quarta-feira, 13 de abril de 2016

O impeachment e a garimpagem de votos

Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

A avaliação de analistas políticos sobre o que pode acontecer na votação do impeachment, marcada para domingo (17) pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de acordo com seus próprios interesses e regras, é de que é impossível fazer uma previsão. A negociação do governo com legendas e deputados, que já era instável, ficou ainda mais difícil de prever com o desembarque do PP da base do governo, anunciado hoje (12). PSD, PP e PR, nos quais o governo apostou algumas fichas, são legendas cujas direções não exercem controle sobre as bancadas.

Temer, o Judas!

Por Adalberto Monteiro, no blog de Renato Rabelo:

A presidenta Dilma não cometeu nenhum crime de responsabilidade, sequer é investigada e até seus inimigos declarados atestam que ela é honesta. Grande parte dos que ontem votaram na Comissão Especial pela admissibilidade de um impeachment fraudulento é deputado investigado, e pairam sobre eles acusações de delitos, de crimes de corrupção. Eduardo Cunha que carrega nos ombros um atlas imundo de processos é o general dessa banda podre.

Ampliar a mobilização contra o golpe

Editorial do site Vermelho:

Não houve vencedores na segunda-feira (11), na Comissão Especial do Impeachment, da Câmara dos Deputados, é preciso dizer. O resultado obtido pela direita naquela comissão indica o tamanho do impasse colocado à democracia brasileira. E que será enfrentado na sessão da Câmara dos Deputados, que vai da sexta-feira (15) até domingo (17).

O momento é de preocupação e mobilização dos democratas e patriotas. A tentativa de golpe da direita divide o país e opõe a minoria que pretende romper a democracia e rasgar a Constituição aos que querem consolidar a democracia e a legalidade.

O DNA golpista da minoria prepotente

Por Gaudêncio Frigotto, no site Carta Maior:

No final da década de 1990 o sociólogo Francisco de Oliveira, um dos mais agudos críticos do projeto de sociedade da classe dominante brasileira, numa conferência na Universidade Federal Fluminense, mostrou que ao longo do século XX convivemos, mais de um terço do mesmo, sob ditaduras e submetidos a um golpe institucional a cada três anos. Ditaduras e golpes que plasmam uma sociedade que Oliveira a define com a figura do ornitorrinco - uma impossibilidade genética, pois não se desenvolve nem como pássaro e nem como mamífero. O ornitorrinco social brasileiro se expressa por uma sociedade que produz a miséria e se alimenta dela.

O golpismo avançou umas três casas

Por Renato Rovai, em seu blog:

O PP anunciou hoje sua saída da base do governo. Talvez essa tenha sido a maior derrota do Planalto desde que o processo de impeachment se iniciou.

Numa reunião da bancada, 37 deputados votaram a favor da cassação de Dilma e 9 contra. Uma goleada.

Ciro Nogueira, presidente do partido, prometia ao governo até 30 deputados. Pelo jeito vendia terreno no céu para os seus interlocutores e ao mesmo tempo negociava com Temer.

O assalto à soberania popular

Por Roberto Amaral, em seu blog:

O esperado relatório do irrelevante deputado Jovair Arantes, do pouco ilibado PTB de Roberto Jeferson – um símbolo da miséria da política brasileira, recentemente redescoberto pela grande mídia graças à sua tenaz campanha pelo impeachment, no que, aliás tem a companhia ínclita do notabilíssimo Paulo Maluf – não é um raio caído de um céu azul.

Isto pois responde a momento crucial do processo de captura sem voto do Estado, dirigido de fora, com o propósito, entre outros, de abocanhar o Pré Sal, a maior descoberta de petróleo das últimas décadas no planeta, com o apoio da inefável Fiesp e seus acólitos, desde sempre comprometida com tudo que é antinacional e antipovo.

Como será o dia seguinte ao golpe de Temer

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O pior pecado depois do pecado é a publicação do pecado.

É uma das minhas frases favoritas. O autor é Machado de Assis.

Ela se aplica à perfeição ao áudio vazado em que Michel Temer festeja, antecipadamente, a vitória do golpe.

Em si, é uma infâmia, um despropósito, uma manifestação de pequenez.

O muro de Brasília e o muro do Brasil

Por Celso Vicenzi, em seu blog:

Na Esplanada dos Ministérios, um frágil muro em frente ao Congresso, erguido por presidiários (se não era ironia, agora é!) vai separar os manifestantes pró e contra o impeachment (leia-se golpe), durante a votação na Câmara Federal, neste domingo, 17 de abril de 2016. Um muro de placas metálicas que será protegido por cerca de 4 mil policiais que farão a segurança. Mesmo com todo o aparato policial, é uma temeridade juntar num mesmo espaço, separados por apenas alguns metros, talvez 50 mil manifestantes de cada lado. E se forem 100 mil de cada lado? Terminada a votação, um lado irá comemorar e não é difícil imaginar que poderá haver provocações. Quem segura essa massa? Algo pode fugir ao controle, mesmo com todo o esquema de segurança. É muita gente num espaço quase compartilhado. E o ódio que já tomou conta das redes sociais e do país, pode assumir, ao vivo, proporções temerárias.

terça-feira, 12 de abril de 2016

O irmão "fantasma" de Jair Bolsonaro

Por Altamiro Borges

Com seu discurso de ódio e intolerância, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) ganhou adeptos entre os "midiotas" e já desponta nas pesquisas eleitorais como presidenciável para 2018. Ele seria o candidato da extrema-direita, travestindo-se com a fantasia de vestal da ética. Mas, aos poucos, seus podres começam a aparecer. Na semana passada, uma reportagem do SBT mostrou que o seu irmão, Renato Antônio Bolsonaro, era funcionário fantasma da Assembleia Legislativa de São Paulo com um salário mensal de mais de R$ 17 mil. Diante da denúncia, o falso moralista alegou que não sabia da maracutaia familiar e ainda deu uma "bronca" no irmão. "Ele que se exploda". Baita cinismo!

