segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A receita tucana que devastou a Europa

Por Altamiro Borges

Num lapso de sinceridade – o que não é muito do seu feitio –, o cambaleante Aécio Neves já disse que, se eleito, imporia “medidas impopulares” ao país. Diante da repercussão negativa, ele evitou anunciar quais seriam. Mas para quem conhece o PSDB não é difícil saber o nível das maldades. Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central no trágico reinado de FHC e já anunciado como ministro da Fazenda num improvável retorno dos tucanos ao poder, não vacila em afirmar para as plateias empresariais que reforçará a dose do tripé neoliberal – política monetária de juros altos; austeridade fiscal; e maior libertinagem financeira. Na semana passada, a Europa voltou a confirmar o desastre causado por este receituário.

No primeiro semestre deste ano, as economias da Alemanha e da França ficaram totalmente estagnadas; já a Itália entrou em recessão. O Banco Central Europeu (BCE) inclusive reduziu a previsão do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro para 0.9% neste ano. Estes números desmentem a mídia tucana, que difunde a ideia de que apenas o Brasil está em crise. A diferença, porém, é que na Europa o ônus destas dificuldades é totalmente lançado nas costas dos trabalhadores. O desemprego bate recordes históricos – na Espanha, por exemplo, ele vitima mais de 50% dos jovens. Já os direitos trabalhistas são retirados e os salários são violentamente arrochados. Bem diferente do cenário do Brasil!

Diante desta desgraceira, o próprio BCE anunciou na semana passada que adotará medidas mais enérgicas de estímulo à economia. O objetivo, pelo menos no papel, é tentar reverter o crescente desemprego, a quebradeira das indústrias e a regressão no consumo interno. Estima-se que tais medidas injetarão quase € 1 trilhão na zona do euro. Fanático adepto da chamada austeridade fiscal, Maria Draghi, presidente do BCE, alega agora que é preciso reduzir a contenção nas contas públicas para reerguer a Europa. O chefão dos banqueiros só não faz autocrítica das desgraceiras causadas pelo neoliberalismo. Aí já seria pedir demais. Enquanto isso, no Brasil, os tucanos pregam exatamente este veneno.

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5 comentários:

Anônimo disse...

BCE precisou destruir a UE para entender que não há futuro sem decência social.
Brasil pode dizer que está na vanguarda do Século XXI. Com um operário à frente de seu povo nobre!

Unknown disse...

As ameaças da fada são diferentes?

Anônimo disse...

Realmente o remédio é muito amargo. Principalmente quando enxergamos a realidade sem paixões ideológicas. Analisando com a razão, economistas equacionam a situação da União Europeia através de uma fórmula: 7-25-50. A UE representa 7% da população mundial; detém 25% da riqueza mundial; e representa, 50% da despesa social de todo o mundo. Um em cada três euros que produz (29,4% do PIB) destina-se a despesas sociais. Eis aí o que levou a UE à bancarrota: excesso de estado e direitos. E ainda querem doses maiores do veneno? Mas a culpa, na maneira "proselitista" de entender os fatos, édos "neolierais"!

José Carlos Lima disse...

Oo modelo economico de Marina remete à ditadura militar
http://jornalggn.com.br/blog/iv-avatar/proposta-de-giannetti-remete-ao-modelo-economico-da-ditadura-militar

Unknown disse...

Complementei o último parágrafo:
"Enquanto isso, no Brasil, os tucanos, bem como Marina Silva, pregam exatamente este veneno.