sexta-feira, 30 de março de 2018

Prisão dos amigos de Temer: A casa caiu

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

A prisão de amigos de longa data, todos próximos e relacionados a suspeitas de corrupção na área portuária, deve liquidar com as pretensões do presidente Michel Temer de concorrer à reeleição, ou mesmo de tornar-se figura de peso na disputa. Ele volta às cordas, depois da ofensiva com a agenda de segurança. Tornou-se agora realmente provável a apresentação, pela Procuradoria Geral da República, de uma terceira denúncia contra ele, que tramitaria na Câmara em ambiente político bem diferente daquele que permitiu a rejeição de outras duas. A principal diferença tem um nome: Rodrigo Maia. Ele, que comandaria a tramitação da denúncia, e seria o sucessor legal de Temer caso fosse aprovada, agora é candidato a presidente e distanciou-se muito do governo. Ele e o DEM perderiam a chance de uma disputa presidencial no cargo? O Centrão ajudaria?

Temer encurralado: cadê os patos da Fiesp?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Com esta blitz desfechada por STF, PGR e PF, na véspera do feriadão, para prender os amigos do peito do presidente Michel Temer (os que ainda estavam soltos, claro), senti falta dos barulhentos personagens que foram às varandas e às ruas dos bairros chiques das cidades para derrubar a presidente Dilma Rousseff, em nome do “combate à corrupção”, apenas dois anos atrás.

Cadê as paneleiras que não podiam ver a cara de Dilma na TV que já entravam em transe e começavam a gritar palavrões ao lado os filhos nos idos de 2016, quando Romero Jucá já queria “estancar a sangria, com o Supremo, com tudo”, e colocar Temer em seu lugar?

O padre que é vítima do ódio no Paraná

Por Daniel Giovanaz, no jornal Brasil de Fato:

A passagem da caravana do ex-presidente Lula por Foz do Iguaçu (PR), nesta segunda-feira (26), teve um sabor agridoce para os militantes paranaenses. Se, por um lado, o ato público foi bem-sucedido e o petista foi aclamado como pré-candidato à Presidência em 2018, também houve registros de violência e manifestações de intolerância.

Uma das vítimas mais graves foi o padre Idalino Alflen, de 64 anos, que levou uma pedrada na cabeça e foi atropelado por uma motocicleta quando chegava ao Sindicato dos Eletricitários (Sinefi), minutos antes do pronunciamento de Lula.

Temer x Barroso: o duelo continua

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A justificativa de que havia “ameaça de destruição de provas” para a prisão do ex-assessores de Temer – o advogado José Yunes e o coronel João Batista Lima – e do dono da Rodrimar, Antonio Grecco, mais de um ano depois das denúncias sobre corrupção nos negócios no Porto de Santos, é claro, não se sustenta.

É evidente que o que podia ou se desejaria ver destruído teve tempo de sobra para sê-lo e, ainda que houvesse algo, bastaria um mandado de busca e apreensão, não a prisão provisória dos supostos “malas” presidenciais.

O Supremo é um campo sangrento de batalha

A cadela no cio do fascismo agora pariu

Por Mauro Lopes, em seu blog:

O dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956), um dos maiores da história e que combateu valentemente o nazismo, dizia que “a cadela do fascismo está sempre no cio”, pronta a dar filhotes. Pois ela acaba de parir no Brasil. Estamos presenciando uma escalada fascista sem precedentes na história. Os números, parciais, não revelam toda a dimensão da violência que se abate sobre o país, especialmente sobre os mais pobres. Em 15 dias, de 12 a 27 de março, foram pelo menos 25 ações de extrema violência com apoio a elas dos líderes políticos de direita: 26 execuções, várias detenções e prisões, dezenas de ataques, espancamentos e agressões com feridos sem conta, ameaças de morte e ações brutais das polícias. Três padres foram alvo da escalada: um ameaçado de morte, um preso e um espancado. A violência é protagonizada por milícias de adeptos de Bolsonaro, policiais e forças paramilitares.

Os homens de Temer: presos ou enrolados

Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

Se Michel Temer é o chefe da mais perigosa organização criminosa do Brasil, na definição do criminoso confesso Joesley Batista, quem são os membros da quadrilha?

Aqui, a tropa do Michel, que governa o Brasil desde maio do ano passado. Quem não está em cana está enrolado na Lava Jato.

Eliseu Padilha – é secretário da Casa Civil e tem uma forte ligação com Michel Temer desde o governo de Fernando Henrique Cardoso. Logo depois que a Câmara dos Deputados, então presidida por Michel barrou a instalação da CPI que investigaria a denúncia de compra de votos para a emenda da reeleição, foi nomeado ministro dos Transportes. A nomeação foi o resultado da pressão exercida por Michel Temer sobre Fernando Henrique Cardoso, conforme este narra em seu Diários da Presidência.

STATUS: ENROLADO


Estado judicial avança com Barroso

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A prisão do coronel Lima, do advogado José Yunes e outros personagens da cozinha de Michel Teme deve ser vista de duas formas.

