terça-feira, 19 de abril de 2016

O 'golpe à paraguaia' chega ao Brasil

Por Juan Manuel Karg, no site Vermelho:

A presidenta Dilma Rousseff alertou, em outubro de 2015, sobre uma tentativa de “golpe à paraguaia” que começava a ser planejado no Brasil. A advertência foi feita apenas um ano depois de seu triunfo eleitoral, quando 54 milhões de brasileiros optaram pelo PT, derrotando uma vez mais o PSDB.

À época, a direita começou a falar em “terceiro turno” eleitoral nas ruas, pedindo a renúncia da presidenta durante os meses seguintes à eleição. Tudo estava pavimentado pelo tripé midiático (concentrado na Globo, Folha de SP e Estadão), que centralizava todas as atenções na Operação Lava Jato, investigação onde paradoxalmente Dilma não aparece.

Webtv: O papel da mídia na democracia

Do site do Sindicato dos Bancários de São Paulo:

A cobertura dos grandes veículos de comunicação e o papel da mídia alternativa para a democracia serão destaques do MB com a Presidenta desta terça-feira 19. O programa de webtv fará também um alerta sobre os riscos de projetos em tramitação no Congresso sobre controle da internet, considerado uma ameaça ao Marco Civil, justamente nos aspectos que protegem os internautas contra vigilância e censura.

Alckmin depena sem dó “tucano histórico”

Por Altamiro Borges

Em pleno turbilhão do criminoso processo de impeachment de Dilma, os tucanos continuam se bicando de forma sangrenta. Mas a mídia oposicionista – que torce pela volta do PSDB ao Palácio do Planalto num pretenso governo de Michel Temer, o Judas, e Eduardo Cunha, o correntista suíço – evita dar destaque à degenerescência no ninho. Na semana passada, o governador Geraldo Alckmin simplesmente deu um pontapé no traseiro do “histórico tucano” Alberto Goldman, ex-governador de São Paulo. O fato curioso virou uma notinha na Folha de quinta-feira (14), que vale conferir:

Impeachment foi fabricado pela mídia

Por Mônica Mourão e Helena Martins, na revista CartaCapital:

A ausência de discussões profundas sobre a situação do país e o excesso de discursos reacionários que vimos no domingo 17 não se restringiram às falas de parlamentares na Câmara dos Deputados. Nos últimos meses, foram recorrentes também nos meios de comunicação brasileiros.

Desde o ano passado, toda uma construção de sentidos veio legitimando a aprovação da admissibilidade do pedido de impedimento da Presidenta Dilma Rousseff. Assim, a “opinião pública” - em essência, a “opinião publicada” pelos órgãos de comunicação hegemônicos –, um elemento essencial deste processo, se mostrou garantida neste jogo.

Por que a mídia festeja o golpe?

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O que fez a imprensa lutar tão brutalmente pelo golpe?

Muito mais importante que questões ideológicas, a grande bandeira das companhias jornalísticas se resume em três sílabas: di-nhei-ro.

Nenhuma empresa jornalística brasileira sobrevive sem dinheiro público. Remover o PT é uma garantia de que não haverá risco nenhum de interrupção no abjeto fluxo de recursos do contribuinte.

Miriam, as sementes do teu ódio brotaram

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Muitas vezes critiquei aqui Miriam Leitão.

Como quase todos que transitam da esquerda para a direita, ela tornou-se não apenas uma propagandista feroz do neoliberalismo como a mais simbólica ave de agouro de toda alternativa a ele.

Hoje, porém, não posso senão ter piedade da pessoa e da profissional.

É que Míriam “caiu na besteira” de escrever, ontem à tarde, um post criticando Jair Bolsonaro e sua defesa da ditadura e da tortura.

Golpe ganha primeira batalha. O que fazer?

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

Por incrível que pareça, não estou triste com a derrota. Não gostei dela, claro. Acho que a democracia sofreu um revés. Mas não carrego em meu coração, neste momento, nenhum sentimento de tristeza ou ressentimento.

Ao contrário, sinto-me alegre, sereno e disposto a continuar lutando, porque entendo que a luta é o que dá sentido à nossa vida.

Permitam-me algumas frases de darwinista de botequim.

Jean Wyllys cuspiu no golpe e no fascismo

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

“Je suis Jean Wyllys” e não abro. Muitos foram os votos emocionados e indignados contra a farsa encenada no último domingo na Casa dos Representantes do povo, mas o dele foi o que mais me representou.

