quinta-feira, 1 de setembro de 2016

‘Empossado’, Temer mostra garras ditatoriais

Por Altamiro Borges

O usurpador Michel Temer não se enxerga mesmo. Sem voto - até como candidato a deputado federal ele ficou duas vez na suplência nos três pleitos em que disputou - e sem qualquer legitimidade - o seu partido, o PMDB, chega ao Palácio do Planalto pela terceira vez sem nunca ter vencido uma eleição presidencial -, o Judas ainda acha que está com a bola toda. Logo após ser "empossado" no colégio eleitoral do Senado, nesta quarta-feira (1), ele saiu dando broncas, todo arrogante, mostrando as suas garras autoritárias. Segundo a mídia chapa-branca, até os seus capachos se surpreenderam com o tom. De "vice decorativo", Michel Temer parece querer virar o novo ditadorzinho do Brasil.

O obituário da democracia brasileira

Por Rafael Tatemoto, no jornal Brasil de Fato:

Filha de mulheres e homens que dedicaram seu sangue e suas vidas à luta contra o autoritarismo, renasceu em 1985: processo de parto intenso que marcaria seu destino.

Objeto de ataques, teve infância complicada. Apesar das promessas em sua certidão de nascimento – a Constituição de 1988 -, passou por diversas crises.

Na década de 90, passou por um período de estabilidade a duras penas. Como resultado, viu o aumento do desemprego e a piora das condições de vida.

Cinco motivos para gritar "é golpe"!

Por Ana Luíza Matos, Guilherme Mello e Pedro Rossi, no site Carta Maior:

1- Não houve crime de Dilma

Talvez o maior motivo para gritar golpe é o fato de que só pode haver impeachment de um governante caso ele tenha cometido crime de responsabilidade. Ao contrário do que muitos foram levados a acreditar, Dilma não foi julgada por atos de corrupção. Diga-se de passagem, ela nunca foi acusada de tais atos, ao contrário dos que a julgaram, como bem apontou quase toda imprensa internacional (http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,ny-times-impeachment-e-liderado-por-politicos-acusados-de-corrupcao,10000026184 ). Também não foi julgada por ter feito um mau governo, até por que esse fato se corrige nas urnas, não através de impeachment.

A preservação dos direitos políticos de Dilma

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

A deposição de Dilma do cargo de presidente era certa. Surpresa, especialmente para Michel Temer, para o PSDB e o DEM, foi a decisão de cassá-la sem lhe retirar os direitos políticos que a inabilitariam para quaisquer funções publicas, eletivas ou não. Temer estrilou, PSDB e DEM falaram até em romper com o governo, o partido Solidariedade promete recorrer ao STF. Tucanos e democratas desistiram disso. Queriam Dilma banida da vida pública. Agora ela os incomodará como uma importante líder da oposição, ao lado de Lula. São diferentes os motivos de Temer e os deles para a grande contrariedade com a decisão do Senado.

Senado deu salvo conduto ao suspeito Temer

Por Marcelo Auler, no blog Diário do Centro do Mundo:

Em 1996, o delegado de Polícia Federal Roberto Jaureguiber Prel Júnior, através de um habeas corpus, conseguiu trancar uma ação penal em que ele era acusado de torturar Carlos Abel Dutra Garcia – um crime que até hoje o único punido foi a própria vítima.

Na época, a então juíza da 13ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Maria Helena Soares Reis Franco, já falecida, advertiu-o com um recado: “O senhor livrou-se da Ação Penal, mas jamais se livrará da dúvida que o acompanhará o resto da vida. Gostaria de vê-lo provar a inocência no curso da ação. Não livrar-se dela deste jeito”.

Resistir em defesa da democracia e do Brasil

Editorial do site Vermelho:

Grave e profundo atentado contra a democracia, o povo e o Brasil foi cometido nesta quarta-feira (31) pela maioria do Senado que aprovou o golpe contra a presidenta constitucional Dilma Rousseff.

A Constituição determina que um presidente da República terá seu mandato interrompido apenas se for comprovado que ele cometeu crime de responsabilidade. Esse crime não foi cometido por Dilma Rousseff, como ficou demonstrado à exaustão durante todo o processo golpista.

