Por Altamiro Borges
O Instituto Datafolha divulgou hoje (28) pesquisa sobre intenção de voto no Ceará. Para governador, não há novidades. Cid Gomes (PSB) deve vencer com folga no primeiro turno. A disputa esquentou mesmo foi para o Senado. O antes imbatível Tasso Jereissati, um dos tucanos mais raivosos da política nacional, despencou na pesquisa. No início da campanha eleitoral, ele aparecia com 59% das intenções de voto. Agora, está com 44%.
Já os candidatos da base de apoio de presidente Lula cresceram de forma sustentável nas últimas semanas. Eunício Oliveira (PMDB), que iniciou a jornada com 25% dos votos, subiu para 44%, num inédito empate com o tucano. Já José Pimentel (PT) soma agora 36%. A presença de Lula no horário eleitoral na TV, pedindo votos para os dois aliados, é apontada como fator determinante deste impressionante virada de jogo.
Inimigo das forças progressistas
Tasso Jereissati continua com chances de se reeleger, mas seu jatinho apresenta forte turbulência. O sempre petulante senador, que lembra os velhos coronéis, deve estar com enjôo. Nos últimos oito anos, ele ficou famoso por sua “valentia” contra o governo Lula e contra tudo o que há de progressista na sociedade. Atacou os “vândalos do MST”, os “pelegos do sindicalismo” e o “ditador populista” Hugo Chávez.
Num dos seus vários bate-bocas no Senado, quando criticado por ter usado R$ 469 mil dos cofres públicos para abastecer seu jatinho particular, ele esbanjou arrogância ao dar seus berros: “O jato é meu, é meu... O dinheiro é meu, é meu”. A cena foi transmitida ao vivo pela TV Senado e fez sucesso no Youtube. Agora, seu jatinho está em queda livre.
“Pega o beco galeguim”
Caso o grão-tucano não seja reeleito, a juventude cearense deverá sair novamente às ruas, desta vez para comemorar. No final de agosto, ela realizou passeata pelo centro de Fortaleza com a palavra de ordem “chegou a hora. Agora sim, pega o beco galeguim”, que é como o senador “branquela, de zói azul” é conhecido no estado. A manifestação irreverente serviu para criticar o ex-governador, que privatizou várias empresas estatais e nunca tratou como prioridade as áreas sociais, e também para denunciar o atual “senador da direita”.
Ela foi organizada pela União da Juventude Socialista (UJS), Centro Socorro Abreu, Federação de Bairros e Favelas de Fortaleza, Juventude do PT, Juventude Pátria Livre, União Nacional dos Estudantes, União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, Movimentos pela Livre Orientação Sexual e Associação Cearense dos Secundaristas. Agora, elas já se preparam para comemorar uma possível derrota do “coroné”.
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terça-feira, 28 de setembro de 2010
Tiririca e a falsidade ideológica. Só ele?
Por Altamiro Borges
Na semana passada, o Ministério Público Eleitoral de São Paulo denunciou à Justiça, por crime de “falsidade ideológica”, Francisco Everardo dos Santos, vulgo Tiririca, candidato a deputado federal pelo PR. A denúncia foi baseada em entrevista à revista Veja, na qual o humorista disse que declarou à Justiça Eleitoral não ter bens porque colocou todo o seu patrimônio em nome de terceiros, já que responde a processos trabalhistas e movidos por sua ex-mulher.
A candidatura do palhaço Tiririca tem causado burburinho. Segundo pesquisa do Datafolha, ele deve ser o deputado mais votado em São Paulo. Sua campanha realmente é exótica. As inserções na televisão são a negação da política. Daí ele estar sofrendo um forte bombardeio da mídia e de muitos candidatos que temem ficar de fora com o fenômeno Tiririca. Já que o Ministério Público está preocupado com a “falsidade ideológica”, sugiro que ele faça outras denúncias à Justiça:
Outros possíveis criminosos
1. Ele poderia também incluir o presidenciável tucano neste crime. Afinal, José Serra iniciou sua campanha afirmando que seria um “continuador do atual governo”, um “pós-Lula”. Disse que não era “oposição nem situação”. Chegou até a usar uma imagem do presidente no seu programa na televisão. Na sequência, como esta tática não rendeu frutos, Serra partiu para baixaria contra Lula e sua candidata, Dilma Rousseff. Virou porta-voz da direita mais raivosa, fascistóide. Não daria para incluir esta ação, que visa enganar os eleitores, como “crime de falsidade ideológica”?
2. O Ministério Público Eleitoral também poderia investigar vários candidatos demotucanos aos governos estaduais e ao parlamento. Muitos deles evitam colocar em seus materiais de campanha as logomarcas do PSDB ou do DEM e nem sequer citam o nome do presidenciável da coligação. O senador Arthur Virgilio, o mesmo que disse que ia dar “uma surra no Lula”, não mencionou Serra nos primeiros programas na TV. Esta postura mentirosa, de quem teme perder as eleições, também não caracterizaria “crime de falsidade ideológica”, visando ludibriar os eleitores?
3- Por último, o Ministério Público Eleitoral daria enorme contribuição à democracia se também investigasse os “crimes de falsidade ideológica” da chamada grande imprensa. Seus manuais de redação firmam como princípio que será respeitada a pluralidade de opiniões e que os veículos serão pautados pela neutralidade e imparcialidade. Na geral, porém, a maior parte da velha mídia não segue seus manuais. Até as concessionárias públicas, as emissoras de rádio e TV, ferem este princípio. O que se nota é a mais abjeta manipulação, com a mídia assumindo o papel de partido político, de comitê eleitoral do Serra. Além de ferir a Constituição, esta prática não poderia ser qualificada como “crime de falsidade ideológica”, visando manipular os leitores e eleitores?
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Na semana passada, o Ministério Público Eleitoral de São Paulo denunciou à Justiça, por crime de “falsidade ideológica”, Francisco Everardo dos Santos, vulgo Tiririca, candidato a deputado federal pelo PR. A denúncia foi baseada em entrevista à revista Veja, na qual o humorista disse que declarou à Justiça Eleitoral não ter bens porque colocou todo o seu patrimônio em nome de terceiros, já que responde a processos trabalhistas e movidos por sua ex-mulher.
A candidatura do palhaço Tiririca tem causado burburinho. Segundo pesquisa do Datafolha, ele deve ser o deputado mais votado em São Paulo. Sua campanha realmente é exótica. As inserções na televisão são a negação da política. Daí ele estar sofrendo um forte bombardeio da mídia e de muitos candidatos que temem ficar de fora com o fenômeno Tiririca. Já que o Ministério Público está preocupado com a “falsidade ideológica”, sugiro que ele faça outras denúncias à Justiça:
Outros possíveis criminosos
1. Ele poderia também incluir o presidenciável tucano neste crime. Afinal, José Serra iniciou sua campanha afirmando que seria um “continuador do atual governo”, um “pós-Lula”. Disse que não era “oposição nem situação”. Chegou até a usar uma imagem do presidente no seu programa na televisão. Na sequência, como esta tática não rendeu frutos, Serra partiu para baixaria contra Lula e sua candidata, Dilma Rousseff. Virou porta-voz da direita mais raivosa, fascistóide. Não daria para incluir esta ação, que visa enganar os eleitores, como “crime de falsidade ideológica”?
2. O Ministério Público Eleitoral também poderia investigar vários candidatos demotucanos aos governos estaduais e ao parlamento. Muitos deles evitam colocar em seus materiais de campanha as logomarcas do PSDB ou do DEM e nem sequer citam o nome do presidenciável da coligação. O senador Arthur Virgilio, o mesmo que disse que ia dar “uma surra no Lula”, não mencionou Serra nos primeiros programas na TV. Esta postura mentirosa, de quem teme perder as eleições, também não caracterizaria “crime de falsidade ideológica”, visando ludibriar os eleitores?
3- Por último, o Ministério Público Eleitoral daria enorme contribuição à democracia se também investigasse os “crimes de falsidade ideológica” da chamada grande imprensa. Seus manuais de redação firmam como princípio que será respeitada a pluralidade de opiniões e que os veículos serão pautados pela neutralidade e imparcialidade. Na geral, porém, a maior parte da velha mídia não segue seus manuais. Até as concessionárias públicas, as emissoras de rádio e TV, ferem este princípio. O que se nota é a mais abjeta manipulação, com a mídia assumindo o papel de partido político, de comitê eleitoral do Serra. Além de ferir a Constituição, esta prática não poderia ser qualificada como “crime de falsidade ideológica”, visando manipular os leitores e eleitores?
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Marina será capa da revista Veja?
Por Altamiro Borges
Se bobear, a última edição da revista Veja antes do pleito deste domingo terá estampada na capa uma enorme e simpática foto de Marina Silva. Já o Jornal Nacional, da TV Globo, aproveitará os últimos dias da campanha para expor imagens positivas da candidata. Tudo isto porque a direita ficou animadinha com a última pesquisa Datafolha, que aponta o crescimento da presidenciável verde como única chance possível para forçar o segundo turno das eleições.
O resultado nem é tão alentador assim. Os números variam na chamada margem de erro. Dilma caiu três pontos, Serra ficou estagnado e Marina subiu um ponto, na comparação com a pesquisa anterior do Datafolha. Mas o desespero da direita é tão grande que isto foi suficiente para animá-la. Pouco importa que este instituto, ligado à famíglia Frias, já tenha sido denunciado por fraudar pesquisas para beneficiar o demotucano – tanto que foi apelidado de Datafraude ou DataSerra.
A queridinha da mídia
A direita vai apostar todas as suas fichas na tática de insuflar a candidata verde. Esta é sua única alternativa. No último domingo, Marina Silva foi capa da Folha, abordando um tema tão caro aos falsos moralistas: o “mensalão”. Quando ministra do Meio Ambiente, o mesmo jornal fez várias acusações de corrupção contra a sua gestão. Quase toda semana saiam denúncias nos jornalões envolvendo a sua pasta – na maioria, plantadas por ruralistas devastadores da natureza. Agora, a mídia venal simplesmente arquivou as acusações. Não interessa aos seus propósitos.
Para incendiar a “onda verde”, colunistas ligados à direita agora derramam elogios à ex-ministra. Merval Pereira, Lúcia Hipólito, Josias de Souza e outros enxergam na sua campanha o serra que pode podar o ciclo político aberto pelo presidente Lula. Todos viraram eco-capitalistas, como ironizou o candidato Plínio de Arruda ao criticar a verde. A manobra é escancarada. “A seis dias da eleição, Marina não exibe musculatura eleitoral capaz de içá-la ao segundo turno... Porém, ao escalar sobre Dilma, Marina termina por favorecer José Serra”, confessa Josias de Souza.
Fazendo o jogo da direita
Para quem achava que a sucessão presidencial já estava decidida, os últimos dias da campanha serão de muita emoção e adrenalina. O que está em disputa no pleito não é pouca coisa. O Brasil desperta muitos interesses e a direita não está para brincadeira; não tem nada de verde! Marina Silva só virou a “queridinha da mídia”, segundo alertou o sociólogo Emir Sader, porque ela serve – conscientemente ou não, apesar de que tudo indica que sim – aos interesses dos demotucanos.
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Se bobear, a última edição da revista Veja antes do pleito deste domingo terá estampada na capa uma enorme e simpática foto de Marina Silva. Já o Jornal Nacional, da TV Globo, aproveitará os últimos dias da campanha para expor imagens positivas da candidata. Tudo isto porque a direita ficou animadinha com a última pesquisa Datafolha, que aponta o crescimento da presidenciável verde como única chance possível para forçar o segundo turno das eleições.
O resultado nem é tão alentador assim. Os números variam na chamada margem de erro. Dilma caiu três pontos, Serra ficou estagnado e Marina subiu um ponto, na comparação com a pesquisa anterior do Datafolha. Mas o desespero da direita é tão grande que isto foi suficiente para animá-la. Pouco importa que este instituto, ligado à famíglia Frias, já tenha sido denunciado por fraudar pesquisas para beneficiar o demotucano – tanto que foi apelidado de Datafraude ou DataSerra.
A queridinha da mídia
A direita vai apostar todas as suas fichas na tática de insuflar a candidata verde. Esta é sua única alternativa. No último domingo, Marina Silva foi capa da Folha, abordando um tema tão caro aos falsos moralistas: o “mensalão”. Quando ministra do Meio Ambiente, o mesmo jornal fez várias acusações de corrupção contra a sua gestão. Quase toda semana saiam denúncias nos jornalões envolvendo a sua pasta – na maioria, plantadas por ruralistas devastadores da natureza. Agora, a mídia venal simplesmente arquivou as acusações. Não interessa aos seus propósitos.
Para incendiar a “onda verde”, colunistas ligados à direita agora derramam elogios à ex-ministra. Merval Pereira, Lúcia Hipólito, Josias de Souza e outros enxergam na sua campanha o serra que pode podar o ciclo político aberto pelo presidente Lula. Todos viraram eco-capitalistas, como ironizou o candidato Plínio de Arruda ao criticar a verde. A manobra é escancarada. “A seis dias da eleição, Marina não exibe musculatura eleitoral capaz de içá-la ao segundo turno... Porém, ao escalar sobre Dilma, Marina termina por favorecer José Serra”, confessa Josias de Souza.
Fazendo o jogo da direita
Para quem achava que a sucessão presidencial já estava decidida, os últimos dias da campanha serão de muita emoção e adrenalina. O que está em disputa no pleito não é pouca coisa. O Brasil desperta muitos interesses e a direita não está para brincadeira; não tem nada de verde! Marina Silva só virou a “queridinha da mídia”, segundo alertou o sociólogo Emir Sader, porque ela serve – conscientemente ou não, apesar de que tudo indica que sim – aos interesses dos demotucanos.
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A intoxicação midiática da eleição
Reproduzo artigo do professor João Quartim de Moraes, publicado no sítio Vermelho:
De caso pensado (porque bobos não são), os donos dos jornais e os plumitivos a seu serviço confundem o poder de imprimir com a liberdade de expressão. Nos jornais em que eles mandam, só se escreve o que eles deixam, só se expressa o que eles permitem. As notícias que divulgam são tão manipuladas quanto a escolha de seus articulistas e colunistas. A maioria destes defende compactamente, alguns agressivamente, o ponto de vista e os interesses da direita liberal/pró-imperialista.
Como porém a importância de um jornal está diretamente relacionada com o número de seus leitores, os magnatas da mediáticaabrem espaçopara opiniões diferentes, persuadindo os ingênuos de que sãopluralistas. Entre os colaboradores mais ou menos (em geral mais para menos do que para mais)alternativos figuram dois políticos defensores do verde: F. Gabeira e Marina Silva, articulistas da Folha dita branda.
Mas o apoio unânime que Marina tem recebido por parte do cartel mediático não há de ser principalmente motivado pelo desejo de proteger os micos-leões dourados, lobos-guará e outras espécies em extinção. Mesmo porque ela é, como dizem os gringos, "only the second best" da direita bicéfala (PSDEMB). O problema é que o candidato desta, "the first best", continua sem fôlego para subir a serra de um eventual 2º turno; a última esperança da direita é que a candidata da "onda verde" arranque uns pontinhos suficientes para deixar Dilma aquém de 50,01% dos votos válidos, impedindo-a de ser eleita logo no primeiro turno.
Explica-se assim o caráter crescentemente provocador, em alguns casos no limite da histeria, assumido pela campanha do bloco neoliberal. O senador ultra-reacionário Borrausen (ou coisa parecida), que há alguns anos atrás queria "acabar com a raça do PT", agora mandou Lula "lavar a boca", num ato evidente de projeção psicopatológica, já que é ele o especialista em vomitar impropérios. Mas o ataque mais compacto vem da tropa de choque mediática. Criptofascistas, democratas tartufos, bonecos de mola da direita cavernícola, às ordens dos donos da Veja, da Folha, do Estadão, da Rede Globo et caterva, aceleram a escalada das baixarias e intensificam o fustigamento da candidata apoiada por Lula.
Na campanha presidencial de 2002, Serra apelou sem sucesso para o argumento do medo: se Lula vencesse, voltaria a hiperinflação e com ela o caos econômico e as convulsões sociais. Lula venceu, sem que nenhuma das previsões catastróficas dos urubus da direita tenha se verificado. Em 2010, o candidato da reação neoliberal começou a campanha evitando recorrer ao mesmo método. Mas diante da derrota iminente, ele e sua tropa, com forte apoio dos profissionais da intoxicação mediática, partiram para o ataque histérico. Dez dias antes das eleições de 3 de outubro, esses ventríloquos do medo promoveram duas iniciativas, uma no Rio de Janeiro, outra em São Paulo, com objetivos sombriamente convergentes.
No Rio, o Clube Militar, "preocupado com o panorama político brasileiro", deu um rosnado de alerta, promovendo um Painel com tema sugestivo: "A democracia ameaçada: restrições à liberdade de expressão". Em geral esse Clube se manifesta para defender a impunidade aos torturadores e elogiar o golpe de 1964. Teria mudado de atitude? Infelizmente, não. O ele que pretende é atribuir ao "Foro de São Paulo" a intenção de restringir a liberdade de expressão nos países latino-americanos, inclusive no nosso. Osprocessos de intenção têm atrás de si uma longa e tenebrosa história, boa parte da qual nos porões da ditadura. Quanto ao fundo, não surpreende que os militares reacionários chamem liberdade de expressão o monopólio exercido sobre os grandes meios de comunicação pelos magnatas da desinformação. Afinal, não são ingratos: não esqueceram do decisivo apoio que esses magnatas prestaram ao golpe de 1964.
Em São Paulo, um pelotão composto, segundo o Estadão (que lhes esposou a causa, se é que não a estimulou) de "juristas, acadêmicos e artistas, além de políticos tucanos", mas integrado também por jornalistas e outros intelectuais da direita, lançou um Manifesto em Defesa da Democracia, que se abre em tom grandiloquente: "Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano. Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo".
A primeira frase chafurda no óbvio. A segunda apenas exibe a mesquinharia liberal do Manifesto. Contrariamente ao que pretende a direita (tanto a pós-moderna quanto a cavernícola), é o povo que é corpo ealma da Constituição. Ele é a fonte de todos os poderes, inclusive o poder constituinte originário, o mais fundamental de todos, que é anterior a toda e qualquer instituição. Consta que um dos manifestantes, o jurista Miguel Reale Júnior, chegou a afirmar que "Lula age como um fascista". Que ironia! Nos anos 1930, Miguel Reale Sênior foi um dos principais teóricos do integralismo, versão brasileira do fascismo. Foi nomeado em 1941, em pleno Estado Novo, sob protesto dos estudantes anti-fascistas, catedrático de Filosofia do Direito da mesma Faculdade em que se reuniram os "democratas" do medo.
É exatamente no momento em que o povo se prepara para exercer pelo sufrágio universal a autoridade suprema que lhe cabe sobre a coisa pública que o bloco militar/mediático/liberal faz ressoar as trombetas do Apocalipse. Comprova-se que a única ameaça à democracia provém dos que se consideram ameaçados pelo veredicto das urnas.
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De caso pensado (porque bobos não são), os donos dos jornais e os plumitivos a seu serviço confundem o poder de imprimir com a liberdade de expressão. Nos jornais em que eles mandam, só se escreve o que eles deixam, só se expressa o que eles permitem. As notícias que divulgam são tão manipuladas quanto a escolha de seus articulistas e colunistas. A maioria destes defende compactamente, alguns agressivamente, o ponto de vista e os interesses da direita liberal/pró-imperialista.
Como porém a importância de um jornal está diretamente relacionada com o número de seus leitores, os magnatas da mediáticaabrem espaçopara opiniões diferentes, persuadindo os ingênuos de que sãopluralistas. Entre os colaboradores mais ou menos (em geral mais para menos do que para mais)alternativos figuram dois políticos defensores do verde: F. Gabeira e Marina Silva, articulistas da Folha dita branda.
Mas o apoio unânime que Marina tem recebido por parte do cartel mediático não há de ser principalmente motivado pelo desejo de proteger os micos-leões dourados, lobos-guará e outras espécies em extinção. Mesmo porque ela é, como dizem os gringos, "only the second best" da direita bicéfala (PSDEMB). O problema é que o candidato desta, "the first best", continua sem fôlego para subir a serra de um eventual 2º turno; a última esperança da direita é que a candidata da "onda verde" arranque uns pontinhos suficientes para deixar Dilma aquém de 50,01% dos votos válidos, impedindo-a de ser eleita logo no primeiro turno.
Explica-se assim o caráter crescentemente provocador, em alguns casos no limite da histeria, assumido pela campanha do bloco neoliberal. O senador ultra-reacionário Borrausen (ou coisa parecida), que há alguns anos atrás queria "acabar com a raça do PT", agora mandou Lula "lavar a boca", num ato evidente de projeção psicopatológica, já que é ele o especialista em vomitar impropérios. Mas o ataque mais compacto vem da tropa de choque mediática. Criptofascistas, democratas tartufos, bonecos de mola da direita cavernícola, às ordens dos donos da Veja, da Folha, do Estadão, da Rede Globo et caterva, aceleram a escalada das baixarias e intensificam o fustigamento da candidata apoiada por Lula.
Na campanha presidencial de 2002, Serra apelou sem sucesso para o argumento do medo: se Lula vencesse, voltaria a hiperinflação e com ela o caos econômico e as convulsões sociais. Lula venceu, sem que nenhuma das previsões catastróficas dos urubus da direita tenha se verificado. Em 2010, o candidato da reação neoliberal começou a campanha evitando recorrer ao mesmo método. Mas diante da derrota iminente, ele e sua tropa, com forte apoio dos profissionais da intoxicação mediática, partiram para o ataque histérico. Dez dias antes das eleições de 3 de outubro, esses ventríloquos do medo promoveram duas iniciativas, uma no Rio de Janeiro, outra em São Paulo, com objetivos sombriamente convergentes.