Glenn Greenwald entrevista Lula

Chico Buarque fala em ato contra o golpe

Os golpistas não dormirão tranquilos

Por Rubens Casara, no blog Viomundo:

Golpe, por definição, é um estratagema, um ardil, uma manobra ilegítima. Assim, por exemplo, a utilização de um cheque (uma ordem de pagamento prevista na legislação brasileira) é legítima, mas utilizar um cheque sem fundos para lesar o patrimônio de uma outra pessoa é um golpe.

Da mesma maneira, a utilização da forma jurídica “impeachment” para derrubar um governante eleito sem que exista um fato concreto que encontre adequação típica entre os “crimes de responsabilidade” é um golpe, por mais que juristas de ocasião (os chamados de “juristas de estimação das corporações midiáticas”), que sempre aparecem em contextos golpistas, busquem justificar aos olhos de uma população desinformada (desinformação, em grande medida, produzida por esses mesmos meios de comunicação) a ruptura com as regras do jogo democrático.

Corrupção e corrupções no Brasil


Por Paulo Kliass, na revista Caros Amigos:

A tentativa golpista em curso e o processo de impeachment estão ancorados na ampla campanha desenvolvida pelos grandes meios de comunicação contra a corrupção. De acordo com a narrativa consensuada de forma quase unânime entre os principais órgãos de imprensa, tudo teria começado em 2003, quando o PT chegou ao governo federal pelo voto da maioria da população. Assim, de acordo com tal visão, repetida à exaustão para todos os cantos, os períodos anteriores da história de nosso país não guardariam nenhum registro a respeito de casos de malversação de recursos públicos.

Chico, Lula e 70 mil contra o golpe

Por André Vieira, no jornal Brasil de Fato:

A Lapa, no Rio de Janeiro, voltou a ficar vermelha. Cerca de 70 mil pessoas ocuparam nesta segunda-feira (11) o histórico bairro carioca para manifestar seu repúdio ao processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Foram realizados dois atos. O primeiro na Fundição Progresso, comandado pelo cantor Chico Buarque. O segundo foi na praça dos Arcos da Lapa, convocado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela Frente Brasil Popular.

Eduardo Cunha corre contra o tempo

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

Réu por corrupção, vulgo “Caranguejo” na lista de doações da empreiteira Odebrecht, dramaturgo (a julgar pelas histórias contadas para se defender das acusações), Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, merecia mais um epíteto: Senhor Impeachment.

Suas digitais estão por todo lado na tentativa de depor Dilma Rousseff, plano que recebeu sinal verde de um relatório de DNA cunhista prestes a ser votado pelos deputados. Enquanto trama para apressar o desfecho do processo contra a presidenta, o peemedebista esperava desfrutar de certo sossego em seu infortúnio pessoal. Errou.

A multidão que não sai no jornal

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A foto aí de cima é a da multidão presente ao ato contra o golpe ontem, no Rio de Janeiro, vista dos Arcos da Lapa. Dentro do post você verá outra, de cima, onde o velho aqueduto carioca vai servir de referência para avaliar o tamanho da aglomeração de pessoas.

Fosse uma manifestação da direita, seriam 200 ou 300 mil pessoas e as fotos estariam na capa dos jornais que se penduram, como cartazes, nas bancas de jornal.

O perigoso muro da intolerância

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Trinta detentos da Papuda começam hoje a erigir as grades que vão separar manifestantes contra e a favor do impeachment a partir de sexta-feira, quando terá a início a sessão decisiva no plenário da Câmara, que chegará ao ápice no domingo. Símbolo da intolerância e do colapso das regras de convivência democrática, a cerca apresenta um risco de confronto é altíssimo e preocupante. A divisória planejada não terá resistência alguma diante dos ânimos que estarão bem mais exaltados que o das torcidas organizadas de Corinthians e Palmeiras no recente tumulto.

Panamá Papers, Globo e corrupção tucana

Ilustração: Alfredo Martirena
Por Patrícia Faermann, no Jornal GGN:

A relação entre a Rede Globo e o escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, criadora de offshores para lavagem de dinheiro, foi exposta por reportagens no início do ano, com a revelação da documentação do triplex da família Marinho, em ilha de Paraty. Afora a coincidência de carregar mesmo sobrenome, o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo, Robson Marinho, acusado de receber propina em esquema de corrupção da Alstom em governos tucanos, teria usado o suborno para investir em uma ilha em Paraty. A Panamá Papers deve esclarecer até que ponto essas histórias são obras do acaso, ou se complementam.

Os jornalistas em defesa da democracia

Áudio de Temer não vazou por acaso

Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:

A mim parece evidente que o vazamento do áudio de Temer não foi acidental (clique aqui para saber mais). Aliás, isso pouca importa. O que interessa é saber se a manobra vai ajudar o peemedebista a dar o golpe, ou se vai atrapalhar.

Lembremos que a “carta chorosa” de Temer há alguns meses também foi vazada “por acaso”. Na verdade, era estratégia de comunicação, que depois se revelou desastrada.

O áudio agora vazado terá o mesmo destino? Transformar-se-á em mais um episódio patético a mostrar a pequenez de Temer? Essa é a narrativa em disputa nesse momento.