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Para quem apostava que o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), eleito para presidir a Câmara Federal com os votos dos situacionistas e dos bolsonaristas, iria tornar menos tensa a relação com o governo Lula, é bom refazer seus prognósticos otimistas. Aparentemente menos agressivo que Arthur Lira, seu antecessor e padrinho, o jovem político do Centrão segue o mesmo receituário – que mistura fisiologismo e exacerbado pragmatismo. É diferente na forma, mas não no conteúdo.
Nesta sexta-feira (7), em entrevista a uma rádio da Paraíba, Hugo Motta sinalizou que continuará fazendo jogo duplo para melhor barganhar os interesses da sua turma – seja com as emendas parlamentares ou com cargos no governo federal. Para fustigar a situação e agradar a oposição bolsonarista, ele afirmou que a ação terrorista do 8 de janeiro de 2023 em Brasília não foi uma tentativa de golpe e ainda criticou as penas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“O que aconteceu [no 8 de janeiro] não pode ser admitido que aconteça novamente. Foi uma agressão às instituições, uma agressão inimaginável, ninguém imaginava que aquilo pudesse acontecer. Agora querer dizer que foi um golpe. Golpe tem que ter um líder, tem que ter pessoa estimulando, apoio de outras instituições interessadas, como as Forças Armadas, e não teve isso”, afirmou Hugo Motta, livrando a cara de Jair Bolsonaro e dos seus milicianos – fardados e civis.
PL da Anistia dos criminosos será pautada
O novo presidente da Câmara Federal ainda criticou as penas dadas pelo STF. “Não pode penalizar uma senhora que passou ali na frente do palácio, não fez nada, não jogou uma pedra e receber 17 anos de pena para regime fechado. Há um certo desequilíbrio nisso. Nós temos que punir as pessoas que foram lá, quebraram, depredaram. Essas sim precisam ser punidas. Entendo que não dá para exagerar no sentido das penalidades com quem não cometeu atos de tanta gravidade”.
Questionado se colocará em votação o projeto de anistia apresentado por deputados do PL, Hugo Motta tergiversou: “Não posso dizer que vou pautar semana que vem ou que não vou pautar de jeito nenhum. É um tema que estamos digerindo, conversando, porque o diálogo tem que ser constante. Todos que me apoiaram sabiam que eu tinha apoio dos dois [PL e PT]. Não se pode exigir que eu ‘desbalanceie’ a minha ação, porque não posso ser incorreto com ninguém”.
A entrevista do jovem velhaco do Centrão, eleito com 444 votos para presidir a Câmara, agradou a bancada golpista. O líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS), um bolsonarista raivoso, festejou as declarações como um “sopro de esperança em meio a tanta dor, sofrimento e perseguição. As narrativas de golpe precisam ser sepultadas de uma vez por todas e devemos votar o PL da Anistia o mais rápido possível”. Já a bancada governista ficou perplexa. Haja concessões para saciar a gula do Centrão. A vida é dura!
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