sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Os demos no inferno; até o diabo rejeita

Por Altamiro Borges

Vários estudos indicam que os demos – ex-Arena e ex-PDS no período na ditadura militar e ex-PFL no reinado neoliberal de FHC – caminham para o inferno na eleição deste domingo. O Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) estima que o partido perderá cerca de 20 deputados e elegerá só dois senadores. Reportagem do Jornal do Brasil, intitulada “A derrocada do DEM”, foi ainda mais dura nas previsões e já antecipa o fim desta legenda da direita nativa.

Segundo a jornalista Ana Paula Siqueira, “se antes era um dos maiores partidos do país, sempre presente nos governos, hoje o Democratas (DEM) amarga a redução de seu poder. Nas últimas eleições, o número de candidatos eleitos pela legenda diminuiu gradativamente. E, caso as urnas mantenham o que indicam as pesquisas eleitorais, o alcance do partido será ainda menor depois de 3 de outubro. Membros da legenda reconhecem a necessidade de mudança para alterar esse quadro e, entre as possibilidades, está o fim da dependência do PSDB” e o próprio fim da sigla.

A crise da direita nativa

Dos quatro candidatos a governador pelo partido, apenas dois teriam chances reais de ganhar: os senadores Raimundo Colombo, em Santa Catarina, e Rosalba Ciarlini, no Rio Grande do Norte. “Já entre os 12 candidatos da legenda ao Senado, apenas três podem alcançar a vitória: José Agripino Maia (RN), Marco Maciel (PE) e Demóstenes Torres (GO), único na legenda a liderar as intenções de voto para o cargo”, afirmou a repórter. Pesquisas recentes, no entanto, indicam que o “senador desde o império”, Marco Maciel, já dançou em Pernambuco.

A situação dos demos reflete bem a crise da direita brasileira. Fisiológico e corrupta, ela cresceu no período da ditadura, mamando nas tetas do Estado. Já na fase destrutiva do neoliberalismo, no reinado de FHC, ela virou apêndice da “burguesia moderna” do PSDB e tirou as suas vantagens eleitorais. A partir da eleição de Lula, o definhamento foi acelerado. Ela ainda tentou se travestir de ética. Mas, aos poucos, caiu a máscara destes direitistas, mais sujos do que pau de galinheiro. A reportagem do Jornal do Brasil descreve em detalhes esta trajetória declinante e fúnebre:

Declínio e extermínio

“Em 1998, o partido conseguiu eleger 152 deputados estaduais e uma bancada de 90 federais. Apesar de contarem com apenas cinco senadores, nove governadores foram eleitos naquele ano. Em 2002, os resultados pioraram. Enquanto 111 deputados estaduais foram eleitos, 41 a menos que no pleito anterior, a bancada federal caiu para 73 parlamentares. O número de governadores eleitos diminuiu para cinco. Mas, em compensação, 14 senadores foram eleitos. Nas eleições passadas, a tendência de queda se manteve com a eleição de 98 estaduais, 54 federais, seis senadores e um único governador” – José Roberto Arruda, no Distrito Federal.

A prisão do demo Arruda abalou ainda mais as expectativas do partido para este ano e enterrou de vez seu falso discurso ético. Já a indicação do deputado Índio da Costa, batizado de “indiota”, para vice de José Serra, confirmou as graves limitações da legenda. Ela envelheceu e seus novos dirigentes, na maioria filhos dos ex-coronéis do partido, são inexpressivos. A sigla é vista como um apêndice servil do PSDB. Na opinião de diversos especialistas, o DEM não tem mais futuro. O diabo, preocupado, já criticou o uso do apelido demos e avisou que não há vagas no inferno.

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4 comentários:

Anônimo disse...

Caro Miro,
O DEM pode até sumir, mas e seus integrantes de hoje? com certeza não vão sumir da política. Tentarão se travestir em outra agremiação política e continuarão lobos na pele de cordeiros. Eles precisam ser marcados feito gado para que, futuramente, o incauto eleitor não estrague seu voto.

Ignez disse...

Meu caro Miro. Em primeiro lugar agradeço por poder ter nos seus comentários, e nos postados no seu Blog, um instrumental que me permite "ler" a realidade com mais clareza. A substituição dos jornais da "velha mídia" por análises diversificadas, profundas e com "rumo" certo, além de não me provocar gastrite, concorrem, fundamentalmente, para que eu retome leituras de filósofos, de cientistas sociais, de anallistas sérios. Me tira das "trevas". Além, disso, o faço ouvindo uma boa música... Aguardo análises futuras. Vamos em frente!

alex disse...

Vídeo bombástico que revela a negociação para evitar voto de ministro do STF, Carlos Ayres Britto, contra Roriz

http://www.youtube.com/watch?v=7VOVYaL7jJ4&feature=player_embedded#!

Alexandre Figueiredo disse...

Miro, não se esqueça que o DEM é na verdade uma reencarnação também da velha UDN, onde se abrigavam os avós dos atuais demos. DEM e UDN soam até sonoramente parecidos. E é surpreendente como os udenistas mudam o nome do seu partido, na lógica de trocar sempre os anéis para manter e proteger os dedos.