terça-feira, 12 de agosto de 2014

Dilma convoca jovens à luta

Por Mariana Serafini, no site Vermelho:

Pela primeira vez na história do país, um presidente fez questão de estar com a juventude na data que marca o Dia do Estudante, 11 de agosto. A presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição, se reuniu com estudantes de todos os estados brasileiros, beneficiados por programas sociais destinados à educação na tarde desta segunda-feira (11), na UniNove, na capital paulista. A atividade faz parte da campanha Muda Mais e contou com a colaboração da UJS.

A presidenta foi recebida com muita empolgação pelos jovens que cantava palavras de ordem como “Ôh! O filho do pedreiro vai poder virar doutor, ôh!”, ou “Teve Copa, teve tudo, só não vai ter segundo turno”. Estavam reunidos, além dos jovens beneficiados pelos programas de educação do Governo Federal, militantes da UJS e da Juventude do PT.

O presidente nacional da UJS, Renan Alencar, abriu a atividade com um discurso que ressaltou as conquistas sociais dos governos Lula e Dilma para os setores menos favorecidos. Ele destacou a importância dos programas sociais voltados para educação e afirmou que o processo natural dos jovens beneficiados por estes programas é almejar ir cada vez mais longe. “Os jovens que tiveram Prouni, agora querem ter acesso ao Minha Casa, Minha Vida; os que se formaram através do Fies agora sonham em abrir seu próprio negócio”.

A UJS presenteou a presidenta com um quadro cuja pintura é o rosto de Dilma Rousseff jovem, quando lutou contra a ditadura militar. “Este quadro mostra a jovem guerrilheira que defendeu nosso país e lutou pela democracia”, disse Renan.

A presidenta Dilma se emocionou em vários momentos. É perceptível o quanto ela se sente confortável em meio à juventude, que ela define como “vocês são o que eu era”. Começou o discurso brincando “eu, o Rui [Falcão] e o Aldo [Rabelo] éramos iguaizinhos a vocês”.

Dilma destacou os investimentos em educação feitos durante seu governo, de acordo com ela, foi possível dobrar os recursos que já haviam aumentando durante o governo Lula. Mas a presidenta ressaltou a importância da aprovação do Plano Nacional de Educação que garante, entre outros benefícios, os 10% do PIB para a Educação. Neste ponto ela agradeceu à UNE, representada pela presidenta da entidade, Virgínia Barros. “A UNE que esteve comigo e me ajudou a aprovar este importante recurso”.

“Nós fomos além, transformamos o petróleo, que é um recurso finito, em um recurso perene que é a educação, e isso que significa investir os recursos do pré-sal na Educação”, disse a presidenta em coletiva de imprensa antes de iniciar o evento.

Dilma acredita que um país que investe em educação, desde a creche até o ensino superior será, com certeza, uma potência capaz de “habitar na sociedade do conhecimento”. Ela esclareceu que quando Lula assumiu a presidência o compromisso dele era provar como um “operário sem diploma” seria capaz de transformar o país”. “Naquela época nós tínhamos um país endividado, tínhamos que recuperar a autoestima do povo brasileiro e não podíamos mais nos curvar ao FMI”.

De acordo com a presidenta, o objetivo de seu governo é transformar a educação em um caminho possível, e cheio de portas, para o desenvolvimento do país. Em 2002 foram investidos 18 bilhões de reais em educação, já em 2013 o investimento foi 112 bilhões, um salto que Dilma afirma ainda ser necessário aumentar para atingir o nível educacional ideal que ela almeja.

“O papel de um governo transformador é permitir que a educação seja o mais ampla e democrática possível”. Prova disso são todos os programas sociais voltados para esta área. Desde o Enem, até o Fies que financia a universidade particular, o Pronatec proporciona formação técnica; o Sisutec, voltado para a especialização na área tecnológica; o Ciência Sem Fronteiras, responsável por permitir aos alunos brasileiros fazerem suas pós-graduações no exterior e o mais abrangente de todos, o Prouni responsável por formar mais de 14 milhões de jovens no ensino superior particular com bolsas parciais ou integrais do governo.