No Rio, o Clube Militar, "preocupado com o panorama político brasileiro", deu um rosnado de alerta, promovendo um Painel com tema sugestivo: "A democracia ameaçada: restrições à liberdade de expressão". Em geral esse Clube se manifesta para defender a impunidade aos torturadores e elogiar o golpe de 1964. Teria mudado de atitude? Infelizmente, não. O ele que pretende é atribuir ao "Foro de São Paulo" a intenção de restringir a liberdade de expressão nos países latino-americanos, inclusive no nosso. Osprocessos de intenção têm atrás de si uma longa e tenebrosa história, boa parte da qual nos porões da ditadura. Quanto ao fundo, não surpreende que os militares reacionários chamem liberdade de expressão o monopólio exercido sobre os grandes meios de comunicação pelos magnatas da desinformação. Afinal, não são ingratos: não esqueceram do decisivo apoio que esses magnatas prestaram ao golpe de 1964.
Em São Paulo, um pelotão composto, segundo o Estadão (que lhes esposou a causa, se é que não a estimulou) de "juristas, acadêmicos e artistas, além de políticos tucanos", mas integrado também por jornalistas e outros intelectuais da direita, lançou um Manifesto em Defesa da Democracia, que se abre em tom grandiloquente: "Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano. Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo".
A primeira frase chafurda no óbvio. A segunda apenas exibe a mesquinharia liberal do Manifesto. Contrariamente ao que pretende a direita (tanto a pós-moderna quanto a cavernícola), é o povo que é corpo ealma da Constituição. Ele é a fonte de todos os poderes, inclusive o poder constituinte originário, o mais fundamental de todos, que é anterior a toda e qualquer instituição. Consta que um dos manifestantes, o jurista Miguel Reale Júnior, chegou a afirmar que "Lula age como um fascista". Que ironia! Nos anos 1930, Miguel Reale Sênior foi um dos principais teóricos do integralismo, versão brasileira do fascismo. Foi nomeado em 1941, em pleno Estado Novo, sob protesto dos estudantes anti-fascistas, catedrático de Filosofia do Direito da mesma Faculdade em que se reuniram os "democratas" do medo.
É exatamente no momento em que o povo se prepara para exercer pelo sufrágio universal a autoridade suprema que lhe cabe sobre a coisa pública que o bloco militar/mediático/liberal faz ressoar as trombetas do Apocalipse. Comprova-se que a única ameaça à democracia provém dos que se consideram ameaçados pelo veredicto das urnas.
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Cláudio Lembo e a mídia engajada
Reproduzo entrevista concedida ao jornalista Bob Fernandes, do Portal Terra:
"Dramático será o dia 4 de outubro, porque não teremos mais partidos políticos, só um movimento social coordenado pelo hoje presidente Lula... A mídia está engajada e tem um candidato, o Serra, com isso se perdeu o equilíbrio e é desse embate que nasce a intranquilidade, mas ela é transitória".
A análise é do ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, em conversa com o portal Terra na manhã desta quarta-feira (15). Atual secretário municipal dos Negócios Jurídicos de São Paulo, Cláudio Lembo, do DEM, enfrentou uma gravíssima crise: a dos ataques do PCC em maio de 2006, quando era o governador do Estado.
Então, em meio ao embate com o Primeiro Comando da Capital, Lembo disse em entrevista ao Terra Magazine viver um momento de catarse depois de ter sido instado pela burguesia - também hipócrita - a valer-se do "olho por olho" na reação aos ataques do PCC. Ainda à época desabafou com a colunista Mônica Bergamo:
"Nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa".
Quatro anos depois, nova eleição presidencial e o ensaio de uma crise política.
Erenice Guerra, chefe da Casa Civil fustigada por denúncias, assina uma nota oficial e chama José Serra, do PSDB, de "candidato aético e já derrotado". Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, evoca o líder fascista Mussolini ao referir-se ao presidente Lula como "chefe de uma facção". Lula, por seu lado, prega extirpar o DEMe os Bornhausen, cujo chefe, Jorge, já defendeu um dia "acabar com essa raça", a do PT.
Diante desse cenário, o Terra ouviu o ex-governador de São Paulo. Abaixo, a conversa:
Nas últimas horas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso evocou Mussolini para se referir ao presidente Lula, o ex-dirigente do DEM, Jorge Bornhausen, aconselhou o presidente Lula a "não ingerir bebida alcoólica antes dos comícios", palavras dele, sendo de Bornhausen a famosa frase sobre o PT, "vamos acabar com essa raça". O presidente agora devolveu falando em "extirpar o DEM", e a chefe da Casa Civil fez uma nota oficial chamando o candidato da oposição de "aético e já derrotado". Como o senhor, experimentado também em crises, vê isso?
É interessante porque a campanha ocorria com normalidade. E abruptamente aconteceram situações novas. Todas, quase todas, nasceram no ventre do próprio governo. Não foi a oposição que criou a complexidade da Casa Civil. Portanto, o que está se vivendo nasce também de equívocos do próprio governo.
Como o senhor interpreta o cenário todo?
É transitório e próprio dos momentos que se aproximam da eleição. Mas o dramático será no dia 4 de outubro.
Por quê?
Porque não teremos mais partidos políticos, só um movimento social coordenado pelo hoje presidente Lula, o que é ruim para a democracia. Ou seja, o partido que é coordenado pelo presidente da República sobreviverá muito mais como movimento social do que como partido, porque ele não é orgânico.
E a oposição?
A oposição terá um resultado mau, muito ruim no pleito, e sai sem voz, sem maior possibilidade de apontar os erros do governo, de ser e fazer oposição. Também por erros da própria oposição.
E o papel da mídia? Qual é, qual deveria ser?
A mídia se engajou, a mídia tem um candidato
Qual candidato?
O candidato do PSDB, o Serra
E qual a consequência disso? Isso esquenta a conversa de botequim das últimas horas?
A mída está engajada, tem um candidato que é o Serra e com isso se perdeu o equilíbrio, vem o desequilíbrio, é desse embate que nasce a intranquilidade. Mas ela é transitória. Havendo só um grande vencedor no pleito, que é o movimento social, e estando a mídia engajada como que está disso nasce essa intranquilidade.
Quando se chega a termos como Mussolini, "candidato aético já derrotado" e "bêbado"...
Isso está fora dos preceitos democráticos e muito além do tom
.
"Dramático será o dia 4 de outubro, porque não teremos mais partidos políticos, só um movimento social coordenado pelo hoje presidente Lula... A mídia está engajada e tem um candidato, o Serra, com isso se perdeu o equilíbrio e é desse embate que nasce a intranquilidade, mas ela é transitória".
A análise é do ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, em conversa com o portal Terra na manhã desta quarta-feira (15). Atual secretário municipal dos Negócios Jurídicos de São Paulo, Cláudio Lembo, do DEM, enfrentou uma gravíssima crise: a dos ataques do PCC em maio de 2006, quando era o governador do Estado.
Então, em meio ao embate com o Primeiro Comando da Capital, Lembo disse em entrevista ao Terra Magazine viver um momento de catarse depois de ter sido instado pela burguesia - também hipócrita - a valer-se do "olho por olho" na reação aos ataques do PCC. Ainda à época desabafou com a colunista Mônica Bergamo:
"Nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa".
Quatro anos depois, nova eleição presidencial e o ensaio de uma crise política.
Erenice Guerra, chefe da Casa Civil fustigada por denúncias, assina uma nota oficial e chama José Serra, do PSDB, de "candidato aético e já derrotado". Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, evoca o líder fascista Mussolini ao referir-se ao presidente Lula como "chefe de uma facção". Lula, por seu lado, prega extirpar o DEMe os Bornhausen, cujo chefe, Jorge, já defendeu um dia "acabar com essa raça", a do PT.
Diante desse cenário, o Terra ouviu o ex-governador de São Paulo. Abaixo, a conversa:
Nas últimas horas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso evocou Mussolini para se referir ao presidente Lula, o ex-dirigente do DEM, Jorge Bornhausen, aconselhou o presidente Lula a "não ingerir bebida alcoólica antes dos comícios", palavras dele, sendo de Bornhausen a famosa frase sobre o PT, "vamos acabar com essa raça". O presidente agora devolveu falando em "extirpar o DEM", e a chefe da Casa Civil fez uma nota oficial chamando o candidato da oposição de "aético e já derrotado". Como o senhor, experimentado também em crises, vê isso?
É interessante porque a campanha ocorria com normalidade. E abruptamente aconteceram situações novas. Todas, quase todas, nasceram no ventre do próprio governo. Não foi a oposição que criou a complexidade da Casa Civil. Portanto, o que está se vivendo nasce também de equívocos do próprio governo.
Como o senhor interpreta o cenário todo?
É transitório e próprio dos momentos que se aproximam da eleição. Mas o dramático será no dia 4 de outubro.
Por quê?
Porque não teremos mais partidos políticos, só um movimento social coordenado pelo hoje presidente Lula, o que é ruim para a democracia. Ou seja, o partido que é coordenado pelo presidente da República sobreviverá muito mais como movimento social do que como partido, porque ele não é orgânico.
E a oposição?
A oposição terá um resultado mau, muito ruim no pleito, e sai sem voz, sem maior possibilidade de apontar os erros do governo, de ser e fazer oposição. Também por erros da própria oposição.
E o papel da mídia? Qual é, qual deveria ser?
A mídia se engajou, a mídia tem um candidato
Qual candidato?
O candidato do PSDB, o Serra
E qual a consequência disso? Isso esquenta a conversa de botequim das últimas horas?
A mída está engajada, tem um candidato que é o Serra e com isso se perdeu o equilíbrio, vem o desequilíbrio, é desse embate que nasce a intranquilidade. Mas ela é transitória. Havendo só um grande vencedor no pleito, que é o movimento social, e estando a mídia engajada como que está disso nasce essa intranquilidade.
Quando se chega a termos como Mussolini, "candidato aético já derrotado" e "bêbado"...
Isso está fora dos preceitos democráticos e muito além do tom
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As mentiras midiáticas no Clube Militar
Reproduzo artigo de Mário Augusto Jakobskind, publicado no sítio Direto da Redação:
O Clube Militar serviu de cenário na semana que passou para um espetáculo dos mais deprimentes e que confirmou a quantas anda a saúde do jornalismo de mercado. Lá falaram, sem o menor constrangimento, para um público constituído sobretudo de militares da reserva, a maioria apoiadora do golpe de 64, Merval Pereira, de O Globo, Reinaldo Azevedo, da revista Veja, e um tal de Rodolfo Machado Moura, diretor de Assuntos Legais da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert).
Nunca vi tanta mentira e manipulação da informação em um curto espaço de duas horas como o apresentado no Clube Militar. Seria impossível enumerar todas as baboseiras levantadas pelos palestrantes. Algo que depõe contra o jornalismo brasileiro.
Para se ter uma idéia, o amestrado colunista de O Globo afirmou enfaticamente que o eleitorado brasileiro é constituído por “60% de analfabetos funcionais sem condições de discernir entre o bem e o mal”. Elitismo em mais alto grau e com base em informação sabe-se lá de que fonte. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD)-2009, o número de analfabetos funcionais no Brasil não ultrapassa os 20%. De onde, então, o cascateiro Merval Pereira tirou esse percentual? Possivelmente do ódio que nutre a quem não aceita o seu ideário e de O Globo.
Merval Pereira, como querendo justificar que a ideologia de seu jornal e demais veículos da mídia de mercado não consegue convencer os brasileiros, culpou os supostos analfabetos “que Lula se aproveita para convencer”, pelo resultado das recentes pesquisas. Para Merval, o “bem” quer dizer votar em José Serra ou Marina Silva. O “mal” é o “outro lado”... Não tem coragem de dizer isso abertamente, mas está implícito.
E tem muito mais. Todos os três palestrantes, sob aplausos dos militares sem comando, usaram uma linguagem de ódio e calúnias sem provas contra Lula e demais integrantes do governo. Não disfarçaram, estavam se sentido em casa, ainda mais com o apoio do Instituto Millenium, uma entidade bancada por empresários, nos moldes de outras criadas antes de 64 para respaldar o golpe.
Merval Pereira, tentando posar de moderado em comparação a Reinaldo Azevedo, que faz o gênero bobo da corte, do tipo que arranca risos com o seu radicalismo patronal, deixou claro sua posição contra a obrigatoriedade do diploma para o exercício profissional chegando a afirmar o absurdo de que se trata de “um viés corporativo” associando a exigência ao desejo do governo Lula em controlar a mídia. Não explicou exatamente o que tem a ver uma coisa com a outra.
Merval desinformou também ao lembrar erradamente que o governo Lula propôs a criação do Conselho Federal de Jornalismo, quando isso não aconteceu. A proposta foi da diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), sendo rejeitada por mais diversos setores, muitos deles sem conhecer exatamente o projeto. Merval revelou desinformação. Foi um mau jornalista.
O obscuro Azevedo considerou a oposição ao governo Lula “sem vergonha e mixuruca”, confirmando que os meios de comunicação estão ocupando o espaço da oposição, mas, segundo ele, na “defesa da Constituição”. O colunista da revista Veja usou inclusive termos ofensivos ao Presidente Lula, arrancando aplausos.
Há uma visível disputa na extrema direita de qual jornalista consegue mais adeptos. Além do filósofo reprovado por uma banca da USP, Olavo de Carvalho, Reinaldo Azevedo tenta de todas as formas ocupar o espaço, disputado também por Diego Mainardi, hoje, como Olavo de Carvalho, vivendo no exterior. Arnaldo Jabor corre por fora.
Vale ainda um comentário sobre o Instituto Millenium, apoiador do seminário “A democracia ameaçada: restrições à liberdade de imprensa” realizado no Clube Militar. No fundo, bem lá no fundo, empresários que apoiaram a repressão policial na época da ditadura não se conformam com os novos tempos no Brasil e na América Latina. Decidiram então bancar o Instituto Millenium, uma entidade que ressurge do lixo da história do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), criada para apoiar o golpe de 64.
E qual a associação que se pode fazer entre o referido instituto e os militares sem comando que assistiram o destilar de ódios dos três palestrantes? Empresários financiadores da repressão temem a abertura dos arquivos da época da ditadura que naturalmente vão mostrar oficialmente como agia o setor por detrás do pano, apoiando ações assassinas do Estado, como a Operação Bandeirantes. Como nesta história aparecem também alguns militares que agiram ilegalmente, os financiadores, aí sim verdadeiros culpados, se escondem e colocam na linha de frente alguns militares delinquentes. Nada a ver com a corporação militar.
É por aí que se pode entender a associação entre o Instituto Millenium e os militares que foram ouvir Merval Pereira, Reinaldo Azevedo e o representante da Abert, Rodolfo Machado Moura. Ou seja, vale tudo para alcançar os objetivos, até mentiras como as apresentadas pelos três palestrantes no Clube Militar.
Em tempo: O Estado de S.Paulo abriu o jogo em editorial recomendando voto em José Serra, enquanto a Folha de S.Paulo desancou sobre a candidatura Dilma Rousseff, mas dizendo que não apoia nenhum candidato. Vale então o dito popular: me engana que eu gosto. O Globo até agora nada em editorial, mas em compensação aumenta a quantidade de páginas de críticas a Lula e a Dilma Rousseff.
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O Clube Militar serviu de cenário na semana que passou para um espetáculo dos mais deprimentes e que confirmou a quantas anda a saúde do jornalismo de mercado. Lá falaram, sem o menor constrangimento, para um público constituído sobretudo de militares da reserva, a maioria apoiadora do golpe de 64, Merval Pereira, de O Globo, Reinaldo Azevedo, da revista Veja, e um tal de Rodolfo Machado Moura, diretor de Assuntos Legais da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert).
Nunca vi tanta mentira e manipulação da informação em um curto espaço de duas horas como o apresentado no Clube Militar. Seria impossível enumerar todas as baboseiras levantadas pelos palestrantes. Algo que depõe contra o jornalismo brasileiro.
Para se ter uma idéia, o amestrado colunista de O Globo afirmou enfaticamente que o eleitorado brasileiro é constituído por “60% de analfabetos funcionais sem condições de discernir entre o bem e o mal”. Elitismo em mais alto grau e com base em informação sabe-se lá de que fonte. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD)-2009, o número de analfabetos funcionais no Brasil não ultrapassa os 20%. De onde, então, o cascateiro Merval Pereira tirou esse percentual? Possivelmente do ódio que nutre a quem não aceita o seu ideário e de O Globo.
Merval Pereira, como querendo justificar que a ideologia de seu jornal e demais veículos da mídia de mercado não consegue convencer os brasileiros, culpou os supostos analfabetos “que Lula se aproveita para convencer”, pelo resultado das recentes pesquisas. Para Merval, o “bem” quer dizer votar em José Serra ou Marina Silva. O “mal” é o “outro lado”... Não tem coragem de dizer isso abertamente, mas está implícito.
E tem muito mais. Todos os três palestrantes, sob aplausos dos militares sem comando, usaram uma linguagem de ódio e calúnias sem provas contra Lula e demais integrantes do governo. Não disfarçaram, estavam se sentido em casa, ainda mais com o apoio do Instituto Millenium, uma entidade bancada por empresários, nos moldes de outras criadas antes de 64 para respaldar o golpe.
Merval Pereira, tentando posar de moderado em comparação a Reinaldo Azevedo, que faz o gênero bobo da corte, do tipo que arranca risos com o seu radicalismo patronal, deixou claro sua posição contra a obrigatoriedade do diploma para o exercício profissional chegando a afirmar o absurdo de que se trata de “um viés corporativo” associando a exigência ao desejo do governo Lula em controlar a mídia. Não explicou exatamente o que tem a ver uma coisa com a outra.
Merval desinformou também ao lembrar erradamente que o governo Lula propôs a criação do Conselho Federal de Jornalismo, quando isso não aconteceu. A proposta foi da diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), sendo rejeitada por mais diversos setores, muitos deles sem conhecer exatamente o projeto. Merval revelou desinformação. Foi um mau jornalista.
O obscuro Azevedo considerou a oposição ao governo Lula “sem vergonha e mixuruca”, confirmando que os meios de comunicação estão ocupando o espaço da oposição, mas, segundo ele, na “defesa da Constituição”. O colunista da revista Veja usou inclusive termos ofensivos ao Presidente Lula, arrancando aplausos.
Há uma visível disputa na extrema direita de qual jornalista consegue mais adeptos. Além do filósofo reprovado por uma banca da USP, Olavo de Carvalho, Reinaldo Azevedo tenta de todas as formas ocupar o espaço, disputado também por Diego Mainardi, hoje, como Olavo de Carvalho, vivendo no exterior. Arnaldo Jabor corre por fora.
Vale ainda um comentário sobre o Instituto Millenium, apoiador do seminário “A democracia ameaçada: restrições à liberdade de imprensa” realizado no Clube Militar. No fundo, bem lá no fundo, empresários que apoiaram a repressão policial na época da ditadura não se conformam com os novos tempos no Brasil e na América Latina. Decidiram então bancar o Instituto Millenium, uma entidade que ressurge do lixo da história do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), criada para apoiar o golpe de 64.
E qual a associação que se pode fazer entre o referido instituto e os militares sem comando que assistiram o destilar de ódios dos três palestrantes? Empresários financiadores da repressão temem a abertura dos arquivos da época da ditadura que naturalmente vão mostrar oficialmente como agia o setor por detrás do pano, apoiando ações assassinas do Estado, como a Operação Bandeirantes. Como nesta história aparecem também alguns militares que agiram ilegalmente, os financiadores, aí sim verdadeiros culpados, se escondem e colocam na linha de frente alguns militares delinquentes. Nada a ver com a corporação militar.
É por aí que se pode entender a associação entre o Instituto Millenium e os militares que foram ouvir Merval Pereira, Reinaldo Azevedo e o representante da Abert, Rodolfo Machado Moura. Ou seja, vale tudo para alcançar os objetivos, até mentiras como as apresentadas pelos três palestrantes no Clube Militar.
Em tempo: O Estado de S.Paulo abriu o jogo em editorial recomendando voto em José Serra, enquanto a Folha de S.Paulo desancou sobre a candidatura Dilma Rousseff, mas dizendo que não apoia nenhum candidato. Vale então o dito popular: me engana que eu gosto. O Globo até agora nada em editorial, mas em compensação aumenta a quantidade de páginas de críticas a Lula e a Dilma Rousseff.
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segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Veja ameaça a democracia. Boicote já!
Por Altamiro Borges
Na sua penúltima edição antes da eleição de domingo, dia 3, a revista Veja voltou à carga contra o governo Lula, com o objetivo de fustigar a candidata Dilma Rousseff e dar uma desesperada e derradeira forcinha ao tucano José Serra. Pela quarta semana consecutiva, a capa do panfleto teve tons terroristas. Ela mostra a estrela do PT rasgando os artigos da Constituição que tratam da liberdade de imprensa. Abaixo da forte imagem, a manchete garrafal: “Liberdade sob ataque”.
Nas três edições anteriores, ela repetiu à exaustão, nos títulos e “reporcagens”, a palavra polvo, acusando a esquerda de envolver o poder público com seus tentáculos - mas não disse nada sobre os fartos recursos públicos que recebeu do governo tucano de São Paulo. A revista destacou o caso do vazamento de sigilos fiscais, numa matéria requentada de setembro de 2009, e fez alarde com as denúncias contra a ministra Erenice Guerra. Nenhuma palavra sobre a quebra do sigilo de 60 milhões de brasileiros, patrocinada pelas filhas de José Serra e o do especulador Daniel Dantas.
