segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Aécio: "o primeiro a ser comido" no Senado

Por Altamiro Borges

Em seu histórico discurso no Senado na manhã desta segunda-feira (29), a presidenta Dilma mandou um recado direto para o cambaleante Aécio Neves, presidente do PSDB. "Desde a proclamação dos resultados eleitorais, os partidos que apoiavam o candidato derrotado nas eleições fizeram de tudo para impedir a minha posse e a estabilidade do meu governo. Disseram que as eleições haviam sido fraudadas, pediram auditoria nas urnas, impugnaram minhas contas eleitorais, e após a minha posse, buscaram de forma desmedida quaisquer fatos que pudessem justificar retoricamente um processo de impeachment. Como é próprio das elites conservadoras e autoritárias, não viam na vontade do povo o elemento legitimador de um governo. Queriam o poder a qualquer preço".

A expressão "candidato derrotado" logo agitou as redes sociais. Memes e muitas piadas bombaram na internet. Alguns ativistas digitais lembraram do vazamento, em maio, de uma conversa entre o lobista Sérgio Machado e o "homem-forte" do Judas Michel Temer, o oportunista Romero Jucá, que já foi defecado do cargo de ministro. No áudio, ele deixou evidente que o "golpe dos corruptos" tinha como principal objetivo "estancar a sangria" das investigações da midiática Lava-Jato. E disse, sem meias palavras, que se o plano fosse derrotado "o primeiro a ser comido vai ser o Aécio... O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio?".

Gilmar Mendes e a mídia amiga

De fato, o "candidato derrotado" só mantém a sua carreira no Senado - quando comparece - graças à cumplicidade do Judiciário e à blindagem da mídia venal, que conhecem bem seus "esquemas". No mesmo mês de maio, o ministro tucano do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, suspendeu a fase de coleta de provas sobre o envolvimento do ex-governador mineiro no esquema de propina de Furnas. "A decisão ocorreu menos de 24 horas depois da autorização de abertura de um inquérito contra o presidente do PSDB. Inclusive o depoimento de Aécio foi cancelado", relatou na ocasião o site BOL, que complementou: "Um segundo pedido de abertura de inquérito contra Aécio Neves no STF também tem Gilmar Mendes como relator". Haja cumplicidade!

Poucas semanas depois, a colunista Mônica Bergamo, da Folha, informou que "as citações ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) têm sido feitas com prazer pelos delatores da OAS e da Odebrecht. De acordo com integrante da equipe que acompanha as delações, tanto executivos da Odebrecht quanto Léo Pinheiro, da OAS, acham que Aécio colocou fogo na Operação Lava Jato porque imaginava que ela só atingiria o PT. Pouco teria se importado com as empreiteiras. Recados enviados inclusive por Marcelo Odebrecht, que dizia ser amigo do tucano, teriam sido desprezados pelo mineiro". O relato evidencia a prepotência do grão-tucano, que sabe que as denúncias contra ele somem, viram pó!

Recordista em denúncias de corrupção

A "delação premiada" do executivo Léo Pinheiro até chegou a vazar, mas logo foi abafada pela mídia tucana. O ex-sócio da OAS relatou ao "juiz" Sérgio Moro que repassou R$ 3 milhões em propina a Oswaldo Borges da Costa Filho, contraparente de Aécio Neves, tido como tesoureiro informal das suas campanhas eleitorais entre 2002 a 2014. O nome do aspone também apareceu no famoso listão da Odebrecht, que citou 316 políticos que teriam recebido propina. Nessa lista, o nome de Oswaldo Borges é associado à doação de R$ 15 milhões ao "Mineirinho". A anotação é de setembro de 2014, quando o tucano disputava a eleição presidencial. Mas a informação também "não veio ao caso".

Aécio Neves é um dos recordistas em denúncias de corrupção no país - já são mais de dez. Apenas na midiática Lava-Jato, dois inquéritos foram abertos contra o tucano, mas o ministro Gilmar Mendes tratou de abortá-los. O escândalo de Furnas até hoje não avançou e nunca acionou o "jornalismo investigativo" da mídia falsamente moralista. Já o esquema do "mensalão", que teve o seu início em Minas Gerais no governo de Aécio Neves, também sumiu nos corredores da "Justiça". Vários dos envolvidos no caso inclusive tiveram suas penas expiradas. Há ainda uma misteriosa conta no paraíso de Liechtenstein, que também virou pó! Pelo menos hoje, no Senado, o "candidato derrotado" foi "o primeiro a ser comido" e ficou com cara de nádega, conforme o registro das câmeras de televisão. 

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