segunda-feira, 29 de junho de 2015

Grécia enfrenta os abutres financeiros

Por Altamiro Borges

A decisão soberana do governo grego, de promover uma consulta popular em 5 de julho para decidir sobre a "humilhante" proposta de acordo da dívida imposta pelos abutres do capital financeiro, pode causar uma reviravolta na economia capitalista. A mídia rentista já alardeia que o caos está próximo, com a queda das bolsas em vários países e o risco da implosão do euro. Os arrogantes banqueiros falam em "calote" e esbravejam que a consulta "fechou as portas" para uma solução negociada. Já o primeiro-ministro Alexis Tsipras argumenta que "a Grécia não vai se render... Não é uma decisão de romper com a Europa, mas querem que assinemos um acordo de recessão e morte lenta".

Caso não haja acordo nas próximas horas, os banqueiros ameaçam bloquear o acesso a 7,2 bilhões de euros, última parcela do socorro de € 240 bilhões recebido do FMI e BCE (Banco Central Europeu) desde 2010. e não prorrogar a dívida grega, que vence nesta terça-feira (30). A chantagem visa dobrar o país e liquidar de vez com a sua soberania. A proposta da consulta popular foi aprovada em sessão extraordinária do parlamento grego no domingo. Os abutres não aceitam a decisão soberana e exigem maiores compromissos fiscais, com cortes de gastos públicos e uma violenta reforma da Previdência.

Para evitar a sabotagem dos banqueiros, o governo grego anunciou neste final de semana um feriado bancário a partir desta segunda-feira (28) e o controle do fluxo de capitais - o que irritou ainda mais os agiotas do capital financeiro. "Alexis Tsipras não deu detalhes sobre o período em que os bancos permanecerão fechados ou como serão as restrições ao movimento de capitais, mas assegurou que os depósitos dos cidadãos nos bancos gregos estão seguros, assim como os pagamentos de salários e pensões... Tsipras culpou o Banco Central Europeu por forçar a Grécia a tomar essa atitude. Ele acrescentou que não vai voltar atrás em sua decisão de realizar o referendo", relata o Jornal do Brasil.

O impasse na negociação da dívida grega confirma a fragilidade da economia capitalista, em especial na Europa. Vários países estão falidos - como Portugal, Espanha, Itália e França. Já a Alemanha, no seu papel de potência imperialista da região, suga as riquezas das nações mais pobres para se safar da crise. Mesmo assim, Angela Merkel enfrenta dificuldades crescentes, inclusive com o aumento das revoltas e greves. A decisão grega levou a influente publicação alemã Spiegel a indagar neste fim de semana: "Merkel e a crise grega. E agora, chanceler?". A arrogância imperial sofreu abalos!

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