O fantasma da “tentação autoritária”
Já na edição desta semana, a revista preferiu encarar a provável derrota do seu candidato para, de quebra, tentar deslegitimar um futuro governo Dilma. O editorial adverte que a democracia corre risco, devido à “concepção de mundo dos atuais governantes petistas em que não cabe o conceito de jornalismo independente. Essa deformação decorre das convicções de alguns que continuam ruminando a idéia totalitária do leninismo”. É o mesmo chavão repetido há oito anos, numa total falta de criatividade. Em 2004, a capa da Veja já rosnava contra a “tentação autoritária” de Lula.
Sem apresentar provas sobre os retrocessos na democracia, a “reporcagem” alardeia “os ataques que o exercício da imprensa livre vem sofrendo no Brasil”. Para ela, a tentação autoritária teria crescido nos últimos dias. “Na semana passada, a brasa voltou a ser atiçada pelo presidente Lula e pelos dirigentes do seu partido, secundados pelo vasto contingente de mercenários recrutados a preço de ouro nos porões da internet”. A famíglia Civita, que se acha acima do Estado de Direito e superior a Deus, não aceita críticas do presidente da República, muito menos dos blogueiros.
Arrogante, raivosa e mentirosa
Após oito anos de ataques raivosos – segundo estudo da PUC/SP, foram mais de quarenta capas contra o governo, muitas delas criminosas, como a que apresentou o presidente com a marca de um chute no traseiro –, a revistinha se faz de vítima. “Lula dedicou a semana a desferir ataques contra a imprensa com uma virulência inédita”. Coitadinha! Arrogante, ela se jacta de “alertar sobre os abusos perpetrados por quem está no poder”. Não faz autocrítica sobre seu apoio ao “caçador de marajás” ou à implantação do destrutivo modelo neoliberal no reinado de FHC.
Raivosa, ela garante que a esquerda já adentrou no “temível pântano da censura... Ao sujar suas botas nesse lodo, Lula se aproxima do que há de pior na política da América Latina. Ele trilha o caminho dos caudilhos e ombreia-se com tiranetes do porte de Hugo Chávez”. Mentirosa, Veja ainda afirma que “nos países democráticos, a liberdade de imprensa não é um assunto discutível, mas um dado da realidade”. Só não fala que nestes países, inclusive nos EUA, existem regras legais para restringir os monopólios no setor e para penalizar as manipulações midiáticas.
Urgência de uma campanha nacional
Com mais esta edição rancorosa, a revista Veja deixa explícito que não dará tréguas a um futuro governo Dilma. Tentará enquadrá-lo, impondo “gente confiável”, como o ex-ministro Antonio Palocci. Caso não consiga, ela jogará todas as suas fichas para desestabilizá-lo e, se possível, derrubá-lo. Este é seu instinto de escorpião. A publicação da famíglia Civita confirma mais uma vez que é avessa à democracia, ao voto popular. Ela sim coloca em risco a liberdade.
Numa democracia, esta revista tem todo o direito de arrotar suas baboseiras golpistas. Da mesma forma, a sociedade tem todo o direito de rejeitar a Veja. A cada dia que passa fica mais evidente a urgência de uma ampla campanha de esclarecimento à população propondo o boicote deste panfleto fascistóide. Aqui vale reproduzir o alerta do intelectual italiano Antonio Gramsci. No artigo “Os jornais e os operários”, escrito em 1916, ele conclamou os trabalhadores a boicotarem a imprensa burguesa. Seu texto poderia servir para a campanha atual de repúdio à revista Veja:
Boicote, boicote, boicote!
“A assinatura de jornal burguês é uma escolha cheia de insídias e de perigos que deveria ser feita com consciência, com critério e depois de amadurecida reflexão. Antes de mais, o operário deve negar decididamente qualquer solidariedade com o jornal burguês. Deveria recordar-se sempre, sempre, sempre, que o jornal burguês (qualquer que seja sua cor) é um instrumento de luta movido por idéias e interesses que estão em contraste com os seus. Tudo o que se publica é constantemente influenciado por uma idéia: servir à classe dominante, o que se traduz sem dúvida num fato: combater a classe trabalhadora. E, de fato, da primeira à última linha, o jornal burguês sente e revela esta preocupação”.
“Todos os dias, pois, sucede a este mesmo operário a possibilidade de poder constatar pessoalmente que os jornais burgueses apresentam os fatos, mesmo os mais simples, de modo a favorecer a classe burguesa e a política burguesa em prejuízo da política e da classe operária. Rebenta uma greve! Para o jornal burguês os operários nunca têm razão. Há uma manifestação! Os manifestantes, apenas porque são operários, são sempre tumultuosos e malfeitores. E não falemos daqueles casos em que o jornal burguês ou cala, ou deturpa, ou falsifica para enganar, iludir e manter na ignorância o público trabalhador. Apesar disso, a aquiescência culposa do operário em relação ao jornal burguês é sem limites”.
“É preciso reagir contra ela e despertar o operário para a exata avaliação da realidade. É preciso dizer e repetir que a moeda atirada distraidamente é um projétil oferecido ao jornal burguês que o lançará depois, no momento oportuno, contra a massa operária. Se os operários se persuadirem desta elementar verdade, aprenderiam a boicotar a imprensa burguesa, em bloco e com a mesma disciplina com que a burguesia boicota os jornais operários, isto é, a imprensa socialista. Não contribuam com dinheiro para a imprensa burguesa que vos é adversária: eis qual deve ser o nosso grito de guerra neste momento, caracterizado pela campanha de assinatura de todos os jornais burgueses: Boicotem, boicotem, boicotem!”.
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Na sua penúltima edição antes da eleição de domingo, dia 3, a revista Veja voltou à carga contra o governo Lula, com o objetivo de fustigar a candidata Dilma Rousseff e dar uma desesperada e derradeira forcinha ao tucano José Serra. Pela quarta semana consecutiva, a capa do panfleto teve tons terroristas. Ela mostra a estrela do PT rasgando os artigos da Constituição que tratam da liberdade de imprensa. Abaixo da forte imagem, a manchete garrafal: “Liberdade sob ataque”.
Nas três edições anteriores, ela repetiu à exaustão, nos títulos e “reporcagens”, a palavra polvo, acusando a esquerda de envolver o poder público com seus tentáculos - mas não disse nada sobre os fartos recursos públicos que recebeu do governo tucano de São Paulo. A revista destacou o caso do vazamento de sigilos fiscais, numa matéria requentada de setembro de 2009, e fez alarde com as denúncias contra a ministra Erenice Guerra. Nenhuma palavra sobre a quebra do sigilo de 60 milhões de brasileiros, patrocinada pelas filhas de José Serra e o do especulador Daniel Dantas.
O fantasma da “tentação autoritária”
Já na edição desta semana, a revista preferiu encarar a provável derrota do seu candidato para, de quebra, tentar deslegitimar um futuro governo Dilma. O editorial adverte que a democracia corre risco, devido à “concepção de mundo dos atuais governantes petistas em que não cabe o conceito de jornalismo independente. Essa deformação decorre das convicções de alguns que continuam ruminando a idéia totalitária do leninismo”. É o mesmo chavão repetido há oito anos, numa total falta de criatividade. Em 2004, a capa da Veja já rosnava contra a “tentação autoritária” de Lula.
Sem apresentar provas sobre os retrocessos na democracia, a “reporcagem” alardeia “os ataques que o exercício da imprensa livre vem sofrendo no Brasil”. Para ela, a tentação autoritária teria crescido nos últimos dias. “Na semana passada, a brasa voltou a ser atiçada pelo presidente Lula e pelos dirigentes do seu partido, secundados pelo vasto contingente de mercenários recrutados a preço de ouro nos porões da internet”. A famíglia Civita, que se acha acima do Estado de Direito e superior a Deus, não aceita críticas do presidente da República, muito menos dos blogueiros.
Arrogante, raivosa e mentirosa
Após oito anos de ataques raivosos – segundo estudo da PUC/SP, foram mais de quarenta capas contra o governo, muitas delas criminosas, como a que apresentou o presidente com a marca de um chute no traseiro –, a revistinha se faz de vítima. “Lula dedicou a semana a desferir ataques contra a imprensa com uma virulência inédita”. Coitadinha! Arrogante, ela se jacta de “alertar sobre os abusos perpetrados por quem está no poder”. Não faz autocrítica sobre seu apoio ao “caçador de marajás” ou à implantação do destrutivo modelo neoliberal no reinado de FHC.
Raivosa, ela garante que a esquerda já adentrou no “temível pântano da censura... Ao sujar suas botas nesse lodo, Lula se aproxima do que há de pior na política da América Latina. Ele trilha o caminho dos caudilhos e ombreia-se com tiranetes do porte de Hugo Chávez”. Mentirosa, Veja ainda afirma que “nos países democráticos, a liberdade de imprensa não é um assunto discutível, mas um dado da realidade”. Só não fala que nestes países, inclusive nos EUA, existem regras legais para restringir os monopólios no setor e para penalizar as manipulações midiáticas.
Urgência de uma campanha nacional
Com mais esta edição rancorosa, a revista Veja deixa explícito que não dará tréguas a um futuro governo Dilma. Tentará enquadrá-lo, impondo “gente confiável”, como o ex-ministro Antonio Palocci. Caso não consiga, ela jogará todas as suas fichas para desestabilizá-lo e, se possível, derrubá-lo. Este é seu instinto de escorpião. A publicação da famíglia Civita confirma mais uma vez que é avessa à democracia, ao voto popular. Ela sim coloca em risco a liberdade.
Numa democracia, esta revista tem todo o direito de arrotar suas baboseiras golpistas. Da mesma forma, a sociedade tem todo o direito de rejeitar a Veja. A cada dia que passa fica mais evidente a urgência de uma ampla campanha de esclarecimento à população propondo o boicote deste panfleto fascistóide. Aqui vale reproduzir o alerta do intelectual italiano Antonio Gramsci. No artigo “Os jornais e os operários”, escrito em 1916, ele conclamou os trabalhadores a boicotarem a imprensa burguesa. Seu texto poderia servir para a campanha atual de repúdio à revista Veja:
Boicote, boicote, boicote!
“A assinatura de jornal burguês é uma escolha cheia de insídias e de perigos que deveria ser feita com consciência, com critério e depois de amadurecida reflexão. Antes de mais, o operário deve negar decididamente qualquer solidariedade com o jornal burguês. Deveria recordar-se sempre, sempre, sempre, que o jornal burguês (qualquer que seja sua cor) é um instrumento de luta movido por idéias e interesses que estão em contraste com os seus. Tudo o que se publica é constantemente influenciado por uma idéia: servir à classe dominante, o que se traduz sem dúvida num fato: combater a classe trabalhadora. E, de fato, da primeira à última linha, o jornal burguês sente e revela esta preocupação”.
“Todos os dias, pois, sucede a este mesmo operário a possibilidade de poder constatar pessoalmente que os jornais burgueses apresentam os fatos, mesmo os mais simples, de modo a favorecer a classe burguesa e a política burguesa em prejuízo da política e da classe operária. Rebenta uma greve! Para o jornal burguês os operários nunca têm razão. Há uma manifestação! Os manifestantes, apenas porque são operários, são sempre tumultuosos e malfeitores. E não falemos daqueles casos em que o jornal burguês ou cala, ou deturpa, ou falsifica para enganar, iludir e manter na ignorância o público trabalhador. Apesar disso, a aquiescência culposa do operário em relação ao jornal burguês é sem limites”.
“É preciso reagir contra ela e despertar o operário para a exata avaliação da realidade. É preciso dizer e repetir que a moeda atirada distraidamente é um projétil oferecido ao jornal burguês que o lançará depois, no momento oportuno, contra a massa operária. Se os operários se persuadirem desta elementar verdade, aprenderiam a boicotar a imprensa burguesa, em bloco e com a mesma disciplina com que a burguesia boicota os jornais operários, isto é, a imprensa socialista. Não contribuam com dinheiro para a imprensa burguesa que vos é adversária: eis qual deve ser o nosso grito de guerra neste momento, caracterizado pela campanha de assinatura de todos os jornais burgueses: Boicotem, boicotem, boicotem!”.
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Mídia dispara seus últimos cartuchos
Reproduzo artigo de Umberto Martins, publicado no sítio Vermelho:
Na reta final da eleição, desesperada com a possibilidade de vitória definitiva de Dilma no próximo domingo, a mídia golpista “se comporta como um partido político”, conforme observou o presidente Lula, e recorre nesses dias aos últimos trunfos para evitar a derrota no primeiro turno.
Os dois maiores jornais de São Paulo (Estadão e Folha) dedicaram seus principais editoriais do último domingo (26) à crítica ácida contra Lula e Dilma. O veículo da família Mesquita resolveu abrir o jogo e declarou apoio ao candidato tucano, José Serra, no texto intitulado “O mal a evitar”, enquanto o diário da família Frias permaneceu no armário aparentando “independência, pluralidade e apartidarismo editoriais” num texto em que alerta contra supostas ameaças à democracia provenientes do presidente (“Todo poder tem limite”).
Forma e conteúdo
Apesar da diferença de estilo (a Folha sempre foi mais dissimulada, desde a época da “ditabranda”, quando emprestava peruas para a repressão transportar presos políticos), os dois artigos coincidem no conteúdo e no caráter. Ambos são inspirados pela ideologia da velha direita brasileira, recheados de preconceitos, e recorrem a argumentos falsos para encobrir os verdadeiros interesses da classe que representam e defendem.
O Estadão alega que existe uma diferença entre “tomar partido” e agir como partido político ao justificar o apoio à “candidatura de José Serra”, mas os fatos provam o contrário. Monopolizada por um pequeno grupo de famílias burguesas, a grande mídia não é mais nem menos que um instrumento a serviço da direita neoliberal, uma espécie de partido golpista, que manipula fatos, produz factóides, oculta denúncias e não poupa esforços para impedir a vitória das forças progressistas.
As ideias e interesses que orientam as manchetes desses veículos refletem o reacionarismo atávico de parte das classes dominantes brasileiras. Eles não toleram que um político originário da classe operária tenha chegado à Presidência da República, ancorado em forças sociais que sempre estiveram à esquerda do espectro político.
Retrocesso neoliberal
Eles também não se conformam com a postura altiva e soberana do Brasil na diplomacia internacional, que resultou na rejeição e derrota da Alca, no fortalecimento do Mercosul e na priorização das parcerias Sul-Sul em detrimento das relações subservientes com os países imperialistas (Estados Unidos, União Europeia e Japão).
Outros pontos de discórdia são a política de valorização do salário mínimo, o proveitoso diálogo que o governo Lula mantém com os movimentos sociais, o reforço do papel do Estado no desenvolvimento econômico e, mais recentemente, os senões em relação à própria mídia, que não admite críticas e se julga dona absoluta da verdade.
O que está em jogo, por trás do falso moralismo, dos factóides e da conduta do Partido da Imprensa Golpista (PIG), são os interesses de classe dos proprietários desses meios de comunicação, interesses que, em maior ou menor medida, foram ou se julgam contrariados pelo atual governo.
Golpismo
O PIG não quer menos que a restauração do neoliberalismo no Brasil; o retorno à política de privatizações e à diplomacia dos pés descalços; a ressurreição da Alca; a submissão ao FMI; o arrocho fiscal e a redução dos salários; o aumento do desemprego e a repressão e criminalização dos movimentos sindicais.
Com um programa desta natureza, servido ao distinto público numa embalagem enganosa que aparenta a “defesa da democracia e das liberdades”, a campanha insidiosa da mídia hegemônica foi rejeitada e derrotada em 2002 e em 2006. A mensagem das urnas em 3 de outubro não será diferente, a não ser pelo fato de que os prejuízos e as baixas nas fileiras da direita neoliberal, representada na chapa demo-tucano, tendem a ser bem maiores com a definição da peleja já no primeiro turno.
Ao contrário do que alardeia, a mídia golpista não tem apreço pela democracia, muito pelo contrário. A história da posição pró-golpe assumida pelos grandes meios de comunicação em 1964 é amplamente conhecida. O apelo desesperado contra Lula e Dilma também não tem sentido democrático, mas o povo parece mais calejado e vacinado contra a ofensiva midiática. Apesar da credibilidade em baixa, o poder do PIG não deve ser subestimado.
Os últimos cartuchos usados no pleito de 2006 (factóides como imagens com dinheiro apreendidos pela PF) impediram a vitória de Lula no primeiro turno e levaram a disputa a segundo escrutínio, mas a diferença de votos entre Lula e Alckmin foi ampliada. É pouco provável que a história se repita, mas fica para as forças progressistas e para o povo mais uma preciosa uma lição sobre o verdadeiro caráter da grande mídia e o desafio de redobrar os esforços para restringir seu poder e avançar no sentido de uma efetiva democratização dos meios de comunicação no Brasil.
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Na reta final da eleição, desesperada com a possibilidade de vitória definitiva de Dilma no próximo domingo, a mídia golpista “se comporta como um partido político”, conforme observou o presidente Lula, e recorre nesses dias aos últimos trunfos para evitar a derrota no primeiro turno.
Os dois maiores jornais de São Paulo (Estadão e Folha) dedicaram seus principais editoriais do último domingo (26) à crítica ácida contra Lula e Dilma. O veículo da família Mesquita resolveu abrir o jogo e declarou apoio ao candidato tucano, José Serra, no texto intitulado “O mal a evitar”, enquanto o diário da família Frias permaneceu no armário aparentando “independência, pluralidade e apartidarismo editoriais” num texto em que alerta contra supostas ameaças à democracia provenientes do presidente (“Todo poder tem limite”).
Forma e conteúdo
Apesar da diferença de estilo (a Folha sempre foi mais dissimulada, desde a época da “ditabranda”, quando emprestava peruas para a repressão transportar presos políticos), os dois artigos coincidem no conteúdo e no caráter. Ambos são inspirados pela ideologia da velha direita brasileira, recheados de preconceitos, e recorrem a argumentos falsos para encobrir os verdadeiros interesses da classe que representam e defendem.
O Estadão alega que existe uma diferença entre “tomar partido” e agir como partido político ao justificar o apoio à “candidatura de José Serra”, mas os fatos provam o contrário. Monopolizada por um pequeno grupo de famílias burguesas, a grande mídia não é mais nem menos que um instrumento a serviço da direita neoliberal, uma espécie de partido golpista, que manipula fatos, produz factóides, oculta denúncias e não poupa esforços para impedir a vitória das forças progressistas.
As ideias e interesses que orientam as manchetes desses veículos refletem o reacionarismo atávico de parte das classes dominantes brasileiras. Eles não toleram que um político originário da classe operária tenha chegado à Presidência da República, ancorado em forças sociais que sempre estiveram à esquerda do espectro político.
Retrocesso neoliberal
Eles também não se conformam com a postura altiva e soberana do Brasil na diplomacia internacional, que resultou na rejeição e derrota da Alca, no fortalecimento do Mercosul e na priorização das parcerias Sul-Sul em detrimento das relações subservientes com os países imperialistas (Estados Unidos, União Europeia e Japão).
Outros pontos de discórdia são a política de valorização do salário mínimo, o proveitoso diálogo que o governo Lula mantém com os movimentos sociais, o reforço do papel do Estado no desenvolvimento econômico e, mais recentemente, os senões em relação à própria mídia, que não admite críticas e se julga dona absoluta da verdade.
O que está em jogo, por trás do falso moralismo, dos factóides e da conduta do Partido da Imprensa Golpista (PIG), são os interesses de classe dos proprietários desses meios de comunicação, interesses que, em maior ou menor medida, foram ou se julgam contrariados pelo atual governo.
Golpismo
O PIG não quer menos que a restauração do neoliberalismo no Brasil; o retorno à política de privatizações e à diplomacia dos pés descalços; a ressurreição da Alca; a submissão ao FMI; o arrocho fiscal e a redução dos salários; o aumento do desemprego e a repressão e criminalização dos movimentos sindicais.
Com um programa desta natureza, servido ao distinto público numa embalagem enganosa que aparenta a “defesa da democracia e das liberdades”, a campanha insidiosa da mídia hegemônica foi rejeitada e derrotada em 2002 e em 2006. A mensagem das urnas em 3 de outubro não será diferente, a não ser pelo fato de que os prejuízos e as baixas nas fileiras da direita neoliberal, representada na chapa demo-tucano, tendem a ser bem maiores com a definição da peleja já no primeiro turno.
Ao contrário do que alardeia, a mídia golpista não tem apreço pela democracia, muito pelo contrário. A história da posição pró-golpe assumida pelos grandes meios de comunicação em 1964 é amplamente conhecida. O apelo desesperado contra Lula e Dilma também não tem sentido democrático, mas o povo parece mais calejado e vacinado contra a ofensiva midiática. Apesar da credibilidade em baixa, o poder do PIG não deve ser subestimado.
Os últimos cartuchos usados no pleito de 2006 (factóides como imagens com dinheiro apreendidos pela PF) impediram a vitória de Lula no primeiro turno e levaram a disputa a segundo escrutínio, mas a diferença de votos entre Lula e Alckmin foi ampliada. É pouco provável que a história se repita, mas fica para as forças progressistas e para o povo mais uma preciosa uma lição sobre o verdadeiro caráter da grande mídia e o desafio de redobrar os esforços para restringir seu poder e avançar no sentido de uma efetiva democratização dos meios de comunicação no Brasil.
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A falsa neutralidade da imprensa
Reproduzo artigo de Emerson Gabardo, advogado e doutor em Direito, publicado no sítio Carta Maior:
Volta e meia retorna à pauta a questão da “liberdade de imprensa” no Brasil, mesmo quando ela de modo algum está sendo verdadeiramente contestada. O período de eleições fomenta tal discussão, pois qualquer assertiva não elogiosa torna-se digna de uma refutação cuja essência em geral é meramente retórica e desprovida de fundamento. Por um lado, comentários negativos da imprensa ao governo e aos candidatos; por outro, os governantes e candidatos acusam-na de “tendenciosa” ou “ideologicamente comprometida”.