A primeira, como um novo lance das investigações em torno de esquemas de corrupção em torno de Michel Temer, que levaram para a cadeia personagens como Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Henrique Eduardo Alves. Nada mais justo que essas denuncias sejam apuradas e investigadas.

A hipótese de que o passo seguinte será o julgamento, condenação e impeachment de Michel Temer, reapareceu em muitas mentes, ainda que, pelo calendário eleitoral, lhe reste uma vida útil de oito meses na Presidência - se tudo andar nos trilhos, em alta velocidade.

Facebook: adeus à ingenuidade

Por Rafael Zanatta, no site Outras Palavras:

O escândalo envolvendo a maior rede social do mundo e a mais polêmica consultoria política do ocidente virou a mesa do jogo sobre proteção de dados pessoais e regulação das grandes empresas de tecnologia.

Trata-se de caso tão impactante, e de repercussões midiáticas e políticas tão intensas, que não há alinda elementos para fazer uma avaliação completa sobre todos os desdobramentos possíveis. Como afirmou Giovanni Buttarelli, supervisor de proteção de dados pessoais da União Europeia, trata-se “do escândalo do século”, sendo que nós “só enxergamos a ponta do iceberg”.

O legado nefasto de Doria em São Paulo

Por Antônio Donato, na revista Teoria e Debate:

João Doria está deixando a Prefeitura de São Paulo, onde nunca esteve pra valer. No início de abril ele renuncia, oficialmente, ao cargo de prefeito para se candidatar a governador na eleição de outubro. Na prática, o tucano nunca assumiu de fato o mandato de prefeito que lhe foi conferido pelo povo de São Paulo. Nesses quinze meses em que ocupou o cargo de chefe do Executivo gastou a maior parte do tempo e de sua energia para garantir sua candidatura em vez de resolver os problemas da cidade.

A ligação de Temer com o Porto de Santos

Charge do Clayton (O Povo/CE)
Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

Henrique Meirelles decidiu deixar o cargo de ministro da Fazenda e filiar-se ao MDB para ser o candidato presidencial apoiado por Michel Temer, caso o próprio chefe da nação não tente a reeleição. Má ideia. Com a campanha logo ali, Temer tem tudo para ser tragado por uma devassa em suas ligações com o Porto de Santos e assim se tornar um cabo eleitoral ainda pior do que já é com seus 5% de popularidade .

A prisão de amigos e financiadores de Temer nesta quinta-feira, 29, mostra que o inquérito nascido de um decreto presidencial de 2017 resolveu mexer a fundo nos velhos vínculos do emedebista com o porto.

O nome do ódio é fascismo

Por Joan Edesson de Oliveira, no site Vermelho:

“E Nhô Augusto fechou os olhos, de gastura, porque ele sabia que capiau de testa peluda, com o cabelo quase nos olhos, é uma raça de homem capaz de guardar o passado em casa, em lugar fresco perto do pote, e ir buscar da rua outras raivas pequenas, tudo para ajuntar à massa-mãe do ódio grande, até chegar o dia de tirar vingança.” João Guimarães Rosa, em A hora e a vez de Augusto Matraga

Mestre João Guimarães sabia de coisas. O que vivemos hoje no Brasil combina perfeitamente com a sua descrição. Setores cada vez mais agressivos babam de ódio enquanto aguardam pelo dia de tirar vingança. Essa vingança só se consumará com a prisão de Lula ou com coisa pior, a julgar pelos ataques recentes contra a sua caravana. A massa-mãe do ódio grande é alimentada diariamente pelas outras raivas pequenas.

quinta-feira, 29 de março de 2018

O PSDB diante do atentado contra o Lula

Por Jeferson Miola, em seu blog:

O PSDB perdeu uma oportunidade histórica de se posicionar no campo democrático, na luta contra o fascismo e em defesa do Estado de Direito. O partido prova assumir uma trajetória não só hiper-conservadora, como também autoritária.

O partido tucano não condenou categoricamente o atentado contra Lula. Ao contrário: ou aplaudiu ou silenciou e se omitiu. O PSDB se mostrou dividido entre 2 facções.

Uma delas é integrada por dirigentes que aplaudiram o atentado terrorista. Neste agrupamento estão irmanados o presidente nacional e candidato presidencial pelo PSDB, Geraldo Alckmin, e o prefeito MBL João Dória.

Contra a escalada fascista, pela democracia

Foto: Mídia Ninja
Do Blog do Renato:

O Partido Comunista do Brasil repudia os atos de violência contra a caravana do ex-presidente Lula no sul do país ocorridos desde o seu início. Nesta terça-feira (27), no interior no Paraná, assumiu a feição de atentado político, “de emboscada”, quando dois ônibus que transportavam jornalistas e convidados foram atingidos por balas.

