quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Bolsonaro, um dos "filhos" da mídia

Por Lelê Teles, no blog Viomundo:

Ouçamos isso primeiro, com atenção.

A Hidra tem inúmeras cabeças, os gregos as contaram lá na antiguidade.

Alguns desmiolados na grande mídia, pretendendo agradar os patrões bilionários, decidiram chocar um ovo da velha Hidra que estava perdido por aí, sentaram-se sobre ele – revezando – e o aqueceram até que o monstrinho ganhou vida e ganhou as ruas.

Agora não há quem o detenha.

Outro dia, Noblat se queixou quando o seu filho, o repórter comediante Guga Noblat, foi atacado pela fera durante uma passeata.

Tarde demais.

Agora, Noblat se queixa novamente ao ouvir o caricato deputado carioca falar em estuprar. Seus leitores o chamaram de petralha.

Tarde demais.

Como jornalista, Noblat ajudou a chocar o monstro. Agora, como pai, viu que colocou a vida do filho em risco. E como avô, percebe também que sua netinha está a perigo. Há parlamentar fazendo, abertamente, apologia ao estupro.

Noblat pede a cassação de Bolsonaro, mas tá pensando nos dele, nos de casa, quando teve que pensar no Brasil ele pouco se lixou.

Voltemos a Bolsonaro, uma das cabeças da besta policéfala, cujo filho vai à manifestações com pistola na cinta.

Ouçamos o que disse o monstrengo na noite de ontem à Maria do Rosário, sua colega de parlamento: “há poucos dias, ‘tu’ me chamou de estuprador no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece”.

Com isso, o deputado não disse apenas que poderia estuprar alguém, disse sobretudo que estupraria alguém que merecesse.

Para Jair, há mulheres que merecem ser estupradas. E ele afirma que sabe distinguir bem, quando olha para uma mulher, as que merecem e as que não merecem o estupro.

O que ele merece?

Cassá-lo por quebra de decoro é justo e é um imperativo. Mas arrancar uma cabeça não vai matar o monstro. Há Lobões, Mervais, Jabores, Mainardis, Azevedos, Waacks… todos mergulhados no pântano a alimentá-lo.

A Hidra de Lerna, quem não o sabe, tinha o corpo de dragão e sete cabeças de serpente, que sempre se regeneravam ao serem cortadas.

O monstro era tão horrendo que só o seu hálito já matava. Habitante do pântano, exalava um odor mortífero e aterrorizante.

Hércules, e apenas Hércules, conseguiu matá-la.

No entanto, mesmo sabendo que temos um trabalho hercúleo pela frente, é sabido que não temos nenhum Hércules por essas paragens.

E agora, quem poderá nos salvar?

Palavra da salvação.

PS do Viomundo: Lelê vai ao encontro do que temos dito repetidamente, que uma mídia de extrema-direita produz “heróis” da extrema-direita.

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