sexta-feira, 2 de novembro de 2018

O alerta da China a Bolsonaro

Por Haroldo Lima, no Blog do Renato:

As reiteradas posições inamistosas de Bolsonaro face à China fizeram com que este país, dois dias após a eleição no Brasil, tenha lavrado um protesto a suas posições e expressado um alerta vigoroso.

Jair Bolsonaro conseguiu ser eleito presidente da República sem apresentar suas ideias sobre o Brasil. Vituperava frases, em geral insolentes, agredindo setores sociais vulneráveis. Sobre a economia, repetia bordões genéricos e voluntaristas. Suas afirmações causavam sobressalto, mas seus apoiadores acreditavam que ele não as cumpriria. Nunca se desejou tanto que um presidente eleito desconsidere tudo o que prometeu. É a torcida de muitos dos que votaram nele, com elevada dose de ingenuidade.

Moro se assumiu como agente do golpe

Por Jeferson Miola, em seu blog:

Ao primeiro assobio, Moro se atirou no colo do presidente eleito como aquele cachorrinho faceiro, com o rabo abanando, ávido por receber do seu dono a recompensa pelo dever cumprido.

O editorial da Folha de SP [1º/11] se espantou com “a sofreguidão com que o juiz federal Sérgio Moro atendeu ao chamado do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), poucas horas após o fechamento das urnas […]” [sofreguidão, no dicionário Houaiss: característica do que é sôfrego; voracidade, gulodice; desejo ou ambição de conseguir sem demora alguma coisa; avidez ‹s. de enriquecer›; desejo sensual imoderado].

Anotações sobre o grande desastre

Por Gilberto Maringoni

A maior proeza de Jair Bolsonaro não foi ter vencido as eleições. Foi ter imposto sua agenda para toda a disputa.

E esse – contraditoriamente – pode ser seu calcanhar de Aquiles no governo.

A mercadoria que prometeu vagamente entregar – “mudar isso que está aí” – pode não constar de seu estoque.

Esse é tema para outro artigo. Quero me deter no caminho que percorremos até aqui.

Unir os democratas e resistir sem trégua

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

O fator mais evidente que explica a derrota histórica da esquerda e dos democratas foi a cegueira em relação aos reais motivos e à profundidade do golpe de 2016.

O golpe teve o objetivo de subordinar o país, eliminar um governo que, apesar de sérios erros, era a continuidade de políticas independentes que iam de encontro aos interesses dos EUA. A exploração do pré-sal, a articulação do país com China, Rússia, Índia e África do Sul, a atuação de empresas nacionais no cenário externo foram fatos que provocaram a ação norte-americana.

A lógica macroeconômica de Paulo Guedes

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Vamos a um pequeno balanço das primeiras medidas econômicas anunciadas pela equipe de Bolsonaro. Não devem ser interpretadas como definitivas, dado o grau de confusão inicial. Haverá ainda trombadas até que consolidem cargos, responsabilidades e decisões.

A junção de Agricultura e Meio Ambiente

Um desastre já alertado pelo próprio agronegócio. Qualquer evidência de desrespeito ao meio ambiente fechará os mercados europeus aos grãos brasileiros.


Moro e a fundação do Estado policial

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Para quem não percebeu, o registro: amanhã, ainda que não se formalize imediatamente a aceitação, por Sérgio Moro, do cargo de “superministro” da Justiça, é a data da fundação do novo estado policial brasileiro, agora já saindo de sua fase larval para começar a tomar sua forma adulta.

A montagem é cuidadosa: não será só colocar sob um comando incontestável, o de Moro, a Polícia, o Ministério Público e o poder Judiciário, intimidado, a seu reboque.

Segurança deve preocupar a esquerda

Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                                                                                               
As ameaças de perseguição, exílio e cadeia às lideranças dos movimentos sociais e de partidos de esquerda não foram retiradas pelo capitão nazista que venceu as eleições presidenciais.

Ao contrário, na entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, quando perguntado sobre seu discurso para manifestantes da Avenida Paulista, no domingo anterior à eleição, Bolsonaro disse sem rodeios que se referia às cúpulas do PT e do PSOL.

