domingo, 22 de março de 2020

Crises profundas abalam dogmas econômicos

Bolsonarismo provoca crise com a China

Editorial do site Vermelho:

Os ataques à China pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República e tido como porta-voz informal do clã palaciano, são mais um capítulo do festival de irresponsabilidade desse governo. Depois de o pai, Jair Bolsonaro, ter atacado o Poder Legislativo e o STF, agravando a instabilidade política do país, agora é a vez do filho.

Essa posição reflete a política de subordinação completa e unilateral do bolsonarismo ao governo norte-americano de Donaldo Trump. Ela reverbera as hostilidades da Casa Branca à China.

A gravidade do gesto ganha maior dimensão nesse momento em que o país deveria estar trabalhando, tanto internamente quanto na esfera das suas relações internacionais, por convergências na busca de somar forças para enfrentar esse momento dramático.

O estrondoso silêncio do lado esquerdo

Arte @anamigliora/@designativista/Mídia Ninja
Por Roberto Amaral, em seu blog:

Não pode mais haver dúvida de que está em curso, à vista de todos, maquinado à luz do dia, um projeto golpista, e que seu líder é o próprio presidente da República, o capitão da reserva remunerada Jair Messias Bolsonaro, descartado da carreira militar por indisciplina e hoje, em face das circunstâncias, líder de generais de variado número de estrelas. É irrelevante, a esta altura, discutir em qual escaninho das classificações acadêmicas se enquadra o projeto que ameaça a nação. Fascista ou protofascista, ou fascistóide ou isso ou aquilo, a reprodução do atual governo será sempre uma ameaça autoritária, reacionária e obscurantista. Ninguém tenha dúvida dos riscos que nos rondam: rompidos os frágeis limites da ordem democrático-constitucional, o arbítrio reinará como aluvião. Todo presidente autocrático, como Bolsonaro tenta ser, é candidato a ditador.

Bolsonaro e a força da sociedade

Por André Singer, no site A terra é redonda:

Com suas últimas atitudes, Jair Bolsonaro atravessou uma espécie de linha vermelha. Diante disso, as pessoas decidiram dizer: basta! E não foram somente pessoas que já se colocavam no campo da oposição.

As consequências políticas

A primeira consequência política da pandemia do coronavírus decorre de seu impacto no terreno da economia. A expansão do vírus provocou indiretamente uma queda expressiva no preço do petróleo, o que, por sua vez, ocasionou uma queda generalizada dos preços das ações nas bolsas de valores em todo o mundo, um movimento que vem se repetindo em meio a fortes oscilações. Nesse cenário, as moedas de quase todos os países se desvalorizaram perante o dólar norte-americano.

Submissão aos EUA e agressões à China

Por Dilma Rousseff, em seu site:

País mais severamente atingido pelo coronavírus, a China conseguiu superar a fase aguda da epidemia depois de enorme sacrifício de seu povo, com milhares de perdas humanas e grande esforço de seus cientistas e pesquisadores. Agora, passou a oferecer sua experiência e, sobretudo, seus profissionais e equipamentos médicos para outros países que passaram a sofrer com a doença.

A China enviou à Itália, que se tornou o maior foco da epidemia do Covid-19, um avião carregado com especialistas, 17 mil quilos de equipamentos para terapia intensiva, dezenas de milhares de testes e 500 mil máscaras de proteção. Fez o mesmo tipo de doação à Espanha, Holanda, Bélgica e Portugal. A União Europeia recebeu da China 50 toneladas de equipamentos, 2 milhões de máscaras cirúrgicas e 500 mil testes.

China prepara-se para ser líder global


Por Pepe Escobar, no site Outras Palavras:

Dentre os inumeráveis efeitos geopolíticos tectônicos do coronavírus, que são impressionantes, um já é claramente evidente. A China reposicionou-se. Pela primeira vez desde o início das reformas de Deng Xiaoping em 1978, Pequim considera abertamente os EUA como ameaça, declarou há um mês o ministro de Relações Exteriores Wang Yi na Conferência de Segurança de Munique, no pico da luta contra o coronavírus.

Pequim está modelando passo a passo, com todo o cuidado, a narrativa segundo a qual, desde os primeiros casos de doentes infectados pelo coronavírus, a liderança já sabia que estava sob ataque de guerra híbrida. A terminologia de que se serviu o presidente chinês é eloquente. Xi disse abertamente que se tratava de guerra. E que foi necessário iniciar uma “guerra do povo”, como contra-ataque. E descreveu o vírus como “um diabo”.

O asno nacional repete Trump

Por Fernando Brito, em seu blog:

Os “malditos chineses” publicaram um artigo na revista científica Nature dizendo que obtiveram resultado animadores em um teste in vitro sobre o uso de sulfato de hidroxicloroquina no combate ao Covid-19.

É um ensaio, destinado a troca de informações científicas e vem cheio advertências: a cloroquina em overdose pode causar intoxicação aguda e morte.

Hidroxicloroquina, 40% menos tóxica – mas ainda assim tóxica, com sobre-dosagem – dizem os pesquisadores, é promissor, mas “ainda carece de evidências experimentais”.

Isso foi publicado no dia 18 e foi o bastante para Donald Trump acenar com uma cura milagrosa aos norte-americanos, que estão entrando no estágio “italiano” da doença, da qual só têm menos casos ativos que a Itália.

Paulo Guedes vai se sustentar no cargo?

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

Rodrigo Maia, presidente da Câmara, é neoliberal e sempre apoiou os planos do ministro da Economia, Paulo Guedes, de enxugar o Estado brasileiro.

O que achou da guinada momentânea do governo, de apelar a ações estatais contra o coronavírus e seus efeitos econômicos? “A pessoa que fica fixada numa posição, vendo um tsunami chegar no Brasil, está com algum problema”, diz.

Já há análises a traçar cenários de fato dignos de um tsunami. Guedes terá condições de seguir no cargo, se sua formação é contra tudo aquilo que provavelmente o governo terá de fazer contra os estragos à frente?

“Vai ser bem difícil ele se sustentar. Talvez tenhamos uma economia destruída, com uma capacidade ociosa grande, depois que o pior passar. Não vai ter como reagir só com juros”, diz André Perfeito, economista-chefe da Necton, consultoria financeira.

sábado, 21 de março de 2020

Petardo: Band detona 03 e 'chanceler idiota'

Por Altamiro Borges

Os ruralistas estão enfurecidos com o filhote 03 do "capetão" – também já apelidado de Eduardo Bananinha – e com o capacho dos EUA no Itamaraty, Ernesto Araújo. Prova disso é o editorial do Grupo Bandeirantes, a corporação midiática que representa os interesses dos barões do agronegócios.

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Lido em tom grave pelo âncora da TV Band nesta sexta-feira (20), o editorial crítica a crise diplomática aberta contra a China: "A provocação desnecessária de um deputado irresponsável, seguida por um chanceler idiotizado, colocou o Brasil em conflito com seu maior parceiro comercial. Pura inépcia".

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Após elogiar o povo chinês, que "mostra sua tenacidade numa luta eficiente contra o coronavírus", o editorial da Band detona "o deputado imaturo e o chanceler inepto" e pergunta: "Por quanto tempo ainda veremos um idiota ocupar a cadeira de Rio Branco, Afonso Arinos e Santiago Dantas?"

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