sábado, 10 de novembro de 2018

Um chamado para a resistência

Por Marcelo Barros, no jornal Brasil de Fato:

O fato de que, em pleno século XXI, em um país como o Brasil, a maioria do povo possa ter votado em um projeto de governo representado por Jair Bolsonaro, merece estudos e reflexões que não se esgotarão em poucos dias, ou em algumas páginas de artigos. Sem dúvida, se o discurso de ódio e intolerância de um homem como o vencedor dessas eleições foi capaz de germinar e frutificar em uma população tão diversificada é porque o vírus já estava incubado no coração das pessoas e dos grupos sociais. Ele só aproveitou a ocasião propícia para fazer aflorar a revolta sem rumo das massas e conciliá-la com os interesses da elite escravagista.

Bolsonaro é Temer e vice-versa

Por Ana Luíza Matos de Oliveira, no site da Fundação Perseu Abramo:

Em 2015, a Fundação Ulysses Guimarães e o MDB lançaram o documento "Ponte para o Futuro", uma espécie de plano de governo (fora de período eleitoral), para sacramentar o compromisso de Temer com o programa neoliberal do ajuste fiscal. No documento, são apontadas diversas medidas que submetem todos os objetivos de política econômica à política fiscal. Previa-se o corte de direitos com uma reforma trabalhista (nos moldes da já realizada), um forte arrocho dos gastos sociais (nos moldes do já realizado pela Emenda Constitucional 95) e uma reforma da previdência draconiana (ainda em debate).

As demolições de Bolsonaro

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Se até o Ministério do Trabalho será esquartejado, embora responda por tantas atividades relacionadas ao emprego, gerindo fundos como o FGTS e o FAT e fiscalizando delitos trabalhistas, não há dúvida de que Bolsonaro levará adiante o plano, anunciado no fechar das urnas, de acabar com a Empresa Brasil de Comunicação, a EBC.

Transpareceu no anúncio sobre o ministério o desejo de castigar as centrais sindicais que não apoiaram Bolsonaro.

A EBC também pode ser extinta pelo capricho revanchista de acabar com uma iniciativa do governo Lula.

Dois Projetos para o Brasil

Por Samuel Pinheiro Guimarães

1. Dois projetos para o Brasil se confrontam desde 1930, se alternaram no Poder desde então, se confrontaram no dia 28 de outubro de 2018 e continuarão a se confrontar após o dia 28, data em que Jair Bolsonaro foi eleito Presidente da República.

2. O primeiro, é o projeto do “Mercado”. É o projeto dos muito ricos, dos megainvestidores, das empresas estrangeiras, dos rentistas, dos grandes ruralistas, dos proprietários dos meios de comunicação de massa, dos grandes empresários, dos grandes banqueiros, e de seus representantes na política, na mídia e na academia. É o projeto de uma ínfima minoria do povo brasileiro.

3. Cerca de 30 milhões de brasileiros apresentam declaração de renda anual onde revelam ter rendimento superior a dois salários mínimos, cerca de 250 dólares por mês. Portanto, dos 150 milhões de brasileiros eleitores, 120 ganham menos de dois salários mínimos por mês.

Bolsonaro desdenha da questão ambiental


O atual quadro de crescimento de mortes em decorrência da intoxicação por agrotóxicos, que faz uma vítima a cada dois dias e meio no Brasil segundo dados do Ministério da Saúde, poderá ser agravado diante das políticas planejadas pelo futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL). A análise é da pesquisadora do departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) Larissa Mies Bombarbi, que vê na nomeação da deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) como ministra da Agricultura a confirmação de uma "tragédia anunciada".

Pré-sal e o desmonte da educação e saúde

Editorial do site Vermelho:

A riqueza do pré-sal é gigantesca. Segundo cálculos de 2016, é formada por algo entre 80 e 150 bilhões de barris de petróleo; na cotação atual do barril de petróleo (cerca de 80 dólares), isto significa, num cálculo a partir da estimativa mais baixa, algo em torno de 6,56 trilhões de dólares. Considerando-se que o PIB brasileiro hoje alcança cerca de 2,056 trilhões de dólares, o valor de riqueza encontrada no fundo do oceano é três vezes maior produção nacional total.

Bolsonaro, o maestro da violência

Por Maurício Dias, na revista CartaCapital:

Grande parte dos eleitores votou, em 8 de outubro, contra Jair Bolsonaro. Ele venceu no segundo turno. Poucos brasileiros, os que ganharam e os que perderam, talvez desconheçam o perfil humano do próximo presidente. Pessoa quase desalmada. A cada dia todos vão conhecê-lo melhor.

