terça-feira, 12 de abril de 2016

Os golpistas e a transição de Lampedusa

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Dois fatos importantes, nos últimos trinta dias, marcam a descarada decadência da clandestinidade golpista. Primeiro, desorganizada e espontânea - pautada pelo oligopólio da mídia sem rumo político claro - depois, estrategicamente disseminada para “implodir” o núcleo do Planalto, esta clandestinidade se torna programa de tomada do poder. Estes dois fatos são os seguintes: primeiro fato, o gráfico de doações da Andrade Gutierrez, feitas legalmente aos partidos durante a campanha eleitoral, mostra que PSDB e PMDB somados - partidos que estão na crista do golpismo - somam 39 milhões e as doações ao PT somam menos de 15 milhões. Estes valores podem ser tidos como referência média, para as doações feitas pelas empreiteiras aos partidos eleitoralmente mais fortes; segundo fato, o alinhamento de Marina Silva com os defensores do “impeachment”, fazendo a mesma transição de dependência “carnal” com o PMDB, que todos os partidos fizeram – inclusive o PT – certamente embalada pelas pesquisas, onde ela aparece empatada com Lula. O fundamentalismo evangélico se tornando pragmatismo tradicional, propondo, como no romance de Lampedusa, mudar aparentemente tudo para não mudar concretamente nada.

Dez revelações sobre o áudio de Temer

Por Renato Rovai, em seu blog:

O áudio vazado de Temer é importante não apenas como documento histórico deste momento da vida nacional, mas também porque é revelador da alma e do caráter do vice-presidente. Segue a lista de dez características de Temer que ele revela:

1 – Temer é mentiroso: Essa é primeira coisa que fica clara. O áudio não vazou, foi vazado. Era uma ação de risco, mas tinha objetivos claros. Dizer para o povão que não vai acabar com os programas sociais e para o empresariado que vai lhes entregar a reforma da previdência o fim da CLT. E fazê-lo aparecer com tempo generoso no Jornal Nacional.

Imprensa brasileira esqueceu o que é o fato

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

O dia hoje iniciou-se com um episódio engraçado. O jornalista Gleen Greewald, que não tem escondido sua perplexidade com o nível de militância pró-golpe dos repórteres da Globo, menciona um tweet de Jorge Pontual, correspondente da Globo em Nova York, no qual Pontual demonstra a mais crassa ignorância sobre as leis brasileiras.


Ignorância não é crime. Mas partindo de um jornalista influente, correspondente em Nova York da maior rede de TV do Brasil, e num momento tão delicado da vida nacional, é um tropeço imperdoável.

Quer dizer, seria até perdoável, se o autor - em vista da enxurrada de críticas que recebeu - pedisse desculpas por sua ignorância.

O áudio de Temer escancara o golpe

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O áudio gravado por Michel Temer com seu “primeiro pronunciamento nacional” é uma peça quase tão patética quanto a infame carta de rompimento com Dilma do ano passado.

Sua assessoria alega que foi por acaso que a mensagem vazou. Deveria ter ficado no “stand-by” do celular e ser liberada se a Câmara aprovasse a continuidade do impeachment antes de ir para o Senado.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Cadê o processo contra Paulinho da Força?

Por Altamiro Borges

Na sexta-feira (8), o deputado Paulinho da Força, integrante da tropa de choque do correntista suíço Eduardo Cunha e famoso por seu pragmatismo mercenário, promoveu um "ato dos sindicalistas pelo impeachment de Dilma". O evento foi um fiasco, não repercutindo sequer na mídia golpista. Segundo o insuspeito Estadão, o ato juntou "centenas de pessoas" na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo - um velho reduto de pelegos ligados ao tucanato. Vários dirigentes da Força Sindical, central tratada como feudo pelo deputado da sigla Solidariedade, não compareceram ao evento e já se manifestaram publicamente contra o golpe em curso no país.

Jean Wyllys rebate matéria de O Globo

Da revista Fórum:

O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) afirmou que vai processar o jornal O Globo por conta de uma nota feita em uma das colunas do jornal. O texto sugere que o parlamentar “levou” R$ 22 milhões em emendas “individuais” para universidades do Rio.