Ainda assim, a presidenta admite que há muito para avançar no campo da educação e em outras áreas. Ela defendeu a política de cotas que hoje já atinge 37% do setor universitário, mas deve ser ainda mais abrangente; e o Marco Civil da Internet “um modelo para o mundo”.
A Reforma Política é uma das bandeiras da campanha da presidenta. De acordo com ela, é a única forma de avançar na democracia do país. “Nosso governo não tem medo de debater, de dialogar, por isso a participação popular é um instrumento para mudar o Brasil”.

Para Dilma, a reeleição, que significa a quarta vitória popular, será o momento de aprofundar as conquistas sociais para o povo brasileiro. Ela mostrou como o Governo Lula, e depois o dela, enfrentaram de forma diferente às crises que derrubaram os grandes mercados mundiais.

“Nós mantivemos a estabilidade e reagimos de uma forma diferente à crise nos últimos anos. No Brasil, quem pagava o pato [ durante o governo FHC], em qualquer crise, era o salário do trabalhador, que sempre era reduzido e o desemprego ampliava, porque era dessa forma que eles faziam, no choque. Aliás, tem muita gente que adora choque, é bom lembrar que eles são os responsáveis, na área de energia elétrica, talvez pelo maior choque de todos os tempos que é o racionamento [Governo de Geraldo Alckmin no Estado de São Paulo]”.

A presidenta também criticou o papel da mídia hegemônica que diariamente anuncia o caos, “cria crise atrás de crise” para tentar desestabilizar o país, mas não tem conseguido. “Eles [a grande imprensa] não têm o menor compromisso com a verdade, por isso a verdade se tornou nosso melhor instrumento”.

Dilma encerrou seu discurso agradecendo a participação dos estudantes dizendo “vocês são meus combatentes para defender um projeto democrático de governo que precisa se aprofundar ainda mais neste segundo ciclo que está começando”.

A presidenta da UNE, Virgínia Barros, agradeceu, em nome dos estudantes, pelos programas sociais de inclusão no ensino superior. “Quando a juventude tem uma oportunidade ela vai à luta, corre atrás e se forma consegue um emprego, vai mais longe”, disse. Vic, apresentou à presidenta exemplos de jovens que tiveram essa oportunidade, entre eles, o Mateus, de Novo Hamburgo, interior do Rio Grande do Sul.

Ele fez questão de contar sua história, de forma breve. “De manhã eu estudo numa escola pública, onde sou do Grêmio Estudantil, e a tarde faço o Pronatec, estou no curso onde aprendo a curtir couro. Tenho o maior orgulho de estudar e dizer que esse programa foi criado no seu governo, presidenta, só tenho a te agradecer. Também quero dizer que estou muito feliz porque hoje foi a primeira vez que viajei de avião, para vir até aqui”. O simpático Mateus foi muito aplaudido pela sua simplicidade e sinceridade ao contar sua história.

A estudante da Universidade Federal de Integração Latino-Americana, Maiara Oliveria, também presidente da UJS de Foz do Iguaçu afirmou que o Enem mudou sua vida. “Graças ao Enem eu pude terminar a escola e entrar direto numa faculdade federal, com certeza são programas capazes de transformar a vida da juventude brasileira”.

A presidenta da ANPG, Tamara Naiz, aprovou a atitude de Dilma de “parar para ouvir e conversar com os estudantes no dia 11 de agosto”. De acordo com ela, a juventude brasileira precisa de políticas específicas e de condições para melhorar de vida e contribuir com o desenvolvimento do país. “Nós queremos mais para o Brasil, temos ideias, sonhos, força de vontade e muito potencial”.

Já a presidenta da UBES, Barbara Melo, afirmou que o encontro de Dilma com os estudantes mostra que a juventude brasileira alcançou muitas vitórias democráticas na última década através do diálogo e da pressão. “Comemoramos o dia do estudante com mais vitórias e mais ousadia e esperança para novas conquistas”, disse.

O candidato ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha e o vice Nivaldo Santana fizeram questão de participar da atividade. Estiveram presentes também os ministros do Esporte, Aldo Rabelo; da Educação, Henrique Paím e da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, além do prefeito Fernando Haddad e a vice Nádia Campeão.

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