terça-feira, 11 de junho de 2019

A Globo e sua tática diversionista

Por Gilberto Maringoni

Assisti uma parte do JN na noite desta segunda-feira segunda (10). O tom foi de tentar desqualificar as denúncias do Intercept.

A coalizão governista - que inclui a direção da Globo - está diante de um problema sério: a desastrada nota lançada pelo MPF - no calor da hora - admitiu serem verdadeiros os diálogos vazados. A dada altura o documento afirma:

“Dentre as informações ilegalmente copiadas, possivelmente estão documentos e dados sobre estratégias e investigações em andamento e sobre rotinas pessoais e de segurança dos integrantes da força-tarefa e de suas famílias”.

Lava-Jato desmascarada: Moro vai pra forca

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Os revelações feitas pelo site The Intercept sobre o modus-operandi criminoso do consórcio Moro & Dallagnol tiveram um efeito devastador na Lava Jato e provocaram uma reviravolta no quadro político do país em apenas 24 horas. E vem muito mais por aí.

De uma hora para outra, em ação simultânea, inverteram-se os papéis de Lula e Moro. O algoz foi desmascarado e o condenado ficou mais perto da liberdade.

O ex-juiz da câmara de gás de Curitiba perdeu o apoio da mídia (só a Globo permaneceu fiel) e quase ninguém que importa no jogo saiu em sua defesa, além das corporações, dos filhos de Bolsonaro, ministros militares e alguns comentaristas de TV.

The Intercept e a liberdade de imprensa

Do site do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC):

Após publicar uma série de reportagens que trouxe à tona o que provavelmente seja o maior escândalo jurídico-político da história do país, o site The Intercept Brasil vem sofrendo ataques oriundos de setores defensores da Operação Lava Jato. Alguns já saíram a público para pedir a prisão e a cassação do passaporte do jornalista Gleen Greenwald, diretor do veículo. Há pressões para que o The Intercept divulgue quem é a fonte dos materiais recebidos.

Infelizmente, essas atitudes não são novidade. Reportagens que incomodam e ameaçam poderosos sempre despertam o instinto censor por parte destes setores, que agora fazem ameaças e vão tentar calar o The Intercept e os seus jornalistas.

Revolução dos ricos perde força no mundo

Por Bepe Damasco, em seu blog:

A indignação crescente com as políticas de austeridade, pródigas em aumentar a pobreza e a exclusão; a necessidade de resistir à liquidação dos direitos trabalhistas, sociais e ambientais; o sacrifício de gerações causado pelo desemprego; a insensibilidade dos neoliberais diante do drama dos refugiados; a luta para impedir que pilares do bem-estar social e do iluminismo virem pó, fulminados pelos ataques do obscurantismo e da financeirização da economia e da vida.

Lava-Jato ajudou a devastar a economia

Nota oficial da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED):

A Associação Brasileira de Economistas pela Democracia - ABED, como uma entidade que defende a democracia, sempre irá posicionar-se favoravelmente a ações de combate à corrupção. No caso específico da Operação Lava Jato, saliente-se se que ela só foi possível com o fortalecimento das instituições de Estado, em particular a Polícia Federal e o Ministério Público. Assim, não poderia ser maior a nossa indignação diante da divulgação de conversas nada republicanas entre destacados membros da Lava Jato, mostrando vergonhosa parcialidade e instrumentalização política da operação.

A Lava-Jato nua e crua

Editorial do site Vermelho:

A Operação Lava Jato, ao longo dos seus cinco anos de atuação, foi criticada por iminentes juristas e personalidades do próprio Poder Judiciário - além de integrantes dos poderes Legislativo e Executivo - por suas práticas marcadas pelo desrespeito ao Estado Democrático de Direito, sempre ressalvando a necessidade do combate rigoroso à corrupção ou a qualquer outra ilicitude. As forças democráticas em geral criticaram as afrontas ao devido processo legal e aos princípios basilares da Constituição e demais regulamentos da legalidade democrática.