Crítica e crítica da crítica. Nada mais adequado ao espírito republicano, cujo princípio maior é a transparência. Nada mais adequado ao espírito democrático, cujo princípio maior é o debate político. Todavia, o caráter brasileiro é apegado em demasia aos elogios, o que sempre o torna resistente (às vezes agressivamente) a uma postura mais rigorosa e não complacente. É peculiar a manifesta repulsa que um e outro “lado” (mais acentuadamente os próprios órgãos e profissionais da informação, para surpresa geral) demonstram quando criticados – e pior, acusados de “parciais”.
Esta situação é surreal. Imaginar que a imprensa é neutra e axiologicamente independente é algo desejável. Defender que ela assim o seja é uma necessidade imprescindível à democracia. Acreditar nisso, só por ingenuidade ou interesse. Não existe neutralidade de pensamento em qualquer que seja a atividade humana. Já faz algum tempo que os filósofos do Direito desmitificaram a pretensa “neutralidade” dos juízes; todavia, a chamada “imprensa” (e só esta expressão já é carregada de sentido valorativo) resiste de forma peremptória mediante a afirmação de sua condição de superioridade ética e “técnica”.
Bem se sabe, e a história demonstra de forma exemplar, que os meios de comunicação em geral não são, nunca foram, e nunca serão, neutros. E isso em si mesmo não é um defeito, pois onde há humanidade, há também uma identidade forjada entre razão e sensibilidade. O homem não é um “ser cindido”. Sua condição é estar inserido num contexto que o influencia, que o condiciona e que o faz refém de suas preferências, para além de sua vontade.
O problema é quando a falta de auto-crítica e a “sensação de centralidade” faz com que todos os demais setores tornem-se objeto de uma moralidade formalmente estabelecida como a “mais adequada”, haja vista a legitimidade apriorística de um dos mais fortes poderes do Estado e da sociedade civil: a “imprensa”. É ilustrativa a demonstração prosaica da verdadeira aversão que os órgãos de imprensa possuem de terem suas “informações” refutadas. Basta ser feito um teste: é só observar o destaque que se dá à notícia e a ênfase que se confere à correção da notícia quando ela demonstra-se inverídica.
As auto-correções da imprensa são midiaticamente pífias, no geral. Neste sentido, não muito diferentes que aquelas dos governos e políticos em geral. A demonstração do erro é sempre algo doloroso. Para a imprensa é uma situação comumente marginal e desprovida de importância. De todo modo, as situações mais tormentosas ocorrem quando não há efetivamente um erro, mas apenas uma opção por este ou aquele enfoque, por esta ou aquela reportagem, por esta ou aquela expressão, entre esta ou aquela manchete, por este ou aquele editorial.
O tom de manifesto de alguns editoriais, que chegam a usar de verborragia imperativa para repudiar possíveis tentativas de “controle da imprensa”, que na realidade decorrem apenas de factóides típicos de momentos burlescos, chega a ser tão engraçado quanto o tom usual de seus destinatários. Exagero e exagero do exagero: governos, candidatos e imprensa no Brasil padecem do mesmo auto-engano: a certeza de que uns são melhores que os outros e que os limites nunca são destinados para si.
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Volta e meia retorna à pauta a questão da “liberdade de imprensa” no Brasil, mesmo quando ela de modo algum está sendo verdadeiramente contestada. O período de eleições fomenta tal discussão, pois qualquer assertiva não elogiosa torna-se digna de uma refutação cuja essência em geral é meramente retórica e desprovida de fundamento. Por um lado, comentários negativos da imprensa ao governo e aos candidatos; por outro, os governantes e candidatos acusam-na de “tendenciosa” ou “ideologicamente comprometida”.
Crítica e crítica da crítica. Nada mais adequado ao espírito republicano, cujo princípio maior é a transparência. Nada mais adequado ao espírito democrático, cujo princípio maior é o debate político. Todavia, o caráter brasileiro é apegado em demasia aos elogios, o que sempre o torna resistente (às vezes agressivamente) a uma postura mais rigorosa e não complacente. É peculiar a manifesta repulsa que um e outro “lado” (mais acentuadamente os próprios órgãos e profissionais da informação, para surpresa geral) demonstram quando criticados – e pior, acusados de “parciais”.
Esta situação é surreal. Imaginar que a imprensa é neutra e axiologicamente independente é algo desejável. Defender que ela assim o seja é uma necessidade imprescindível à democracia. Acreditar nisso, só por ingenuidade ou interesse. Não existe neutralidade de pensamento em qualquer que seja a atividade humana. Já faz algum tempo que os filósofos do Direito desmitificaram a pretensa “neutralidade” dos juízes; todavia, a chamada “imprensa” (e só esta expressão já é carregada de sentido valorativo) resiste de forma peremptória mediante a afirmação de sua condição de superioridade ética e “técnica”.
Bem se sabe, e a história demonstra de forma exemplar, que os meios de comunicação em geral não são, nunca foram, e nunca serão, neutros. E isso em si mesmo não é um defeito, pois onde há humanidade, há também uma identidade forjada entre razão e sensibilidade. O homem não é um “ser cindido”. Sua condição é estar inserido num contexto que o influencia, que o condiciona e que o faz refém de suas preferências, para além de sua vontade.
O problema é quando a falta de auto-crítica e a “sensação de centralidade” faz com que todos os demais setores tornem-se objeto de uma moralidade formalmente estabelecida como a “mais adequada”, haja vista a legitimidade apriorística de um dos mais fortes poderes do Estado e da sociedade civil: a “imprensa”. É ilustrativa a demonstração prosaica da verdadeira aversão que os órgãos de imprensa possuem de terem suas “informações” refutadas. Basta ser feito um teste: é só observar o destaque que se dá à notícia e a ênfase que se confere à correção da notícia quando ela demonstra-se inverídica.
As auto-correções da imprensa são midiaticamente pífias, no geral. Neste sentido, não muito diferentes que aquelas dos governos e políticos em geral. A demonstração do erro é sempre algo doloroso. Para a imprensa é uma situação comumente marginal e desprovida de importância. De todo modo, as situações mais tormentosas ocorrem quando não há efetivamente um erro, mas apenas uma opção por este ou aquele enfoque, por esta ou aquela reportagem, por esta ou aquela expressão, entre esta ou aquela manchete, por este ou aquele editorial.
O tom de manifesto de alguns editoriais, que chegam a usar de verborragia imperativa para repudiar possíveis tentativas de “controle da imprensa”, que na realidade decorrem apenas de factóides típicos de momentos burlescos, chega a ser tão engraçado quanto o tom usual de seus destinatários. Exagero e exagero do exagero: governos, candidatos e imprensa no Brasil padecem do mesmo auto-engano: a certeza de que uns são melhores que os outros e que os limites nunca são destinados para si.
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Reinaldo Azevedo e a "oposição vagabunda"
Reproduzo artigo de Maurício Thuswohl, publicado na Rede Brasil Atual:
O colunista e blogueiro da revista Veja Reinaldo Azevedo afirmou que a imprensa se comporta como verdadeiro partido de oposição no país. A declaração ocorreu durante o debate "A Democracia ameaçada – Restrições à liberdade de expressão", promovido pelo Instituto Millenium no Clube Militar da capital fluminense, na quinta-feira (23). Ele concordou, assim, com a crítica formulada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mesmo dia, que criticou a cobertura da mídia às eleições.
Azevedo fez críticas aos partidos políticos de oposição e surpreendentemente concordou com o principal cabo eleitoral de Dilma Rousseff (PT), candidata à Presidência da República. "O Lula, quando diz que a imprensa é o verdadeiro partido de oposição no Brasil, tem razão a sua maneira porque a oposição nesse tempo foi tão mixuruca, tão despolitizada e tão vagabunda que sobrou para a imprensa, não fazer oposição, mas defender o Artigo 5º da Constituição", sustentou. "Não é que exista uma imprensa de direita para um governo de esquerda”, disse.
O debate contou tambem com a presença de Merval Pereira, da Rede Globo, e de Rodolfo Machado Moura, diretor de Assuntos Legais da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). Diante de uma plateia predominantemente composta por militares da reserva, a tônica das exposições foi a necessidade de prudência e vigilância em relação a um eventual terceiro governo consecutivo de esquerda no Brasil.
As principais "ameaças" à democracia e à liberdade de imprensa apontadas pelos debatedores foram o terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos (III PNDH), as mudanças na produção cultural e as conferências setoriais realizadas pelo governo Lula.
Azevedo afirmou ainda que "há risco de mexicanização" da política brasileira. “É evidente que se tem hoje no Brasil a contaminação do processo democrático por teses autoritárias. Se o PNDH for aprovado no governo Dilma, estará instaurada a ditadura no Brasil, é simples", sentenciou.
Uma das preocupações do jornalista é com a possibilidade de a base governista ser ampliada na Câmara dos Deputados e conquistada no Senado. "Ainda mais com um Congresso eventualmente encabrestado, e Lula não esconde que seu objetivo é fazer uma maioria no Senado porque foi o Senado que o impediu de fazer certas coisas. Em tese, ele pode conseguir o que quer, apesar de o PMDB ser muito contraditório", apostou.
O Instituto Millenium foi o organizador, em 1º de março deste ano, do 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, um encontro para debater temas semelhantes em São Paulo. Na ocasião, diferentes expoentes da mídia conservadora apresentaram acusações contra o governo Lula, o PT e outros atores sociais. O encontro, na visão de analistas, serviu para organizar a mídia para a cobertura das eleições.
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O colunista e blogueiro da revista Veja Reinaldo Azevedo afirmou que a imprensa se comporta como verdadeiro partido de oposição no país. A declaração ocorreu durante o debate "A Democracia ameaçada – Restrições à liberdade de expressão", promovido pelo Instituto Millenium no Clube Militar da capital fluminense, na quinta-feira (23). Ele concordou, assim, com a crítica formulada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mesmo dia, que criticou a cobertura da mídia às eleições.
Azevedo fez críticas aos partidos políticos de oposição e surpreendentemente concordou com o principal cabo eleitoral de Dilma Rousseff (PT), candidata à Presidência da República. "O Lula, quando diz que a imprensa é o verdadeiro partido de oposição no Brasil, tem razão a sua maneira porque a oposição nesse tempo foi tão mixuruca, tão despolitizada e tão vagabunda que sobrou para a imprensa, não fazer oposição, mas defender o Artigo 5º da Constituição", sustentou. "Não é que exista uma imprensa de direita para um governo de esquerda”, disse.
O debate contou tambem com a presença de Merval Pereira, da Rede Globo, e de Rodolfo Machado Moura, diretor de Assuntos Legais da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). Diante de uma plateia predominantemente composta por militares da reserva, a tônica das exposições foi a necessidade de prudência e vigilância em relação a um eventual terceiro governo consecutivo de esquerda no Brasil.
As principais "ameaças" à democracia e à liberdade de imprensa apontadas pelos debatedores foram o terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos (III PNDH), as mudanças na produção cultural e as conferências setoriais realizadas pelo governo Lula.
Azevedo afirmou ainda que "há risco de mexicanização" da política brasileira. “É evidente que se tem hoje no Brasil a contaminação do processo democrático por teses autoritárias. Se o PNDH for aprovado no governo Dilma, estará instaurada a ditadura no Brasil, é simples", sentenciou.
Uma das preocupações do jornalista é com a possibilidade de a base governista ser ampliada na Câmara dos Deputados e conquistada no Senado. "Ainda mais com um Congresso eventualmente encabrestado, e Lula não esconde que seu objetivo é fazer uma maioria no Senado porque foi o Senado que o impediu de fazer certas coisas. Em tese, ele pode conseguir o que quer, apesar de o PMDB ser muito contraditório", apostou.
O Instituto Millenium foi o organizador, em 1º de março deste ano, do 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, um encontro para debater temas semelhantes em São Paulo. Na ocasião, diferentes expoentes da mídia conservadora apresentaram acusações contra o governo Lula, o PT e outros atores sociais. O encontro, na visão de analistas, serviu para organizar a mídia para a cobertura das eleições.
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Estadão foi mais honesto do que a Folha
Por Altamiro Borges
Os jornalões decadentes decidiram apostar todas as suas fichas na última semana da campanha eleitoral para ver se ainda conseguem levar seu candidato ao segundo turno. Neste esforço, o oligárquico Estadão foi até mais honesto do que a falsamente eclética Folha. Em editorial neste sábado, ele confessa o que apenas os ingênuos não sabiam. “Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o Estado apóia a candidatura de José Serra”.
Já o jornal da famíglia Frias fez estardalhaço com o seu editorial, publicado na capa do domingo, para novamente mentir. Após condenar o governo Lula, ele tem a caradura de afirmar que “esta Folha procura manter uma orientação de independência, pluralidade e apartidarismo editoriais, o que redunda em questionamentos incisivos durante períodos de polarização eleitoral”. Este falso ecletismo ainda engana muita gente, mas não contém mais a sua irreversível queda de tiragem.
Unidos no reacionarismo
Em ambos os editoriais, porém, fica explícito o reacionarismo destes jornais. Na forma de apoiar seu candidato, eles são diferentes; no conteúdo, eles estão solidamente unidos. O Estadão dedica só sete linhas para bajular o demotucano e nove parágrafos para atacar a gestão de Lula, avaliada como ótima e boa por 80% dos brasileiros. Para o jornal, que resistiu à abolição da escravatura e apoiou o golpe militar de 1964, Lula é “o mal a evitar”, como ele realça já no título do editorial.
O diário da oligarquia paulista, que sempre conspirou contra a democracia, afirma que Lula tem o “mau hábito de perder a compostura quando é contrariado”. Reflexo do que há de mais podre nas elites, ele acusa o operário de presidir um governo “moralmente deteriorado” e de ser “chefe de uma facção”. Ainda afirma que o atual governante “atropela as leis”, logo ele que até hoje se vangloria de ter apoiado o golpe de 1964, que derrubou um presidente democraticamente eleito.
Tentativa de ludibriar os tapados
Diante das críticas de Lula à partidarização da imprensa, o Estadão veste a carapuça. “Há uma enorme diferença entre ‘se comportar como um partido político’ e tomar partido numa disputa eleitoral em que estão em jogo valores essenciais ao aprimoramento se não à sobrevivência da democracia neste país”. Para o jornal, Dilma Rousseff é uma “invenção” de Lula para, “se eleita, segurar o lugar do chefão e garantir o bem-estar da companheirada”. Já o apoio a José Serra se deve à “convicção de que é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o país”.
A declaração de voto do Estadão, em frenética campanha, é escancarada. Já a Folha insiste em se travestir de “neutra e apartidária” para ludibriar os mais tapados. Para ela, a popularidade de Lula reflete “o ambiente internacional favorável aos países em desenvolvimento” e “os acertos do atual chefe do Estado..., que teve o discernimento de manter a política econômica sensata de seu antecessor”. Haja cinismo na leitura sobre a crise mundial e sobre o desastre do reinado de FHC!
O medo da "onda vermelha"
Após fingir reconhecer “os méritos” do atual governo, a Folha mostra suas garras e afirma que o maior perigo “é do enfraquecimento do sistema de freios e contrapesos que protege as liberdades públicas e o direito ao dissenso quando se formam ondas eleitorais avassaladoras, ainda que passageiras”. O jornal teme a vitória de Dilma e, mais ainda, a chamada “onda vermelha”, que pode alterar a correlação de forças no parlamento e nos governos estaduais, pavimentando o caminho para mudanças mais profundas no país.
Arrogante, a Folha se coloca como paladina da ética, que critica as sujeiras de todos os governos – só não explica a brutal diferença no tratamento das maracutaias dos governantes tucanos. Para quem já esteve envolvida em denúncias de corrupção, como no famoso caso da estação Júlio Prestes, é muita petulância. Já os seus discursos sobre os riscos à democracia, lembram muito os do finado Octávio Frias, patrono do jornal e dono da rodoviária, às vésperas do golpe de 1964.
Censores e golpistas falam em democracia
No final, o editorial rosna uma advertência. Ameaça os que tentarem “o controle da imprensa”. É pura bravata de um jornal decadente e decrépito. Serve apenas para atiçar os apetites golpistas de alguns saudosos da ditadura, como o general Renato César Tibau, que afirmou no seminário do Clube Militar, na semana passada, que “os militares de todos os tempos, da ativa e da reserva” estão preparados para “defender a democracia”. Como se observa, a democracia, palavra tão vilipendiada, está na boca dos censores, torturadores e de alguns golpistas da velha mídia.
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Os jornalões decadentes decidiram apostar todas as suas fichas na última semana da campanha eleitoral para ver se ainda conseguem levar seu candidato ao segundo turno. Neste esforço, o oligárquico Estadão foi até mais honesto do que a falsamente eclética Folha. Em editorial neste sábado, ele confessa o que apenas os ingênuos não sabiam. “Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o Estado apóia a candidatura de José Serra”.
Já o jornal da famíglia Frias fez estardalhaço com o seu editorial, publicado na capa do domingo, para novamente mentir. Após condenar o governo Lula, ele tem a caradura de afirmar que “esta Folha procura manter uma orientação de independência, pluralidade e apartidarismo editoriais, o que redunda em questionamentos incisivos durante períodos de polarização eleitoral”. Este falso ecletismo ainda engana muita gente, mas não contém mais a sua irreversível queda de tiragem.
Unidos no reacionarismo
Em ambos os editoriais, porém, fica explícito o reacionarismo destes jornais. Na forma de apoiar seu candidato, eles são diferentes; no conteúdo, eles estão solidamente unidos. O Estadão dedica só sete linhas para bajular o demotucano e nove parágrafos para atacar a gestão de Lula, avaliada como ótima e boa por 80% dos brasileiros. Para o jornal, que resistiu à abolição da escravatura e apoiou o golpe militar de 1964, Lula é “o mal a evitar”, como ele realça já no título do editorial.
O diário da oligarquia paulista, que sempre conspirou contra a democracia, afirma que Lula tem o “mau hábito de perder a compostura quando é contrariado”. Reflexo do que há de mais podre nas elites, ele acusa o operário de presidir um governo “moralmente deteriorado” e de ser “chefe de uma facção”. Ainda afirma que o atual governante “atropela as leis”, logo ele que até hoje se vangloria de ter apoiado o golpe de 1964, que derrubou um presidente democraticamente eleito.
Tentativa de ludibriar os tapados
Diante das críticas de Lula à partidarização da imprensa, o Estadão veste a carapuça. “Há uma enorme diferença entre ‘se comportar como um partido político’ e tomar partido numa disputa eleitoral em que estão em jogo valores essenciais ao aprimoramento se não à sobrevivência da democracia neste país”. Para o jornal, Dilma Rousseff é uma “invenção” de Lula para, “se eleita, segurar o lugar do chefão e garantir o bem-estar da companheirada”. Já o apoio a José Serra se deve à “convicção de que é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o país”.
A declaração de voto do Estadão, em frenética campanha, é escancarada. Já a Folha insiste em se travestir de “neutra e apartidária” para ludibriar os mais tapados. Para ela, a popularidade de Lula reflete “o ambiente internacional favorável aos países em desenvolvimento” e “os acertos do atual chefe do Estado..., que teve o discernimento de manter a política econômica sensata de seu antecessor”. Haja cinismo na leitura sobre a crise mundial e sobre o desastre do reinado de FHC!
O medo da "onda vermelha"
Após fingir reconhecer “os méritos” do atual governo, a Folha mostra suas garras e afirma que o maior perigo “é do enfraquecimento do sistema de freios e contrapesos que protege as liberdades públicas e o direito ao dissenso quando se formam ondas eleitorais avassaladoras, ainda que passageiras”. O jornal teme a vitória de Dilma e, mais ainda, a chamada “onda vermelha”, que pode alterar a correlação de forças no parlamento e nos governos estaduais, pavimentando o caminho para mudanças mais profundas no país.
Arrogante, a Folha se coloca como paladina da ética, que critica as sujeiras de todos os governos – só não explica a brutal diferença no tratamento das maracutaias dos governantes tucanos. Para quem já esteve envolvida em denúncias de corrupção, como no famoso caso da estação Júlio Prestes, é muita petulância. Já os seus discursos sobre os riscos à democracia, lembram muito os do finado Octávio Frias, patrono do jornal e dono da rodoviária, às vésperas do golpe de 1964.
Censores e golpistas falam em democracia
No final, o editorial rosna uma advertência. Ameaça os que tentarem “o controle da imprensa”. É pura bravata de um jornal decadente e decrépito. Serve apenas para atiçar os apetites golpistas de alguns saudosos da ditadura, como o general Renato César Tibau, que afirmou no seminário do Clube Militar, na semana passada, que “os militares de todos os tempos, da ativa e da reserva” estão preparados para “defender a democracia”. Como se observa, a democracia, palavra tão vilipendiada, está na boca dos censores, torturadores e de alguns golpistas da velha mídia.
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A boca suja de Merval Pereira
Reproduzo artigo de Miguel do Rosário, publicado no blog Oléo do Diabo:
O principal colunista político das Organizações Globo, Merval Pereira, registrou em sua coluna a manifestação da juventude diante do Clube Militar. Mais uma vez, parabéns Monique Lemos, presidente da UJS-RJ, e Theófilo Rodrigues, secretário de Formação da UJS. Também devo cumprimentar o candidato a deputado estadual, Igor Bruno, o mais importante quadro do movimento estudantil do Rio de Janeiro, que na verdade foi quem fez toda a articulação para que o protesto acontecesse.
