sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Haddad no palco da inquisição da GloboNews

Haddad na GloboNews. Foto: Ricardo Stuckert
Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

A imprensa brasileira, sempre tão independente e isenta, acaba de criar uma nova modalidade de entrevista: o jornalista pergunta e ao mesmo tempo responde.

Levado ao palco da inquisição da Globo News, Fernando Haddad parecia um monge tibetano meditando, tentando se defender, nas poucas brechas que lhe davam, enquanto seus ansiosos inquiridores se alternavam nas acusações contra Lula, Dilma e o PT.

Foi um bombardeio sem tréguas, na mesma quinta-feira do atentado a Jair Bolsonaro, sem dar tempo para o entrevistado respirar e falar com quem lhe interessava, ou seja, sua excelência, o eleitor.

O discurso de ódio produz seus frutos

Por Antonio Barbosa Filho

Quem se der ao trabalho de visitar os hangouts e "lives" dos grupos de extrema-direita que multiplicam-se nas redes sociais não terá motivos para surpreender-se com o lamentável atentado contra o candidato de extrema-direita a presidente, Jair Bolsonaro. Há ameaças de violências muito maiores, divulgadas abertamente, há vários anos, inclusive por apoiadores fanáticos deste candidato.

Há cerca de uma semana, o ex-coronel Carlos Alves, um exaltado defensor de uma nova ditadura militar (eles se auto-denominam "intervencionistas") dizia no seu canal do YouTube que os moradores de Roraima deveriam matar os refugiados da Venezuela que adentram aquele Estado. Foi didático: que peguem facas e facões e "cortem os venezuelanos ao meio" . Como este desequilibrado, há dezenas, pregando o assassinato de petistas, esquerdistas, padres, ministros do STF, e até de generais - todos "comunistas", no linguajar simplório e raivoso desses militantes.

Bolsonaro: Causa e efeito da barbárie

Por Jeferson Miola, em seu blog:

O ataque homicida a Jair Bolsonaro, além de significar uma violência inaceitável contra a vida humana, é um atentado adicional ao Estado de Direito cuja democracia já está sendo necrosada pela ditadura jurídico-midiática que mantém Lula em prisão política.

A condenação a este atentado, portanto, deve ser enfaticamente declarada.

É impossível não se aludir, todavia, que Bolsonaro é vítima da barbárie que ele próprio cria e dissemina na sociedade.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

A segunda onda Bolsonaro

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Assim como no mercado de ações, as campanhas eleitorais são compostas por ondas sucessivas, influenciadas pelo fenômeno do “overshooting”.

Funciona assim:

1- Há uma valorização do ativo, quando se apresenta como novidade. Qualquer notícia positiva é superestimada.

2- Chega determinado momento que o mercado (de ações ou da opinião pública) julga que o ativo ficou caro. Segue-se um período de realização de lucros, em que o investidor (ou eleitor) reconsidera suas análises. Qualquer notícia negativa é superestimada, em um processo inverso ao do período anterior.

O primado da luta política sobre a jurídica

Por Haroldo Lima, no Blog do Renato:

O golpe de 2016, a prisão de Lula, o desrespeito ao Comitê dos Direitos Humanos da ONU e a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de impedir a candidatura de Lula à presidência da República, tudo isso mostra o Brasil submetido a uma grave anomalia, a de um país onde o Judiciário passou a tutelar a Nação.

Essa é uma situação grave. Primeiro porque, pela Constituição, os três Poderes da União – o Legislativo, o Executivo e o Judiciário – devem ser “independentes e harmônicos”, nenhum tutela os outros. Segundo porque, o preceito constitucional de que “todo poder emana do povo” só é eminentemente verdadeiro para o Legislativo e o Executivo, submetidos periodicamente ao voto popular. O Judiciário, Poder fundamental no Estado de direito é, contudo, um poder técnico, originário dos dois primeiros, não pode estar monitorando os outros Poderes.

O Estado brasileiro gasta mesmo demais?

