domingo, 16 de janeiro de 2011

Centrais se unem pelo salário mínimo

Reproduzo artigo de Leonardo Severo, publicado no jornal Hora do Povo:

Em campanha unificada pelo aumento do salário mínimo para R$ 580 e a manutenção da política de valorização, CUT, Força Sindical, CGTB, CTB, NCST e UGT se reuniram na última terça-feira e lançaram o manifesto “R$ 580 já”, convocando manifestações em todo o país no próximo dia 18, terça-feira. Em São Paulo, o ato será na Avenida Paulista, às 10h.

Para as centrais, um mínimo de R$ 540, como foi proposto pela equipe econômica do governo, é pauta dos derrotados na eleição presidencial. Esse valor, afirma o documento, “representa uma variação de apenas 5,88% em relação ao valor anterior de R$ 510, inferior até mesmo aos 6,47% apontados pelo INPC, o que jogaria um balde de água fria na política de valorização”.

“Não podemos aceitar que o salário tenha uma correção menor que a inflação quando o Brasil cresce 7%, 8%. Ou seja, os mais pobres são os que menos vão receber num período em que todo o Brasil ganhou”, declarou o presidente da Força Sindical e deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).

A mobilização segue o chamado feito pela própria presidente Dilma, que, durante a campanha eleitoral, declarou que “não é papel do governo substituir o movimento social”, e tomar as decisões por ele. Além das mobilizações nas ruas em diversos estados e no Congresso Nacional, os dirigentes sindicais também solicitaram formalmente uma audiência com a presidente, quarta-feira, quando entregaram o manifesto ao ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio.

“Nós temos um acordo com o governo de recuperação. Para que a recuperação ocorra é necessário ter aumento real, senão estaremos criando um hiato neste processo que se mostrou extremamente benéfico para o país”, afirmou o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Antonio Neto. A responsabilidade do movimento sindical é “não permitir que os derrotados nos pautem”, disse, ressaltando que “no ano em que todas as categorias conquistaram aumento real, o salário mínimo não pode ficar sem aumento”.

Lembrando que diversos setores da economia foram beneficiados com cortes de impostos e incentivos, o secretário geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo, ressaltou que os trabalhadores querem o mesmo tratamento. “Mais do que valores, estamos falando de um projeto de país, de desenvolvimento com justiça social e distribuição de renda”.

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, disse que as mobilizações do começo do ano são um “aquecimento de motores” que irá demarcar campo em defesa do desenvolvimento nacional e do crescimento econômico sustentado.

“Não aceitamos qualquer política de arrocho. Queremos valorizar o salário mínimo, pois todo mundo ganha quando o Brasil cresce”, afirmou o presidente estadual da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), Luiz Gonçalves.

Ao final da reunião os sindicalistas deram entrevista coletiva, onde repudiaram as concepções que vêem o salário como inflacionário, rechaçaram o ajuste fiscal e reiteraram a importância do papel do Estado e dos investimentos públicos para alavancar a economia nacional, “ainda ameaçada pela guerra cambial desencadeada pelos norte-americanos, que continuam imersos na crise”.

Além de reiterar a necessidade de “mobilização total pelos R$ 580,00”, o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, ressaltou que a importância da correção da tabela do imposto de renda. “Os trabalhadores e aposentados do INSS são os mais prejudicados, pois, com o reajuste do salário ou do benefício, passam a ter desconto maior ou deixam de ser isentos a partir deste mês”, acrescentou.


Manifesto defende “R$ 580 já”

Em documento conjunto, as centrais defendem mobilização unitária para garantir o mínimo de R$ 580. Leia abaixo trechos do manifesto:

“A política de valorização do salário mínimo, acordada pelo governo com as centrais sindicais, é seguramente a maior conquista do governo Lula, beneficiando diretamente mais de 47 milhões de trabalhadores, aposentados e idosos com aumento real de 54,3%.”

“Este expressivo ganho real representou avanços na distribuição da renda e no combate às imensas desigualdades sociais e regionais”. “Seria um retrocesso abandonar esta política de valorização”.

“Afinal, foi este aumento do poder aquisitivo - que vitaminou o mercado interno com o ciclo virtuoso do crescimento, o que permitiu ao país enfrentar os impactos negativos da crise externa com a alavancagem da produção e do consumo. Mais salário e mais emprego foi a resposta do país contra o círculo vicioso do receituário neoliberal, de privatização, arrocho e ‘ajuste fiscal’”.

“Na contramão de uma política exitosa, da qual também fez parte o fortalecimento do papel protagonista do Estado e dos investimentos sociais, foi apresentada recentemente pelo governo a proposta de reajuste do salário mínimo para R$ 540, o que representa uma variação de apenas 5,88% em relação ao valor anterior de R$ 510, inferior até mesmo aos 6,47% apontados pelo INPC, o que jogaria um balde de água fria na política de valorização. Por isso as centrais sindicais reiteram a necessidade do aumento para R$ 580, alavancando a economia nacional, ainda ameaçada pela guerra cambial desencadeada pelos norte-americanos, que continuam imersos na crise”.

“Acreditamos que é chegado o momento do governo federal olhar com mais atenção e sensibilidade para os trabalhadores. Corte de gastos públicos, arrocho do crédito e congelamento do salário – especialmente o do mínimo, como propostos pela equipe econômica, é tudo o que o país não precisa”.

“Temos a convicção de que a mobilização unitária das centrais ajudará a abrir as negociações com o governo, a fim de assegurarmos que os compromissos assumidos durante a campanha eleitoral sejam plenamente materializados e o país reafirme a sua opção desenvolvimentista, com justiça social e distribuição de renda”

São Paulo, 11 de janeiro de 2011

- Quintino Severo – CUT;

- Paulo Pereira da Silva – Força Sindical;

- Wagner Gomes – CTB;

- Antonio Neto – CGTB;

- Luiz Gonçalves - NCST;

- Ricardo Patah – UGT

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