Sergio Moro, o chefe dos chefes

Por Jeferson Miola, em seu blog:                   

Equivoca-se quem pensa que a Operação Mãos Limpas é a genuína inspiração italiana de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol.

A se considerar as revelações bombásticas do Intercept, a inspiração italiana de Moro e Dallagnol está mais para as práticas e métodos da Cosa Nostra, a máfia, do que para a Mani Pulite – ou Mãos Limpas, em português.

Além de evidenciar que Moro e Dallagnol mantinham intenso intercâmbio e alto nível de articulação e coordenação estratégica na conspiração para derrubar Dilma e na caçada para prender Lula, a reportagem do Intercept também mostrou que existia uma relação hierárquica de mando na Operação.

A hipocrisia do jornalismo ‘lavajatista’

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Disse, no post anterior, do desamor da elite brasileira pelo sistema legal que ela própria construiu, quando se trata da defesa de seus interesses políticos.

A lei é para todos, dizia o filme promocional da Lava Jato, mas é duríssima para os “inimigos” e uma mera formalidade para os “amigos”.

Eliane Cantanhêde, a quem a Globo e o Estadão dão o privilégio de terem milhões de brasileiros como público cativo, mostra cruamente como acontece isso:

A conspiração criminosa da Lava-Jato

Por Marcio Sotelo Felippe, Patrick Mariano e Giane Ambrósio Alvares, na revista Cult:

A matéria publicada pelo The Intercept traz elementos suficientes para, em tese, fundamentar a convicção de que procuradores da Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro teriam praticado o crime previsto no artigo 288 do Código Penal, antes denominado de quadrilha ou bando, agora “associação criminosa”: associação de três ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes. Para a caracterização desse delito não importa se os crimes se consumaram ou se a condenação era tecnicamente possível. Basta a chamada volunta celeris.

Cristologia cristofascista de Bolsonaro

Por Fábio Py, no site Carta Maior:

“Cristo, o Ser:
eis o embate do Reicht”
(Dotrothee Sölle)

“O inferno é, assim, (produzido ou não) o lugar onde
o governo do mundo sobrevive para sempre,
ainda que de forma puramente penitenciária”
(Giorgio Agamben)


Desde as manifestações de 15 de maio, os setores bolsonaristas e o próprio Bolsonaro vêm forçando a associação da figura do presidente com qualidades que o associam a figura do Cristo, apresentando-o como messias, ungido e eleito da nação. Esse novo jogo promovido pelas lideranças religiosas e da base política do governo é mais um apelo a fim de reagrupar as forças com a intenção de legitimar as medidas ultraliberais e amortecer sua impopularidade. A apresentação de Bolsonaro com características cristológicas (de Cristo) dá um novo folego ao cristofascismo à brasileira, sendo uma forma mais refinada de sensibilizar setores religiosos, que mesmo em tão pouco tempo vinham já se descolando do governo.


segunda-feira, 10 de junho de 2019

Mídia vai abafar escândalo da Lava-Jato

Sergio Moro, o herói dos tolos

Intercept lança suspeita sobre instituições!

O conluio de Moro-Dallagnol contra Lula

"Vaza Jato" levará Moro-Dallagnol à cadeia?

Por Renato Rovai, em seu blog:

As primeiras reportagens que vieram à tona na noite deste domingo (9) no The Intercept mostram que o então Juiz Sérgio Moro e procuradores da Lava Jato, como Deltan Dallagnol, conversaram e definiram estratégias sobre os rumos de processos judiciais que levaram, entre outras pessoas, o ex-presidente Lula à cadeia.

Um leigo pode achar isso algo nem tão importante. Mas é uma bomba que vai colocar o caso da prisão de Lula e do golpe contra Dilma Rousseff em destaque internacional não apenas do ponto de vista midiático, mas jurídico.