Houve, por exemplo, o voto da deputada federal Professora Marcivânia, do PCdoB do Amapá:

Golpista tucano presta contas nos EUA

Do blog Viomundo:

A degradante atuação do Congresso brasileiro ao aplicar um golpe em nome da República dos Corruptos, liderada por Eduardo Cunha, teve grande repercussão internacional.

Segundo The Intercept, o site mantido pelo jornalista Glen Greenwald a partir do Rio de Janeiro, a oposição despachou para os Estados Unidos o senador Aloysio Nunes, que se encontrará com integrantes do poderoso Comitê das Relações Exteriores do Senado, com o subsecretário de Estado Thomas Shannon e com um grupo de lobistas ligados à ex-secretária de Estado Madeleine Albright, diplomata influente desde o governo Reagan e que representa dinheiro grosso nos Estados Unidos.

Golpe: Agora o pau vai quebrar

Foto: Jornalistas Livres
Por Bepe Damasco, em seu blog:                   

Nem na República Velha, ou Primeira República como preferem alguns historiadores, o parlamento brasileiro desceu a um nível tão baixo.

Cobrar um mínimo de vergonha na cara e decência a deputados que ao votarem pela deposição de uma presidenta eleita com 54 milhões de voto invocam a Deus e suas famílias seria perda de tempo.

Afinal, o que esperar de uma safra de deputados formada por um grande número de corruptos e e criminosos de todos os matizes? Essa gente é e será sempre incapaz de entender o que significa soberania popular. Por isso, não hesitam em fraudar a vontade do povo expressa nas urnas.

A tormenta indica por onde recomeçar

Foto: Jornalistas Livres
Por Saul Leblon, no site Carta Maior:

Um golpe não começa na véspera; tampouco tem desdobramentos plenamente identificáveis na manhã seguinte.

Uma derrota progressista pode ser devastadora para o destino de uma nação, a sorte do seu povo e a qualidade do seu desenvolvimento.

Mas a resistência que engendra pode inaugurar um novo marco de consciência política.

Pode redefinir a correlação de forças, as formas de luta e de organização e coloca-las num patamar mais avançado, mas não menos abrangente.

O 'strip-tease' da Câmara e o Senado

http://pataxocartoons.blogspot.com.br/
Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

As seis horas de votação do pedido de impeachment na Câmara foram um espetáculo vergonhoso para o Brasil, revelando a hipocrisia e o desfaçatez da maioria dos que dizem representar nosso povo. A imprensa internacional registrou com perplexidade o clima de orgia em que foi aprovada medida tão grave para o futuro imediato da sétima economia do mundo e de uma população de mais de 200 milhões de almas. A mídia grande, que tanto trabalhou pela encenação do espetáculo, passou de raspão pelo “strip-tease”. O que todos assistiram ao vivo devia ter liquidado com as ilusões do governo sobre uma virada do jogo no Senado, ilusões que frequentaram as primeiras conversas da presidente com parlamentares nesta manhã de ressaca. E de quebra, liquidar com as ilusões parlamentaristas. Aquela maioria de políticos bufões teria o poder de eleger e derrubar primeiro-ministros segundo as conveniências e interesses do momento. Dilma e o PT não podem se iludir com o segundo tempo apenas porque os senadores são mais sóbrios. Deviam estar tratando da saída pelo voto popular, através de um acordo nacional, e não esperando pelo TSE, como quer Marina.

Os 119 golpistas com processos na Justiça

Por Altamiro Borges

No show de horrores da aprovação do impeachment de Dilma na Câmara Federal, no domingo (17), o cinismo dos moralistas sem moral ficou patente. Até alguns "midiotas" que apoiaram o golpe devem ter sentido ânsia de vômito - talvez se arrependendo, no íntimo, da besteira que fizeram. Houve casos grotescos de cafajestice, como o da deputada Raquel Muniz (PSD-MG), que dedicou seu voto "contra a corrupção" ao marido Ruy Muniz, que é prefeito de Montes Claros. Um dia depois da cena patética, nesta segunda-feira, o cônjuge foi preso pela Polícia Federal acusado de desviar recursos do hospital público da cidade mineira para favorecer a sua clínica particular. Ele foi denunciado por "falsidade ideológica, dispensa indevida de licitação pública, estelionato, prevaricação e peculato". Haja ética!