Por Emilio Chernavsky, no site Brasil Debate:

Há anos ouvimos no debate político e econômico do país que o Estado brasileiro é muito grande e que gasta demais. Com base nessa alegação, inclusive, o Congresso aprovou no final de 2016 emenda constitucional que congelou por vinte anos a despesa primária da União em termos reais, o que significa, dado que a população cresce, a progressiva redução dos gastos do governo em termos per capita.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Temer e os anos perdidos da Cultura

Por Jotabê Medeiros, na revista CartaCapital:

Ao chegar, em janeiro, para ocupar o Ministério da Cultura (MinC), o ministro escolhido pelo novo presidente ou nova presidenta em outubro próximo vai topar com um cenário, no mínimo, desconfortável, cortesia dos dois anos de desgoverno da gestão Temer.

Primeiro, vai ter de desviar-se do legado de nomeações do atual ocupante do cargo, Sérgio Sá Leitão. O novo ministro vai encontrar em um dos gabinetes, por exemplo, a irmã do ex-governador Sérgio Cabral, Cláudia de Oliveira Cabral (nomeada diretora do Departamento do Sistema Nacional de Cultura em 8 de agosto por empenho pessoal do ministro Moreira Franco).

Famílias tradicionais dominam a política

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

A primeira pergunta feita para Bolsonaro na entrevista no Jornal Nacional foi como que ele se apresenta como o “novo”, “contra tudo o que está aí”, mesmo tendo feito da política a sua profissão e a de boa parte da sua família. O candidato, que assim como seu filho recebe auxílio-moradia mesmo tendo casa própria em Brasília, respondeu que “quando se fala em famílias na política, fala-se em atos de corrupção. A minha família é limpa na política.” Mais ou menos.

Um hospício sobre os escombros do museu?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Tão grave e assustadora quanto a incineração da nossa História no Museu Nacional, é a guerra que se instalou nas redes sociais assim que a noticia correu na noite de domingo.

Um Fla-Flu político insano tomou conta da blogosfera, com ofensas e acusações de todos contra todos, cada facção responsabilizando a outra pela pela desgraça federal.

A tragédia do museu misturou-se ao tiroteio da campanha eleitoral, e o país, que já estava em ruínas, avançou mais um pouco em direção ao abismo da anomia social.

A tensão entre o progresso e a ordem

Por Artur Araújo, no site da Fundação Maurício Grabois:

Geralmente identificamos cortes ou tendências do eleitorado bastante padronizados: estado x mercado; esquerda x direita; progressistas x conservadores; vermelhos x azuis. Creio que as eleições deste ano, altamente atípicas, seriam melhor interpretadas a partir de outra chave: a tensão entre o progresso e a ordem.

Primeiro, uma ligeira definição dos termos.

Custa entender que estamos em guerra?

Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                           

O TSE ao barrar a candidatura de Lula apenas formalizou uma decisão já há muito tomada pelos togados corrompidos que hoje junto com a Globo dão as cartas no país. A justiça eleitoral deu continuidade ao roteiro do golpe: tentar destruir o PT, apear Dilma do governo, caçar Lula até prendê-lo e impedir a todo custo que ele seja candidato a presidente.

Ajuste fiscal de Temer e o Museu Nacional

Por Gibran Jordão, no blog Diário do Centro do Mundo:

O Museu Nacional do Rio de Janeiro, um dos maiores museus da história natural e de antropologia das Américas, com mais de 20 milhões de itens históricos, uma instituição cientifica que completou 200 anos em junho desse ano, sofreu uma grave tragédia nesse domingo (02) com um incêndio sem controle que causou uma destruição de imensas proporções. O palácio do museu nacional serviu de residência da família real portuguesa, foi sede da primeira assembleia constituinte republicana de 1889. A destruição do museu nacional é uma tragédia para toda comunidade científica internacional.

Em chamas, a governabilidade conservadora

Por Paolo Colosso, no site Outras Palavras:

Os últimos dois anos de crise econômica, social e humanitária são dolorosos e mesmo traumáticos, mas também didáticos. São muitos os dias que queremos esquecidos, mas será tarefa de nossa geração lembrar que esse período marcou a falência completa de uma combinação conservadora da gestão pública.

"Facejornalismo" domina a eleição

Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:

O que esperar da cobertura de uma campanha eleitoral? Apresentação de ideias, confronto entre propostas e trajetória do candidato, debate público em torno de temas relevantes, informação atualizada e confiável, pluralidade de análises. Em outras palavras, o bom e velho jornalismo.