O homem (Merval) sentiu o tranco. Eles todos (os golpistas) sentiram, de maneira que o protesto realmente teve importância política e histórica. Infelizmente, Merval não se conteve e fez acusações ofensivas e caluniosas a nós, os blogueiros; é uma honra, porém, sermos chamados, por esses golpistas, para a linha de frente da guerra.
Trecho de artigo do Merval:
"Na mesma quinta-feira em que se anunciava a manifestação de sindicatos 'pelegos' contra a liberdade de expressão, participei no Clube Militar do Rio, em companhia de Reinaldo Azevedo e de um representante da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), de um painel sobre as ameaças à liberdade de expressão.
O único tumulto havido foi provocado por um pequeno grupo de manifestantes em frente ao Clube Militar, protestando contra o que classificavam de 'hipocrisia' dos militares defendendo a democracia.
Na sala lotada, não houve uma só manifestação de radicalização política, e o consenso foi de que é preciso ficar atento permanentemente às tentativas do governo de controlar os meios de comunicação, seja através de projetos que criem conselhos cuja função específica seria tutelar a imprensa, seja através de constrangimentos comerciais que criem problemas financeiros às empresas jornalísticas independentes.
Ao mesmo tempo, o governo monta a sua sombra e à custa do erário público uma cadeia de blogs e de jornais e televisões, inclusive a estatal, para garantir um noticiário favorável a suas ações".
Esse trecho, repleto de mentiras, merece alguns esclarecimentos:
Os sindicatos “pelegos” a que se refere Merval são simplesmente os maiores do país, os mais organizados, independentes e poderosos. Cumpre notar que praticamente todos os sindicatos do país, não patronais, apoiam Dilma Rousseff e, portanto, na visão partidária de Merval, todos são “pelegos”. Lembro que em 1964, os defensores do golpe também usavam o mesmo adjetivo contra os sindicatos que apoiavam Jango. O tempo passa, o tempo voa, e o golpismo do jornal Globo continua numa boa.
Evidentemente não foi um evento “contra a liberdade de expressão” e sim a favor dela. Volte para o sanduichinho da mamãe, Merval.
O governo não montou nenhuma “cadeia de blogs” à custa do erário público, Merval. Mas sabe que você está dando uma ótima idéia? Seria uma honra ser pago pelo governo que ajudei a eleger com meu voto e minhas idéias para atacar golpistas antidemocratas como você. Esse tipo de acusação tem como o objetivo fomentar em nós constrangimentos éticos que, eu sei, você não tem. Você pode receber dinheiro por esse trabalhinho sujo que você faz, para um jornal que defendeu o golpe de Estado de 1964 e ainda defende, através de sua voz, golpes de Estado na América Latina (não esqueço sua defesa do golpe em Honduras). Eu poderia muito bem receber para ser um contraponto a posições como a sua.
Mas não é o caso. Tenho blog há oito anos e nunca recebi um centavo. Nem conto com isso. Sou um pequeno empresário do setor privado, sustentado por meu trabalho independente, por minhas traduções, alguns freelancers (para o setor privado) e assinaturas da Carta Diária. Mas rechaço veementemente sua malignidade contra jornalistas ou blogueiros que porventura tenham contratos com o governo, porque você omite o fato do governo ser uma entidade democrática, cujo poder emana do povo. O que o governo faz, portanto, é também uma decisão soberana e democrática do povo brasileiro.
O presidente da República seria um patrão muito mais digno do que os golpistas – cujas botas você lambe – que se enriqueceram à custa da liberdade e do sangue dos brasileiros. Por isso, lave a boca antes de falar na blogosfera, e se for falar em liberdade de expressão aplique antes água sanitária.
Sei muito bem que você deseja que gente como eu morra de fome. Não será tão fácil, meu caro. Ainda estamos no comecinho de nossa luta e de nosso amadurecimento. As lutas de hoje são apenas um exercício. A roda do mundo girou, Merval, e se eu fosse você tomava cuidado para não ser esmagado.
Por outro lado, eu entendo como elogio o fato de você nos acusar de receber dinheiro público. É que você está tão impressionado com a qualidade de nosso trabalho que não concebe como podemos não sermos profissionais regiamente pagos. Pois é, Merval. Para você ver como blogueiro sofre. Mas eu não reclamo. Nunca me senti tão livre, tão feliz, tão forte. Quanto ao dinheiro, a gente está pensando nesse problema.
Não somos ascetas loucos nem ingênuos nem tolos nem masoquistas. Precisamos de dinheiro. Estamos nos organizando para isso. Eu estou me organizando para isso. Se já incomodamos tanto sendo essa legião de blogueiros duros, imagine quando tivermos algum recurso em mãos? Alguém (provavelmente bem empregado) poderia dizer que aí perderemos nosso elan libertário, ao que respondo que a falta de dinheiro não faz de ninguém libertário; ao contrário, somos independentes apesar da falta de recursos; com eles (recursos), seremos ainda mais. Viva a blogosfera!
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O principal colunista político das Organizações Globo, Merval Pereira, registrou em sua coluna a manifestação da juventude diante do Clube Militar. Mais uma vez, parabéns Monique Lemos, presidente da UJS-RJ, e Theófilo Rodrigues, secretário de Formação da UJS. Também devo cumprimentar o candidato a deputado estadual, Igor Bruno, o mais importante quadro do movimento estudantil do Rio de Janeiro, que na verdade foi quem fez toda a articulação para que o protesto acontecesse.
O homem (Merval) sentiu o tranco. Eles todos (os golpistas) sentiram, de maneira que o protesto realmente teve importância política e histórica. Infelizmente, Merval não se conteve e fez acusações ofensivas e caluniosas a nós, os blogueiros; é uma honra, porém, sermos chamados, por esses golpistas, para a linha de frente da guerra.
Trecho de artigo do Merval:
"Na mesma quinta-feira em que se anunciava a manifestação de sindicatos 'pelegos' contra a liberdade de expressão, participei no Clube Militar do Rio, em companhia de Reinaldo Azevedo e de um representante da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), de um painel sobre as ameaças à liberdade de expressão.
O único tumulto havido foi provocado por um pequeno grupo de manifestantes em frente ao Clube Militar, protestando contra o que classificavam de 'hipocrisia' dos militares defendendo a democracia.
Na sala lotada, não houve uma só manifestação de radicalização política, e o consenso foi de que é preciso ficar atento permanentemente às tentativas do governo de controlar os meios de comunicação, seja através de projetos que criem conselhos cuja função específica seria tutelar a imprensa, seja através de constrangimentos comerciais que criem problemas financeiros às empresas jornalísticas independentes.
Ao mesmo tempo, o governo monta a sua sombra e à custa do erário público uma cadeia de blogs e de jornais e televisões, inclusive a estatal, para garantir um noticiário favorável a suas ações".
Esse trecho, repleto de mentiras, merece alguns esclarecimentos:
Os sindicatos “pelegos” a que se refere Merval são simplesmente os maiores do país, os mais organizados, independentes e poderosos. Cumpre notar que praticamente todos os sindicatos do país, não patronais, apoiam Dilma Rousseff e, portanto, na visão partidária de Merval, todos são “pelegos”. Lembro que em 1964, os defensores do golpe também usavam o mesmo adjetivo contra os sindicatos que apoiavam Jango. O tempo passa, o tempo voa, e o golpismo do jornal Globo continua numa boa.
Evidentemente não foi um evento “contra a liberdade de expressão” e sim a favor dela. Volte para o sanduichinho da mamãe, Merval.
O governo não montou nenhuma “cadeia de blogs” à custa do erário público, Merval. Mas sabe que você está dando uma ótima idéia? Seria uma honra ser pago pelo governo que ajudei a eleger com meu voto e minhas idéias para atacar golpistas antidemocratas como você. Esse tipo de acusação tem como o objetivo fomentar em nós constrangimentos éticos que, eu sei, você não tem. Você pode receber dinheiro por esse trabalhinho sujo que você faz, para um jornal que defendeu o golpe de Estado de 1964 e ainda defende, através de sua voz, golpes de Estado na América Latina (não esqueço sua defesa do golpe em Honduras). Eu poderia muito bem receber para ser um contraponto a posições como a sua.
Mas não é o caso. Tenho blog há oito anos e nunca recebi um centavo. Nem conto com isso. Sou um pequeno empresário do setor privado, sustentado por meu trabalho independente, por minhas traduções, alguns freelancers (para o setor privado) e assinaturas da Carta Diária. Mas rechaço veementemente sua malignidade contra jornalistas ou blogueiros que porventura tenham contratos com o governo, porque você omite o fato do governo ser uma entidade democrática, cujo poder emana do povo. O que o governo faz, portanto, é também uma decisão soberana e democrática do povo brasileiro.
O presidente da República seria um patrão muito mais digno do que os golpistas – cujas botas você lambe – que se enriqueceram à custa da liberdade e do sangue dos brasileiros. Por isso, lave a boca antes de falar na blogosfera, e se for falar em liberdade de expressão aplique antes água sanitária.
Sei muito bem que você deseja que gente como eu morra de fome. Não será tão fácil, meu caro. Ainda estamos no comecinho de nossa luta e de nosso amadurecimento. As lutas de hoje são apenas um exercício. A roda do mundo girou, Merval, e se eu fosse você tomava cuidado para não ser esmagado.
Por outro lado, eu entendo como elogio o fato de você nos acusar de receber dinheiro público. É que você está tão impressionado com a qualidade de nosso trabalho que não concebe como podemos não sermos profissionais regiamente pagos. Pois é, Merval. Para você ver como blogueiro sofre. Mas eu não reclamo. Nunca me senti tão livre, tão feliz, tão forte. Quanto ao dinheiro, a gente está pensando nesse problema.
Não somos ascetas loucos nem ingênuos nem tolos nem masoquistas. Precisamos de dinheiro. Estamos nos organizando para isso. Eu estou me organizando para isso. Se já incomodamos tanto sendo essa legião de blogueiros duros, imagine quando tivermos algum recurso em mãos? Alguém (provavelmente bem empregado) poderia dizer que aí perderemos nosso elan libertário, ao que respondo que a falta de dinheiro não faz de ninguém libertário; ao contrário, somos independentes apesar da falta de recursos; com eles (recursos), seremos ainda mais. Viva a blogosfera!
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Qual a origem do ódio do Estadão?
Reproduzo artigo de Marcelo da Silva Duarte, publicado no blog La Vieja Bruja:
Um editorial que poderia ter entrado para a história recente da democracia brasileira como exemplo de amadurecimento da liberdade de expressão, respeito ao processo eleitoral e à cidadania, acabou revelando todo o ódio de classe que a elite paulista nutre pelo projeto político petista para o Brasil.
Todo partido político tem direito a um projeto de governo. O PSDB de José Serra e Fernando Henrique Cardoso planejava, em 20 anos, fazer com que o Brasil esquecesse a era Vargas. Escolheu, para viabilizá-lo, a despeito do substantivo composto “social-democracia” em sua sigla, mero embuste semântico, o pensamento neoliberal.
O conceito de modernização com o qual o PSDB trabalhava nos anos FHC passava, necessariamente, pelas teses enunciadas pelo Consenso de Washington. O projeto tucano de desenvolvimento traduziu tal aparente consenso pela (i) estabilização macroeconômica via superávit fiscal, à custa do sucateamento dos serviços públicos, pela (ii) tentativa de realização das ditas reformas estruturais, traduzidas pelas (a) privatizações – que entregaram à iniciativa privada, diga-se de passagem, a preço de banana, a Vale do Rio Doce, destino do qual se safou, por pouco, a hoje primeira maior empresa petrolífera do mundo em lucro sobre faturamento, a Petrobras –, pela (b) redução do papel e da atividade normativa do Estado na economia – dinossauro ao qual recorreram, na recente bancarrota mundial, 9 entre 10 economistas antes neoliberais – e desregulamentação do mercado financeiro, a fim de atrair, pela terceira maior taxa de juros da economia mundial, o que também freava o consumo e mantinha a inflação sob controle, o capital especulativo internacional – grande responsável pela referida bancarrota –, e, por fim, pela (iii) retomada do investimento via iniciativa privada, donde a concentração de renda e de capital na mão de setores empresariais e a tentativa, incompleta, de quebra da coluna vertebral do sindicalismo via flexibilização das leis trabalhistas, o que praticamente anularia seu poder de barganha pela formação de um exército de mão-de-obra de reserva, a chamada “taxa natural” de desemprego.
A mídia oligárquica brasileira, no entanto, não viu maiores problemas na tentativa de continuidade, com José Serra, em 2002, do referido projeto, que, ao fim e ao cabo, ressuscitava a mítica “mão invisível do mercado”. Não se falou, em nenhum momento, em “paixão pelo poder”, no risco de se deixar “a máquina do Estado nas mãos de quem trata o governo e o seu partido como se fossem uma coisa só” e, muito menos, em “escolha dos piores meios para atingir seu fim precípuo: manter-se no poder”.
Ora, o Partido dos Trabalhadores tem tanto direito de escolher um projeto nacional quanto o PSDB. Esse projeto, ancorado, essencialmente, na (i) busca de uma política monetária capaz de equilibrar desenvolvimento e poder aquisitivo – nunca o Brasil cresceu e gerou tantos empregos formais quanto nos últimos oito anos, e nunca tantos cidadãos consumiram tanto -, na (ii) dignidade humana, através do resgate da cidadania via políticas públicas de inclusão social e distribuição de renda – nunca tantos cidadãos, antes condenados ao subemprego ou preteridos por raça, estudaram e prosperaram tanto, e nunca tantos cidadãos, antes condenados a viver abaixo da linha de pobreza, hoje possuem o básico para a conquista de sua autonomia –, na (iii) independência e no protagonismo de sua política externa e, sobretudo, no (iv) respeito ao Estado Democrático de Direito – nunca Imprensa, Legislativo, Polícia Federal e Judiciário, p. ex., foram tão respeitados quanto no governo Lula –, é tão legítimo quanto o tucano. E ele não só tem 80% de aprovação popular como, também, segundo as principais pesquisas, será reeleito, em primeiro turno, para um terceiro mandato.
Por que, então, tanta raiva? Qual a origem desse ódio, que vê na figura do Presidente “um chefe de Estado que despreza a liturgia que sua investidura exige e se entrega descontroladamente ao desmando e à autoglorificação”; que enxerga um chefe de Estado que, por supostamente “ignorar as instituições e atropelar as leis”, serve de mau exemplo à cidadania, este, por certo, se fosse o caso, um “mal a evitar”? Como o Estadão enxerga um mau exemplo num sujeito reeleito democraticamente e com 80% de aprovação popular, que mal consegue andar, onde quer que vá, mesmo em meio a uma dúzia de seguranças? Como um editorial pode ser tão estreito a ponto de sustentar que o objetivo maior do projeto político petista é assegurar “o bem-estar da companheirada”? Por que o Estadão não alertou o Brasil, em 2002, que o projeto de governo tucano objetivava perpetuar-se no poder a fim de assegurar “o bem-estar da tucanagem”?
A origem de tamanho rancor não pode ser, simplesmente, a falácia de que a democracia precisa ser oxigenada através da rotatividade no Poder. Se tal tese carregasse consigo alguma necessidade, não teríamos como livrar a humanidade da estupidez absoluta, uma vez que não haveria explicação para cada Estado Nacional não estampar, no primeiro artigo de sua Carta Máxima, a exigência de que nenhum partido político pudesse ocupar, por duas vezes seguidas, qualquer posição executiva, condão da prosperidade, da harmonia e do desenvolvimento. Sequer eleições seriam necessárias, uma vez que, nesse melhor dos mundos possíveis, bastaria, candidamente, estabelecer-se uma ordem sucessória entre os diversos postulantes aos cargos executivos. Tal como a “mão invisível do mercado” regula a economia e distribui, equitativamente, toda a riqueza produzida, assim agiria, na política, essa espécie de “democracia natural”.
Qualquer analista político é capaz de perceber, numa leitura superficial, que há qualquer coisa, no editorial do Estadão, mas menos uma defesa sistemática da candidatura de José Serra à Presidência da República. Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, os argumentos do Estado de São Paulo oscilam entre o nada – os supostos méritos do candidato José Serra -, coisa nenhuma – seu currículo exemplar de homem público – e o vazio absoluto – o que ele pode representar para a recondução do País ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos.
A verdadeira preocupação do Estadão, ao fim e ao cabo, reduz-se à bisonha e esotérica convicção “de que o candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País”.
Sim, pois “o que estará em jogo, no dia 3 de outubro, não é apenas a “continuidade de um projeto de crescimento econômico com a distribuição de dividendos sociais”, já que isso - algo que, estranhamente, as elites brasileiras não foram capazes de fazer em 500 anos – “todos os candidatos têm condições de fazer”. O que o eleitor decidirá de mais importante, segundo o Estadão, não é a continuidade ou não do projeto petista de desenvolvimento, mas sim “se deixará a máquina do Estado nas mãos de quem trata o governo e o seu partido como se fossem uma coisa só, submetendo o interesse coletivo aos interesses de sua facção”.
A defesa da candidatura Serra, ensaiada em meio parágrafo, portanto, perde-se num mar de generalidades, e tanto quanto os tímidos elogios às políticas públicas implementadas pelo atual governo – todas elas, diga-se de passagem, relacionadas à era FHC, e não méritos petistas –, desaparece diante do ódio destilado contra a possibilidade de continuidade, com Dilma Rousseff, do projeto petista de desenvolvimento. A impressão que fica não pode ser outra senão a de que a defesa da candidatura oposicionista serve de mero pretexto para o ataque raivoso ao projeto situacionista. Não se trata de um editorial a favor da candidatura José Serra, mas sim contra Lula, o PT e tudo que seu projeto possa representar.
O Estado de São Paulo tem todo o direito – até o dever, alguns dirão – de posicionar-se a favor da candidatura Serra e mesmo contra a petista, desde que apresente bons argumentos em nome da primeira e razoáveis em relação à segunda, uma vez que é público e notório que o projeto petista não é imune a críticas. Só não pode supor que um bom argumento passa, necessariamente, pela desqualificação alheia gratuita.
Do contrário, ao invés de respeito, não conseguirá nada além de transmitir a impressão de que trata o interesse público e seu interesse empresarial como se fossem uma coisa só, submetendo a democracia aos interesses de sua facção. Um jornal que despreza a liturgia que sua investidura exige ao personalizar o debate público e se entrega, descontroladamente, ao desmando e à autoglorificação, não faz mais do que ignorar as instituições e atropelar as leis, deste modo servindo de mau exemplo à cidadania. O Estadão parece ter feito a escolha dos piores meios para atingir seu fim precípuo: manter-se no poder ao lado de nossos velhos conhecidos da mídia oligárquica, desse modo garantindo o bem-estar da companheirada.
Este é o mal a evitar.
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Um editorial que poderia ter entrado para a história recente da democracia brasileira como exemplo de amadurecimento da liberdade de expressão, respeito ao processo eleitoral e à cidadania, acabou revelando todo o ódio de classe que a elite paulista nutre pelo projeto político petista para o Brasil.
Todo partido político tem direito a um projeto de governo. O PSDB de José Serra e Fernando Henrique Cardoso planejava, em 20 anos, fazer com que o Brasil esquecesse a era Vargas. Escolheu, para viabilizá-lo, a despeito do substantivo composto “social-democracia” em sua sigla, mero embuste semântico, o pensamento neoliberal.
O conceito de modernização com o qual o PSDB trabalhava nos anos FHC passava, necessariamente, pelas teses enunciadas pelo Consenso de Washington. O projeto tucano de desenvolvimento traduziu tal aparente consenso pela (i) estabilização macroeconômica via superávit fiscal, à custa do sucateamento dos serviços públicos, pela (ii) tentativa de realização das ditas reformas estruturais, traduzidas pelas (a) privatizações – que entregaram à iniciativa privada, diga-se de passagem, a preço de banana, a Vale do Rio Doce, destino do qual se safou, por pouco, a hoje primeira maior empresa petrolífera do mundo em lucro sobre faturamento, a Petrobras –, pela (b) redução do papel e da atividade normativa do Estado na economia – dinossauro ao qual recorreram, na recente bancarrota mundial, 9 entre 10 economistas antes neoliberais – e desregulamentação do mercado financeiro, a fim de atrair, pela terceira maior taxa de juros da economia mundial, o que também freava o consumo e mantinha a inflação sob controle, o capital especulativo internacional – grande responsável pela referida bancarrota –, e, por fim, pela (iii) retomada do investimento via iniciativa privada, donde a concentração de renda e de capital na mão de setores empresariais e a tentativa, incompleta, de quebra da coluna vertebral do sindicalismo via flexibilização das leis trabalhistas, o que praticamente anularia seu poder de barganha pela formação de um exército de mão-de-obra de reserva, a chamada “taxa natural” de desemprego.
A mídia oligárquica brasileira, no entanto, não viu maiores problemas na tentativa de continuidade, com José Serra, em 2002, do referido projeto, que, ao fim e ao cabo, ressuscitava a mítica “mão invisível do mercado”. Não se falou, em nenhum momento, em “paixão pelo poder”, no risco de se deixar “a máquina do Estado nas mãos de quem trata o governo e o seu partido como se fossem uma coisa só” e, muito menos, em “escolha dos piores meios para atingir seu fim precípuo: manter-se no poder”.
