sexta-feira, 16 de março de 2018

A ciência é contaminada pela crise política

Por Cezar Xavier, no site da Fundação Maurício Grabois:

Na sexta (9), o Programa de Pós-graduação em Ciência da Comunicação da ECA-USP recepcionou seus alunos no Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE) para uma Aula Magna de Olival Freire Jr, um dos cientistas brasileiros mais destacados internacionalmente, pesquisador da história da ciência. A aula magna versou sobre a trajetória da ciência no Brasil.

Olival Freire Júnior é pesquisador em história da teoria quântica, história da física no Brasil e utilizações da história e filosofia da ciência no ensino das ciências. Já realizou estágios de pesquisa pós-doutoral nas universidades Paris 7, Harvard, MIT e Maryland. Em 2004, recebeu a Senior Fellowship do Dibner Institute for the History of Science and Technology, MIT, EUA. Em 2011, ganhou o Prêmio Jabuti pela obra Teoria quântica: estudos históricos e implicações culturais, co-editado com O. Pessoa e J.L. Bromberg. É o atual Pró-Reitor de Pesquisa, Criação e Inovacão da UFBa e integra o conselho da History of Science Society (EUA).

Um tiro na intervenção militar no RJ

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) foi um xeque na intervenção militar no Rio de Janeiro.

Primeiro, por comprovar que o combate ao crime organizado não reside nessa farsa de ocupação de territórios. O crime está instalado no comando do PCC e na Polícia Militar. Dias antes, Marielle denunciou especificamente as violências cometidas pelo 41º Batalhão da PM.

Depois, por ser um desafio ostensivo à intervenção militar no Rio – que, entre suas missões mais relevantes, incluiu a limpeza da Polícia Militar.

Somos todos (as) Marielle

Por Frei Betto, no site Jornalistas Livres:

Os assassinatos da vereadora Marielle Franco, do PSOL, na noite de 14 de março, no Rio, e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes, equivalem ao do estudante Edson Luis, no Calabouço, em 28 de março de 1968. Este representou o desmascaramento da ditadura militar e de sua natureza cruel, sacramentada pelo AI-5, a 13 de dezembro de 1968.

Agora, o crime organizado escancara suas impressões digitais e proclama que é o dono do pedaço carioca. Não pretenda a intervenção militar extirpar o conluio entre a banda podre da polícia e o narcotráfico, nem ousar defender os direitos humanos dos moradores de favelas. Este o recado dado.

Assassinato de Marielle: “recado” à esquerda

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

A recém-falecida vereadora carioca Marielle Franco não foi vítima da violência urbana brasileira, não morreu por reagir a um assalto; foi executada com 4 (!!) tiros na cabeça por um carro que parou ao lado do seu. A quem interessava sua morte? Só se pode concluir que foi um assassinato político – ou seja, foi morta por sua militância política. Nada foi roubado e os tiros foram para matar. Matar Marielle interessava a quem quer acabar com a esquerda brasileira. Foi um recado.

Quem Marielle criticava?

Abusos marcam um mês de intervenção no RJ

Por Júlia Dolce, no jornal Brasil de Fato:

A intervenção federal militar no Rio de Janeiro completa um mês nesta sexta-feira (16), apenas dois dias após o assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol). Cenas como crianças tendo suas mochilas revistadas antes de entrarem na escola e moradores das favelas serem fotografados segurando a identidade para circular pela cidade se tornaram corriqueiras e exemplificam a arbitrariedade da ações militares desde a intervenção.

Para Filipe dos Anjos, secretário geral da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Farferj), essas mudanças na rotina das favelas mostram que o principal interesse do Estado com a intervenção não é a garantia da segurança da população.

Trump e a escalada da ignorância

Ilustração: Thomas James
Por Marilia Bassetti Marcato, no site Brasil Debate:

"Homem doido, estás incorrendo em erro. Afirmo que não há escuridão, mas sim ignorância, na qual tu estás mais perdido que os egípcios em sua bíblica neblina". (Noite de Reis (Cena II, Quarto Ato), William Shakespeare)

Poucos líderes de Estado mostraram tamanha capacidade política para semear o caos no comércio internacional como o Sr. Donald Trump. Durante sua campanha, Trump afirmou que abandonaria os acordos comerciais que não fossem “justos” e que, segundo ele, geram desemprego e baixa produção industrial aos Estados Unidos. Sua lógica é clara: é preciso retomar a produção industrial em território estadunidense para recuperar os empregos perdidos. Da visão (pouco) multilateral de Obama para a explícita política comercial americana guiada pela filosofia “America First”, o governo Trump tem alterado o protagonismo dos Estados Unidos no mundo.