Sob o signo das mídias sociais - com seu grau de irracionalidade, exibição narcísica, superficialidade, manipulação e divisão como fundamento epistemológico - a imprensa tem se mostrado cada vez menos capaz de cumprir sua função histórica. Se as redes se tornaram um cenário inevitável de campanha, sua linguagem e espírito se transformaram em paradigma para o jornalismo os nossos dias, ou melhor, para o facejornalismo.

Museu Nacional: 'A história foi queimada'

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
Da Rede Brasil Atual:

Após o incêndio que tomou conta do Museu Nacional do Rio de Janeiro, na noite de domingo (2), acadêmicos lamentaram a tragédia e classificam as perdas como "irreparáveis". Por meio das redes sociais, criticaram a falta de políticas públicas, por parte do governo federal, para conservar o patrimônio cultural.

Ivana Bentes, professora e pesquisadora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz a "história do Brasil foi queimada". Ela lamenta que o museu sobrevivia com o mínimo de recursos do Estado. "20 milhões de peças e documentos destruídos! Camadas de tempo e de história e conhecimento. 200 anos de documentos, toda a história do império queimada, paleontologia, antropologia do Brasil", publicou.

Um testemunho de resistência: ontem e hoje

Por Carlos Tibúrcio, na revista Teoria e Debate:

Muitas pessoas, em todo o mundo, vagueiam pela vida como aquele famoso personagem de Stendhal que se juntou ao exército de Napoleão na Batalha de Waterloo sem ter a mínima consciência do momento histórico que estava vivendo. (Nilmário leu essa obra, A Cartuxa de Parma, quando éramos presos políticos, em 1973, no Presídio do Hipódromo, em São Paulo.) Muitas outras pessoas têm conhecimento da história, mas ao falar ou escrever sobre suas vidas o fazem mirando o próprio umbigo.

domingo, 2 de setembro de 2018

Justiça, Lawfare, fascismo e inelegibilidade

Por Mauro Santayana, em seu blog:

Não há nada mais falso, depois de um assassino que mata crianças dizendo que estava cumprindo ordens, que um juiz que, com a desculpa de se ater ao estrito cumprimento da lei, finge que as consequências de seus atos e decisões não irão ultrapassar os umbrais da sala de tribunal de que toma parte.

A justiça brasileira quis dar ao mundo, no último dia de agosto, a impressão de que o que estava em jogo no TSE era o julgamento isolado da elegibilidade ou não do ex-presidente Lula.

Barroso e o tempo dos canalhas

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O ministro Luís Roberto Barroso tem uma visão muito particular da lei.

A lei é o que ele quer que seja.

Se a lei da ficha limpa prevê que, havendo recurso plausível da condenação em segunda instância, o registro de um candidato deve ser mantido, ele a transforma em uma hipótese que só existe se o STJ ou o STF decretarem esta suspensão.

Violência antidemocrática cassa Lula

Editorial do site Vermelho:

A cassação do direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorrer à presidência da República na eleição deste ano é um "ultraje à democracia" e "uma violência contra a soberania do voto do povo”, condenou em nota o PCdoB, da coligação em torno de Lula.

Aquela decisão antidemocrática afronta a consciência jurídica do Brasil e do mundo e a própria legislação internacional da qual o Brasil é signatário, ao descumprir decisão da ONU que defende o direito democrático do ex-presidente. E cassa ao eleitorado o direito de decidir sobre sua candidatura à presidência.


Argentina afunda com a direita no poder

Por Martín Fernández Lorenzo, no blog Socialista Morena:

A Argentina já superou a mera crise econômica e foi para o estágio do abismo em queda livre. Ninguém sabe como isso vai acabar, mas o que todos concordamos é que a realidade do país é financeiramente desastrosa e à beira do colapso. A primeira verdade que o direitista Mauricio Macri disse depois de dois anos e meio de um ajuste brutal e repetido, onde os argentinos perderam 50% do poder adquirido, é que agora chegam os meses mais difíceis. Aterrorizante. Pior do que já está?