É inadmissível a leniência e a omissão dos governos estaduais e também do governo federal em garantir a segurança do ex-presidente e de sua comitiva, da qual também chegou a fazer parte a ex-presidenta Dilma Rousseff. As bárbaras agressões físicas e até ​com ​armas de fogo tentam impedir o direito constitucional de ir e vir de dois ex-presidentes da República.

Os cúmplices paulistas do atentado a Lula

Por Gilberto Maringoni, na revista Fórum:

O fato mais grave do dia não é o atentado a tiros à comitiva do presidente Lula, no Paraná.

O fato mais grave do dia é o aval que Geraldo Alckmin e João Doria deram à tentativa de homicídio do líder petista e seus companheiros.

Da disputa de narrativas sobre a morte – e a vida – de Marielle Franco, passamos, neste caso, à uma desfaçatez ainda maior. Agora a extrema-direita não está tentando fazer valer alguma calúnia de que Lula seria amigo de Marcinho VP ou se andava com bandidos.

Lula: 'O culpado desse ódio chama-se Globo'

Em Curitiba (PR), 28/3/18. Foto: Ricardo Stuckert
Da Rede Brasil Atual:

No ato que encerrou a quarta etapa da Caravana de Lula pelo Brasil em Curitiba, a defesa da democracia e a condenação aos atos de agressão sofridos pela comitiva do ex-presidente deram a tônica de vários dos discursos feitos na noite desta quarta-feira (28).

"Nós não podemos jamais nos dividir naquilo que é central. O Brasil vive há dois anos sob um comando golpista. Sofremos um golpe que, além de antidemocrático, tem um sentido antinacional, ressaltou a pré-candidata à presidência da República Manuela d'Ávila (PCdoB). "É o golpe da entrega do Brasil, do pré-sal, do congelamento dos investimentos sociais. Que pensa a partir da judicialização da política, para que Lula não possa concorrer às eleições."

Quem puxou gatilho contra Lula foi Bolsonaro

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

O Ministério Público acolheu representação do Coletivo de Advogados pela Democracia (CAAD) contra dez suspeitos do atentado a bala contra o ex-presidente Lula. Foi fácil identificar os suspeitos através de grupos de whats app nos quais foi tramado o ataque ao ex-presidente. Todos os suspeitos são de grupos que apoiam Jair Bolsonaro.

Matéria da revista Brasil de Fato revelou uma coleção impressionante de prints de conversas dos criminosos em grupos de Whats App nos quais combinaram os ataques ao ex-presidente Lula e à sua comitiva.

“A culpa é do PT” até na hora de levar tiro

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Se alguém é assassinado neste país hoje ela será uma vítima ou a culpada de sua própria morte, a depender da raça, gênero, classe social, origem, orientação sexual e posição ideológica. Se for branco ou homem ou rico ou heterossexual ou de direita ou tudo isso junto será vítima. Se for negra ou pobre ou LGBT ou de esquerda ou tudo isso junto, “está colhendo o que plantou”.

Foi assim com Marielle e é assim com os ataques a bala contra a caravana do ex-presidente Lula. Felizmente, ninguém se feriu. Mas é preocupante que um governador de Estado do PSDB, adversário do petista, culpe a vítima pela violência sofrida, incitando a que haja mais violência ideológica. “Eles estão colhendo o que plantaram”, disse Geraldo Alckmin, ecoado pelo aliado João Doria. “O PT sempre utilizou da violência, agora sofreu da própria violência.”

Viver no Brasil está virando um calvário

Por Bepe Damasco, em seu blog:

Em qualquer país civilizado do mundo um atentado contra um ex-presidente da República seria motivo de comoção generalizada e objeto de repúdio por parte das forças políticas e da sociedade. Aqui não são poucos os que põem a culpa na vítima.

O bárbaro assassinato da vereadora Marielle Franco, trucidada por denunciar a violência praticada por agentes do Estado contra negros, pobres e favelados, e a chacina dos jovens de Maricá são retratos sem retoques do Brasil de hoje.
 

O novo codinome da privatização

Por Gilberto Bercovici e Felipe Coutinho, no site Carta Maior:

Pesquisa recente apontou que 70% dos brasileiros são contra a privatização da Petrobrás, enquanto 78% são contra o capital estrangeiro na companhia. (Folha de S.Paulo, 2018) Talvez por isso a atual direção da Petrobras evite usar a palavra “privatização”. Sob o eufemismo “parcerias e desinvestimentos”, o plano estratégico tem a meta de privatizar US$ 34,7 bilhões de ativos da estatal entre 2015 e 2018. (Petrobras, PNG 2017-2021, 2016) (Petrobras, PNG 2018-2022, 2018).

As privatizações têm sofrido questionamentos na Justiça e no Tribunal de Contas da União (TCU). Em março de 2017, a Petrobras divulgou que “adaptou o seu programa de desinvestimentos à sistemática aprovada pelo TCU”. A adaptação teve resultado sobre as vendas em andamento e não surtiu efeito sobre os projetos cujos contratos de compra e venda já haviam sido assinados.