segunda-feira, 22 de maio de 2017

Folha não aguenta a pressão da Globo

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Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

A Folha bem que tentou sustentar um pouco Temer, abrindo a sua primeira dissidência contra o chefão da máfia midiática, a Globo, na história da imprensa brasileira. Não durou muito. A contratação de uma perícia frágil, facilmente ridicularizada pela Globo, fez o jornal ceder. Em editorial de hoje, o jornal agora diz que Temer está por um fio e que “as gravíssimas suspeitas levantadas contra Temer são plausíveis o bastante para comprometer a capacidade de governar”.

O editorial traz trechos em que tenta contemporizar, provavelmente para fazer a transição entre a sua defesa de Temer e sua nova posição, de começar a largá-lo, paulatinamente, na estrada.

Há um trecho que é uma pequena jóia de farisaísmo: “Esta Folha, acrescente-se, há muito manifesta sua preocupação com a prudência jurídica, o direito à plena defesa e a presunção da inocência, que correm o risco de ser violados no turbilhão diário de escândalos e em meio à indignação da opinião pública.”

Rá! Desde quando? Só quando o acusado é do PSDB ou Michel Temer. Com os petistas, ou com quem pode ser ligado às narrativas antipetista, a Folha tem surfado em todas as ondas de linchamento midiático, desde 2004.

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Na Folha

Por um fio

Passado o impacto inicial -e arrasador- da delação da JBS, o presidente Michel Temer (PMDB) dedica-se a convencer uma audiência restrita de que tem condições de permanecer no cargo.

Impopular desde a origem de seu governo, Temer não se dirige ao público geral quando apresenta sua defesa, como fez no pronunciamento deste sábado (20). Fala, principalmente, às instituições do Judiciário e aos partidos de sua base de sustentação no Legislativo.

Sua tarefa, dificílima, é contestar os indícios e procedimentos que motivaram um inquérito contra si e, mais relevante de um ponto de vista pragmático, evitar a debandada de sua coalizão parlamentar.

O presidente não deixa de ter razão ao apontar inconsistências, de forma e conteúdo, na gravação de sua conversa com o empresário Joesley Batista. Também procede o raciocínio de que a manobra contribuiu para que o delator, criminoso confesso, hoje viva em liberdade nos Estados Unidos.

Esta Folha, acrescente-se, há muito manifesta sua preocupação com a prudência jurídica, o direito à plena defesa e a presunção da inocência, que correm o risco de ser violados no turbilhão diário de escândalos e em meio à indignação da opinião pública.

Sob o prisma político, entretanto, as gravíssimas suspeitas levantadas contra Temer são plausíveis o bastante para comprometer a capacidade de governar -ainda que o inquérito em curso não revele de pronto novas complicações.

O presidente recebeu na residência oficial um empresário investigado (a este jornal, disse que ignorava tal condição); passivamente, ouviu-o discorrer sobre intenções de subornar procuradores.

Designou ainda a Batista um interlocutor privilegiado, o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), afastado do posto após flagrante de receptação de dinheiro.

Na arena parlamentar, Temer depende de manter uma coalizão que não apenas contenha investidas por seu impedimento, mas que respalde a agenda de estabilização econômica -esteio básico, talvez único, de sua gestão.

Político reconhecidamente habilidoso, o peemedebista fez avançar reformas cruciais. Aprovaram-se o teto para os gastos públicos e o programa de socorro a Estados falidos; há pela frente as reformas previdenciária e trabalhista, sem as quais a retomada econômica torna-se ainda mais incerta.

A própria hipótese de que Temer venha a ser deposto, aliás, basta para provocar a retração de consumidores e empresas. À Folha, o presidente descarta a renúncia: “Se quiserem, me derrubem”.

Vislumbra-se, assim, um círculo vicioso em que fragilidades do mandatário, de sua base e da economia acentuam umas às outras. É ameaça que o governo, por um fio, terá de debelar em questão de dias.

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