quarta-feira, 24 de maio de 2017

O "governo" Temer e a crise de hegemonia

Por Armando Boito, no jornal Brasil de Fato:

O governo Michel Temer balançou, embora ainda não tenha caído. É um governo instável. Para entender o que está ocorrendo, é preciso desvencilhar-se de ideias correntes que são verdadeiros obstáculos no caminho da compreensão do momento atual:

a) a ideia de que a “direita”, essa noção genérica, vaga e imprecisa, seria um campo unificado;

b) a ideia de que a burguesia seria uma classe homogênea e com poder de controlar todo o processo político;

c) a ideia de que o Estado seria um instrumento passivo nas suas mãos e, ainda;

d) a ideia segundo a qual os conflitos de classe oporiam apenas dois polos – o “capital” e o “trabalho”.

Saída de Temer é questão de tempo

Por Renato Rovai, em seu blog:

A situação de Michel Temer se deteriora tão rapidamente que ele terá dificuldades de terminar a semana à frente da presidência da República.

O trunfo que ele tinha para permanecer no cargo eram, pela ordem: a) o apoio da Globo e de toda a mídia; b) uma base fisiológica no Congresso que era mantida na base dos mais espúrios esquemas; c) as reformas neoliberais que prometia fazer aos grandes empresários e banqueiros.

Temer não tem mais nada disso. Foi-se a Globo e com ela o resto foi escorrendo pelos dedos.

Tanto que no jantar que ofereceu ontem na sua casa conseguiu reunir aproximadamente 30 parlamentares, entre deputados e senadores. Ou seja, quase ninguém.

Ilusões de Temer, cabra marcado para cair

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Temer e sua turma vivem a ilusão de que nas últimas horas as coisas melhoraram e que ele pode até sobreviver, mesmo ferido e sangrando. Alguns aliados tentam empurrar a reforma trabalhista no Senado, Rodrigo Maia tenta destravar a pauta da Câmara, apesar da obstrução da oposição, DEM e PSDB adiaram o desembarque, houve a desqualificação da gravação do homem-bomba da JBS...Tudo ilusão. A queda de Temer é um fato marcado para acontecer, faltando apenas alguns acertos dentro do “establishment”, especialmente sobre quem será o “indireto” sem rabo-preso a ser eleito para tocar a agenda liberal com mais eficiência. O rito a ser seguido deve ser mesmo o da cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE, a partir de 6 de junho. Até lá, seremos entretidos com fogos de artifício.

Às portas de uma anti-Revolução de 1930

Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:

“Estamos às portas de uma crise que já não é de governo, mas de regime”. A frase é de Marco Aurélio Garcia, ex-assessor internacional de Lula e Dilma, que além de ter atuado nos bastidores dos dois governos é historiador e observador da cena política.

Ao contrário do que se imaginava, a Lava-Jato e o movimento comandado por procuradores, juízes e delegados federais não tinham como objetivo apenas derrubar o governo Dilma, nem destruir o “lulo-petismo” – como davam a entender colunistas e políticos ligados ao tucanato.

Este blogueiro, desde 2015, lembra que a Lava-Jato tinha, sim, um claro viés antipetista; mas sempre foi muito mais que isso.

Fim do golpe ou novo pesadelo?

Por Bajonas Teixeira, no blog Cafezinho:

É preciso entender os efeitos das denúncias da JBS. Sabemos que foi um golpe nos golpistas - Michel Temer e Aécio Neves foram encurralados. Será muito difícil escaparem do cerco. Temer, com mais apoios entre o grande capital (Fiesp, CNI, bancos e latifúndio) está tentando romper o cerco. Mas, massacrado pela parte mais poderosa da mídia (a Globo), encurralado pela Justiça e fustigado pela OAB, com a base política derretendo, ele deve cair. Pode demorar um pouco, mas é inexorável. Junto com Temer, são os políticos, sempre tidos como os homens mais espertos do país, que levaram uma rasteira histórica. Quem os ludibriou?


Urgente: "NaMaria" precisa da sua ajuda!

https://www.apoie.me/maria
Por Conceição Lemes, no blog Viomundo:

A campanha Apoie Maria está na reta final.

Quem quiser ajudar, é só clicar aqui.

Faltam apenas três dias para encerrar.

A nossa Maria, como sabem agora, é a queridíssima e brilhante NaMaria, do blog NaMariaNews.

Há anos ela vive uma tragédia.

Perdeu o companheiro de 40 anos de vida.

Poder econômico se apossou do Estado

Por Marcio Pochmann, na Rede Brasil Atual:

Durante o período da ditadura civil-militar (1964-1985), os principais inimigos da democracia podiam ser simplificados pelos grandes capitalistas e pelo estamento dirigente estatal, ambos tementes das reformas civilizatórias prometidas no ciclo político do segundo pós-guerra (1945-1964). Por conta disso, as reformas de base apresentadas pelo governo Jango para conter o tipo de capitalismo selvagem estabelecido no Brasil foram brutalmente rompidas pelo golpe de Estado em 1964.