A violência deste golpe afronta a democracia e coloca o Brasil de novo na rota do autoritarismo, da eliminação de direitos sociais, políticos e econômicos conquistados pelo povo brasileiro. Ao mesmo tempo beneficia os mais ricos, a especulação financeira e o imperialismo perante o qual os golpistas colocam o Brasil novamente de joelhos. Esta marca indelével dos que tomaram o poder sem a aprovação do voto popular os levará a figurarem de maneira desonrosa e vexatória na história.

A grande noite da humilhação nacional

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

O desafio é explicar um golpe que tem, na ponta da fiscalização do TCU (Tribunal de Contas da União) personagens como Aroldo Cedraz e Augusto Nardes, na ponta política, Michel Temer, Romero Jucá, Eduardo Cunha, Aécio Neves e José Serra todos envolvidos em inúmeras denúncias de irregularidades e de uso político indevido do cargo. E, na ponta processual o Procurador Geral da República Rodrigo Janot e o Ministério Público Federal, na ponta jurídica Gilmar Mendes e Dias Toffoli falando em nome da moral e dos bons costumes.

'Anuncia-se uma fase de baixa na economia'

Por Helder Lima, na Rede Brasil Atual:

“Essa vitória do impeachment e a ascensão do governo de Michel Temer se reconecta com as forças neoliberais dos anos 1990 e anuncia uma fase de retrocesso nos direitos sociais e trabalhistas que foram estabelecidos pela Constituição de 1988”, disse o economista e candidato à prefeitura de Campinas Marcio Pochmann (PT) hoje (31), ao comentar o resultado da votação do impeachment no Senado que aprovou a cassação do mandato de Dilma Rousseff. Para o economista, governo e Congresso Nacional agora partem para os ataques a esses direitos.

"El dia triste”: o golpe parlamentar

Por Leonardo Boff, em seu blog:

E aconteceu, que naqueles dias, sicários se travestiram de senadores, em grande número, não todos, e decidiram atacar uma dama honrada e incorruptível que lhes cortava o atalho para chegarem ao poder de Estado. A partir do Estado iriam fazer o que sempre fizeram: aproveitar-se dos bens públicos para autoenriquecimento, escapar desesperadamente do braço da justiça e levar avante sua situação de privilégio, sempre à custa do povo pobre que eles querem manter longe, nas periferias, um exército de reserva, útil para seus serviços quase à moda de escravos.

Sem democracia, o Brasil vai arder

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Foge à compreensão do governo golpista.

Para ele, a hegemonia política se constrói com cooptações e conchavos que assegurem “X” votos de parlamentares.

Não existem movimentos e inconformismos sociais.

A sociedade brasileira é, como no poema de Afonso Romano de Sant’Anna, lembrado hoje cedo por Fernando Molica, diferente disso:

Não nos calaremos! Fora Temer!

Do site da UNE:

A União Nacional dos Estudantes mais uma vez marca o seu lado na história, ao lado da democracia, contra esta conspiração, este golpe político-institucional que engendrou uma fratura ao estado democrático de direito.

Afirmamos com todas as letras, o Brasil sofreu um golpe!

Mesmo fazendo essa denúncia recorrente junto com os movimentos sociais nas ruas e nas universidades de todo o país o Congresso Nacional brasileiro, este que deveria nos representar, cassou Dilma Rousseff.

Protesto gaúcho nas sedes da RBS e PMDB

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Por Marco Weissheimer, no site Sul-21:

A página do evento no Facebook já anunciava um ato de grandes dimensões. Em menos de 24 horas, cerca de seis mil pessoas confirmaram presença no ato contra o golpe que começou a se concentrar a partir das 18 horas, na Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre. Alguns minutos depois do horário marcado para o início da concentração, os primeiros gritos de “Fora Temer!” começaram a ecoar no centro da capital gaúcha. Em poucos minutos, centenas de pessoas começaram a se reunir na Esquina Democrática. A chuva, que prejudicou o ato chamado para o dia anterior, cessou e o céu chegou a exibir alguns minutos de sol no final da tarde de quarta-feira em Porto Alegre. Os gritos de “Fora Temer” se alternaram com os “Golpistas, fascistas, não passarão” e “Dilma guerreira, mulher brasileira”. Mas o grito mais repetido, desde o início do ato, foi mesmo o “Fora Temer”.

A canalhice a serviço dos bilionários!