É um político de extrema-direita. Que seja. Sobre ele, o que importa neste caso, é uma marca assustadora. Bolsonaro é implacavelmente violento. A bandeira dele, por exemplo, será certamente a de impor mais violência para enfrentar a violência. Para isto propõe a liberação da compra de armas de fogo pelos cidadãos. Um faroeste brasileiro.

Bolsonaro paralisará o governo apos posse

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Ou o capitão reformado Jair Bolsonaro não esperava ganhar as eleições ou é um político irresponsável.

Nesses primeiros dez dias após a vitória, o presidente eleito já deu suficientes demonstrações de total despreparo e de falta de um programa de governo.

Atirando balas perdidas para todo lado, Bolsonaro já deixou claro, para quem ainda tinha alguma dúvida, que não tem a menor ideia de como vai governar este país de 208 milhões de habitantes e 12,5 milhões de desempregados.

Bolsonaro ainda é um ponto de interrogação

Por Roberto Requião, no site Carta Maior:

A sociedade brasileira saiu das últimas eleições tão confusa quanto entrou. A campanha foi pobre em termos políticos. A polarização se deu, em muitos casos, em termos de comportamento individual, e não de propostas fundamentais. Nesse aspecto, não houve grandes diferenças entre os candidatos. O tema da corrupção sequestrou o debate. É curioso, mas a poucos ocorreu que corrupção é um tema da polícia e da Justiça, não de Presidência da República. O presidente da República é aquele que traça os grandes rumos do país, a grande estratégia, e não alguém que sai por aí a caçar corruptos. Ele tem mais a fazer.

Fascismo, teu novo nome é Consumismo

Por Fran Alavina, no site Outras Palavras:

Mesmo após sua morte atroz, em novembro de 1975, Pasolini não deixou de incomodar. Uma de suas últimas polêmicas, expressa nos seus textos (Scritti Corsari e Letterre Luterane), bem como no seu último filme Salò, era a afirmação do nascimento de um novo tipo de fascismo. Desta nova forma de totalitarismo disfarçado, o pensador italiano estava bem certo. Exatamente por isso, ocupava uma posição de deslocamento entre os intelectuais de seu tempo. Os contemporâneos viam seu diagnóstico do presente como algo exagerado. Uma visão que, segundo eles, diria muito mais sobre a personalidade de Pasolini, do que sobre seu próprio tempo.

O ‘topa tudo por dinheiro’ de Silvio Santos

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Já saíram do ar, tão subitamente como entraram, as esdrúxulas vinhetas do SBT com evocações aos tempos da ditadura militar.

Montagens grotescas, feitas em cima da perna, desenterrando Don & Ravel, “O Cisne Branco” e o que a gurizada traduzia como “Japonês tem Quatro Filhos”, mandadas fazer pessoalmente por Sílvio Santos e sugerindo o tradicional “ame-o ou deixe-o”.

Sílvio, como se sabe, já nos deixou e mora na Flórida.

A mídia e a imbecilização da nação

Por Adilson Filho, no blog Viomundo:

Cultivar a ignorância como valor social, será essa a contribuição do Brasil recém-saído das urnas para o mundo?

Pior do que a inclinação para se manter afastado do conhecimento e de ostentar a própria burrice por aí, crente que ‘tá abafando’, é a impossibilidade crônica que esse novo perfil nacional tem de pensar por si mesmo.

O nosso tipo de burrice não encontra paralelo.

Não toquem nas reservas internacionais

Por Mauro Santayana, em seu blog:

Depois de o governo Temer ter detonado com mais de 200 bilhões de reais deixados pelo governo Dilma nos cofres do BNDES, criminosamente esterilizados com sua devolução “antecipada” ao Tesouro - quando havia um prazo de 30 anos para serem pagos - no lugar de tê-los
investido em infraestrutura para a a geração de renda e emprego e a retomada de obras paralisadas - muitas dela pela justiça- chegou a hora do Presidente do Itaú, banco que lucrou mais de 20 bilhões de reais neste ano, propor a “saudável” diminuição das reservas internacionais do país - também economizadas pelo PT - para “diminuir” a dívida pública brasileira, que já é das mais baixas entre as 10 maiores economias do mundo.

