quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Mídia sucumbe ao próprio veneno

Por Cadu Amaral, em seu blog:

Para encerrar bem o ano de 2013, a autoproclamada “grande imprensa”, solta seus já conhecidos sambas de uma nota só. Além de um provável programa no Fantástico (?) da Globo sobre a mãe de Joaquim Barbosa, que pode ser candidato à presidência em 2014, uma lista com nomes para participarem dos jogos bobocas do Programa do Faustão em que nela aparece Aécio Neves (PSDB) e as equipe são nas cores azul e amarelo. Coincidência?

O canal de tevê fechada GloboNews, em seu programa Painel, apresentado pelo apresentador mais próximo dos EUA no país, William Waack, apresentou um “debate” sobre direita e esquerda.

Como não podia deixar de ser, senão não era a Globo, todos os três “debatedores” eram de direita, entre eles o Reinaldo Azevedo, de Veja. Junte isso ao próprio apresentador e tivemos, por quase cinquenta minutos, quatro pessoas tentando destruir o espectro ideológico de esquerda no Brasil. Se a Globo tive o mínimo de senso de ridículo, ao menos um dos convidados seria de esquerda. Porém pedir o senso de ridículo à Globo é pedir demais. Seja na quantidade que for.

Entre as inúmeras baboseiras que soltavam em rede nacional de tevê fechada, estava a de que “os esquerdista não sabem lidar com a diferença”. Pois é, falaram isso durante um programa para debater direita e esquerda e que só participaram debatedores de direita. Isso sim é saber lidar com as diferenças, não acham?

Outra bobagem ditas pelos “entendedores” de linhas ideológicas foi a de que o Brasil é “um país de esquerdista” e “ser liberal é ser revolucionário”. Seria cômico se não fosse trágico.

O programa Painel, da GloboNews, é a prova material do que disse Márcio Pochmann, da Fundação Perseu Abramo, à revista Fórum, sobre a imprensa no Brasil.

“Os jornais que temos hoje também escrevem para os seus militantes, escrevem o que eles querem ouvir, e por isso esses jornais estão com dificuldades para ampliar o seu número de leitores, é por isso que os jovens não interagem com esses jornais. Mas eles têm um público cativo, e para manter esse público cativo ficam alimentando uma visão que é, a meu ver, insustentável, isso não tem futuro. Estamos assistindo ao fim desse tipo de imprensa. Está em construção uma outra imprensa, uma outra cobertura, que é a coisa digital e isso também está em construção", afirmou Pochmann.

Por essas e outras que a internet vem ganhando o terreno da televisão como mídia mais consumida pelos brasileiros. De acordo com o um estudo realizado pelo IAB Brasil em parceria com a comScore chamado “Brasil Conectado – Hábitos de Consumo de Mídia”. Hoje no país, cerca de 100 milhões de pessoas, 82% dos entrevistados, se informam e se entretém pela internet.

Enquanto que, em 2013, a audiência da Globo foi a pior da História, principalmente de seu principal programa, o Jornal Nacional. Entre 2012 e 2013, a audiência caiu cerca de 18,4%. No acumulado da década, a queda foi de quase 30%. O Fantástico sua horrores para chegar a 20 pontos.

Lógica natural de uma mídia que tenta convencer as pessoas de uma realidade que não existe. Que é extremamente panfletária, mas jura de pés juntos ser imparcial e compromissada com a informação e a verdade factual. Provavelmente por acreditar que seus telespectadores, ouvintes e leitores tenham a capacidade intelectual do personagem de desenho animado Homer Simpson.

Como o próximo ano é eleitoral, a postura da “grande imprensa” deverá ser o mesmo e seguindo o mesmo comportamento sua audiência cairá ainda mais. Ela não é uma grande imprensa, não trata os temas de forma grandiosa, completa, com a finalidade que deveria. Ela é apenas uma imprensa grande, graças inclusive ao golpe de 1964. Mas do jeito que vai, nem uma imprensa grande será mais. E em menos tempo do que se pensa.

2 comentários:

José Carlos Peliano disse...

Concordo em gênero, número e grau! Ocorre que se a rede social não chegar também as telonas e aos jornais não vai conseguir captar mais adeptos tampouco mostrar o contraditório. Já é tempo de pensar nessa saída mais objetivamente ainda mais por ser ano de eleição quando certamente virá a enxurrada de mentiras e meias verdades da COmídia!!!

Anônimo disse...

Publicado em 02/01/2014
JOGADORES VS GLOBO.
DISPUTA PELO BEM DO FUTEBOL
“Se não houver modificação, e os jogadores radicalizarem, há chance de haver greve.”

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Saiu no Uol, texto de Rodrigo Matos:



GLOBO PRECISA DE 90 JOGOS NO PACOTE DE FUTEBOL PARA ANUNCIANTES


Iniciada pelos jogadores integrantes do Bom Senso FC, a discussão sobre reformulação do calendário do futebol brasileiro esbarra na necessidade comercial do principal parceiro dos clubes e da CBF: a Globo. A emissora precisa de cerca de 90 datas de futebol ao ano para atender os anunciantes que compram seu pacote de futebol anualmente, segundo apurou o blog. Por isso, opõe-se a uma redução drástica do número de competições.

O calendário de 2014 foi feito com 89 datas, excluídos o Mundial de Clubes e a Copa do Mundo e contabilizadas as datas Fifa isoladas. Isso porque houve uma diminuição dos Estaduais de 23 para 21 datas. Mesmo assim, até ultrapassa a meta de comercial da emissora com o Mundial – a Copa seja vendida à parte.

A necessidade de cerca de 90 datas para a Globo está diretamente relacionada ao dinheiro que os clubes recebem pelos direitos de transmissão. Se houver queda no número de partidas a serem exibidas, os contratos de Estaduais, por exemplo, têm que ser renegociados.

Nesta temporada, com a diminuição das partidas regionais, a emissora aceitou que não houvesse redução nos valores contratuais. Mas houve uma negociação em cada caso. Em contrapartida, foi exigido, por exemplo, a manutenção do mesmo número de clássicos no Paulista, o que levou a criação de uma nova fórmula.

Responsável pelas negociações de contratos, o diretor da Globo, Marcelo Campos Pinto, até aceita que exista uma outra redução dos Estaduais em mais uma ou duas datas. Mas não quer uma diminuição considerável como pedem os jogadores do Bom Senso.

Para existir uma efetiva alteração no calendário, com redução significativa de jogos, todos os contratos teriam de ser renegociados, incluindo os da Globo com os clubes e os da emissora com seus anunciantes. Se não houver modificação, e os jogadores radicalizarem, há chance de haver greve.