“Na linha de frente pró-Dilma, Jean Willys (sic), do PSOL, é dos poucos que já tiveram gordas emendas individuais pagas em 2016. Foram R$ 22 milhões para UFF e UFRJ. O colega de bancada Chico Alencar levou só R$ 405 mil”, diz o texto que está na edição impressa e digital do periódico.

O 'day after' do Brasil será na rua

Por Saul Leblon, no site Carta Maior:

Seja qual for o placar da Câmara no domingo, 17, o day after da votação não inaugurará uma nova hegemonia com força e consentimento para repactuar as linhas mestras da sociedade e do desenvolvimento brasileiros.

Ao contrário.

Provavelmente apertado, o resultado reafirmará a natureza do impasse histórico em que se encontra o país.

Janot, Aécio e a conta em Liechtenstein

Por Conceição Lemes, no blog Viomundo:

Neste momento, certamente, milhares de brasileiros gostariam de perguntar ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot:

1) Por que apesar de o senador Aécio Neves, presidente Nacional do PSDB, ter sido citado por vários delatores na Operação Lava Jato, o senhor até hoje não abriu nenhum inquérito para investigá-lo?

2) Por que tamanha inação da PGR em relação ao seu conterrâneo tucano, considerando o enorme passivo judicial dele, guardado nas gavetas do Ministério Público e do Tribunal de Justiça de Minas Gerais?

Corrupção não é o maior problema do Brasil

Por Celso Vicenzi, em seu blog:

Há uma histeria nacional em torno do tema da corrupção. Em todas as esquinas, nas ruas, nas praças, nos bares, nos clubes, nas residências, onde quer que se junte um grupo de amigos para conversar, na maioria dos casos, a corrupção será apontada como o maior problema do Brasil. Mas no automatismo em que vive a sociedade midiática, ninguém parou um segundo para perguntar: mas quem elegeu a corrupção como o “grande problema” e por quê?

Nova eleição, a cenoura e o burro

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Na medida em que a falta de legitimidade do golpe contra Dilma Rousseff torna-se evidente em função da ausência de prova de crime de responsabilidade, tornou-se necessário embelezar a mesma manobra às costas do eleitor.

Essa nova realidade deu origem à proposta de realizar novas eleições 60 dias após a saída da presidente. Parece uma saída democrática, mas não é.

Golpe, ilegitimidade e caos

Editorial do site Vermelho:

A iminência do caos, retrocesso e desorganização que o golpe contra Dilma Rousseff e a legalidade representam começa, cada vez mais, a ser percebida por agentes econômicos que, tudo indicava, fariam parte do campo oposto aos democratas e defenderiam o golpe.

Estes agentes econômicos começam a manifestar preocupação sobre as condições de estabilidade no Brasil no pós-impeachment, com impactos diretos sobre seus negócios.

A crise é mental

Por Mino Carta, na revista CartaCapital:

O escândalo chamado Panama Papers cabe com encaixe perfeito entre os resultados da sujeição do mundo ao deus mercado que o papa Francisco mais propriamente definiria como demônio do dinheiro.

Antes de cogitarmos de uma reforma política brasileira, de resto, por ora tão improvável quanto duvidosa, seria altamente recomendável uma reforma do globo terráqueo. De sorte a reverter o processo destinado a enriquecer cada vez mais uns poucos para empobrecer e imbecilizar os demais. Aludo a bilhões de seres ditos humanos.

Temer e tucanos rejeitados; Lula redivivo

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Nem no pior pesadelo dos golpistas o resultado poderia ter sido pior do que os números do Datafolha.

Michel Temer, preservado pela mídia todo o tempo, tem um percentual igual – dentro da margem de erro estatística – ao de Dilma Rousseff por seu impeachment.

Aécio Neves despenca, Alckmin despenca, Serra despenca. A extrema direita comeu seus votos e eles não ganharam outros.

Datafolha e o veneno dos golpistas

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Até há poucas semanas, analistas políticos de todos os matizes falavam, de forma pavloviana, sobre “morte política” de Lula e do PT e sobre “queda irreversível” do governo Dilma Rousseff. Na semana que finda, tudo mudou. E como mudou.