Ora, o Partido dos Trabalhadores tem tanto direito de escolher um projeto nacional quanto o PSDB. Esse projeto, ancorado, essencialmente, na (i) busca de uma política monetária capaz de equilibrar desenvolvimento e poder aquisitivo – nunca o Brasil cresceu e gerou tantos empregos formais quanto nos últimos oito anos, e nunca tantos cidadãos consumiram tanto -, na (ii) dignidade humana, através do resgate da cidadania via políticas públicas de inclusão social e distribuição de renda – nunca tantos cidadãos, antes condenados ao subemprego ou preteridos por raça, estudaram e prosperaram tanto, e nunca tantos cidadãos, antes condenados a viver abaixo da linha de pobreza, hoje possuem o básico para a conquista de sua autonomia –, na (iii) independência e no protagonismo de sua política externa e, sobretudo, no (iv) respeito ao Estado Democrático de Direito – nunca Imprensa, Legislativo, Polícia Federal e Judiciário, p. ex., foram tão respeitados quanto no governo Lula –, é tão legítimo quanto o tucano. E ele não só tem 80% de aprovação popular como, também, segundo as principais pesquisas, será reeleito, em primeiro turno, para um terceiro mandato.
Por que, então, tanta raiva? Qual a origem desse ódio, que vê na figura do Presidente “um chefe de Estado que despreza a liturgia que sua investidura exige e se entrega descontroladamente ao desmando e à autoglorificação”; que enxerga um chefe de Estado que, por supostamente “ignorar as instituições e atropelar as leis”, serve de mau exemplo à cidadania, este, por certo, se fosse o caso, um “mal a evitar”? Como o Estadão enxerga um mau exemplo num sujeito reeleito democraticamente e com 80% de aprovação popular, que mal consegue andar, onde quer que vá, mesmo em meio a uma dúzia de seguranças? Como um editorial pode ser tão estreito a ponto de sustentar que o objetivo maior do projeto político petista é assegurar “o bem-estar da companheirada”? Por que o Estadão não alertou o Brasil, em 2002, que o projeto de governo tucano objetivava perpetuar-se no poder a fim de assegurar “o bem-estar da tucanagem”?
A origem de tamanho rancor não pode ser, simplesmente, a falácia de que a democracia precisa ser oxigenada através da rotatividade no Poder. Se tal tese carregasse consigo alguma necessidade, não teríamos como livrar a humanidade da estupidez absoluta, uma vez que não haveria explicação para cada Estado Nacional não estampar, no primeiro artigo de sua Carta Máxima, a exigência de que nenhum partido político pudesse ocupar, por duas vezes seguidas, qualquer posição executiva, condão da prosperidade, da harmonia e do desenvolvimento. Sequer eleições seriam necessárias, uma vez que, nesse melhor dos mundos possíveis, bastaria, candidamente, estabelecer-se uma ordem sucessória entre os diversos postulantes aos cargos executivos. Tal como a “mão invisível do mercado” regula a economia e distribui, equitativamente, toda a riqueza produzida, assim agiria, na política, essa espécie de “democracia natural”.
Qualquer analista político é capaz de perceber, numa leitura superficial, que há qualquer coisa, no editorial do Estadão, mas menos uma defesa sistemática da candidatura de José Serra à Presidência da República. Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, os argumentos do Estado de São Paulo oscilam entre o nada – os supostos méritos do candidato José Serra -, coisa nenhuma – seu currículo exemplar de homem público – e o vazio absoluto – o que ele pode representar para a recondução do País ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos.
A verdadeira preocupação do Estadão, ao fim e ao cabo, reduz-se à bisonha e esotérica convicção “de que o candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País”.
Sim, pois “o que estará em jogo, no dia 3 de outubro, não é apenas a “continuidade de um projeto de crescimento econômico com a distribuição de dividendos sociais”, já que isso - algo que, estranhamente, as elites brasileiras não foram capazes de fazer em 500 anos – “todos os candidatos têm condições de fazer”. O que o eleitor decidirá de mais importante, segundo o Estadão, não é a continuidade ou não do projeto petista de desenvolvimento, mas sim “se deixará a máquina do Estado nas mãos de quem trata o governo e o seu partido como se fossem uma coisa só, submetendo o interesse coletivo aos interesses de sua facção”.
A defesa da candidatura Serra, ensaiada em meio parágrafo, portanto, perde-se num mar de generalidades, e tanto quanto os tímidos elogios às políticas públicas implementadas pelo atual governo – todas elas, diga-se de passagem, relacionadas à era FHC, e não méritos petistas –, desaparece diante do ódio destilado contra a possibilidade de continuidade, com Dilma Rousseff, do projeto petista de desenvolvimento. A impressão que fica não pode ser outra senão a de que a defesa da candidatura oposicionista serve de mero pretexto para o ataque raivoso ao projeto situacionista. Não se trata de um editorial a favor da candidatura José Serra, mas sim contra Lula, o PT e tudo que seu projeto possa representar.
O Estado de São Paulo tem todo o direito – até o dever, alguns dirão – de posicionar-se a favor da candidatura Serra e mesmo contra a petista, desde que apresente bons argumentos em nome da primeira e razoáveis em relação à segunda, uma vez que é público e notório que o projeto petista não é imune a críticas. Só não pode supor que um bom argumento passa, necessariamente, pela desqualificação alheia gratuita.
Do contrário, ao invés de respeito, não conseguirá nada além de transmitir a impressão de que trata o interesse público e seu interesse empresarial como se fossem uma coisa só, submetendo a democracia aos interesses de sua facção. Um jornal que despreza a liturgia que sua investidura exige ao personalizar o debate público e se entrega, descontroladamente, ao desmando e à autoglorificação, não faz mais do que ignorar as instituições e atropelar as leis, deste modo servindo de mau exemplo à cidadania. O Estadão parece ter feito a escolha dos piores meios para atingir seu fim precípuo: manter-se no poder ao lado de nossos velhos conhecidos da mídia oligárquica, desse modo garantindo o bem-estar da companheirada.
Este é o mal a evitar.
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Como lidar com governantes bem avaliados
Reproduzo artigo de Washington Araújo, publicado no Observatório da Imprensa:
É fato que as campanhas eleitorais, a partir do estabelecimento da democracia plena no país, vêm se profissionalizando de forma crescente. Pesquisa de opinião tem para todos os gostos. Pesquisa de opinião é registro do momento. Pesquisa de opinião quando não derruba o governo, derruba o político-alvo; e quando não derruba este derruba o instituto, fazendo seu haraquiri.
O público eleitor se acostumou a falar em pesquisa, a discutir seus resultados, a acompanhar a evolução de seus candidatos através da mídia. E também passou a desconfiar dos resultados sempre que seu candidato favorito mostrou "anemia numérica" ou, então, quando outros institutos concorrentes apresentaram números diferentes.
É fato também que pesquisas de opinião exercem influência na escolha dos eleitores. Principalmente entre o contingente dos indecisos. É que existe a possibilidade – muito real – de boa parte dos indecisos não apostar em candidatos perdedores, aquiescendo assim à pressão psicológica do "querer ganhar" e não "perder". Outro fator de não menos importância é que resultados de pesquisas eleitorais têm efeito direto sobre a militância: pode mobilizar ou desmobilizar esforços em favor ou em detrimento das candidaturas.
Avaliação dos presidentes
As pesquisas de opinião vieram para ficar e podemos elaborar algo como "pensar em política é pensar em pesquisa". Pois bem, aproveitando o atual período de 25 anos ininterruptos de democracia no Brasil resolvi ir fundo na leitura de pesquisas realizadas para aferir a popularidade nossos governos legitimamente constituídos pós-golpe militar de 1964, que durou até 1985.
Optei pelo Instituto Datafolha por considerá-lo o mais controvertido, ao menos nestas eleições presidenciais de 2010. Acontece que o Datafolha começou a aferir a popularidade presidencial apenas a partir de 1987, e daquele ano até agosto de 2010 realizou nada menos que 129 pesquisas de opinião pública. E descobri coisas interessantes quanto ao quesito popularidade bafejando (positivamente ou não) cinco cidadãos que nas urnas, à exceção de Itamar Franco, foram sagrados presidentes do Brasil: José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva.
Considerando apenas as pesquisas do Instituto Datafolha ficamos sabendo que:
* José Sarney foi avaliado em 9 pesquisas no período de maio/1987 a março/1990. Sua melhor avaliação "Ótimo/Bom" alcançou 11% da população em pesquisa de novembro/1987 enquanto que seu pior "Ruim/Péssimo" verificou-se em setembro/1989 quando obteve 68% de impopularidade.
* Fernando Collor foi avaliado em 7 pesquisas no período de maio/1990 a setembro/1992. Sua melhor avaliação "Ótimo/Bom" alcançou 71% da população em pesquisa de março/1990, enquanto que seu pior "Ruim/Péssimo" verificou-se em setembro/1989 quando obteve 68% de impopularidade.
* Itamar Franco foi avaliado em 17 pesquisas no período de setembro/1992 a dezembro/1994. Sua melhor avaliação "Ótimo/Bom" alcançou 41% da população em pesquisa de dezembro/1994, enquanto que seu pior "Ruim/Péssimo" verificou-se em maio/1994 quando obteve 38% de impopularidade.
* Fernando Henrique Cardoso (dois mandatos) foi avaliado em 46 pesquisas no período de março/1995 a dezembro/2002. Sua melhor avaliação "Ótimo/Bom" alcançou 47% da população em pesquisa de dezembro/1996, enquanto que seu pior "Ruim/Péssimo" verificou-se em setembro/1999 quando obteve 56% de impopularidade.
* Luiz Inácio Lula da Silva (dois mandatos) foi avaliado em 50 pesquisas no período de março/2003 a agosto/2010. Sua melhor avaliação "Ótimo/Bom" alcançou 79% da população em pesquisa de agosto/2010, enquanto que seu pior "Ruim/Péssimo" verificou-se em dezembro/2005 quando obteve 29% de impopularidade.
* José Sarney (68%), Fernando Collor (68%) e Itamar Franco (38%) registraram sua mais elevada taxa de desaprovação popular ao término de seu exercício da presidência.
* Fernando Henrique Cardoso concluiu seu segundo mandato com 26% de avaliação positiva e 36% de avaliação negativa, registrado em pesquisa de dezembro de 2002.
* Luiz Inácio Lula da Silva está concluindo seu segundo mandato (23-24/8/2010) com 79% de avaliação positiva e 4% de avaliação negativa.
* Das 7 pesquisas durante a presidência de Fernando Collor o alagoano pontuou acima de 50% de avaliação positiva apenas em março/1990, quando atingiu sua melhor marca: 71%. As demais obtiveram pontuação positiva sempre inferior a 37%.
* Luiz Inácio Lula da Silva registrou popularidade positiva acima de 50% em 19 das 50 pesquisas divulgadas pelo Datafolha. De 2007 a 2010 sua popularidade tem sido regularmente acima de 50 pontos e de janeiro a agosto de 2010 é avaliado positivamente por índices sempre acima dos 70% da população brasileira.
Dilemas e desatinos
Feitas estas considerações observo que nossa grande imprensa não sabe lidar com governantes muito bem avaliados, desses que conseguem ser bem aceitos por mais da metade da população e por longo período de tempo, de forma quase ininterrupta. É exatamente este o caso do presidente Lula. Na falta de experiência nesse trato a grande imprensa termina por polarizar com o governante, não necessariamente por nutrir o desejo de polarização, mas sim porque governante algum – tenha avaliação positiva de 99%, seja até canonizado santo enquanto no exercício do cargo público – está isento de erros, defeitos e tudo o mais que se aloja no organismo do poder político.
Há também um quê de inveja devido ao fato de que o governante bem aceito pela população veste suas opiniões com elevado grau de assertividade, e tudo o que faz ou tudo o que fala recebe imediata aprovação – mesmo que tácita – da população. Enquanto que a imprensa precisa conquistar corações e mentes de seus leitores, ouvintes e telespectadores quase que minuto a minuto, diariamente, semanalmente.
É esta popularidade do presidente Lula, inédita em nossa recente história política, que transforma o errado em certo, o nebuloso em claro, e que transmuta o que é escandaloso em coisa da mais corrente normalidade. A grande imprensa escala um Everest por dia, planta-lhe com redobrado esforço e em seu mais elevado píncaro a bandeira tremeluzente do mais recente escândalo político, financeiro ou de costumes. E aguarda a próxima pesquisa de opinião pública; quando esta chega, constata que o governante bafejado com índices de estonteante aceitação popular respondeu à sua hercúlea provocação midiática com um silencioso "dar de ombros"... e eis que a coisa fica por isso mesmo, registrando-se não mais que meros ajustes matemáticos.
Quando muito, o presidente cada vez mais cônscio de seu capital de liderança incontrastável, ataca essa mesma imprensa, aponta o que entende ser grosseira fábrica de manipulação político-partidária, coloca-lhe guizos no pescoço e, ao fim, festeja o fato que é a própria imprensa que repercute o petardo presidencial como também sua própria constatação de que não consegue forças na sociedade para expressar à altura sua desaprovação à fala do governante, sabendo já de antemão que qualquer coisa que faça receberá de boa parte da população a tarja de "defesa em causa própria" – e isto retira-lhe, mesmo que por vias oblíquas, a legitimidade para dar curso ao debate.
A grande imprensa paga o preço de não saber conviver com políticos bem avaliados pela população por longos períodos de tempo, e descobre a contragosto que os dilemas, desafios e desatinos das forças oposicionistas são também os seus dilemas, desafios e desatinos, sendo esses expressos em capas de jornais e revistas, apresentados em ritmo de funeral nos telejornais da noite, objeto de análises repetitivas e quase sempre sem qualquer brilhantismo por parte dos mais renomados comentaristas de política e economia do país.
Espaço ao contraditório
É como se a grande imprensa perguntasse: "Quo vadis?" Mas a resposta é incisiva: "Para Roma é que não é". Porque há que se deixar aos políticos a política e aos jornalistas, o jornalismo. Há que se refazer o caminho de volta... porque esse negócio de tomar para si a missão de oposição política – pois esta se encontra fragilizada – nada mais é que grosseira falsificação do papel da imprensa em um Estado democrático de direito.
É hora de deixar as bandeiras do partido no chão e voltar à prática do bom jornalismo: buscar a verdade, manter pura sua motivação desde a escolha da pauta até sua realização, investigar cada caso antes de publicar, conceder espaço ao contraditório, deixar ao público a formulação de juízos de valor.
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É fato que as campanhas eleitorais, a partir do estabelecimento da democracia plena no país, vêm se profissionalizando de forma crescente. Pesquisa de opinião tem para todos os gostos. Pesquisa de opinião é registro do momento. Pesquisa de opinião quando não derruba o governo, derruba o político-alvo; e quando não derruba este derruba o instituto, fazendo seu haraquiri.
O público eleitor se acostumou a falar em pesquisa, a discutir seus resultados, a acompanhar a evolução de seus candidatos através da mídia. E também passou a desconfiar dos resultados sempre que seu candidato favorito mostrou "anemia numérica" ou, então, quando outros institutos concorrentes apresentaram números diferentes.
É fato também que pesquisas de opinião exercem influência na escolha dos eleitores. Principalmente entre o contingente dos indecisos. É que existe a possibilidade – muito real – de boa parte dos indecisos não apostar em candidatos perdedores, aquiescendo assim à pressão psicológica do "querer ganhar" e não "perder". Outro fator de não menos importância é que resultados de pesquisas eleitorais têm efeito direto sobre a militância: pode mobilizar ou desmobilizar esforços em favor ou em detrimento das candidaturas.
Avaliação dos presidentes
As pesquisas de opinião vieram para ficar e podemos elaborar algo como "pensar em política é pensar em pesquisa". Pois bem, aproveitando o atual período de 25 anos ininterruptos de democracia no Brasil resolvi ir fundo na leitura de pesquisas realizadas para aferir a popularidade nossos governos legitimamente constituídos pós-golpe militar de 1964, que durou até 1985.
Optei pelo Instituto Datafolha por considerá-lo o mais controvertido, ao menos nestas eleições presidenciais de 2010. Acontece que o Datafolha começou a aferir a popularidade presidencial apenas a partir de 1987, e daquele ano até agosto de 2010 realizou nada menos que 129 pesquisas de opinião pública. E descobri coisas interessantes quanto ao quesito popularidade bafejando (positivamente ou não) cinco cidadãos que nas urnas, à exceção de Itamar Franco, foram sagrados presidentes do Brasil: José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva.
Considerando apenas as pesquisas do Instituto Datafolha ficamos sabendo que:
* José Sarney foi avaliado em 9 pesquisas no período de maio/1987 a março/1990. Sua melhor avaliação "Ótimo/Bom" alcançou 11% da população em pesquisa de novembro/1987 enquanto que seu pior "Ruim/Péssimo" verificou-se em setembro/1989 quando obteve 68% de impopularidade.
* Fernando Collor foi avaliado em 7 pesquisas no período de maio/1990 a setembro/1992. Sua melhor avaliação "Ótimo/Bom" alcançou 71% da população em pesquisa de março/1990, enquanto que seu pior "Ruim/Péssimo" verificou-se em setembro/1989 quando obteve 68% de impopularidade.
* Itamar Franco foi avaliado em 17 pesquisas no período de setembro/1992 a dezembro/1994. Sua melhor avaliação "Ótimo/Bom" alcançou 41% da população em pesquisa de dezembro/1994, enquanto que seu pior "Ruim/Péssimo" verificou-se em maio/1994 quando obteve 38% de impopularidade.
* Fernando Henrique Cardoso (dois mandatos) foi avaliado em 46 pesquisas no período de março/1995 a dezembro/2002. Sua melhor avaliação "Ótimo/Bom" alcançou 47% da população em pesquisa de dezembro/1996, enquanto que seu pior "Ruim/Péssimo" verificou-se em setembro/1999 quando obteve 56% de impopularidade.
* Luiz Inácio Lula da Silva (dois mandatos) foi avaliado em 50 pesquisas no período de março/2003 a agosto/2010. Sua melhor avaliação "Ótimo/Bom" alcançou 79% da população em pesquisa de agosto/2010, enquanto que seu pior "Ruim/Péssimo" verificou-se em dezembro/2005 quando obteve 29% de impopularidade.
* José Sarney (68%), Fernando Collor (68%) e Itamar Franco (38%) registraram sua mais elevada taxa de desaprovação popular ao término de seu exercício da presidência.
* Fernando Henrique Cardoso concluiu seu segundo mandato com 26% de avaliação positiva e 36% de avaliação negativa, registrado em pesquisa de dezembro de 2002.
* Luiz Inácio Lula da Silva está concluindo seu segundo mandato (23-24/8/2010) com 79% de avaliação positiva e 4% de avaliação negativa.
* Das 7 pesquisas durante a presidência de Fernando Collor o alagoano pontuou acima de 50% de avaliação positiva apenas em março/1990, quando atingiu sua melhor marca: 71%. As demais obtiveram pontuação positiva sempre inferior a 37%.
* Luiz Inácio Lula da Silva registrou popularidade positiva acima de 50% em 19 das 50 pesquisas divulgadas pelo Datafolha. De 2007 a 2010 sua popularidade tem sido regularmente acima de 50 pontos e de janeiro a agosto de 2010 é avaliado positivamente por índices sempre acima dos 70% da população brasileira.
Dilemas e desatinos
Feitas estas considerações observo que nossa grande imprensa não sabe lidar com governantes muito bem avaliados, desses que conseguem ser bem aceitos por mais da metade da população e por longo período de tempo, de forma quase ininterrupta. É exatamente este o caso do presidente Lula. Na falta de experiência nesse trato a grande imprensa termina por polarizar com o governante, não necessariamente por nutrir o desejo de polarização, mas sim porque governante algum – tenha avaliação positiva de 99%, seja até canonizado santo enquanto no exercício do cargo público – está isento de erros, defeitos e tudo o mais que se aloja no organismo do poder político.
Há também um quê de inveja devido ao fato de que o governante bem aceito pela população veste suas opiniões com elevado grau de assertividade, e tudo o que faz ou tudo o que fala recebe imediata aprovação – mesmo que tácita – da população. Enquanto que a imprensa precisa conquistar corações e mentes de seus leitores, ouvintes e telespectadores quase que minuto a minuto, diariamente, semanalmente.
É esta popularidade do presidente Lula, inédita em nossa recente história política, que transforma o errado em certo, o nebuloso em claro, e que transmuta o que é escandaloso em coisa da mais corrente normalidade. A grande imprensa escala um Everest por dia, planta-lhe com redobrado esforço e em seu mais elevado píncaro a bandeira tremeluzente do mais recente escândalo político, financeiro ou de costumes. E aguarda a próxima pesquisa de opinião pública; quando esta chega, constata que o governante bafejado com índices de estonteante aceitação popular respondeu à sua hercúlea provocação midiática com um silencioso "dar de ombros"... e eis que a coisa fica por isso mesmo, registrando-se não mais que meros ajustes matemáticos.
Quando muito, o presidente cada vez mais cônscio de seu capital de liderança incontrastável, ataca essa mesma imprensa, aponta o que entende ser grosseira fábrica de manipulação político-partidária, coloca-lhe guizos no pescoço e, ao fim, festeja o fato que é a própria imprensa que repercute o petardo presidencial como também sua própria constatação de que não consegue forças na sociedade para expressar à altura sua desaprovação à fala do governante, sabendo já de antemão que qualquer coisa que faça receberá de boa parte da população a tarja de "defesa em causa própria" – e isto retira-lhe, mesmo que por vias oblíquas, a legitimidade para dar curso ao debate.
A grande imprensa paga o preço de não saber conviver com políticos bem avaliados pela população por longos períodos de tempo, e descobre a contragosto que os dilemas, desafios e desatinos das forças oposicionistas são também os seus dilemas, desafios e desatinos, sendo esses expressos em capas de jornais e revistas, apresentados em ritmo de funeral nos telejornais da noite, objeto de análises repetitivas e quase sempre sem qualquer brilhantismo por parte dos mais renomados comentaristas de política e economia do país.