Ou seja, reafirmou que faz parte de seus planos macabros rasgar a Constituição, fazendo letra morta das garantias fundamentais asseguradas pelo texto constitucional. E esse ataque aos direitos civis è as liberdades públicas pode se dar em várias frentes.

A "pacificação" nos termos de Bolsonaro

Por Mário Magalhães, no site The Intercept-Brasil:

No pronunciamento lido na noite do domingo, o presidente eleito Jair Bolsonaro mencionou uma vez o substantivo “democracia” e cinco vezes variações do adjetivo “democrático”. Citou 11 vezes a palavra “liberdade” e seis vezes “Deus”.

O marechal Castello Branco falou duas vezes “liberdade” e três vezes “livres” no discurso de posse como presidente, em abril de 1964. Evocou a democracia em cinco passagens. Limitou-se a uma referência a Deus. O orador tornava-se então o primeiro dos cinco ditadores do regime recém-parido. Foi escolhido por um Congresso manietado, e não por sufrágio universal.

Sergio Moro e o grande xerife

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

A presença do juiz Sergio Moro no superministério da Justiça do governo Bolsonaro é reveladora do tamanho das ambições políticas do presidente eleito e da existência de um projeto articulado de permanência do novo bloco no poder.

Se não com o próprio Bolsonaro (que já disse não desejar a reeleição, mas pode recuar, como tem recuado de outras decisões), com quem represente a extrema direita vitoriosa.

No núcleo duro do novo poder já se dizia, ontem, que Moro pode ser candidato a presidente em 2022.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Moro: de cabo eleitoral a superministro

Por Altamiro Borges

Herói da mídia monopolista, o juiz Sergio Moro acaba de ganhar de presente o posto de superministro do fascista Jair Bolsonaro. Ele cuidará da pasta da Justiça – tendo como chefe um presidente que defende a tortura e que é assumidamente machista, racista e homofóbico, e como futuros colegas inúmeros ministros que são acusados por corrupção e uso do Caixa-2, como Ônyx Lorenzoni e Alberto Fraga. Ao anunciar que aceita o cargo, o vaidoso magistrado apareceu ao lado do rentista Paulo Guedes, um abutre financeiro metido em vários escândalos de agiotagem.

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Saga bolsonarista e os desafios da oposição

Por Roberto Amaral, em seu blog:

O resultado do pleito do dia 28 último não deve ser estudado como um episódio em si, autônomo, fato isolado.

Estamos diante de fenômeno mais extenso e mais profundo do que sugerem as aparências, e suas raízes, sabidamente, nos remetem às jornadas de 2013, esfinge ainda não decifrada por analistas e políticos e que, por isso mesmo, vem devorando governos, partidos e lideranças. Entre muitas de suas artes está a de promover erupções que seguidamente surpreendem os cientistas, seja pela sua extensão, seja pela sua profundidade, semelhando a movimentação de placas tectônicas imprevistas pelos melhores sismógrafos.

Paulo Guedes e a social-democracia

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Tocqueville (1805-1859) seguidas vezes expressou aversão ao socialismo, arguindo que “a democracia quer a igualdade na liberdade e o socialismo quer a igualdade na extorsão e na servidão”. Morto aos 54 anos, o autor de “A democracia na América” – escrito no Século 19 – não chegou a acompanhar nenhuma experiência socialista “real”, com as suas perversões burocráticas e totalitárias, nem os monstros gerados no ventre dos capitalismos em crise, como o nazi-fascismo. Nem tomou contato sequer longínquo com as experiências social-democratas que fluíram no Século 20. Socialismo e democracia, segundo Tocqueville não eram compatíveis.

O futuro depende de que?

Por Clemente Ganz Lúcio, no site Brasil Debate:

“Sopram ventos malignos no planeta azul”. Manuel Castells, in “Ruptura”

O que se conhece como emprego, ocupação, direitos sociais e trabalhistas e Estado está mudando e se transformará radicalmente nos próximos anos. O que virá é completamente desconhecido. Organizada a partir do mundo do trabalho, a luta por direitos, pela liberdade, democracia, igualdade e justiça terá que ser reinventada.

