Foto: Francisco Proner |
Duas imagens andaram circulando pela imprensa e as redes sociais, esses dias, tidas como simbólicas do momento histórico atual. Uma, clicada por Francisco Proner Ramos e distribuída mundialmente pela agência Reuters, mostra Lula carregado nos braços do povo. A foto foi feita de cima, de ângulo inusitado, e mostra uma massa colorida de gente espremida em torno do cortejo que carrega o ex-presidente para fora do sindicato dos metalúrgicos em São Bernardo do Campo. A figura de Lula ocupa o centro nervoso da composição, para o qual convergem os olhares e a partir do qual irradiam círculos concêntricos de pessoas. O rosto dele não é visível por estar voltado para a multidão que o aclama, mas sua mão direita se estende ao encontro dos muitos braços erguidos na tentativa de tocá-lo. Em sua mão esquerda, firmada por outras mãos que o sustentam para que não caia, duas flores. Vários outros rostos, voltados para cima, são reconhecíveis. Logo atrás de Lula, por exemplo, vêm a deputada Manuela d’Ávila e o senador Lindbergh Farias. Porém, o enquadramento sagaz gera uma imagem que não valoriza nenhum indivíduo acima da massa, nem mesmo o próprio líder alçado fisicamente para o alto. Ela é a expressão visual acabada da frase pronunciada por Lula pouco tempo antes: “se não me deixarem caminhar, caminharei pelas pernas de vocês”.