Elite não consegue sair do labirinto

Foto: Ricardo Stuckert
Por Jeferson Miola, em seu blog:

As evidências são de que o cérebro estratégico do golpe está decidido a levar Lula à prisão. E pretende fazer isso o antes possível.

Calculam que esta operação, ainda que contenha o risco – improvável – da ira e da comoção popular, é a que apresenta o maior benefício ao menor custo.

Para o establishment, o efeito da prisão do Lula é um risco intrínseco à lógica do golpe. Um risco que, nas circunstâncias atuais, precisa e vale a pena ser corrido.

Marielle: a iniquidade sangra o Brasil

Por Saul Leblon, no site Carta Maior:

A sociedade brasileira tem motivos para sentir medo da própria imagem refletida num cotidiano de sobressalto, sangue e dor.

O assassinato frio, cruel e repugnante da vereadora do PSOL do Rio, Marielle Franco, vem acentuar os traços de um país onde forças econômicas e mafiosas se desconectaram da democracia, transitando livremente por uma nação fragmentada.

Nela, o golpe de abril de 2016 cuida de eliminar os derradeiros contrapesos à barbárie enfeixados na Carta de 1988, bem como as lideranças e organizações sociais que os expressam.

A greve dos servidores contra Doria

Foto: Joanne Mota 
Por Gabriel Valery, na Rede Brasil Atual:

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirma que não recuará em sua intenção de promover uma reforma na previdência dos servidores municipais. A gestão vem pressionando o Legislativo a apressar a matéria para que ela seja aprovada até abril, quando o tucano deixa a prefeitura para concorrer ao governo do estado. Do outro lado, estão os trabalhadores que, organizados, decidiram em assembleia conjunta nesta quinta-feira (15) continuar com a greve e mobilizações.

quinta-feira, 15 de março de 2018

As esquerdas na hora da travessia

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Transitar da tragédia grega, do desastre anunciado, independentemente da vontade dos atores, para a ação coletiva orientada, pressupõe organização, liderança e comando. Essa é a forma de evitar que o acaso, o aleatório, seja o instrumento decisivo de “mudança do rumo da História”, como observou Wanderley Guilherme dos Santos em entrevista que precisa ser pensada, como tudo o que diz e escreve (Valor, 2/3/2018).

Substituir a expectativa do acaso, tão presente em nossa História, pela ação coletiva consciente cobra reflexão, mãe da teoria que orienta a boa práxis, ensinava Lênin. Uma boa teoria resultaria da compreensão do caráter da crise e, nela, do papel de seus personagens.

O golpe de 2016 e o feminicídio político

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Muito já se escreveu e se escreverá sobre as implicações machistas do golpe que derrubou uma mulher da presidência da República no Brasil em 2016. Havia ódio político contra Dilma Rousseff, mas também componentes claríssimos de misoginia, de ódio de gênero. Característica, aliás, da extrema-direita em ascensão no mundo. Um homem machista, assediador e abusador ocupa a presidência dos Estados Unidos.

João Doria, o camaleão paulista

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

O primeiro estelionato da campanha eleitoral deste ano já foi cometido. João Dória elegeu-se prefeito de São Paulo demonizando os políticos. Ele era apenas um gestor. O “João trabalhador”. Em um ano e pouco de mandato só fez política, enquanto crescia na cidade o “apagão dos postes” e os buracos de rua. Profissionais de saúde e educação da prefeitura estão anunciando uma paralisação. Na campanha, ele documentou fartamente a promessa de que ficaria no cargo quatro anos mas vai cometer o estelionato se vencer a prévia do PSDB no domingo. Deixará a prefeitura em 7 de abril para ser candidato a governador.

A tentativa de diluir assassinato de Marielle

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Foi posta em movimento a roda para tentar triturar o caráter político da morte de Marielle Franco e diluí-la.

Na GloboNews, a notícia sobre o assassinato vem acompanhada de outros casos de violência, como se fosse tudo parte da “crise de segurança pública” no Rio.

O jornal da família nem sequer deu capa para Marielle.

Não à toa, o ministro da Justiça, Michel Temer faz força para emplacar essa narrativa.

