quinta-feira, 11 de maio de 2017

O dia em que Lula não foi ao julgamento

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

25 de fevereiro de 1981.

Eram outros tempos, é claro, o Brasil submergia sob uma ditadura militar, o mundo ainda vivia a Guerra Fria.

Trabalhava na época como repórter na Folha e fui escalado na véspera para cobrir o julgamento de Lula e outros dez metalúrgicos na Auditoria Militar da rua Brigadeiro Luis Antonio, em São Paulo.

Os sindicalistas haviam sido enquadrados pela Justiça Militar na Lei de Segurança Nacional por "incitação à desobediência coletiva das leis" por conta da greve de 41 dias que haviam comandado, no ano anterior, de dentro da prisão do Dops, onde ficaram um mês.

Curitiba vermelha mostra que PT está vivo

Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                                                        
Para os que desde o golpe contra a presidenta Dilma preconizam o fim do Partido dos Trabalhadores, o dia 10 de maio equivale a um balde de água gelada em pleno outono. Claro que a composição da impressionante multidão que invadiu Curitiba, vinda de todos os quadrantes do país, foi muito além da militância do PT. Até porque a mobilização transcendeu a solidariedade a Lula e se transformou em uma gigantesca manifestação pelo resgate da democracia no Brasil.

Marcaram presença também na manifestação militantes do PCdoB, do PCO e de inúmeros movimentos sociais sem vinculação partidária. Mas era inegável o amplo predomínio dos petistas, com suas camisetas, faixas e bonés com a estrela do partido. Que outro partido brasileiro seria capaz de deslocar dezenas de milhares de brasileiros e brasileiras de seus estados de origem em direção a uma das unidades da federação em nome da causa da justiça e da democracia ?

O segundo nascimento do mito Lula

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – a desconstrução dos heróis midiáticos

Não há armadilha maior do que a ilusória sensação de poder que a mídia proporciona.

Como dona do palco, ela define o roteiro. Quando calha do personagem estar adequado ao roteiro, ela o alça ao Olimpo das celebridades. O que o sujeito fala, repercute. Em um primeiro momento, passa uma sensação única de onipotência. Os mais espertos, entendem o jogo. Os neófitos não se dão conta de que o espaço tem data de validade, não é coisa líquida e certa como um concurso público.

Lula, Curitiba e luta de classes

Curitiba, 10/5/17. Foto: Lula Marques/Agência PT
Por Gilberto Maringoni, em seu blog:

Fiz aqui no FB um comentário, dizendo que em Curitiba hoje se condensa a luta de classes no país. Muitos concordaram e outros tantos discordaram. Alguns, mais grosseiros, vieram com impropérios pesados. É direito de cada um.

É importante frisar o seguinte: a luta de classes não é determinada pelo que cada um de nós acha, mas pela consciência e mobilização popular.

Gostemos ou não, Lula tem 40% de popularidade e arrasta multidões. O ódio devotado a ele pela direita também não é determinado por um ou outro individualmente, aqui nesta bolha. Tirar o ex-presidente do páreo é vital não pelo que Lula – pessoa física – é ou pretende, mas pelo que ele representa para milhões de brasileiros e brasileiras que não querem perder seus direitos e que estão indo à luta. Ter Lula no páreo significa acirrar a disputa com a extrema-direita, como a mobilização à capital paranaense mostra.

Lula voltou maior de Curitiba

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A multidão que aguardou por quase dez horas pela aparição de Lula e Dilma no palanque da praça Santos Andrade, no centro de Curitiba, na noite de quarta-feira, testemunhou um momento histórico da resistência dos brasileiros contra o golpe de maio-agosto de 2016.

A mobilização popular em busca da defesa de direitos ameaçados por Temer-Meirelles e pela restauração do Estado Democrático de Direito ainda parece longe do ponto de chegada mas realizou um avanço inegável, como uma caminhada em que se dobra uma esquina em direção ao ponto de chegada. Reunindo uma massa respeitável de mulheres e homens que se apertavam num dos pontos tradicionais da capital do Paraná, o ato sinalizou – justamente na sede da República de Curitiba -- para a ruptura do clima de consenso artificial construído em torno da Lava Jato e da perseguição a Lula, cenário indispensável para toda iniciativa de excluir da cena política o mais popular presidente de nossa história republicana.

Luta social não se extingue em tribunal

Por Celso Vicenzi, em seu blog:

Iludem-se aqueles que acreditam – aí incluídos todos que lideraram o golpe contra Dilma Roussef – que terão alcançado êxito ao suspender as atividades do Instituto Lula, ao cassar o registro do PT – como pretendem – e prender ou inviabilizar juridicamente a candidatura de Lula em 2018 ou, sabe-se lá, em que ano, pois não há garantias que teremos “eleições livres” no próximo ano.

