segunda-feira, 9 de janeiro de 2023
Lula, Múcio e os militares
Depredação no STF, 08/01/23. Foto: Alex Rodrigues/Agência Brasil |
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, precisa tomar cuidado com a língua condescendente que distorce fatos e agride a realidade, transformando atos golpistas em “manifestações da democracia” que, inclusive, contaram com a participação de “familiares e amigos” dele. O ministro disse ainda que escolheu os novos comandantes militares pela internet.
A historiadora Heloisa Starling, da UFMG, estudiosa da atuação de militares na política, aponta dois erros de Múcio. “O que temos visto é a tentativa de corroer a democracia por dentro. A naturalização do golpismo contribui para essa corrosão. Ele não é ministro do Bolsonaro. É ministro de Lula e tem que defender a democracia”.
O Capitólio de Brasília, finalmente
Prédios dos Três Poderem foram vandalizados. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Os fascistas cumpriram sua promessa. O Capitólio de Brasília, que há tanto tempo se previa, finalmente aconteceu. E com requintes de gravidade em relação à inspiração original, a invasão do Congresso dos EUA, em 6 de janeiro de 2021.
Neste 8 de janeiro de 2023, além da sede do Congresso Nacional, terroristas de extrema-direita também invadiram e vandalizaram a sede dos poderes Judiciário e Legislativo. O Palácio do Alvorada só não foi alvejado porque o presidente Lula ainda não reside no local. Caso, no entanto, já residisse lá, correria o risco de ser assassinado.
Existe mais um agravante em relação ao Capitólio original: enquanto nos EUA o comandante do Exército se opôs à tentativa golpista do presidente Donald Trump, aqui no Brasil as cúpulas partidarizadas das Forças Armadas estão diretamente implicadas com o extremismo fascista.
Capitólio de Brasília desmascara uma ilusão
Estrago patrimonial no prédio do Congresso Nacional.Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado |
Não foi preciso esperar mais do que uma semana desde a posse de Lula no Planalto para o golpismo de extrema-direita exibir sua face violenta e imunda aos brasileiros e brasileiras.
A invasão de Brasília foi uma operação covarde, típica de traidores da Pátria que não possuem escrúpulos nem qualquer espírito decente, contra um governo eleito em dois turnos, num pleito sem fraudes ou irregularidades.
Transportados por uma centena de ônibus que partiram de vários Estados brasileiros, num movimento organizado sem muita discrição por gerentes do bolsonarismo, os invasores deixaram um rastro de destruição e ameaça.
Transportados por uma centena de ônibus que partiram de vários Estados brasileiros, num movimento organizado sem muita discrição por gerentes do bolsonarismo, os invasores deixaram um rastro de destruição e ameaça.
Imagens internas de salas e corredores da Presidência da República, do Congresso e do Supremo, alvos escolhidos não por acaso, deixam claro qual o objetivo real da operação - ferir a democracia, destruindo o simbólico para atingir o real.
Os golpistas e os cúmplices
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Não há qualquer surpresa ou imprevisto na invasão do Congresso Nacional – e a do próprio Palácio do Planalto, a ser ainda confirmada – que ocorre neste instante em Brasília.
Todos sabiam que ia acontecer e não apenas se omitiram, mas foram seus cúmplices.
As cenas patéticas de um punhado de policiais, com seus carros atirados já dentro do espelho d’água do Congresso tentando resistir a alguns milhares de fanáticos bolsonaristas, que se concentraram e se organizaram às portas do QG do Exército são absolutamente intoleráveis.
Todos os alertas foram dados e o governo da República não pode ficar nas mãos de golpistas que comandam a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, cujos efetivos são pagos, aliás, com o dinheiro da União.
domingo, 8 de janeiro de 2023
Movimentos sociais repudiam golpismo
Reprodução do facebook de Mídia Ninja |
As organizações sindicais e populares que integram as Frentes Brasil Popular, a Frente Povo Sem Medo, o Fórum das Centrais Sindicais, a Coalizão Negra Por Direitos e a Convergência Negra, reunidas em defesa do Estado Democrático de Direito vêm a público para:
a. Registrar o mais veemente repúdio aos atos de vandalismo e criminosos praticados no dia de hoje em Brasília, que atentam contra a democracia e depredaram a sede dos três poderes da República. Adotamos estado de mobilização e vigilância permanente em defesa da democracia, do governo legitimamente eleito, contra o golpismo e pela punição dos responsáveis pelos ataques às instituições.
Comissão Arns exige punição dos terroristas
Reprodução de fotos do facebook de Gleisi Hoffmann |
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns vem a público manifestar o seu total repúdio aos atos de violência que atentaram contra o Estado Democrático de Direito, neste domingo (8/1) no Distrito Federal. A invasão e depredação dos prédios que abrigam os poderes da República é inaceitável, representando uma tentativa de abolir pela violência o regime democrático, o que é crime, tipificado pelo artigo 359-L do Código Penal.
Impossível aceitar que se busque, pela via da força, do caos, do desacato às autoridades e às leis, obstruir a soberania popular expressa pelo resultado democrático das urnas em 2022.