Autoritarismo de Bolsonaro é repelido

Editorial do site Vermelho:

Mal a Justiça Eleitoral encerrou os procedimentos de apuração do resultado final da eleições, vozes destacadas, que vão além do espectro de apoio à chapa Fernando Haddad-Manuela d’Ávila, se pronunciaram em defesa da democracia. Falaram representantes do Supremo Tribunal Federal (STF), da Procuradoria-Geral da República e da Justiça Eleitoral. O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, pediu “respeito incondicional às instituições e aos direitos fundamentais, em especial às minorias e grupos mais vulneráveis”. Luciano Mariz Maia, vice-procurador-geral, da República, avaliou que nem tudo o que Bolsonaro falou “pode se converter em atos concretos”.

Ignorância ameaça futuro da Amazônia

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

“Tirar a floresta para colocar uma ou duas cabeças de gado por hectare é coisa de uma estupidez e de uma ignorância tão grandes que justifica quando se diz que a barbárie vem aí. É um domínio da ignorância em função de um lucro rápido: desmatar, colocar o boi e tirar aqueles 200 reais 300 reais um boi. É espantoso! Se esse é o futuro que nos reservam, vão se dar mal. Serão corridos pela própria história, que é às vezes lenta, mas implacável”.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Folha e Globo foram covardes com Bolsonaro

Por Renato Rovai, em seu blog:

Bolsonaro está conseguindo vencer o braço de ferro com a imprensa tradicional nesses primeiros dias após a sua vitória. A capa de hoje da Folha de S.Paulo é o recibo mais claro e evidente dessa postura covarde. Mas há outros indícios.

Ontem Bolsonaro foi ao Jornal Nacional para dizer não só à Folha como também para a Globo que os veículos que viessem a fazer jornalismo crítico ao seu governo não irão ter verba publicitária e ainda sentirão o peso da lei.

Novo Congresso veio pior que a encomenda

Por Antônio Augusto de Queiroz, na revista Teoria e Debate:

A eleição do último dia 7 de outubro renovou em 52% a Câmara e em 85% o Senado. O novo Congresso Nacional será mais liberal na economia, mais conservador nos costumes e mais atrasado em relação aos direitos humanos e ao meio ambiente do que o atual. Organizado em torno de bancadas informais – como as evangélicas, a da segurança/bala e a ruralista –, será o mais conservador desde a redemocratização.

Geopolítica em tempos de incerteza

Por Immanuel Wallerstein, no site Outras Palavras:

A arena mais fluida do sistema-mundo moderno, que se encontra em crise estrutural, é possivelmente a arena geopolítica. Nenhum país chega perto sequer de dominar essa arena. O último poder hegemônico, os Estados Unidos, vem há muito agindo como um gigante desamparado. É capaz de destruir, mas não de controlar a situação. Ele ainda proclama as regras que outros devem supostamente seguir. Mas pode ser - e é - ignorado. Há uma longa lista de países que agem como consideram conveniente, a despeito das pressões de outros países para agir de modo específico. Uma olhada ao redor do globo irá rapidamente confirmar a falta de habilidade dos Estados Unidos em conseguir o que desejam.

A construção da Frente Ampla Democrática

Por Luiz Alberto Gomez de Souza, no site Carta Maior:

Nas últimas semanas, vivemos um certo movimento de tomada de consciência cidadã. Houve como que um despertar de alguns setores da população, que se deram conta de um perigo iminente. É o que se chamou uma possível virada eleitoral. Expressiva nas grandes cidades, com pessoas de todas as idades, mas particularmente entre jovens e mulheres. Tempo curto, que não impediu a derrota de nosso candidato Haddad, mas que mostrou um movimento saudável na sociedade e que poderá servir para desenhar um caminho futuro. Pela rua, no momento da votação, aqui no Rio, havia um grande número de botons 13, de pessoas de uma alegria contagiante.

Uma ameaça real à liberdade de expressão

Da Rede Brasil Atual:

A eleição de Jair Bolsonaro (PSL) inaugura no Brasil não apenas uma virada à extrema-direita, mas também um agravamento dos ataques aos veículos de comunicação e jornalistas. Só no período eleitoral, foram registrados 141 casos de agressões contra comunicadores, de acordo com a análise da coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e secretária geral do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Renata Mielli.