Uma ideia justa e solidária não acaba com a morte, a prisão ou cassação de quem a defende. A história mundial está repleta de exemplos. Não adiantou prender Nelson Mandela por 27 anos ou assassinar Martin Luther King. Mahatma Gandhi derrotou o maior império do planeta vestido com um pano rústico branco e uma ideia poderosa de justiça e libertação, que foi acolhida por milhões de indianos.

Como usar a vitória de Lula em Curitiba

quarta-feira, 10 de maio de 2017

O discurso emocionante de Lula em Curitiba

Lula enfrenta Moro em seu depoimento

Moro vazou informações para a Globo?

Curitiba, 10/5/17. Foto: Mídia Ninja
Por Altamiro Borges

Vários internautas ficaram revoltados com a cobertura da GloboNews do depoimento desta quarta-feira (10) do ex-presidente Lula ao "justiceiro" Sergio Moro, em Curitiba. A emissora por assinatura, que pertence à famiglia Marinho, deu detalhes da audiência, sempre tentando satanizar o líder petista. O motivo da indignação é que o próprio "juiz" - se o algoz ainda merece este título - proibiu qualquer imagem da sessão. À defesa do ex-presidente foi negado o pedido para gravar o depoimento. Sergio Moro também ordenou que os celulares fossem retidos e só permitiu o acesso ao local de promotores e advogados. Diante de tanta cautela, como os repórteres da Globo tiveram acesso aos detalhes sobre o depoimento? O falso juiz, com sua obsessão doentia contra Lula, vazou as informações?

O mico do ato de apoio a Moro em Curitiba

Por Altamiro Borges

As revistas golpistas – em especial, a ‘Veja’ e a ‘IstoÉ’ – divulgaram que Curitiba seria palco de enormes atos favoráveis e contrários à Operação Lava-Jato. Elas confessaram que os manifestantes acompanhariam a “guerra” entre o ex-presidente Lula e o “justiceiro” Sergio Moro – sem a presença de um juiz ou de qualquer Justiça. A informação, porém, foi apenas uma meia verdade. É certo que milhares de pessoas de todo o país viajaram por longas horas à capital paranaense para defender o líder petista. Já os “coxinhas” favoráveis à midiática Lava-Jato não compareceram, conforme relato do repórter Vinicius Boreki, postado no UOL nesta quarta-feira (10). O mico foi vergonhoso.

Curitiba, a capital do estado de exceção

Curitiba, 10/5/17. Foto: Mídia Ninja
Por Rogerio Dultra dos Santos, no blog Cafezinho:

Hoje, num desdobramento típico do nosso realismo fantástico, o futuro da democracia brasileira será decidido em Curitiba. O palco está armado – até os dentes, segundo vídeos que documentaram ontem as movimentações da tropa de choque da PM na capital paranaense. Assim Lula e as centenas de movimentos sociais que se organizaram para manifestar o seu apoio ao ex-Presidente serão recebidos.

Na madrugada de hoje, foram filmados morteiros sendo jogados no acampamento do MST, perto do centro da cidade. Helicópteros, “caveirões”, proibição de circulação nos arredores da Justiça Federal, o clima de estado de sítio foi cuidadosamente preparado pelas autoridades.

Moro colocou o povo no banco dos réus

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Hoje, um burguês ignorante das agruras de ser brasileiro imaginará interrogar apenas um homem, mas estará interrogando milhões. Assim será por falta de inteligência para entender que, quando Lula estiver sentado no banco dos réus, estará personificando todo esse povo humilde cotidianamente humilhado por gente como o juiz Sergio Moro.

De um lado, Lula e seu vernáculo coloquial; de outro, o empertigado janota, herói das madames e dos doutores que desprezam o papel do Estado por não precisarem de seus serviços, mas que estarão sempre prontos a servirem-se do Erário.

Página do Facebook incita a violência

Por Rafael Tatemoto, no jornal Brasil de Fato:

Uma página não oficial de Facebook postou mensagens incitando a repressão a militantes sociais que se reúnem em Curitiba (PR) em apoio ao ex-presidente do República Luiz Inácio Lula da Silva, que irá prestar depoimento ao juiz federal de primeira instância Sérgio Moro.

Diversas organizações e movimentos populares se encontram na cidade para acompanhar a Jornada de Lutas pela Democracia nos dias 9 e 10 de maio.

