Por João Guilherme Vargas Netto
Felizmente os terremotos previstos para acontecer no 7 de Setembro não derrubaram nada, embora façam tremer a superfície e invertam a sabedoria portuguesa: as piores consequências já aconteciam antes.
Com efeito, os problemas do povo e particularmente dos trabalhadores continuaram como antes – doença, desemprego, carestia – e muito pouco se falou de seu enfrentamento (exceto algumas manifestações no campo oposicionista, com destaque para o pronunciamento do ex-presidente Lula na véspera do 7 de Setembro) e muito menos o presidente da República, obcecado por sua pregação golpista, minoritária e contestada.
sexta-feira, 10 de setembro de 2021
A lira do delírio de um ingênuo Arthur
Por Hildegard Angel
Bolsonaro convocou o povo pra insurreição, pra quebrar tudo, escalpelar, matar, que ele garantia, porque ele é o comandante-em-chefe das Forças Armadas.
A Nação ficou em suspense por meses, desde que ele anunciou um 7 de Setembro "do babado". Jair iria barbarizar!
O país parou uma semana, respiração presa na expectativa do pior. Os ricos, animados, fizeram o "brunch do esquenta das manifestações" em suas coberturas.
Bolsonaro convocou o povo pra insurreição, pra quebrar tudo, escalpelar, matar, que ele garantia, porque ele é o comandante-em-chefe das Forças Armadas.
A Nação ficou em suspense por meses, desde que ele anunciou um 7 de Setembro "do babado". Jair iria barbarizar!
O país parou uma semana, respiração presa na expectativa do pior. Os ricos, animados, fizeram o "brunch do esquenta das manifestações" em suas coberturas.
Com o sol na cabeça, no asfalto, ficaram os zumbis do Exército de Bolsonaroleone.
O plano A de Bolsonaro é melar as eleições
Por Luis Felipe Miguel, no Diário do Centro do Mundo:
O entusiasmo do capital, do Centrão e de grande parte da mídia com a “solução” da crise só comprova que o que eles querem é que Bolsonaro lhes dê uma desculpa, por mais fajuta que seja, para continuarem juntos.
Não importa que já existam experiências de sobra para provar que os acenos de Bolsonaro à moderação não valem um tostão furado.
Não importa que um par de horas depois ele já estivesse com as ameaças, insinuações e grosserias de sempre, na famosa laive.
Muito menos importa que os fatos sejam graves demais para que um mero pedido de “escusas”, como diria Sérgio Moro, resolva a situação.
O entusiasmo do capital, do Centrão e de grande parte da mídia com a “solução” da crise só comprova que o que eles querem é que Bolsonaro lhes dê uma desculpa, por mais fajuta que seja, para continuarem juntos.
Não importa que já existam experiências de sobra para provar que os acenos de Bolsonaro à moderação não valem um tostão furado.
Não importa que um par de horas depois ele já estivesse com as ameaças, insinuações e grosserias de sempre, na famosa laive.
Muito menos importa que os fatos sejam graves demais para que um mero pedido de “escusas”, como diria Sérgio Moro, resolva a situação.
Perdeu, Mussolini de araque!
Por Manuel Domingos Neto
Cedinho, topei com meu velho amigo Zé Afonso na fila do pão. Arqueado e triste, disse que esse país não tinha jeito.
Afonso sempre achou que o problema nacional fosse a corrupção. Brasília seria um antro de meliantes. Parlamentares e juízes, nem se fale, todos ladrões. Daí apostar na necessidade de um corajoso que botasse todos na cadeia. Bolsonaro, era mal educado e até podia ser corno, mas, coragem o homem tinha, acreditara o inocente Afonso.
Na volta para casa, encontrei Toinho da Carlota estacionando sua moto possante. Toinho gosta de lustrá-la. Malha todo santo dia e veste camiseta apertada. Respondeu à contragosto meu cumprimento habitual. Havia retirado o adesivo verde-amarelo do “Brasil acima de tudo”. É protegido do Arquimedes, um médico que, dizem, ganha mais dinheiro vendendo reprodutores bovinos e equinos do que atendendo clientes. Duas coisas Arquimedes nunca perde: missa aos domingos e oportunidade de comprar imóveis a preço abaixo do mercado.
Cedinho, topei com meu velho amigo Zé Afonso na fila do pão. Arqueado e triste, disse que esse país não tinha jeito.
Afonso sempre achou que o problema nacional fosse a corrupção. Brasília seria um antro de meliantes. Parlamentares e juízes, nem se fale, todos ladrões. Daí apostar na necessidade de um corajoso que botasse todos na cadeia. Bolsonaro, era mal educado e até podia ser corno, mas, coragem o homem tinha, acreditara o inocente Afonso.
Na volta para casa, encontrei Toinho da Carlota estacionando sua moto possante. Toinho gosta de lustrá-la. Malha todo santo dia e veste camiseta apertada. Respondeu à contragosto meu cumprimento habitual. Havia retirado o adesivo verde-amarelo do “Brasil acima de tudo”. É protegido do Arquimedes, um médico que, dizem, ganha mais dinheiro vendendo reprodutores bovinos e equinos do que atendendo clientes. Duas coisas Arquimedes nunca perde: missa aos domingos e oportunidade de comprar imóveis a preço abaixo do mercado.
quinta-feira, 9 de setembro de 2021
Sobre as manifestações de 7 de setembro
Por Flávio Aguiar, no site A terra é redonda:
A única vez em que as esquerdas brasileiras interromperam a trajetória de um golpe de estado já em marcha foi defendendo a Legalidade, há 60 anos atrás
Desde logo vou dizendo que observei o 7 de setembro com meu óculo de alcance, a 12 horas de voo (pelo menos) do aeroporto de Guarulhos, que é onde normalmente aterrizo quando vou ao Brasil. É mais fácil, portanto, observar o tamanho da floresta do que os detalhes de cada árvore, arbusto e clareira.