Espaço ao contraditório
É como se a grande imprensa perguntasse: "Quo vadis?" Mas a resposta é incisiva: "Para Roma é que não é". Porque há que se deixar aos políticos a política e aos jornalistas, o jornalismo. Há que se refazer o caminho de volta... porque esse negócio de tomar para si a missão de oposição política – pois esta se encontra fragilizada – nada mais é que grosseira falsificação do papel da imprensa em um Estado democrático de direito.
É hora de deixar as bandeiras do partido no chão e voltar à prática do bom jornalismo: buscar a verdade, manter pura sua motivação desde a escolha da pauta até sua realização, investigar cada caso antes de publicar, conceder espaço ao contraditório, deixar ao público a formulação de juízos de valor.
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domingo, 26 de setembro de 2010
Liberdade de imprensa e imprensa liberta
Reprodução artigo de Sylvio Micelli, publicado em seu blog:
A chamada grande mídia está com medo. Vê, paulatinamente, ruir seus alicerces antiquados, nepotistas e reacionários. Prova disso, é a capa da Revista Veja desta semana, a mais conservadora delas. Com o título "A Liberdade sob ataque" chega até a reproduzir artigos da Constituição Federal que só são cumpridos quando há o interesse de fazê-lo.
Afinal de contas, que imprensa a revista acredita que querem calar? Esta, embolorada e viciada que está aí e da qual Veja faz parte ou a nova imprensa, que nasceu com a liberdade dos blogues e das redes sociais?
Durante a faculdade (apenas para os diplomados, claro...) somos ensinados a crer que a prática do bom jornalismo passa, necessária e invariavelmente, pela isenção, pela ética e pela moral. Aprendemos que sempre devemos ouvir os dois ou mais lados da questão e que nossa missão é formar opiniões para salvaguardar o direito da sociedade em receber uma informação clara, pura, translúcida. Isso seria, ao menos em tese, bom para o cidadão e ótimo para o País.
Na prática, porém, como todos sabemos, a teoria é outra.
A revista Veja e os velhos jornalões - agora reduzidos a três (Folha de S.Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo) - insistem numa pseudo-liberdade de imprensa que eles não exercem. As notícias e opiniões sempre são dirigidas a interesses diversos que não são os mesmos da sociedade. Querem pautar a população com informações enviesadas que, sabidamente, tendem apenas a manter o establishment e nada oferecem de concreto para esta sociedade. Parecem que não aprenderam as lições com a ascenção e queda de Collor, e tantos outros "pés pelas mãos" cometidos ao longo da história.
Passei, recentemente, pela maior greve do funcionalismo público de São Paulo. A minha categoria - Judiciário Estadual - paralisou as atividades por 127 dias. As notícias (poucas) que saíram na tal da grande mídia eram ácidas, críticas e quando ouviam-nos, já vinham com a pauta pronta sequiosos pelas respostas que combinavam com o texto que necessitavam fazer. Registre-se, aqui, que houve uma ou outra exceção (até para justificar a regra).
Nesta semana, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo com seu histórico Auditório Vladimir Herzog, foi palco de um ato promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, entidade da qual sou membro do Conselho Consultivo (ainda que ausente por tantos compromissos). O ato, que reuniu quase mil pessoas, é prova irrefutável de que algo está errado com esta mídia em estado de obsolescência.
É óbvio, que a grande mídia não soube assimilar o golpe. Prefere um reducionismo tolo ao afirmar que o ato é político-partidário com infiltrações de diversas organizações sociais ou aquilo que a Veja acredita ser o "Petismo". E é, justamente aí, que as revistas e jornais anacrônicos erram. Politizam, partidariamente, o que não é para politizar. Defendem seus candidatos e interesses tratorando as lições do bom jornalismo.
Pois bem. Não sou petista. Nem mesmo sou alinhado a muitos dos dogmas do Partido dos Trabalhadores, em que pese reconhecer sua importância na política nacional. Meus candidatos, há mais de duas décadas, raramente são eleitos, porque voto em pessoas e não em partidos. Ou seja: nem de longe faço parte do "Petismo" e, além de mim, há milhares de colegas que analisam a mídia sob uma nova ótica.
Será Erenice Guerra corrupta? Seus parentes idem? Oras... todos foram dispensados e ponto final. Que a Receita Federal, Polícia Federal e todas as instituições envolvidas investiguem e apontem culpados. Mas este, e outros casos, são usados como moeda de troca no circo eleitoral. Ao tomar partido, a velha mídia erra e abre, cada vez mais espaço, para a mídia alternativa que tenho orgulho em pertencer.
Esta nova imprensa nasce liberta. E alguns, mais cáusticos, hão de dizer: "não é liberta... também defende seus interesses..." Pois bem. A mídia alternativa, amparada por blogues e redes e organizações sociais diversas, nasce para ser o contraponto, nasce para restabelecer o equilíbrio, nasce para mostrar o outro lado que a velha mídia esqueceu nas lições do jornalismo isento e imparcial.
Atenção, barões da mídia: a extinção da versão impressa do Jornal do Brasil (o quarto jornalão histórico de nosso País) não foi um caso isolado. Há ainda muita letra a passar pela rotativa. Quem viver, verá.
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A chamada grande mídia está com medo. Vê, paulatinamente, ruir seus alicerces antiquados, nepotistas e reacionários. Prova disso, é a capa da Revista Veja desta semana, a mais conservadora delas. Com o título "A Liberdade sob ataque" chega até a reproduzir artigos da Constituição Federal que só são cumpridos quando há o interesse de fazê-lo.
Afinal de contas, que imprensa a revista acredita que querem calar? Esta, embolorada e viciada que está aí e da qual Veja faz parte ou a nova imprensa, que nasceu com a liberdade dos blogues e das redes sociais?
Durante a faculdade (apenas para os diplomados, claro...) somos ensinados a crer que a prática do bom jornalismo passa, necessária e invariavelmente, pela isenção, pela ética e pela moral. Aprendemos que sempre devemos ouvir os dois ou mais lados da questão e que nossa missão é formar opiniões para salvaguardar o direito da sociedade em receber uma informação clara, pura, translúcida. Isso seria, ao menos em tese, bom para o cidadão e ótimo para o País.
Na prática, porém, como todos sabemos, a teoria é outra.
A revista Veja e os velhos jornalões - agora reduzidos a três (Folha de S.Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo) - insistem numa pseudo-liberdade de imprensa que eles não exercem. As notícias e opiniões sempre são dirigidas a interesses diversos que não são os mesmos da sociedade. Querem pautar a população com informações enviesadas que, sabidamente, tendem apenas a manter o establishment e nada oferecem de concreto para esta sociedade. Parecem que não aprenderam as lições com a ascenção e queda de Collor, e tantos outros "pés pelas mãos" cometidos ao longo da história.
Passei, recentemente, pela maior greve do funcionalismo público de São Paulo. A minha categoria - Judiciário Estadual - paralisou as atividades por 127 dias. As notícias (poucas) que saíram na tal da grande mídia eram ácidas, críticas e quando ouviam-nos, já vinham com a pauta pronta sequiosos pelas respostas que combinavam com o texto que necessitavam fazer. Registre-se, aqui, que houve uma ou outra exceção (até para justificar a regra).
Nesta semana, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo com seu histórico Auditório Vladimir Herzog, foi palco de um ato promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, entidade da qual sou membro do Conselho Consultivo (ainda que ausente por tantos compromissos). O ato, que reuniu quase mil pessoas, é prova irrefutável de que algo está errado com esta mídia em estado de obsolescência.
É óbvio, que a grande mídia não soube assimilar o golpe. Prefere um reducionismo tolo ao afirmar que o ato é político-partidário com infiltrações de diversas organizações sociais ou aquilo que a Veja acredita ser o "Petismo". E é, justamente aí, que as revistas e jornais anacrônicos erram. Politizam, partidariamente, o que não é para politizar. Defendem seus candidatos e interesses tratorando as lições do bom jornalismo.
Pois bem. Não sou petista. Nem mesmo sou alinhado a muitos dos dogmas do Partido dos Trabalhadores, em que pese reconhecer sua importância na política nacional. Meus candidatos, há mais de duas décadas, raramente são eleitos, porque voto em pessoas e não em partidos. Ou seja: nem de longe faço parte do "Petismo" e, além de mim, há milhares de colegas que analisam a mídia sob uma nova ótica.
Será Erenice Guerra corrupta? Seus parentes idem? Oras... todos foram dispensados e ponto final. Que a Receita Federal, Polícia Federal e todas as instituições envolvidas investiguem e apontem culpados. Mas este, e outros casos, são usados como moeda de troca no circo eleitoral. Ao tomar partido, a velha mídia erra e abre, cada vez mais espaço, para a mídia alternativa que tenho orgulho em pertencer.
Esta nova imprensa nasce liberta. E alguns, mais cáusticos, hão de dizer: "não é liberta... também defende seus interesses..." Pois bem. A mídia alternativa, amparada por blogues e redes e organizações sociais diversas, nasce para ser o contraponto, nasce para restabelecer o equilíbrio, nasce para mostrar o outro lado que a velha mídia esqueceu nas lições do jornalismo isento e imparcial.
Atenção, barões da mídia: a extinção da versão impressa do Jornal do Brasil (o quarto jornalão histórico de nosso País) não foi um caso isolado. Há ainda muita letra a passar pela rotativa. Quem viver, verá.
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Plataforma para democratizar a comunicação
Reproduzo a plataforma elaborada pela Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e a Liberdade de Expressão, que visa coletar a adesão dos candidatos às eleições de 2010:
Considerando a importância:
• Do fortalecimento de uma mídia plural e democrática, que reflita a diversidade brasileira;
• Do acesso da população à informação e à produção de comunicação e cultura;
• Da garantia da liberdade de expressão e do direito à comunicação para todos e todas;
• E da participação popular na construção de políticas públicas para o setor;
Nós, candidatos ao governo de São Paulo, ao Congresso Nacional e à Assembléia Legislativa de São Paulo nos comprometemos a:
1. Defender a regulamentação dos artigos 220, 221 e 223 da Constituição Federal, que tratam da proibição de monopólios e oligopólios; das finalidades da programação das emissoras de rádio e TV, incluindo a regionalização da produção de conteúdo; e da complementaridade entre os sistemas público, privado e estatal;
2. Promover uma regulação democrática e participativa das concessões públicas de radiodifusão;
3. Apoiar a regulamentação do direito de resposta;
4. Defender a regulamentação da veiculação de publicidade dirigida às crianças, de acordo com a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código de Defesa do Consumidor;
5. Lutar pela criação do Conselho Nacional de Comunicação, bem como Conselhos Municipais, Estaduais e Distrital, como órgãos reguladores das comunicações, formados por representantes do poder público, dos empresários e da sociedade civil;
6. Defender políticas públicas que garantam o exercício do direito à comunicação da população;
7. Apoiar o desenvolvimento de políticas de incentivo à pluralidade e à diversidade na mídia;
8. Contribuir para o fortalecimento das mídias livres, independentes, alternativas, populares e comunitárias;
9. Apoiar o desenvolvimento de políticas de apoio e incentivo às rádios comunitárias, combatendo sua criminalização;
10. Defender políticas de fomento à produção de conteúdos destinados ao público infanto-juvenil;
11. Lutar pelo desenvolvimento e implementação de recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência nos meios de comunicação;
12. Propor a inserção nos parâmetros curriculares do ensino fundamental e médio conteúdos específicos de educação para a mídia, incluindo a temática dos direitos humanos, e a disciplina de educomunicação;
13. Denunciar e combater as violações dos direitos humanos praticadas pelos meios de comunicação;
14. Defender o acesso à internet e à banda larga como direito, ampliando as políticas de inclusão digital.
Comprometemo-nos ainda a estar em permanente diálogo com as organizações da sociedade civil, movimentos sociais, sindicatos, comunicadores(as) populares, jornalistas, radialistas, estudantes e ativistas da mídia comunitária, livre e alternativa do Estado de São Paulo para o desenvolvimento de ações conjuntas em prol da realização destes compromissos.
*****
A Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e a Liberdade de Expressão (Frentex) é uma articulação que reúne sindicatos, associações civis, rádios comunitárias, imprensa alternativa, movimento populares e organizações da sociedade civil. A plataforma é uma iniciativa para incluir no debate eleitoral o tema do direito à comunicação e a liberdade de expressão, ainda pouco abordado pela maior parte das candidaturas. Ela foi responsável, junto com a Assembléia Legislativa, pela organização e realização da etapa estadual da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), e é composta pelas seguintes entidades:
ABRAÇO - SP • ALTERCOM – Associação Brasil de Empresas e Empreendedores em Comunicação • Aliança Internacional de Jornalistas • AMARC - Associação Mundial de Rádios Comunitárias • AMEJAEB - Associação dos Moradores e Empreendimentos do Jardim Educandário e Butantã • Artigo 19 • Associação Vermelho • Blog da Audiodescrição • Campanha pela Ética na TV - SP • CEDISP - Comitê pela Educação e a Democratização da Informática/SP • CEERT - Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades • Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé • Centro Camará de Pesquisa e Apoio à Infância e Adolescência • Cidadania e Saúde • Ciranda da Informação Independente • CNTQ - Confederação Nacional dos Trabalhadores Químicos • CONEN/SP - Coordenação Nacional de Entidades Negras/SP • Conselho Regional de Psicologia - SP • Enecos - Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social • Escola de Governo de São Paulo • Escritório Modelo "Dom Paulo Evaristo Arns" - PUC/SP • FLO - Friends of Life Organization • Força Sindical • Fórum Centro Vivo • Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente - SP • Geledés - Instituto da Mulher Negra • Grêmio Ágora da Escola da Vila • Grupo Tortura Nunca Mais/SP • Ilê Asé Orisá Dewi • Instituto Alana • Instituto CEPODH - Centro Popular de Direitos Humanos • Instituto Gens de Educação e Cultura • Instituto Oromilade • Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social • LBL - Liga Brasileira de Lésbicas • Movimento Novos Praianos • Movimento Sindicato É Pra Lutar • Observatório da Mulher • Primado do Brasil - Organização Federativa de Umbanda e Candomblé do Brasil • Projeto Cala-boca já morreu • PROTESTE Associação de Consumidores • Rede Brasil Atual • Revista Debate Socialista • Revista Viração • Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região • Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo • Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes • Sindicato dos Radialistas no Estado de São Paulo • Tenda de Umbanda Luz e Verdade • Tribunal Popular: o estado brasileiro no banco dos réus • Tupã Oca do Caboclo Arranca Toco • UNEGRO/SP - União de Negros Pela Igualdade de São Paulo • União Brasileira de Mulheres • União dos Movimentos de Moradia-SP • UPES-SP União Paulista dos Estudantes Secundaristas
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Considerando a importância:
• Do fortalecimento de uma mídia plural e democrática, que reflita a diversidade brasileira;
• Do acesso da população à informação e à produção de comunicação e cultura;
• Da garantia da liberdade de expressão e do direito à comunicação para todos e todas;
• E da participação popular na construção de políticas públicas para o setor;
Nós, candidatos ao governo de São Paulo, ao Congresso Nacional e à Assembléia Legislativa de São Paulo nos comprometemos a:
1. Defender a regulamentação dos artigos 220, 221 e 223 da Constituição Federal, que tratam da proibição de monopólios e oligopólios; das finalidades da programação das emissoras de rádio e TV, incluindo a regionalização da produção de conteúdo; e da complementaridade entre os sistemas público, privado e estatal;
2. Promover uma regulação democrática e participativa das concessões públicas de radiodifusão;
3. Apoiar a regulamentação do direito de resposta;
4. Defender a regulamentação da veiculação de publicidade dirigida às crianças, de acordo com a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código de Defesa do Consumidor;
5. Lutar pela criação do Conselho Nacional de Comunicação, bem como Conselhos Municipais, Estaduais e Distrital, como órgãos reguladores das comunicações, formados por representantes do poder público, dos empresários e da sociedade civil;
6. Defender políticas públicas que garantam o exercício do direito à comunicação da população;
7. Apoiar o desenvolvimento de políticas de incentivo à pluralidade e à diversidade na mídia;
8. Contribuir para o fortalecimento das mídias livres, independentes, alternativas, populares e comunitárias;
9. Apoiar o desenvolvimento de políticas de apoio e incentivo às rádios comunitárias, combatendo sua criminalização;
10. Defender políticas de fomento à produção de conteúdos destinados ao público infanto-juvenil;
11. Lutar pelo desenvolvimento e implementação de recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência nos meios de comunicação;
12. Propor a inserção nos parâmetros curriculares do ensino fundamental e médio conteúdos específicos de educação para a mídia, incluindo a temática dos direitos humanos, e a disciplina de educomunicação;
13. Denunciar e combater as violações dos direitos humanos praticadas pelos meios de comunicação;
14. Defender o acesso à internet e à banda larga como direito, ampliando as políticas de inclusão digital.
Comprometemo-nos ainda a estar em permanente diálogo com as organizações da sociedade civil, movimentos sociais, sindicatos, comunicadores(as) populares, jornalistas, radialistas, estudantes e ativistas da mídia comunitária, livre e alternativa do Estado de São Paulo para o desenvolvimento de ações conjuntas em prol da realização destes compromissos.
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A Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e a Liberdade de Expressão (Frentex) é uma articulação que reúne sindicatos, associações civis, rádios comunitárias, imprensa alternativa, movimento populares e organizações da sociedade civil. A plataforma é uma iniciativa para incluir no debate eleitoral o tema do direito à comunicação e a liberdade de expressão, ainda pouco abordado pela maior parte das candidaturas. Ela foi responsável, junto com a Assembléia Legislativa, pela organização e realização da etapa estadual da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), e é composta pelas seguintes entidades:
ABRAÇO - SP • ALTERCOM – Associação Brasil de Empresas e Empreendedores em Comunicação • Aliança Internacional de Jornalistas • AMARC - Associação Mundial de Rádios Comunitárias • AMEJAEB - Associação dos Moradores e Empreendimentos do Jardim Educandário e Butantã • Artigo 19 • Associação Vermelho • Blog da Audiodescrição • Campanha pela Ética na TV - SP • CEDISP - Comitê pela Educação e a Democratização da Informática/SP • CEERT - Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades • Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé • Centro Camará de Pesquisa e Apoio à Infância e Adolescência • Cidadania e Saúde • Ciranda da Informação Independente • CNTQ - Confederação Nacional dos Trabalhadores Químicos • CONEN/SP - Coordenação Nacional de Entidades Negras/SP • Conselho Regional de Psicologia - SP • Enecos - Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social • Escola de Governo de São Paulo • Escritório Modelo "Dom Paulo Evaristo Arns" - PUC/SP • FLO - Friends of Life Organization • Força Sindical • Fórum Centro Vivo • Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente - SP • Geledés - Instituto da Mulher Negra • Grêmio Ágora da Escola da Vila • Grupo Tortura Nunca Mais/SP • Ilê Asé Orisá Dewi • Instituto Alana • Instituto CEPODH - Centro Popular de Direitos Humanos • Instituto Gens de Educação e Cultura • Instituto Oromilade • Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social • LBL - Liga Brasileira de Lésbicas • Movimento Novos Praianos • Movimento Sindicato É Pra Lutar • Observatório da Mulher • Primado do Brasil - Organização Federativa de Umbanda e Candomblé do Brasil • Projeto Cala-boca já morreu • PROTESTE Associação de Consumidores • Rede Brasil Atual • Revista Debate Socialista • Revista Viração • Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região • Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo • Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes • Sindicato dos Radialistas no Estado de São Paulo • Tenda de Umbanda Luz e Verdade • Tribunal Popular: o estado brasileiro no banco dos réus • Tupã Oca do Caboclo Arranca Toco • UNEGRO/SP - União de Negros Pela Igualdade de São Paulo • União Brasileira de Mulheres • União dos Movimentos de Moradia-SP • UPES-SP União Paulista dos Estudantes Secundaristas
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O que pode acontecer de “última hora”?
Reproduzo artigo de Marcos Coimbra, publicado no jornal Correio Braziliense:
Neste domingo, a apenas uma semana da eleição presidencial, temos uma parte menor do sistema político, uma parte importante (mas minoritária) da sociedade e a maioria da “grande imprensa” em torcida animada para que a “última hora” faça com que os prognósticos a respeito de seu resultado não se confirmem.
É natural que todos os candidatos, salvo Dilma, queiram que alguma reviravolta aconteça. Os três partidos que dão apoio a Serra, o PV de Marina Silva, os pequenos partidos de esquerda, todos torcem pelo “fato novo”, a “bala de prata”, algo que a golpeie. Do outro lado, a ampla coligação que Lula montou para sustentar sua candidata (e que formará, ao que tudo indica, a maioria do próximo Congresso) espera que nada altere o quadro.
Hoje, Dilma lidera em todas as regiões do país, jogando por terra as análises que imaginavam que as eleições consagrariam um fosso entre o Brasil “moderno” e o “atrasado”. Era o que supunham aqueles que leram, sem maior profundidade, as pesquisas, e acreditavam que Serra sairia vitorioso no Sul e no Sudeste, ficando com Dilma o voto do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste. Não é isso que estamos vendo.
Ela deve vencer em todos os estados, em alguns com três vezes mais votos que a soma dos adversários. Vence na cidade de São Paulo, na sua região metropolitana e no interior do estado. Lidera o voto das capitais, das cidades médias e das pequenas. É a preferida dos eleitores que residem em áreas rurais.
As pesquisas dão a Dilma vantagem em todos os segmentos socioeconômicos relevantes. É a preferida de mulheres e homens (sepultando bobagens como as que ouvimos sobre as dificuldades que teria para conquistar o voto feminino), de jovens e velhos, de negros e brancos. Está na frente entre católicos, evangélicos, espíritas e praticantes de religiões afro-brasileiras.