Batizada como "Polícia do Paraná", a página não-oficial veiculou dois vídeos em que integrantes da Tropa de Choque e do Batalhão de Operações Especiais marchando e com legendas afirmando se tratar da “recepção de boas vindas [sic] ao pessoal da CUT [ Central Única dos Trabalhadores] e do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra].

Criticado por aliados, Moro tenta sobreviver

Curitiba, 10/5/17. Foto: Mídia Ninja
Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Embora Sergio Moro tente, cinicamente, banalizar o depoimento de Lula, ele é um divisor de águas para a democracia brasileira.

De imediato, há um componente absurdo e autoritário no processo, mas emblemático do momento que vivemos: o juiz aparece como contendor, não no papel que deveria ter num estado de direito.

Acusado em cinco processos distintos de receber propina e outras vantagens indevidas de construtoras, Lula chega para um encontro com o principal agente de seu massacre diuturno, um soldado aplicado das mesmas forças que deram o golpe.

Curitiba, 10 de maio: Pela democracia!

Curitiba, 10/5/17. Foto: Mídia Ninja
Editorial do site Vermelho:

O mais recente desdobramento da luta pela democracia ocorre nesta quarta-feira (10), em Curitiba.
Está marcado para esse dia o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro.

Há um enorme falatório na mídia a respeito, alimentado por seletivos vazamentos de informações do processo, obtidas principalmente através de delações premiadas.

O que todos os democratas e pessoas preocupadas com o Estado Democrático de Direito precisam discernir, em meio a toda essa propaganda feita pelos golpistas, é que o que está em jogo são as liberdades conquistadas com muito custo.

Os tucanos criaram o monstro fascista

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Há gente surpresa com o fato de porta-vozes notórios da direita estarem alarmados e críticos ao papel que Moro e o Ministério Público assumiram.

É algo sobre o que há tempos se vem alertando: formou-se, dentro das instituições, um partido político informal e autoritário, que ganhou vida própria e tem apetites imensos de poder.

O amigo Rodrigo Vianna, em texto publicado em seu Escrevinhador, organiza muito bem este raciocínio e vale a transcrição de um trecho:

A imprensa brasileira e o controle social

Por Luiz Gonzaga Belluzzo, na revista CartaCapital:

O Big Brother global não cobriu, mas encobriu, por todos os meios e modos, a greve geral do dia 28 de abril. Durante a programação noticiosa, o telespectador ficou à mercê do excesso de gesticulações de âncoras e que tais, contorcionismos que denunciavam o mal-estar com a negação dos fatos que ocupavam e desocupavam as ruas. Não raro, os diálogos entre apresentadores e repórteres se encerravam com ataques ao vernáculo: “Brigado”.

A propósito da imprensa e de suas liberdades, julguei oportuno reproduzir nesta coluna o relatório final da Comissão sobre a Liberdade de Imprensa, nomeada em 1947 pelo Congresso dos Estados Unidos. Considero o texto um exemplo de equilíbrio e acuidade no tratamento do tema “liberdade de imprensa”.

Fascistas disparam morteiros em Curitiba



Morteiros contra a democracia

Por Adolfo Varzea e Fernando Santo, no site Jornalistas Livres:

Um grupo de provocadores atacou no início da madrugada o acampamento dos sem-terra em Curitiba. Uma chuva de morteiros atingiu barracas e feriu pelo menos um acampado da Ocupação Dom Tomaz Balduino, que sofreu queimaduras no braço, nas costas e ferimentos no ouvido.

Um Estado policial nasce em Curitiba

Aparato policial nos arredores do Tribunal de Justiça,
Curitiba, 10/5/17. Foto: Eduardo Figueiredo/Mídia Ninja
Por Luis Felipe Miguel, no site Justificando:

Há algo de estranho quando um processo toma as feições de um embate entre o juiz e o réu. O juiz está acima das partes. São elas – acusação e defesa – que se confrontam. Por isso, imagina-se, juízes não têm torcida. Torce-se para um ou outro lado e, portanto, para que o juiz decida a favor de um ou outro lado. Mas torcida pelo juiz? Implausível.

Até em ditaduras, quando elas desejam manter um mínimo de fachada de respeito por procedimentos legais, é assim. Os processos de Moscou, aos quais os críticos da Operação Lava Jato por vezes a comparam, foram uma farsa. Mas suas estrelas não foram os juízes. A estrela foi Vichinsky, o promotor. Era ele, em consonância com a formalidade do processo, que apresentava a acusação e empunhava a espada da vingança. Os juízes, obedientemente, limitavam-se a condenar.