O purgatório bolsonariano

Por Wanderley Guilherme dos Santos, no blog Cafezinho:

Transpondo a linguagem truculenta de ideias do século XIX para o reacionarismo megalomaníaco do século XXI, o candidato eleito projeta um governo de ocupação em guerra contra o século XX.

Depois da Segunda Guerra Mundial começou a derrubada de preconceitos contra o voto feminino, a proteção ao trabalho, organizações sindicais, o pluralismo político-partidário, a laicidade do Estado.

Pelo fim do século, a crescente participação extraparlamentar de movimentos em defesa de minorias raciais, religiosas, do meio ambiente, da universalização dos direitos civis, da equiparação profissional entre mulheres e homens, conquistaram legitimidade e proteção constitucional.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Mulheres ganham espaço na Câmara dos EUA

Ilhan Omar. eleita pelo Partido Democrata. EFE/Archivo
Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

A eleição para o Congresso dos EUA é mais um indício do protagonismo que as mulheres terão na luta contra o fascismo em ascensão no mundo. As novas vozes progressistas ganharam espaço sobretudo na Câmara dos Deputados, como ocorreu no Brasil em 2018: negras, indígenas, latinas e muçulmanas foram eleitas, e a imprensa norte-americana já fala em uma vitória histórica das minorias. Haverá mais mulheres na Câmara (mais de 100) na próxima legislatura do que nunca. Pelo menos 87 delas são democratas.

Fake News seguirão pautando as eleições

Por Victor Amatucci, no blog Diário do Centro do Mundo:

Metade dos eleitores que usam o WhatsApp dizem acreditar nas notícias que recebem pelo aplicativo, segundo pesquisa do Datafolha. O levantamento foi feito nos dias 24 e 25 de outubro de 2018, véspera do 2º turno das eleições no Brasil.

O fenômeno das Fake News – notícias falsas com linguagem jornalística – ficou amplamente conhecido com a eleição de Donald Trump em 2016 .

O uso dos metadados pela Cambridge Analytica para construir o perfil dos eleitores americanos foi a base para a produção das notícias falsas. A construção baseada num perfil psicossocial tem muito mais poder de convencimento que qualquer credibilidade de um veículo de imprensa.

Ódio e Humanidade real: fascismo em alta

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

O Presidente FHC disse esta semana que findou, em Portugal, que “ainda não sabe” se Bolsonaro é de extrema direita. Ciro Gomes manifestou, logo depois do resultado eleitoral, que não admite mais “fazer campanhas eleitorais ao lado do PT”. Magno Malta pode ser “Ministro da Família” e Moro estará ao lado do Presidente eleito como Super ministro. Até aqui são contingências da política – más ou boas – que podem ser criticadas ou apoiadas, dentro de uma certa relação com a democracia e que permitem que os seus protagonistas possam mudar ou não de posição, no curso dos contenciosos ordinários da democracia e assim serem julgados, politicamente, pelos seus aliados ou adversários.

Werneck Sodré e o povo brasileiro

Nelson Werneck Sodré
Por Augusto C. Buonicore, no site da Fundação Mauricio Grabois:

Neste artigo não pretendemos fazer uma exaustiva análise da rica obra do historiador comunista Nelson Werneck Sodré, e sim analisar um único texto: Quem é o povo no Brasil? Essa escolha nos parece óbvia, pois nele o autor expõe de maneira mais clara, até didática, o seu conceito de povo brasileiro. Dentro da velha e respeitável tradição marxista e leninista, abordada no artigo anterior, ele escreveu o seu pequeno ensaio, publicado na coleção Cadernos do Povo Brasileiro, da Editora Civilização Brasileira. Posteriormente, o texto foi incorporado à segunda edição de Introdução à Revolução Brasileira (1963).


Moro cospe na Constituição e STF se cala

Por Jeferson Miola, em seu blog:

O artigo 95 da Constituição do Brasil é claro: juiz é juiz – e ponto. Mesmo em férias, juiz continua sendo juiz. Juiz só deixa de ser juiz depois de exonerado do cargo.

Ninguém pode ser juiz e agente político-partidário ao mesmo tempo. A Constituição não deixa nenhuma sombra de dúvida: para o bem da República, da democracia e do Estado de Direito, justiça e política não se misturam e não se confundem:

“Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:

[…]

A sobrevivência da democracia

Por Jandira Feghali

Em 5 de outubro de 1988, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães proferiu histórico discurso em sessão de promulgação da Carta Magna. Naquele dia, ele afirmou que “a Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio, o cemitério. A persistência da Constituição é a sobrevivência da democracia”. Nada mais emblemático.