A xepa no fim de feira do governo Temer

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

É unânime a convicção de que o governo Michel Temer acabou.

Acabou mesmo, mas é contraditório que, justamente por isso, tenha se tornado extremamente perigoso nestes estertores finais.

Temer passou a mendigar qualquer apoio e o apoio que há disponível é aquele que vem dos empresários, dispostos a comprar barato a liquidação dos direitos do povo brasileiro.

Ontem, um anúncio de página inteira da Confederação Nacional da Industria, a CNI, faz um “comunicado” (comunicado, como aos empregados) à Nação, dizendo que “não pode haver retrocessos nos avanços duramente conquistados nos últimos meses”.

terça-feira, 23 de maio de 2017

Reinaldo Azevedo e o arbítrio fascista

Por Laura Capriglione, no site dos Jornalistas Livres:

O jornalista Reinaldo Azevedo é um colunista preconceituoso, violento e, certamente, um dos artífices da mentalidade fascista e intolerante que vem tomando conta do Brasil. Foi ele que cunhou a expressão “petralha”, para impingi-la como um xingamento aos milhões de militantes que lutam por um mundo menos cruel, injusto e desigual.

Pois eis que o colunista de Veja, apanhado em grampo com Andréa Neves, a irmã que é Aécio, viu sua conversa vazar pela imprensa, sem que crime algum tenha sido rastreado no diálogo ameno, até desinteressante, posto que mera fofoca. A divulgação do grampo foi feita pela Procuradoria Geral da República, que precisa explicar por que o fez.

O linchamento midiático no Brasil

Reinaldo Azevedo e a liberdade de imprensa

Por Glenn Greenwald e Erick Dau, no site The Intercept-Brasil:

Na tarde hoje, o Buzzfeed Brasil publicou um artigo descrevendo uma ligação privada entre o colunista da Veja Reinaldo Azevedo e a irmã do Senador afastado Aécio Neves, que foi presa na semana passada pela Operação Lava Jato. A conversa, que foi tornada pública pela Procuradoria Geral da República, contem alguns trechos jornalisticamente interessantes – incluindo o tom extremamente amigável de Reinaldo Azevedo e suas críticas a uma reportagem da revista Veja, o que agora levou a seu pedido de demissão.

Mas não há qualquer relevância para a prova de qualquer crime. De fato, o próprio Buzzfeed escreveu:


Mané Garrincha e o jagunço do impeachment

Por Altamiro Borges

A vida é cruel e irônica. Na cavalgada golpista pelo impeachment de Dilma Rousseff, parlamentares mais sujos do que pau de galinheiro fizeram discursos hipócritas em defesa da ética, da moral e dos bons costumes. Na sequência, vários deles caíram em desgraça e foram desmoralizados. Eduardo Cunha, o chefe da "assembleia de bandidos" que deflagrou o processo na Câmara Federal em abril do ano passado, agora está preso. O cambaleante Aécio Neves, o tucano mimado que não aceitou a derrota nas urnas e jogou o país no desfiladeiro, também está prestes a ir para a cadeia. Já nesta terça-feira (23), outro falso moralista, o deputado Rogério Rosso, que presidiu a comissão do impeachment de Dilma e sempre posou de paladino da ética, também foi pego com a boca na botija. Ele é acusado de receber dinheiro desviado das obras do estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Rocha Loures tem negócios com Doria?

Por Altamiro Borges

O "prefake" João Doria, que adora chamar os grevistas de "vagabundos" e os adversários políticos de "bandidos", pode ser mais uma vítima das bombásticas delações dos chefões da JBS. Ele até tentou ficar distante do explosivo assunto. Disse apenas que estava decepcionado com as palavras de "baixo calão" do seu amigo Aécio Neves e tentou esconder as suas relações carnais com Joesley Batista. Para despistar, ele também se travestiu de capanga e esbanjou truculência na Cracolândia, no centro de São Paulo. Todas estas manobras diversionistas, porém, talvez não sejam suficientes para salvar a sua imagem – tão trabalhada pelos marqueteiros e pela mídia chapa-branca. Nesta segunda-feira (22), o site da insuspeita revista Veja postou uma notinha que mostra as estranhas ligações de João Doria com o deputado Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala do Judas Michel Temer.

Cinco motivos para desconfiar da Globo

Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

O escândalo que fez de Michel Temer e de Aécio Neves mortos vivos da política brasileira não teria a mesma repercussão se a Rede Globo não estivesse com seus canhões mirados nos dois.

Mas é preciso separar o joio do trigo – no caso, um tipo de trigo é o trabalho dos procuradores da República e dos policiais federais em Brasília que, ao contrário de seus colegas no Paraná, trabalharam e trabalham em silêncio.

