domingo, 10 de agosto de 2014

Wikipédia e Stanislaw Ponte Preta

http://pigimprensagolpista.blogspot.com.br/
Por Bepe Damasco, em seu blog:

Cronista, radialista, escritor e compositor de sucesso, Sérgio Porto (1923-1968) escrevia sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta.

Para satirizar declarações, comportamentos e posturas dos políticos, além de notícias publicadas pela imprensa , Porto criou o genial FEBEAPA - Festival de Besteiras que Assola o País.

Se vivo fosse, Stanislaw certamente incluiria as recentes não-notícias eleitoreiras da mídia monopolista no rol das grandes besteiras nacionais.

O caso da alteração dos dados dos jornalistas globais Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg na Wikipédia , então, nem se fala.

Com certeza, ocuparia o topo do ranking das imbecilidades vendidas como escândalos políticos.

Para início de conversa, que relevância tem a Wikipédia? Quem busca nessa "enciclopédia livre e colaborativa" da internet informações para embasar pesquisas e trabalhos sérios não sabe o risco que corre, pois qualquer pessoa pode alterar seus conteúdos, sem nenhum controle ou filtro quanto à veracidade ou valor histórico das postagens. Mas a Wikipédia não esconde isso de ninguém. Ao contrário, deixa claro sua natureza colaborativa e aberta.

Examinemos mais detidamente o caso da alteração das informações sobre a jornalista Miriam Leitão, feita a partir de IPs do Palácio do Planalto, conforme "denúncia" de O Globo. Se a intenção clara não fosse passar para os incautos a impressão absurda de que a presidenta Dilma possa ter alguma coisa a ver com isso, o jornal teria esclarecido que centenas de funcionários trabalham no Palácio do Planalto, que milhares de pessoas o frequentam semanalmente e que o palácio possui rede de internet sem fio, o que permite a qualquer transeunte o acesso à rede mundial de computadores nas suas dependências, o mesmo ocorrendo, é claro, com todos os jornalistas credenciados que fazem a cobertura do palácio.

Outra conta que não fecha : o esperneio global veio com estranhíssimos quinze meses de atraso, já que as referidas alterações foram realizadas em maio de 2013. Será possível que durante todo esse tempo nem O Globo nem Miriam Leitão tenham percebido a inclusão de novos dados na enciclopédia? É evidente que tinham conhecimento, mas optaram por usá-la como mais uma arma do arsenal estocado para a guerra eleitoral que travam contra a reeleição da presidenta Dilma.

E a reação de Míriam Leitão não poderia ser mais patética e previsível: "Veio ordem de cima". Repetindo seus patrões, ela enxerga o episódio como parte de uma campanha contra a liberdade de imprensa no Brasil. Pausa para a risada, como diz o Paulo Nogueira. No Brasil, nunca se teve tanta liberdade de imprensa como nos dias de hoje. Inclusive para a produção de lixos jornalísticos como O Globo, Folha, Estadão e Veja. O que falta, isto sim, é um novo marco regulatório para a radiodifusão, única maneira de quebrar o atual monopólio midiático, respeitando a pluralidade e a diversidade da sociedade brasileira. Mas é essa outra história.

Penso que as falas do ministro Gilberto Carvalho, da secretaria geral da Presidência da República, classificando como "abominável" a modificação feita a partir de de um IP do Planalto, e da presidenta Dilma, que a considerou "inadmissível", foram exageradas e só contribuem para levar água para o moinho do factóide político criado pelo PIG. Revela também o medo desse governo de enfrentar a velha mídia. Bastaria que as autoridades pautassem seus comentários pela nota oficial do próprio governo, que no tom sóbrio adequado lamentou o episódio, mas alertou para as dificuldades de se encontrar o autor ou os autores dessas inserções na Wikipédia.

A indignação de Míriam Leitão, de o Globo e de seus irmãos siameses na mídia são absolutamente desproporcionais ao que foi postado na enciclopédia da internet e só reforçam o que é público e notório: a imprensa corporativa brasileira se julga acima do bem e do mal e não aceita ser criticada.

Parece até que a jornalista foi vítima de um ataque à sua honra, ou de crime de injúria, calúnia e difamação. Nada disso. Escreveram apenas que suas previsões sobre economia são desastrosas e que ela é defensora do banqueiro Daniel Dantas. Bem, sobre suas previsões catastróficas para o Brasil, dá para cravar que o índice de acerto da jornalista multimídia é zero. Em relação ao banqueiro, sinceramente não lembro de tê-la ouvido saindo em sua defesa. Mas minha memória também não registra nenhuma crítica sua a Daniel Dantas.

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