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Até o taxista está desconfiado

Por Altamiro Borges

Atrasado para mais uma reunião, pego um táxi na República, região central da capital paulista. Como de costume, uso o banco da frente - não gosto da imagem do chofer. Também costumo sempre puxar conversa para sentir os humores das ruas. Mas nesta segunda-feira (18), após a aviltante aprovação do impeachment de Dilma, prefiro ficar calado. Afinal, os motoristas de táxi de São Paulo são famosos por suas opiniões reacionárias. Deve haver motivos sociológicos, mas prefiro acreditar na culpa das emissoras de rádio. Nos longos congestionamentos, eles consomem incontáveis horas de veneno de Reinaldo Azevedo, Marco Antonio Villa e de várias outras excrescências da mídia nativa.


O mundo denuncia o golpe. Obama silencia!

Por Jeferson Miola

Vários governos nacionais, círculos acadêmicos e intelectuais, setores menos fanatizados da imprensa, organizações populares, partidos políticos, juristas e organismos regionais e internacionais manifestam solidariedade com o povo e com o governo brasileiro, e denunciam a tentativa de golpe de Estado em curso no Brasil.

Semana passada, o New York Times alertou na capa do jornal que “a Presidente Dilma não roubou nada, mas está sendo julgada por uma quadrilha de ladrões”.

Aqui tudo dá, menos democracia

Por Celso Vicenzi, em seu blog:

Em nome do pai, do filho – só faltou o Espírito Santo –, amém!

Não, não estamos em uma igreja, mas no Congresso Nacional, no dia histórico de 17 de abril de 2016. Mais precisamente numa votação em que se deveria decidir se houve ou não crime de responsabilidade fiscal e se seria motivo para o impeachment de uma presidenta eleita com 54 milhões de votos.

A luta contra o golpe só começou

Por Jandira Feghali

A dantesca sessão que autorizou o prosseguimento do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados entra para os anais da História como uma farsa. Muitos parlamentares envolvidos até o pescoço em denúncias de corrupção, como o presidente Eduardo Cunha, julgaram uma mulher honesta num verdadeiro tribunal de inquisição. A hipocrisia jamais chegou tão fundo no poço.

A lata de lixo da história

Por Marcelo Zero

O dia 17 de abril de 2016 ficará registrado como um dos mais tristes da nossa História.

Ante a incredulidade do mundo, conduzida por um personagem que é a epítome do que há de pior na política nacional, a Câmara dos Deputados decidiu autorizar o processo de afastamento da presidenta honesta, contra a qual não há acusação jurídica que se sustente.

Deu-se o que o Secretário-Geral da OEA e a comunidade internacional estão chamando muito apropriadamente de “o mundo ao contrário”. Políticos ficha-suja, movidos por vingança política, deram o pontapé inicial no processo do golpe contra a presidenta ficha-limpa.

A volta reacionária de Deus e da família

Por Leonardo Boff, em seu blog:

Observando o comportamento dos parlamentares nos três dias em que discutiram a admissibilidade do impedimento da presidenta Dilma Rousseff parecia-nos ver criançolas se divertindo num jardim da infância. Gritarias por todo canto. Coros recitando seus mantras contra ou a favor do impedimento. Alguns vinham fantasiados com os símbolos de suas causas. Pessoas vestidas com a bandeira nacional como se estivessem num dia de carnaval. Placas com seus slogans repetitivos. Enfim, um espetáculo indigno de pessoas decentes de quem se esperaria um mínimo de seriedade. Chegou-se a fazer até um bolão de apostas como se fora um jogo do bicho ou de futebol.

Cunha, o Berlusconi brasileiro

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Ao assegurar a aprovação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o deputado Eduardo Cunha consolidou-se como o Sílvio Berlusconi do atual momento político brasileiro.

Não se pode cogitar por um único minuto a hipótese de encerramento de um mandato obtido nas urnas sem os votos que Eduardo Cunha organizou e garantiu na noite de ontem.

Cunha já havia demonstrado seu poder de controle em diversas votações das chamadas pautas-bomba e toda agenda conservadora que dominou os debates do Congresso a partir de 2015. Ontem, os discursos em tom religioso, cobertura para um conservadorismo extremo e reacionário, que garantiram 36 votos decisivos contra Dilma, não escondiam certificado de origem. A fidelidade é tamanha que os aliados sequer se preocupavam em manter aparências.