segunda-feira, 14 de abril de 2014

Convençam-se, a questão é política!

Enio Lins
Do blog de Zé Dirceu:

O debate econômico cresce a cada dia e exige respostas. Pelo menos do PT, se não do governo. A mídia em geral se alinha com a oposição, mas na prática, ela é a oposição. Oposição e mídia vinham criticando a valorização do real, mas quando a moeda realmente se desvalorizou passaram a atacar também e a exigir o aumento do superávit e o corte de gastos públicos.

Depois criticaram o contingenciamento de R$ 40 bi do Orçamento Geral da União (OGU) neste ano e a colocar em dúvida a capacidade do governo de cumprir o superávit. Mais grave é a insidiosa e permanente campanha desses dois sócios (oposição-mídia) de pessimismo e a sua torcida para que tudo vá mal, estimulando as agências de riscos a rebaixarem o país de seu grau de investimento, amedrontando o capital externo e alarmando os credores, como se a dívida pública do país fosse impagável.

Escondem o fato que o crescimento mundial caiu e que, mesmo se comparado com os países do G8 e do G20, o crescimento brasileiro não foge da regra de um índice menor que 3%, com exceções entre emergentes como a China. Mesmo na América Latina, aos poucos, todos os países foram afetados pela crise mundial. Basta ver a queda do crescimento no México, Peru, Chile, Colômbia, para não falar da Argentina e da Venezuela.

Diversos indicadores colocam Brasil em excelente posição
Os indicadores sobre a dívida/PIB e sobre as reservas comparadas com a dívida externa, ou com a importação, colocam o Brasil em uma excelente posição no mundo. Mesmo com relação ao déficit nominal ou as contas externas, não há nada de alarmante considerando-se a dívida pública e o déficit nominal dos países desenvolvidos que superam, em muito, os tetos de 3% e 60%, respectivamente.

A oposição e a mídia apresentam todas essas questões como insolúveis e como se não houvesse respostas do governo aos problemas que herdamos depois de 20 anos sem investimentos em infraestrutura, educação e desenvolvimento científico. Gritam contra a carga tributária, mas se recusam a aprovar no Congresso Nacional, por exemplo, a reforma do ICMS e do PIS/COFINS.

Não reconhecem os avanços na infraestrutura, educação e inovação dos últimos 12 anos, as concessões nas áreas de portos e aeroportos. Na educação, escondem os avanços do ProUni, FIES, PRONATEC, ENEM, SISU, a extraordinária expansão do ensino e os investimentos em pesquisas e em iniciativas como o programa Ciência sem Fronteiras.

Campanhas por aumento de juros alimentam expectativas inflacionárias
Mas exigiram o aumento dos juros, a volta das sucessivas elevações da taxa Selic com uma campanha ensurdecedora, criando no país expectativas inflacionárias. Ainda agora, mesmo com uma inflação de 5,4% ao ano, continuam a explorar picos sazonais de aumento de preços de alimentos, como se estivéssemos às portas do descontrole inflacionário.

Insistem na política ortodoxa de aumento de juros e corte de gastos e evitam os reais problemas da nossa economia: a desindexação da poupança e da dívida interna, dos preços administrados, do controle de capitais e a administração do câmbio. Ora, sem uma reforma financeira e a redução dos juros não há como reduzir gastos públicos, já que o serviço da dívida interna absorve 6% do PIB ao ano das receitas da União, Estados, Municípios e das estatais.

O fato é que retomam, com tudo, a agenda neoliberal. O que querem, de fato, são políticas de redução de salários reais e desemprego e uma nova rodada de privatizações e de abertura comercial. Tudo aquilo que já deu errado nos 8 anos de neoliberalismo de governos tucanos de FHC (1995-2002).

Questão política exige mobilização das forças que nos apoiam
A questão é política, insistimos, como sempre apontou aqui o ex-ministro José Dirceu quando escrevia este seu blog. Estamos certos de que ele mantém essa visão. A questão é política e exige a mobilização das forças políticas, econômicas e sociais que nos apoiam.

Exige assim, e de forma urgente – já! -, uma repactuação do programa que elegeu os presidentes Lula (em 2002 e 2006) e Dilma Rousseff (2010). Uma repactuação da aliança política e social que o PT liderou, já que nossos adversários, sobre a liderança e hegemonia do capital financeiro rentista, já escolheram, já decidiram quem são seus candidatos e plataformas. E eles se movimentam, estão aí em campanha.

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