Morogueite: “jogo político” invade tribunais

Por Artur Araújo, no site Outras Palavras:

I) o material divulgado até agora confirma o sobejamente conhecido: as sentenças de Curitiba são redigidas e assinadas antes de que seja “juntado aos autos” (como se diz em língua esotérica) qualquer outro documento enviado pela acusação ou pela defesa;

II) esse fato já era conhecido por dois significativos grupos de brasileiros: o dos que avaliam que isso é um absurdo e o dos que acham que “vale-tudo ‘contra eles’ é válido”. Os vazamentos só documentam o fato, dificilmente alteram convicções do segundo time;

III) abre-se, a partir das revelações do Intercept, uma grande disputa entre esses dois grupos: quem conquistará a maioria dos brasileiros para sua interpretação das ilegalidades e imoralidades praticadas por Moro, Dallagnol & Co.?

Moro, Dallagnol e o “imperialismo jurídico”

Por Marcelo Zero

As revelações do Intercept demonstram o que todos já sabiam, mas não tinham como provar cabalmente: a condenação de Lula é uma gigantesca farsa jurídica.

Em qualquer país minimamente civilizado, o processo contra Lula, bem como boa parte da Lava Jato, já teriam sido anulados há muito, face aos gritantes atropelos da presunção da inocência e do devido processo legal.

De fato, a Lava Jato implantou verdadeiro vale tudo contra o PT e Lula, o que incluiu conduções coercitivas ilegais, tortura psicológica de testemunhas, indução de delações direcionadas, vazamentos ilegais de escutas telefônicas, uso equivocado da inferência bayesiana e um oceano de convicções políticas num deserto de provas.

Reforma tributária: pauta para a esquerda

Por Antônio Augusto de Queiroz, na revista Teoria e Debate:

A reforma tributária, por iniciativa do Congresso, voltou à agenda política e pode ser uma oportunidade para rever o sistema perverso atual, que sobretaxa a produção, inibindo a geração de emprego, o consumo e o salário, penalizando o trabalhador, quando deveria incidir mais fortemente sobre a renda e o patrimônio.

O tema é complexo e polêmico, com muitos gargalos e obstáculos para sua aprovação, a começar pelas três ordens de disputa que envolve: a) uma entre os entes estatais e os contribuintes, um querendo aumentar sua carga e o outro querendo pagar menos tributos; b) uma entre os três níveis de governo, cada um querendo aumentar sua participação no bolo tributário; e c) uma entre regiões, umas requerendo preservar renúncias fiscais e outras querendo eliminar tais incentivos.

Moro participou da corrupção de funções

Por Conrado Hübner Mendes, no site da Fundação Maurício Grabois:

Sergio Moro se fez um expoente da escola “la garantía soy yo”. Suas condutas podem parecer suspeitas, seu senso de oportunidade pode favorecer a uns em prejuízo de outros, as regras gerais do direito podem ser desobedecidas, mas seu status moral o coloca acima desses desvios. Sua conduta será avaliada em nome da missão heroica que delegou a si mesmo, não da regularidade dos meios que usa para persegui-la. Quando praticado por ele, desvio se converte em virtude. Quem consegue ser admitido nessa escola passa a ser regido por um regime particularista, não pelo regime geral.

O feito inédito de Bolsonaro na Argentina

Por Martín Fernández Lorenzo, no blog Socialista Morena:

Quando, da Argentina, começamos a conhecer Jair Bolsonaro por sua campanha de ódio, não saíamos de nosso espanto por ver que alguém que defendia a ditadura publicamente em seu próprio país, e sem o mínimo de pudor, tivesse semelhante apoio do povo.

A palavra “ditadura” em nosso país, pelo menos para a grande maioria dos argentinos, é dolorosa ainda hoje, quando ainda estamos buscando os restos de 30 mil desaparecidos e os bebês sequestrados por ela.

A primeira visita oficial de Bolsonaro à Argentina foi mais chamativa pelo repúdio do que por razões políticas. Toda a conversa na Casa Rosada com Macri não vai além dos elogios trocados entre ambos, porque o conteúdo é vazio em termos de futuro, já que tudo o que propôs Bolsonaro, como ter uma moeda única “peso real”, vai para o lixo quando Macri deixar o poder, em 10 de dezembro.