Feita a ressalva, vamos lá.
Olhando a floresta toda, antes, durante e agora no day after do 7 de setembro, levando em conta as manifestações pró e contra Bolsonaro, os debates oficiais, oficiosos, as reações que pude observar em sites e grupos a que tenho acesso, fico com a sensação de que o jogo do 7 de setembro terminou num empate técnico.
A única vez em que as esquerdas brasileiras interromperam a trajetória de um golpe de estado já em marcha foi defendendo a Legalidade, há 60 anos atrás
Desde logo vou dizendo que observei o 7 de setembro com meu óculo de alcance, a 12 horas de voo (pelo menos) do aeroporto de Guarulhos, que é onde normalmente aterrizo quando vou ao Brasil. É mais fácil, portanto, observar o tamanho da floresta do que os detalhes de cada árvore, arbusto e clareira.
Feita a ressalva, vamos lá.
Olhando a floresta toda, antes, durante e agora no day after do 7 de setembro, levando em conta as manifestações pró e contra Bolsonaro, os debates oficiais, oficiosos, as reações que pude observar em sites e grupos a que tenho acesso, fico com a sensação de que o jogo do 7 de setembro terminou num empate técnico.
7 de setembro acabou ou recém começou?
Por Jeferson Miola, em seu blog:
Na assembleia geral de bandidos de 17 de abril de 2016 presidida pelo bandido Eduardo Cunha, como um jornalista português se referiu à sessão do impeachment fraudulento da Dilma, Bolsonaro dedicou seu voto ao facínora e torturador Brilhante Ustra, “o terror de Dilma Rousseff”. Em outra circunstância, ele também definiu critérios para mulheres que “merecem” ser estupradas.
Bolsonaro também criticou a ditadura por não ter assassinado mais de 30 mil opositores e disse que o governo militar que hoje preside não veio para construir algo, “mas viemos para desconstruir muita coisa”.
Na assembleia geral de bandidos de 17 de abril de 2016 presidida pelo bandido Eduardo Cunha, como um jornalista português se referiu à sessão do impeachment fraudulento da Dilma, Bolsonaro dedicou seu voto ao facínora e torturador Brilhante Ustra, “o terror de Dilma Rousseff”. Em outra circunstância, ele também definiu critérios para mulheres que “merecem” ser estupradas.
Bolsonaro também criticou a ditadura por não ter assassinado mais de 30 mil opositores e disse que o governo militar que hoje preside não veio para construir algo, “mas viemos para desconstruir muita coisa”.
A hora e a vez do impeachment de Bolsonaro
Editorial do site Vermelho:
As declarações de Jair Bolsonaro nos atos golpistas realizados em Brasília e São Paulo, na terça-feira (7), não deixam mais dúvida: somente o impeachment do presidente pode impedir, a esta altura, que ele continue a cometer reiterados crimes contra o Estado Democrático de Direito e o povo brasileiro.
Antes de tudo, é preciso ressaltar que os novos ataques de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ocorrem em meio a uma das piores crises na história do Brasil. “Como pode um presidente ignorar os mortos pela pandemia, os desempregados, os famintos?”, questionou a presidenta do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB). “Mostra total desconexão com a vida real da população. O povo quer vacina, comida e emprego.”
As declarações de Jair Bolsonaro nos atos golpistas realizados em Brasília e São Paulo, na terça-feira (7), não deixam mais dúvida: somente o impeachment do presidente pode impedir, a esta altura, que ele continue a cometer reiterados crimes contra o Estado Democrático de Direito e o povo brasileiro.
Antes de tudo, é preciso ressaltar que os novos ataques de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ocorrem em meio a uma das piores crises na história do Brasil. “Como pode um presidente ignorar os mortos pela pandemia, os desempregados, os famintos?”, questionou a presidenta do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB). “Mostra total desconexão com a vida real da população. O povo quer vacina, comida e emprego.”
Quem paga o Trovão?
Por Fernando Brito, em seu blog:
A descoberta de que o incitador de golpes que atende pelo apelido de “Zé Trovão” está há dias no México, na companhia de outro acusado de ações golpistas, Oswaldo Eustáquio, levanta algumas questões interessantes.
A primeira é a de que, evidentemente, há alguém “bancando” os promotores destas tentativas de lançar o país em aventuras.
Passagem de ida e volta (os México exige), hotel, passaporte, uma ajuda de custo para os frijoles e tacos, uma sobra para deixar bem garantida a família, tudo isso depende de ligações político empresariais, algo que também desperta curiosidade sobre quem paga pelos caminhões carregados, estacionados em Brasília ou bloqueando as estradas, uma vez que a categoria alega apenas sobreviver com fretes deficitários.
A descoberta de que o incitador de golpes que atende pelo apelido de “Zé Trovão” está há dias no México, na companhia de outro acusado de ações golpistas, Oswaldo Eustáquio, levanta algumas questões interessantes.
A primeira é a de que, evidentemente, há alguém “bancando” os promotores destas tentativas de lançar o país em aventuras.
Passagem de ida e volta (os México exige), hotel, passaporte, uma ajuda de custo para os frijoles e tacos, uma sobra para deixar bem garantida a família, tudo isso depende de ligações político empresariais, algo que também desperta curiosidade sobre quem paga pelos caminhões carregados, estacionados em Brasília ou bloqueando as estradas, uma vez que a categoria alega apenas sobreviver com fretes deficitários.
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