O que mais espanta no fenômeno que analisaremos aqui é a fragilidade de um aparato golpista que tenta devolver o Poder à direita após 13 anos de governos trabalhistas. Contando com órgãos de Estado como Ministério Público, Polícia Federal e setores do Judiciário, com impérios de mídia e com o grande empresariado, bastou uma reação um pouco mais consistente e coordenada da esquerda para a conspiração golpista começar a despencar.

A semana que decidirá o futuro

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Começa hoje a semana que deve terminar no domingo com um desfecho para a crise: o triunfo do golpe ou a vitória da legalidade e da democracia. E ela começa com um símbolo sombrio, o início das obras para a montagem das grades que vão separar, no gramado do Congresso, os manifestantes de um lado e de outro.

Na manhã desta segunda-feira começa também o ritual de votação do parecer do relator Jovair Arantes na comissão especial do impeachment. Ele responderá às críticas apresentadas ao longo da noite de sexta-feira para sábado, num debate que o Brasil não assistiu. Não foi um debate mas uma sucessão de discursos expressando posições pré-definidas, que não vão se modificar hoje, com a fala de Jovair nem com os discursos dos líderes partidários, antes da votação marcada para o final do dia.

Limites do governo e o assalto das elites

Por Cristina Fróes de Borja Reis, Fernanda Graziella Cardoso e Vitor Eduardo Schincariol, no site Outras Palavras:

22 milhões de brasileiros, 10% da população, saíram da extrema pobreza entre 2011 e 2014, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas): 3,1 milhões da região Norte, 13,8 milhões do Nordeste, 3,5 milhões do Sudeste, 1 milhão do Sul e 0,7 milhão do Centro-Oeste. Em 2014 o Brasil finalmente não estava no mapa da fome mundial da FAO.

A libertação de uma vida de privações é um direito humano fundamental, e não pode ser tratada como mera estatística. É injusto tamanho êxito ser esquecido ou diminuído por argumentos de menor relevância ou que desvelam um desprezo que não pode ser outro senão fruto de perda de espaço na luta de classes: “mas gerou inflação”, “mas não se sustenta”, “só pra ganhar votos”, “mas não ensina a pescar”, “à custa de quem trabalha de verdade”, “inclui um monte de malandro que forja dados para receber o benefício”, “mas causa desvio de verbas e corrupção”, “ainda temos muitos problemas”.

Impeachment é golpe contra a CLT

Por Adilson Araújo, no site da CTB:

A classe trabalhadora é quem mais tem a perder se o golpe do impeachment não for barrado. As classes sociais e os políticos que estão por trás da campanha contra a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula, a pretexto de combater a corrupção, têm por objetivo principal a destruição dos direitos sociais conquistados pelo povo brasileiro não só durante o governo Lula mas ao longo de toda história. Querem o fim da CLT. Isto significa acabar com as férias de 30 dias, com o 13º, com a licença maternidade, com o descanso semanal remunerado, aumentar a jornada de trabalho muito além do limite de 8 horas diárias, impor a terceirização ilimitada e destruir outras conquistas.

domingo, 10 de abril de 2016

João Bosco e Aldir Blanc pela democracia

Perseguido por Moro e Globo, Lula sobe!

Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:

A pesquisa Datafolha publicada neste fim-de-semana, a sete dias da votação do impeachment, é um balde de água fria para a oposição.

Depois de sofrer a mais dura campanha midiática movida contra um líder popular, desde o suicídio de Vargas em 1954, Lula é quem sobe em todos os cenários eleitorais. Ele e Marina lideram em todos os cenários. E o que é mais trágico para o PSDB: Aécio, Serra e Alckmin desabam nas intenções de voto.

Hora da decisão: ampliar a resistência!

Do blog de Renato Rabelo:

Nos próximos dias de abril, a Câmara dos Deputados realizará uma votação de grandes consequências para o presente e para o futuro do país. Nesta votação histórica, ou vencerá a democracia, com a preservação do legítimo mandato da presidenta Dilma Rousseff, ou triunfará o golpismo, com a aprovação de um impeachment sem crime de responsabilidade, portanto, ilegal e inconstitucional.