Por Edson Carneiro Índio, no site da Intersindical:

A maioria do Senado Federal acaba de chancelar a farsa e o golpe. A canalhice imperou. O ultraje à democracia e à Constituição Federal se constitui em declaração de guerra ao povo brasileiro.

A Intersindical não apoiou a conciliação de classes ou o governo. Mas jamais aceitamos as saídas do grande capital representado completamente pela direita no congresso, na mídia, em setores do judiciário e demais instituições.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Galeria de fotos: atos contra Temer

Belo Horizonte




O primeiro discurso de Dilma pós-golpe

Eleição já! Fora Temer usurpador!

Fotos: Mídia Ninja
Por Jeferson Miola

Os golpistas alcançaram o objetivo: o Senado da República, convertido num tribunal de exceção, aprovou o impeachment da Presidente Dilma sem crime de responsabilidade, em total afronta à Constituição e ao Estado de Direito.

Esta decisão imposta por uma maioria do Senado não surpreende, porque este processo kafkiano não passou de um jogo de cartas marcadas; de uma farsa montada com pretextos ridículos para dar ares de normalidade a um crime perpetrado contra a democracia.

Consuma-se golpe contra a democracia

Do blog de Renato Rabelo:

Diante da destituição de Dilma Rousseff da Presidência da República, a presidenta nacional PCdoB, Luciana Santos, à frente da agremiação que apoiou e saiu vitoriosa pelas mãos de 54 milhões de votos nas eleições de 2014, em nota oficial, atribui ao julgamento do impeachment como “fraudulento”, e sua aprovação, “um golpe contra a democracia”. Em nota, o PCdoB propõe que as forças democráticas, progressistas e populares continuem no caminho da unidade, da amplitude e da resistência.

Segue abaixo a íntegra da nota:

Dois votos, duas sentenças

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Convém prestar atenção à luz que apareceu no segundo tempo da sessão do Senado que aprovou o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, num placar de 61 a 20.

Chamados a dar um segundo voto em separado, no qual tinham de decidir se Dilma deveria manter seus direitos políticos, com a possibilidade de candidatar-se a cargos eletivos sem cumprir uma suspensão prevista de oito anos, sem falar em cargos da administração pública, nada menos que 20 senadores mudaram de posição. Um total de 19 simplesmente votaram pela preservação dos direitos de Dilma. Outros quatro se abstiveram, o que na prática é um voto a favor dela. Com o placar de 42 votos a favor de Dilma, 39 contra, configurou-se uma primeira derrota de Michel Temer minutos depois de ele ganhar o direito de usar a faixa presidencial. Numa simples operação matemática, cabe observar que, se os aliados de Dilma tivessem obtido esses 39 votos na primeira decisão, o impeachment teria sido derrotado por larga margem e ela estaria de volta ao gabinete do Planalto.

Canalhas venceram a batalha, não a guerra

Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:

Aquilo que estudamos no colégio e víamos como algo distante no tempo, sem chance alguma de se repetir, acaba de acontecer novamente.

Os tanques na rua não pegam bem em pleno século 21 (o fracassado golpe militar na Turquia não deixa dúvidas), então foram substituídos por Sérgio Moro e por setores da PF e do MPF para criar o clima propício ao golpe.

De resto, tudo muito parecido com 1964: barões da mídia manipulando a classe média, que, assustada e desorientada (em 64 com a propaganda anticomunista, em 2016 com a propaganda anti PT), dá um tiro de bazuca no próprio pé.

O impeachment e o mundo paralelo da mídia

Por Bia Barbosa, na revista CartaCapital:

O impeachment foi aprovado e a presidenta Dilma Rousseff foi definitivamente afastada. Ao longo dos últimos meses, analisamos por diversas vezes o papel que os maiores meios de comunicação desempenharam na legitimação deste impedimento, na desconstrução e negação dos argumentos da defesa de Dilma e na formação de uma parcela da opinião pública contra o governo legitimamente eleito nas urnas.

Nas últimas 48 horas, tal postura não se alterou, consolidando uma linha editorial que já rendeu livros e certamente será objeto de muitas pesquisas no futuro. Uma vez mais na história brasileira, a urgência da democratização dos meios, de diversidade e pluralidade midiática se confirmou, sem as quais nossa democracia seguirá em permanente risco. Explicamos por quê.