Temer e Cármen Lúcia andam irritados

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Os presidentes Michel Temer, da República, e Cármen Lúcia, do STF, têm se mostrado muito irritados desde aquela reunião sigilosa que tiveram sábado passado na casa dela.

Por que será? Certamente não foi por causa do cardápio servido no ágape.

Temer encarregou o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, ex-chefe da tropa de choque de Eduardo Cunha, de a todo momento dizer aos jornalistas que “o presidente está muito irritado” com o ministro Luis Roberto Barroso, do STF.

O general e a morte da vereadora

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Os tiros que mataram Marielle Franco também atingiram em cheio a autoridade do general Walter Braga Netto, posto na indesejada posição de “bucha de canhão” de uma intervenção feita sem planejamento, sem objetivos que não os eleitorais e também sem alvos definidos e coerentes.

Não é preciso ser um sherlock para saber de onde vieram os assassinos da vereadora e de seu motorista, é claro.

Muito menos para saber que o crime colocaria a intervenção na berlinda, perante o país e perante o mundo.

Somos todos Marielle Franco

Editorial do site Vermelho:

O assassinato a tiros da vereadora carioca Marielle Franco, do PSOL, é um crime que nos atinge a todos. Mulher, negra, “cria da favela”, mãe, militante dos direitos humanos e do progresso social, os tiros que tiraram sua vida atingiram o coração da democracia e da luta contra a intolerância disseminada pelo país. Atingiram a todos os que lutam contra o arbítrio e a ilegalidade.

Assassinato de Marielle foi crime político

Por Bepe Damasco, em seu blog:

Marielle Franco, vereadora, feminista, negra, socióloga e destacada lutadora pelos direitos humanos está morta. Os nove tiros desferidos contra seu carro tiveram o claro objetivo de abafar sua voz e impedir que suas ideias seguissem cativando corações e mentes, na dura militância contra todo tipo de preconceito e a criminalização da pobreza. Alvejado pelos disparos, o motorista Anderson Gomes também morreu.

Lula, o STF e a "voz das ruas"

Lula participou nesta quinta-feira (15) do ato em Defesa das Democracias
organizado pelo Fórum Social Mundial: Foto: Ricardo Stuckert
Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:

Os resultados da mais recente pesquisa CUT/Vox Populi nos recolocam perante a constatação da irrelevância, para a elite brasileira, da opinião das pessoas comuns. Ela vale muito pouco no Brasil.

A pesquisa mostra que a maior parte da população reprova a guerra judicial que contra Lula movem juízes, procuradores e policiais, em parceria com o grande capital, os oligopólios da mídia e um pedaço do sistema político. Apenas uma minoria a apoia.

A pesquisa também deixa claro que essa minoria é constituída, em sua quase totalidade, por pessoas que são e sempre foram contra o ex-presidente, o PT e suas políticas de governo. É o terço da população que diz “detestar” (equivalentes a 13% do total) ou “não gostar do PT” (que são 20%).

Marielle, um crime de verdade para o general

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) está destinado a se transformar num caso emblemático da intervenção militar no Rio de Janeiro. Depois de abrir mochilas de crianças e fotografar moradores de favelas em busca de antecedentes criminais, o general Braga Neto encontra-se diante de um caso sério, que deve ser apurado e esclarecido, com o julgamento e punição dos responsáveis.

Todos os indícios sobre a morte de Marielle Franco configuram um caso óbvio de execução criminosa e crime encomendado. Um automóvel emparelhou com o carro que conduzia a vereadora para casa. Foram feitos 9 disparos que ainda mataram o motorista Anderson Pedro Gomes. Também atingida por estilhaços, a assessora Fernanda Chaves chegou a ser levada para um hospital próximo, sendo liberada na madrugada.

Marielle foi assassinada pelo golpe

Arte: André Hora
Por Marcelo Zero

Alguns dirão que Marielle Franco foi provavelmente assassinada por milicianos ligados à PM do Rio de Janeiro, já que a combativa vereadora, mulher negra da favela da Maré, vinha denunciando os crimes desses grupos contra a população favelada da “cidade maravilhosa” e a intervenção militar imposta pelo governo federal.

Engano. Esses grupos foram, no máximo, os executores de Marielle. Foram apenas aqueles que dispararam 9 vezes contra a sua cabeça, numa execução bárbara, que demonstra ousadia e certeza de impunidade.