraguai. Homens armados se veem superiores aos desarmados. Se bem treinados, maior a sensação de superioridade. Se enfileirados, uniformizados e afastados da convivência social, imaginam-se capazes de tudo. Pretendem-se dignos de glória e subjugam os que lhes sustentam. Para o poder político, comandá-los é tarefa obrigatória. Não há meios termos: ou comanda ou é submetido.
Os ânimos nos quais quartéis estão acirrados?
O clima é de apreensão sobre os desdobramentos das investigações. Há profundo mal-estar com a saraivada de denúncias e críticas desabonadoras. Corporações têm instinto de defesa: percebendo-se atacadas, tendem a se unir, não a se fragmentar.
Banditismo militar e recuo republicano
Por Roberto Amaral, em seu blog:
Quando a serpente rompe a casca do ovo e não é, de imediato, esmagada, ela sai espargindo a peçonha até contaminar todo o organismo democrático. As consequências, como é sabido, vêm depois, e não há mais do que reclamar.
Nosso governo, no auge do respaldo popular, pois recém-saído de eleições presidenciais vitoriosas (com dificuldade embora), renunciou ao dever republicano de assumir o comando político do país e ditar-lhe o rumo, quando, em janeiro de 2023, fomos agredidos – o país, seu povo –, por uma tentativa de sublevação institucional. O vácuo ensejou a presença de novos agentes, e um deles é o STF. Ficamos, pelo menos aparentemente, na plateia. Nossos partidos sem iniciativa. Como se tudo tivesse começado e terminado ali.
Quando a serpente rompe a casca do ovo e não é, de imediato, esmagada, ela sai espargindo a peçonha até contaminar todo o organismo democrático. As consequências, como é sabido, vêm depois, e não há mais do que reclamar.
Nosso governo, no auge do respaldo popular, pois recém-saído de eleições presidenciais vitoriosas (com dificuldade embora), renunciou ao dever republicano de assumir o comando político do país e ditar-lhe o rumo, quando, em janeiro de 2023, fomos agredidos – o país, seu povo –, por uma tentativa de sublevação institucional. O vácuo ensejou a presença de novos agentes, e um deles é o STF. Ficamos, pelo menos aparentemente, na plateia. Nossos partidos sem iniciativa. Como se tudo tivesse começado e terminado ali.
O CNPJ do golpe é o das Forças Armadas
Por Jeferson Miola, em seu blog:
O ministro da Defesa José Múcio Monteiro repete como um mantra que os implicados na tentativa de golpe “são pessoas que pertencem às Forças Armadas, mas não estavam representando os militares, estavam com seus CPFs. Foi iniciativa de cada um”.
O ministro tem razão ao dizer que os golpistas fardados carregarão seus CPFs perante os tribunais. Mas o golpe, enquanto empreendimento institucional, tem CNPJ, e o CNPJ do golpe é o CNPJ das Forças Armadas.
Contraria a lógica elementar alegar que a execução do plano foi iniciativa individual e isolada, visto que dentre os 37 indiciados inicialmente no inquérito policial, 25 são militares da alta oficialidade, inclusive general da ativa e integrante do Alto Comando do Exército. Isso caracteriza, portanto, um fenômeno sistêmico –e não individual– da instituição militar.
O ministro da Defesa José Múcio Monteiro repete como um mantra que os implicados na tentativa de golpe “são pessoas que pertencem às Forças Armadas, mas não estavam representando os militares, estavam com seus CPFs. Foi iniciativa de cada um”.
O ministro tem razão ao dizer que os golpistas fardados carregarão seus CPFs perante os tribunais. Mas o golpe, enquanto empreendimento institucional, tem CNPJ, e o CNPJ do golpe é o CNPJ das Forças Armadas.
Contraria a lógica elementar alegar que a execução do plano foi iniciativa individual e isolada, visto que dentre os 37 indiciados inicialmente no inquérito policial, 25 são militares da alta oficialidade, inclusive general da ativa e integrante do Alto Comando do Exército. Isso caracteriza, portanto, um fenômeno sistêmico –e não individual– da instituição militar.
A Europa prepara-se para a guerra.
Por Flávio Aguiar, na Rádio França Internacional:
Um autêntico calafrio percorreu toda a Europa na semana passada. Noticiou-se com destaque que os governos da Suécia e da Finlândia divulgaram para seus cidadãos manuais sobre como proceder no caso de uma guerra contra terceiros.
O governo sueco distribuiu pelo correio uma brochura de 32 páginas. O finlandês disponibilizou uma publicação online.
Embora o nome não aparecesse, era óbvio que se tratava de uma guerra com a Rússia. A Suécia não tem uma fronteira terrestre com a Rússia. Há uma fronteira marítima entre ela e o enclave russo de Kaliningrado, espremido entre o Mar Báltico, a Lituânia e a Polônia. A Finlândia tem uma fronteira terrestre com a Rússia de 1.343 km.
Um autêntico calafrio percorreu toda a Europa na semana passada. Noticiou-se com destaque que os governos da Suécia e da Finlândia divulgaram para seus cidadãos manuais sobre como proceder no caso de uma guerra contra terceiros.
O governo sueco distribuiu pelo correio uma brochura de 32 páginas. O finlandês disponibilizou uma publicação online.