Vence entre pobres, na classe média e entre os ricos (embora fique atrás de Serra entre os muito ricos). Lidera entre beneficiários do Bolsa Família e entre quem não recebe qualquer benefício do governo. Analfabetos e pessoas que estudaram, do primário à universidade, votam majoritariamente nela.
É claro que sua candidatura não é uma unanimidade. Existe uma parcela da sociedade que não gosta dela e de Lula, que nunca votou e que nunca votará em alguém do PT. São pessoas que até toleram o presidente, que podem achar que é esperto e espirituoso, que conseguem admirar aspectos de seu governo. Mas que querem que Dilma perca.
Se, então, Dilma reúne ampla maioria no eleitorado e apoios majoritários no sistema político, o que seria a “última hora”? O que falta acontecer, de hoje a domingo?
Formular a pergunta equivale a considerar que o eleitorado ainda não sabe o que vai fazer, que aguarda a véspera para se decidir. Que “tudo pode mudar”.
É curioso, mas quem mais acredita que os outros são volúveis são os mais cheios de certezas, os mais orgulhosos de suas convicções. Mas acham que o cidadão comum (o “povão”) é diferente, que é incapaz de chegar com calma a uma decisão pensada e madura.
É fato que sempre existe uma parcela do eleitorado que permanece indecisa até o final. Já vimos, em eleições anteriores, que ela pode oscilar, saindo de uma candidatura e indo para outras. Conforme o caso, sua movimentação pode provocar resultados inesperados, como ocorreu com o segundo turno em 2006.
Mas aquelas eleições também mostram como acontecem esses fenômenos de “última hora”. Nelas, a única coisa que um quase uníssono da “grande imprensa” contra a candidatura Lula conseguiu fazer foi assustar os eleitores mais frágeis, com baixa informação e baixo interesse por política. Os dados indicam que os eleitores mais informados e com alto e médio interesse em nada foram afetados pela artilharia da mídia (assim como os sem nenhum, que nem ficaram sabendo que havia “aloprados”).
Ou seja: aquela gritaria só fez com que as pessoas mais inseguras a respeito de suas escolhas ficassem confusas, ainda que apenas por alguns dias. Mal começou a campanha do segundo turno, Lula reassumiu as rédeas da eleição e avançou sem problemas até a consagração no final de outubro. É como o título daquela comédia: “Muito barulho por nada”.
.
Neste domingo, a apenas uma semana da eleição presidencial, temos uma parte menor do sistema político, uma parte importante (mas minoritária) da sociedade e a maioria da “grande imprensa” em torcida animada para que a “última hora” faça com que os prognósticos a respeito de seu resultado não se confirmem.
É natural que todos os candidatos, salvo Dilma, queiram que alguma reviravolta aconteça. Os três partidos que dão apoio a Serra, o PV de Marina Silva, os pequenos partidos de esquerda, todos torcem pelo “fato novo”, a “bala de prata”, algo que a golpeie. Do outro lado, a ampla coligação que Lula montou para sustentar sua candidata (e que formará, ao que tudo indica, a maioria do próximo Congresso) espera que nada altere o quadro.
Hoje, Dilma lidera em todas as regiões do país, jogando por terra as análises que imaginavam que as eleições consagrariam um fosso entre o Brasil “moderno” e o “atrasado”. Era o que supunham aqueles que leram, sem maior profundidade, as pesquisas, e acreditavam que Serra sairia vitorioso no Sul e no Sudeste, ficando com Dilma o voto do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste. Não é isso que estamos vendo.
Ela deve vencer em todos os estados, em alguns com três vezes mais votos que a soma dos adversários. Vence na cidade de São Paulo, na sua região metropolitana e no interior do estado. Lidera o voto das capitais, das cidades médias e das pequenas. É a preferida dos eleitores que residem em áreas rurais.
As pesquisas dão a Dilma vantagem em todos os segmentos socioeconômicos relevantes. É a preferida de mulheres e homens (sepultando bobagens como as que ouvimos sobre as dificuldades que teria para conquistar o voto feminino), de jovens e velhos, de negros e brancos. Está na frente entre católicos, evangélicos, espíritas e praticantes de religiões afro-brasileiras.
Vence entre pobres, na classe média e entre os ricos (embora fique atrás de Serra entre os muito ricos). Lidera entre beneficiários do Bolsa Família e entre quem não recebe qualquer benefício do governo. Analfabetos e pessoas que estudaram, do primário à universidade, votam majoritariamente nela.
É claro que sua candidatura não é uma unanimidade. Existe uma parcela da sociedade que não gosta dela e de Lula, que nunca votou e que nunca votará em alguém do PT. São pessoas que até toleram o presidente, que podem achar que é esperto e espirituoso, que conseguem admirar aspectos de seu governo. Mas que querem que Dilma perca.
Se, então, Dilma reúne ampla maioria no eleitorado e apoios majoritários no sistema político, o que seria a “última hora”? O que falta acontecer, de hoje a domingo?
Formular a pergunta equivale a considerar que o eleitorado ainda não sabe o que vai fazer, que aguarda a véspera para se decidir. Que “tudo pode mudar”.
É curioso, mas quem mais acredita que os outros são volúveis são os mais cheios de certezas, os mais orgulhosos de suas convicções. Mas acham que o cidadão comum (o “povão”) é diferente, que é incapaz de chegar com calma a uma decisão pensada e madura.
É fato que sempre existe uma parcela do eleitorado que permanece indecisa até o final. Já vimos, em eleições anteriores, que ela pode oscilar, saindo de uma candidatura e indo para outras. Conforme o caso, sua movimentação pode provocar resultados inesperados, como ocorreu com o segundo turno em 2006.
Mas aquelas eleições também mostram como acontecem esses fenômenos de “última hora”. Nelas, a única coisa que um quase uníssono da “grande imprensa” contra a candidatura Lula conseguiu fazer foi assustar os eleitores mais frágeis, com baixa informação e baixo interesse por política. Os dados indicam que os eleitores mais informados e com alto e médio interesse em nada foram afetados pela artilharia da mídia (assim como os sem nenhum, que nem ficaram sabendo que havia “aloprados”).
Ou seja: aquela gritaria só fez com que as pessoas mais inseguras a respeito de suas escolhas ficassem confusas, ainda que apenas por alguns dias. Mal começou a campanha do segundo turno, Lula reassumiu as rédeas da eleição e avançou sem problemas até a consagração no final de outubro. É como o título daquela comédia: “Muito barulho por nada”.
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O noticiário e a "corrida de dez dias"
Reproduzo crônica de Luis Fernando Veríssimo, publicada no jornal O Globo:
De hoje à data da eleição teremos dez dias de manchetes nos jornais e duas edições da Veja.
Não sei até quando podem ser publicadas as pesquisas sobre intenção de voto, mas até a última publicação - aquela que, segundo os céticos, é a mais confiável, pois é a que garante a credibilidade e o futuro dos pesquisadores - veremos uma corrida emocionante: o noticiário perseguindo os índices da Dilma para tentar derrubá-los antes da chegada, no dia 3.
O prêmio, se conseguirem, será um segundo turno. Se não conseguirem a única dúvida que restará será: se diz a presidente ou a presidenta?
Até agora as notícias de corrupção na Casa Civil não afetaram os índices da Dilma.
Estou escrevendo na terça, talvez as últimas pesquisas mostrem um efeito retardado.
Mas ainda faltam dez dias de manchetes e duas edições da Veja, quem sabe o que virá por aí?
O governo Lula tem um bom retrospecto na sua competição com o noticiário.
A popularidade do Lula não só resistiu a tudo, inclusive às mancadas e aos impropérios do próprio Lula, como cresceu com os oito anos de denúncias e noticiário negativo.
Desde UDN x Getúlio nenhum presidente brasileiro foi tão atacado e denunciado quanto Lula.
Desde sempre, nenhum presidente brasileiro acabou seu mandato tão bem cotado.
Acrescente-se ao paradoxo o fato de que o eleitorado brasileiro é tradicionalmente, às vezes simplisticamente, moralista.
Elegeu Jânio para varrer a sujeira do governo Juscelino, elegeu Collor para acabar com os marajás, aplaudiu a queda do Collor por corrupção presumida e houve até quem pedisse o impedimento do Itamar por proximidade temerária com calcinha transparente.
Mas o moralismo tornou-se politicamente irrelevante com Lula e, por tabela, para os índices da Dilma.
É improvável que volte a ser decisivo em dez dias. Mas nunca se sabe.
O que talvez precise ser revisado, depois dos oito anos do Lula e depois destas eleições, quando a poeira baixar, seja o conceito da imprensa como formadora de opiniões.
Mas a corrida dos dez dias começa hoje e seu resultado ninguém pode prever com certeza.
Virá alguma bomba de fragmentação de última hora ou tudo que poderia explodir já explodiu?
O que prevalecerá no final, os índices inalterados da Dilma ou o noticiário?
Faça a sua aposta.
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De hoje à data da eleição teremos dez dias de manchetes nos jornais e duas edições da Veja.
Não sei até quando podem ser publicadas as pesquisas sobre intenção de voto, mas até a última publicação - aquela que, segundo os céticos, é a mais confiável, pois é a que garante a credibilidade e o futuro dos pesquisadores - veremos uma corrida emocionante: o noticiário perseguindo os índices da Dilma para tentar derrubá-los antes da chegada, no dia 3.
O prêmio, se conseguirem, será um segundo turno. Se não conseguirem a única dúvida que restará será: se diz a presidente ou a presidenta?
Até agora as notícias de corrupção na Casa Civil não afetaram os índices da Dilma.
Estou escrevendo na terça, talvez as últimas pesquisas mostrem um efeito retardado.
Mas ainda faltam dez dias de manchetes e duas edições da Veja, quem sabe o que virá por aí?
O governo Lula tem um bom retrospecto na sua competição com o noticiário.
A popularidade do Lula não só resistiu a tudo, inclusive às mancadas e aos impropérios do próprio Lula, como cresceu com os oito anos de denúncias e noticiário negativo.
Desde UDN x Getúlio nenhum presidente brasileiro foi tão atacado e denunciado quanto Lula.
Desde sempre, nenhum presidente brasileiro acabou seu mandato tão bem cotado.
Acrescente-se ao paradoxo o fato de que o eleitorado brasileiro é tradicionalmente, às vezes simplisticamente, moralista.
Elegeu Jânio para varrer a sujeira do governo Juscelino, elegeu Collor para acabar com os marajás, aplaudiu a queda do Collor por corrupção presumida e houve até quem pedisse o impedimento do Itamar por proximidade temerária com calcinha transparente.
Mas o moralismo tornou-se politicamente irrelevante com Lula e, por tabela, para os índices da Dilma.
É improvável que volte a ser decisivo em dez dias. Mas nunca se sabe.
O que talvez precise ser revisado, depois dos oito anos do Lula e depois destas eleições, quando a poeira baixar, seja o conceito da imprensa como formadora de opiniões.
Mas a corrida dos dez dias começa hoje e seu resultado ninguém pode prever com certeza.
Virá alguma bomba de fragmentação de última hora ou tudo que poderia explodir já explodiu?
O que prevalecerá no final, os índices inalterados da Dilma ou o noticiário?
Faça a sua aposta.
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Quem tem medo da democracia?
Reproduzo artigo de Emir Sader, publicado no sítio Carta Maior:
O momento mais trágico da história brasileira – o do golpe de 1964 e da instauração do pior regime político que o Brasil já teve, a ditadura militar – foi o momento da verdade da democracia. O momento revelou quem estava a favor e quem estava contra a democracia. E quem pregava e apoiava a ditadura. Foi um divisor definitivo de águas. O resto são palavras que o vento leva. A posição diante da ditadura e da democracia, na hora em que não havia outra alternativa, em que a democracia estava em risco grave – como se viu depois - foi decisiva para definir quem é democrata e quem é ditatorial no Brasil.
Toda a velha imprensa, que segue ai – FSP, Globo, Estadão, Veja – pregou e apoiou o golpe militar, compactuou com a destruição da democracia no Brasil e enriqueceu com isso. Compactuou inclusive com a destruição da Última Hora, o único jornal que sempre resistiu à ditadura. O mesmo aconteceu com a maior parte da elite política da época - uma parte da qual ainda anda por aí, quase todos dando continuidade ao mesmo papel de inimigos da democracia, mesmo se disfarçados de democratas.
A história contemporânea é continuação daquela circunstância e da ditadura que ela instaurou. Se o amplo apoio ao governo Lula provêm, no essencial, em ter, pela primeira vez, diminuído a desigualdade, a injustiça e a exclusão social no Brasil, isto se deve, em grande parte, à monstruosa desigualdade que o modelo implantado pela ditadura – fundado na liberdade total ao capital e no arrocho dos salários, acompanhado da intervenção em todos os sindicatos – promoveu.
Da mesma forma que a polarização atual da política brasileira se centra de novo em torno da alternativa democracia/ditadura. Como naquela época, ambos os lados dizem falar em nome da democracia. Como naquela época, toda aquela imprensa e parte da elite política tradicional, falam da democracia – que eles mesmos ajudaram a massacrar ao pregar e apoiar a instauração da ditadura no Brasil –, mas representam a antidemocracia, representam os interesses tradicionais das elites, que resistem à imensa democratização por que passa o Brasil.
O golpe de 1964 foi realizado para evitar a continuidade de um processo de ampla democratização por que passava o Brasil. A política econômica do governo Jango, a extensão da sindicalização – aos funcionários públicos, aos trabalhadores rurais -, as lutas populares por mais direitos, o começo de reforma agrária, incorporavam crescentes setores populares a direitos essências. Mas isso não era funcional aos interesses das elites dirigentes, comprometidas com interesses econômicos voltados para o consumo das camadas mais ricas da sociedade – a indústria automobilística era o eixo da economia – e para a exportação, em detrimento do mercado interno de consumo popular.
O golpe e a ditadura militar fizeram um mal profundo para o Brasil, mas favoreceram o capitalismo fundado nas grandes corporações nacionais e internacionais, que lucraram como nunca – entre elas os próprios grupos econômicos da mídia. A gritaria de que a democracia estava em perigo, em 1964, serviu para acobertar a ditadura e o regime mais antipopular que já tivemos.
Agora o quadro se repete, já não mais como tragédia, mas como farsa. Vivemos de novo um processo de ampla e profunda democratização da sociedade brasileira. Dezenas de milhões de brasileiros, que nunca haviam tido acesso aos bens mínimos à sobrevivência, adquirem o direito de tê-los, para viver com um mínimo de dignidade. O mercado interno de consumo popular passou a ser elemento integrante essencial do modelo econômico.
A sociedade brasileira, que era a mais desigual da América Latina - que, por sua vez, é o continente mais desigual do mundo -, pela primeira vez, começou a ser menos desigual, menos injusta. Isso incomoda às elites conservadoras brasileiras. Já não podem dispor do Estado brasileiro – e das empresas estatais – como sempre dispuseram. Os donos de jornais, rádios e TVs, já não têm um presidente da república que almoce e jante com eles, com todas as promiscuidades decorrentes daí.
Sentem que o poder se lhes escapa das mãos. Que um presidente – nordestino e operário de origem – conquistou um prestigio e um apoio popular, apesar deles. Tem medo do povo. Quando se dão conta da democratização que começou a acontecer, logo retomam os seus fantasmas da guerra fria e gritam que a democracia está em perigo, quando o que está em perigo são os seus privilégios.
São os mesmos que confundiam seus privilégios com democracia – porque assimilavam democracia com regime que protegia seus interesses -, que agora tem medo da democracia, porque sentem que perdem privilégios. Privilégios de serem os únicos formadores de opinião publica, de serem os que filtravam quem podia ocupar a presidência republica e os outros cargos públicos importantes. Privilégios de terem acesso exclusivo a viajar, a comprar certos bens, a ir ao teatro. Privilégios de decidir as políticas governamentais, de eleger e destituir presidentes.
O que está em perigo são os privilégios das minorias. O que está em desenvolvimento no Brasil é o mais amplo processo de democratização que o país já conheceu. Um processo que apenas começa, que tem que quebrar o monopólio do dinheiro (poder do capital financeiro), da terra (poder dos latifundiários) e o poder da palavra (poder da mídia monopolista), entre outros, para que nos tornemos realmente um país justo, solidário e soberano.
Quem tem medo da democracia? As elites que sempre detiveram privilégios, que agora começam a perdê-los. O povo, os que têm consciência social, democrática, não tem nada a temer. Tem um mundo – o outro mundo possível – a ganhar.
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O momento mais trágico da história brasileira – o do golpe de 1964 e da instauração do pior regime político que o Brasil já teve, a ditadura militar – foi o momento da verdade da democracia. O momento revelou quem estava a favor e quem estava contra a democracia. E quem pregava e apoiava a ditadura. Foi um divisor definitivo de águas. O resto são palavras que o vento leva. A posição diante da ditadura e da democracia, na hora em que não havia outra alternativa, em que a democracia estava em risco grave – como se viu depois - foi decisiva para definir quem é democrata e quem é ditatorial no Brasil.
Toda a velha imprensa, que segue ai – FSP, Globo, Estadão, Veja – pregou e apoiou o golpe militar, compactuou com a destruição da democracia no Brasil e enriqueceu com isso. Compactuou inclusive com a destruição da Última Hora, o único jornal que sempre resistiu à ditadura. O mesmo aconteceu com a maior parte da elite política da época - uma parte da qual ainda anda por aí, quase todos dando continuidade ao mesmo papel de inimigos da democracia, mesmo se disfarçados de democratas.
A história contemporânea é continuação daquela circunstância e da ditadura que ela instaurou. Se o amplo apoio ao governo Lula provêm, no essencial, em ter, pela primeira vez, diminuído a desigualdade, a injustiça e a exclusão social no Brasil, isto se deve, em grande parte, à monstruosa desigualdade que o modelo implantado pela ditadura – fundado na liberdade total ao capital e no arrocho dos salários, acompanhado da intervenção em todos os sindicatos – promoveu.
Da mesma forma que a polarização atual da política brasileira se centra de novo em torno da alternativa democracia/ditadura. Como naquela época, ambos os lados dizem falar em nome da democracia. Como naquela época, toda aquela imprensa e parte da elite política tradicional, falam da democracia – que eles mesmos ajudaram a massacrar ao pregar e apoiar a instauração da ditadura no Brasil –, mas representam a antidemocracia, representam os interesses tradicionais das elites, que resistem à imensa democratização por que passa o Brasil.
O golpe de 1964 foi realizado para evitar a continuidade de um processo de ampla democratização por que passava o Brasil. A política econômica do governo Jango, a extensão da sindicalização – aos funcionários públicos, aos trabalhadores rurais -, as lutas populares por mais direitos, o começo de reforma agrária, incorporavam crescentes setores populares a direitos essências. Mas isso não era funcional aos interesses das elites dirigentes, comprometidas com interesses econômicos voltados para o consumo das camadas mais ricas da sociedade – a indústria automobilística era o eixo da economia – e para a exportação, em detrimento do mercado interno de consumo popular.
O golpe e a ditadura militar fizeram um mal profundo para o Brasil, mas favoreceram o capitalismo fundado nas grandes corporações nacionais e internacionais, que lucraram como nunca – entre elas os próprios grupos econômicos da mídia. A gritaria de que a democracia estava em perigo, em 1964, serviu para acobertar a ditadura e o regime mais antipopular que já tivemos.
Agora o quadro se repete, já não mais como tragédia, mas como farsa. Vivemos de novo um processo de ampla e profunda democratização da sociedade brasileira. Dezenas de milhões de brasileiros, que nunca haviam tido acesso aos bens mínimos à sobrevivência, adquirem o direito de tê-los, para viver com um mínimo de dignidade. O mercado interno de consumo popular passou a ser elemento integrante essencial do modelo econômico.
A sociedade brasileira, que era a mais desigual da América Latina - que, por sua vez, é o continente mais desigual do mundo -, pela primeira vez, começou a ser menos desigual, menos injusta. Isso incomoda às elites conservadoras brasileiras. Já não podem dispor do Estado brasileiro – e das empresas estatais – como sempre dispuseram. Os donos de jornais, rádios e TVs, já não têm um presidente da república que almoce e jante com eles, com todas as promiscuidades decorrentes daí.
Sentem que o poder se lhes escapa das mãos. Que um presidente – nordestino e operário de origem – conquistou um prestigio e um apoio popular, apesar deles. Tem medo do povo. Quando se dão conta da democratização que começou a acontecer, logo retomam os seus fantasmas da guerra fria e gritam que a democracia está em perigo, quando o que está em perigo são os seus privilégios.
São os mesmos que confundiam seus privilégios com democracia – porque assimilavam democracia com regime que protegia seus interesses -, que agora tem medo da democracia, porque sentem que perdem privilégios. Privilégios de serem os únicos formadores de opinião publica, de serem os que filtravam quem podia ocupar a presidência republica e os outros cargos públicos importantes. Privilégios de terem acesso exclusivo a viajar, a comprar certos bens, a ir ao teatro. Privilégios de decidir as políticas governamentais, de eleger e destituir presidentes.
O que está em perigo são os privilégios das minorias. O que está em desenvolvimento no Brasil é o mais amplo processo de democratização que o país já conheceu. Um processo que apenas começa, que tem que quebrar o monopólio do dinheiro (poder do capital financeiro), da terra (poder dos latifundiários) e o poder da palavra (poder da mídia monopolista), entre outros, para que nos tornemos realmente um país justo, solidário e soberano.
Quem tem medo da democracia? As elites que sempre detiveram privilégios, que agora começam a perdê-los. O povo, os que têm consciência social, democrática, não tem nada a temer. Tem um mundo – o outro mundo possível – a ganhar.
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