Hang abandona golpistas e corteja Lula
O empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, divulgou através de sua assessoria de imprensa, nesta sexta-feira (6), uma nota em que tenta se dissociar dos atos golpistas promovidos por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) e que chega a cortejar o novo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Considerado um ícone do bolsonarismo, o "Véio da Havan", como é conhecido, está banido das redes sociais por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é investigado no inquérito dos atos antidemocráticos por, inúmeras vezes, ter incentivado ações golpistas em prol de Jair Bolsonaro. Contumaz divulgador de fake news, o empresário, com a guinada, aparenta estar tentando evitar a prisão em meio à investida do STF contra bolsonaristas que insistem em ações contra o Estado Democrático de Direito.
Governo Lula-3 e a pauta dos trabalhadores
Por Nivaldo Santana, no site Vermelho:
No dia 7 de abril de 2022 foi realizada a nova Conferência da Classe Trabalhadora (Conclat-2022), convocada por nove centrais sindicais. A Conclat aprovou a Pauta da Classe Trabalhadora ancorada em quatro pontos: emprego, direitos, democracia e vida.
Em um representativo ato político, o Fórum das Centrais Sindicais entregou a Pauta da Conclat aos pré-candidatos Lula e Alckmin. Os dirigentes sindicais enfatizaram, na ocasião, a necessidade de revogar os marcos regressivos da legislação trabalhista e previdenciária.
Três prioridades dessa Agenda foram encaminhadas antes mesmo da posse dos eleitos. Com a aprovação da PEC da Transição, ficaram assegurados o pagamento do Bolsa Família de 600 reais, o aumento real do salário mínimo e o fim do teto de gastos.
No dia 7 de abril de 2022 foi realizada a nova Conferência da Classe Trabalhadora (Conclat-2022), convocada por nove centrais sindicais. A Conclat aprovou a Pauta da Classe Trabalhadora ancorada em quatro pontos: emprego, direitos, democracia e vida.
Em um representativo ato político, o Fórum das Centrais Sindicais entregou a Pauta da Conclat aos pré-candidatos Lula e Alckmin. Os dirigentes sindicais enfatizaram, na ocasião, a necessidade de revogar os marcos regressivos da legislação trabalhista e previdenciária.
Três prioridades dessa Agenda foram encaminhadas antes mesmo da posse dos eleitos. Com a aprovação da PEC da Transição, ficaram assegurados o pagamento do Bolsa Família de 600 reais, o aumento real do salário mínimo e o fim do teto de gastos.
Reconstrução se faz com mobilização
Foto: José Cruz/Agência Brasil |
A vitória eleitoral de Lula sinaliza a derrota das forças destrutivas que se apoderaram da administração federal nos últimos quatro anos. Não sei se o lema do novo governo – “União e Reconstrução” – se transformará em fato. União nacional não é tarefa fácil.
A cultura bolsonarista, impregnada de ódio, contaminou inúmeras pessoas que se somaram aos 58 milhões de votos recebidos por Bolsonaro no segundo turno. E não há possibilidade de união nacional nessa sociedade injustamente marcada por gritante desigualdade social.
Contudo, reconstrução é viável. Lula tem plena consciência do que precisa ser feito. Seus discursos de posse expressam o caráter deste terceiro mandato, onde se destacam três prioridades: combater a fome e a insegurança alimentar; reduzir a desigualdade social; proteger nossos biomas e fortalecer as políticas socioambientais.
sábado, 7 de janeiro de 2023
sexta-feira, 6 de janeiro de 2023
A dura batalha da comunicação
Paulo Pimenta, ministro da Secom. Foto: Lucas Leffa |
“Errar é humano, mas insistir no erro é burrice.” Este dito popular parece ter inspirado as primeiras sinalizações do governo Lula para a sensível, estratégica e decisiva área da comunicação.
No lugar do comportamento passivo de outrora diante do jornalismo de guerra da imprensa comercial, que culminou no golpe de estado de 2016 e na ascensão do fascismo, agora o mandato Lula 3 indica que pode ter aprendido a lição.
O acerto do anúncio por parte do novo ministro da Secom, deputado Paulo Pimenta, de que sua pasta pretende criar uma secretaria de políticas digitais, pode ser medido pelo ataque irado do jornal O Estado de São Paulo à nova estrutura.
Combater as políticas de ódio nas redes e a desinformação criminosa estão entre as missões prioritárias da secretaria de políticas digitais, segundo Pimenta, ele próprio um lutador pela democratização das comunicações em nosso país.
Dissonâncias na festa
Charge: Miguel Paiva |
Na emocionante encenação do povo subindo ao poder, ninguém ligou para os lanceiros coloniais perfilados, com uniformes idealizados pelo integralista Gustavo Barroso, formando um corredor, enquadrando o cortejo, tipo garrote castrense.
A mulher negra e pobre, apondo a faixa presidencial, parecia dizer: tua lança feriu os meus, mas não me intimidas!
Nos ministérios, discursos de lavar a alma de quem amargou seis anos de implacável ofensiva contra a dignidade humana e a honra nacional. Sílvio Almeida, Nísia Trindade, Flávio Dino, Luciana Santos, Camilo Santana, Cida Gonçalves, Wellington Dias, Marina Silva... todos alimentando a vontade de futuro promissor.
A composição heterogênea não esmaeceu a impressão de um país que volta a sorrir. Os moderados Fernando Haddad e Simone Tebet mantiveram o clima. Alckmin apontou a perspectiva do desenvolvimento e da industrialização.
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