Embora o nome não aparecesse, era óbvio que se tratava de uma guerra com a Rússia. A Suécia não tem uma fronteira terrestre com a Rússia. Há uma fronteira marítima entre ela e o enclave russo de Kaliningrado, espremido entre o Mar Báltico, a Lituânia e a Polônia. A Finlândia tem uma fronteira terrestre com a Rússia de 1.343 km.
quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Justa homenagem a Raphael Martinelli
Por João Guilherme Vargas Netto
Participei na última terça-feira (dia 19), como debatedor, da mesa de um evento em homenagem à memória de Raphael Martinelli, ativista e dirigente sindical ferroviário, preso e torturado pela ditadura militar e militante durante toda sua vida ao longo de seus muitos anos.
Discutiram-se também os desafios atuais a serem enfrentados pelo movimento sindical dos trabalhadores.
Aconteceu no Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos – Sindnapi – FS (na antiga e famosa sede do sindicato dos metalúrgicos de São Paulo, na rua do Carmo) e a “nomenclatura” da mesa (seguindo a ordem fotográfica) retrata bem o alcance da homenagem e dos debates: Carolina Maria Ruy do Centro de Memória Sindical, José Luiz del Roio do Instituto Astrojildo Pereira, Sebastião Neto do Instituto, Informações, Estudos e Pesquisas (IIEP), Frei Chico do Sindnapi, Rosa Martinelli, filha do homenageado, Almino Affonso, ministro do Trabalho de Jango (do alto dos seus 95 anos fez uma lúcida e memorável intervenção), Lincoln Secco, professor da USP e historiador consagrado e eu mesmo.
Participei na última terça-feira (dia 19), como debatedor, da mesa de um evento em homenagem à memória de Raphael Martinelli, ativista e dirigente sindical ferroviário, preso e torturado pela ditadura militar e militante durante toda sua vida ao longo de seus muitos anos.
Discutiram-se também os desafios atuais a serem enfrentados pelo movimento sindical dos trabalhadores.
Aconteceu no Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos – Sindnapi – FS (na antiga e famosa sede do sindicato dos metalúrgicos de São Paulo, na rua do Carmo) e a “nomenclatura” da mesa (seguindo a ordem fotográfica) retrata bem o alcance da homenagem e dos debates: Carolina Maria Ruy do Centro de Memória Sindical, José Luiz del Roio do Instituto Astrojildo Pereira, Sebastião Neto do Instituto, Informações, Estudos e Pesquisas (IIEP), Frei Chico do Sindnapi, Rosa Martinelli, filha do homenageado, Almino Affonso, ministro do Trabalho de Jango (do alto dos seus 95 anos fez uma lúcida e memorável intervenção), Lincoln Secco, professor da USP e historiador consagrado e eu mesmo.
quarta-feira, 20 de novembro de 2024
Cid mentiu sobre plano para assassinar Lula
Por Altamiro Borges
O tenente-coronel Mauro Cid, o ex-faz-tudo do “capetão” Jair Bolsonaro, terá novamente de depor nesta quinta-feira (21). Ele poderá inclusive sair da audiência direto para a cadeia, já que há sinais de que burlou os termos do acordo da sua delação premiada firmado em setembro de 2024. Em depoimentos anteriores, o milico omitiu a existência de um plano para matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Nesta terça-feira (19), Mauro Cid esteve na sede da Polícia Federal, em Brasília. A intimação se deu após a deflagração da Operação Contragolpe, que apura a trama terrorista dos assassinatos. Ele foi questionado sobre o plano macabro, mas negou qualquer conhecimento. Diante das contradições do seu interrogatório, o ministro do STF decidiu convocá-lo outra vez. Em seu despacho, ele alegou que “o objetivo da convocação é para que apresente esclarecimentos aos termos da colaboração”.
O tenente-coronel Mauro Cid, o ex-faz-tudo do “capetão” Jair Bolsonaro, terá novamente de depor nesta quinta-feira (21). Ele poderá inclusive sair da audiência direto para a cadeia, já que há sinais de que burlou os termos do acordo da sua delação premiada firmado em setembro de 2024. Em depoimentos anteriores, o milico omitiu a existência de um plano para matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Nesta terça-feira (19), Mauro Cid esteve na sede da Polícia Federal, em Brasília. A intimação se deu após a deflagração da Operação Contragolpe, que apura a trama terrorista dos assassinatos. Ele foi questionado sobre o plano macabro, mas negou qualquer conhecimento. Diante das contradições do seu interrogatório, o ministro do STF decidiu convocá-lo outra vez. Em seu despacho, ele alegou que “o objetivo da convocação é para que apresente esclarecimentos aos termos da colaboração”.
As justificativas de antes e as de agora
Arte: Saed Hilmi |
Por volta dos anos 40 do século passado, estava em curso em pleno coração da Europa um dos mais tenebrosos episódios já vivenciados pela humanidade ao longo do tempo. Naquela região onde suas classes dominantes se vangloriavam de haver erguido a mais elevada civilização humana, as cenas mais horripilantes imagináveis estavam sendo praticadas.
Enquanto centenas de milhares, ou mesmo milhões, de pessoas eram submetidas a atos de crueldade e perversidade inauditos, a imensa maioria dos que viviam ali bem pertinho parecia não se sentir incomodada pelo terror que estava assolando a tantos outros. É claro que tampouco se podia notar muito alvoroço com relação a isto no restante do mundo.
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