Eles apuram fatos, reúnem provas e estas falam por si.

Já a Globo, como fez no Fantástico deste domingo, começa a fazer uma campanha pela moralidade pública.

Aécio e a democracia de conveniência

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Aécio Neves não é - com toda certeza - o primeiro homem público brasileiro a trocar os princípios democráticos pelas conveniências políticas e projetos pessoais.

Mas poucos agiram como ele. Após a derrota na eleição presidenciais de 2014, Aécio tornou-se o primeiro líder de uma conspiração para sabotar a vontade das urnas, que culminou na deposição de Dilma Rousseff em maio-agosto de 2016. Apanhado na rede das delações de Joesley Batista, dois anos e cinco meses depois, este comportamento dificulta seus esforços para convencer a Justiça e os brasileiros - de que é inocente até que se prove o contrário.

Só se ilude com a rede Globo quem é bobo

Por Laryssa Sampaio, no site do Mídia Ninja:

Não bastassem o apoio ao golpe militar de 1964 e ao golpe político de 2016, a Rede Globo, em aliança com setores do judiciário e da burguesia, se lança novamente como suporte de um golpe, agora o `golpe dentro do golpe`. Como quem joga um jogo de tabuleiro, manipula fatos, criando e “descriando” presidentes de acordo com os interesses seus e da classe que representa.

A maior representação do monopólio das comunicações do nosso país, quiça do mundo, aproveita-se de todo esse poder para entrar em nossas casas, sem pedir licença, e dizer o que é falso e verdadeiro, o que é certo e errado, legítimo e ilegítimo. Isso não acontece só hoje. Como de praxe, a Globo no período da ditadura militar, momento em que mais construiu e fortaleceu seu império ($$$$), escondeu as lutas pela redemocratização, negando o direito a informação e mostrando que seu compromisso não é com seus telespectadores, mas sim com a classe dominante e com o sistema político em curso.

Temer e as perspectivas do golpe

Por Jeferson Miola

O único poder que Michel Temer ainda possui é o poder de não renunciar. Ele não consegue quórum nem em jantares no Palácio; está esvaziado e acuado, sem credibilidade e legitimidade. Temer, enfim, desmanchou; foi engolido pelas acusações graves e indesmentíveis de crimes.

Ele só não renuncia porque é mantido pelo PSDB. Quando os tucanos debandarem – e esta é uma hipótese que poderá se materializar em breve – Temer chega ao fim.

Com a não-renúncia, Temer no máximo consegue adiar a solução final, porém fica isolado, sem poder de mando administrativo e capacidade política.

Temer vai para a guerra

http://brazilcartoon.com.br/
Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

Michel Temer foi muito pressionado a renunciar após a notícia de que teria endossado um cala-boca em Eduardo Cunha, mas garantiu: “Não renunciarei”. Sair do cargo por conta própria seria apressar o desfecho da crise. Retardar as coisas é o trunfo para negociar sua salvação futura com as forças políticas e econômicas que apoiaram o impeachment.

Com disposição para esticar a corda, o presidente chamou os chefes das Forças Armadas ao Palácio do Planalto nesta sexta-feira, 19. Parece preparar-se para enfrentar as ruas, de onde pode vir pressão por um imediato “Fora Temer”. Na véspera, houve protestos em várias capitais e um deles, no Rio, teve confrontos entre black blocs e policiais. No domingo 21, haverá mais manifestações.

Temer perdeu o apoio do oligopólio da mídia

Por André de Oliveira, no site Sul-21:

Transcorrido menos de um ano do afastamento definitivo de Dilma Rousseff da presidência da República, o assunto brasileiro é novamente o impeachment ou renúncia de um presidente. Depois da conversa gravada pelo dono da JBS, Joesley Batista – em que ele fala com Michel Temer sobre planos para barrar a Operação Lava Jato – o assunto ganhou as tribunas do Congresso, as ruas e os telejornais. As únicas questões discutidas no Brasil passaram a ser: Temer vai renunciar? Quando vai renunciar? E, se renunciar, o que pode acontecer depois? O cenário é tão ou mais incerto do que o que precedeu o impeachment de Rousseff. 

Manipulações e expectativas na economia

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

As forças políticas e os interesses econômicos que se articularam e conspiraram abertamente para o êxito do movimento que provocou o golpeachment estão em estado de alerta. Afinal, sonhavam com um futuro bem mais róseo e um pouco menos problemático do que a realidade que vivemos atualmente em nosso País.

As recomendações que sussurravam nos ouvidos dos liberais e dos conservadores ainda hesitantes em apoiar a solução ilegal e carente de base constitucional poderiam ser resumidas em um mantra sedutor: ‘Não se preocupe não. É fácil. Primeiro a gente tira a Dilma. Depois, tudo o mais se acerta”.