segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A decomposição moral do Brasil

Por Aldo Fornazieri, no Jornal GGN:

A consequência mais trágica do golpe é a destruição do Brasil enquanto nação e a decomposição moral das suas instituições. Se o impeachment em si representou um ataque aos fundamentos democráticos e republicanos da Constituição o trabalho de sapa do governo ilegítimo consiste em destruir de forma implacável e impiedosa o sentido social que o país vinha construindo desde a Constituição de 1988. As medidas do governo falam por si e se sintetizam na PEC dos gastos, nas propostas de Reforma da Previdência e Trabalhista e na lenta destruição de programas sociais como o Prouni, Minha Casa Minha Vida, o Bolsa Família, o financiamento estudantil etc.


Golpe produz pior crise varejista da história

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

A instabilidade política provocada pelo golpe, que incluiu um ataque deliberado a um dos setores situados no núcleo da economia brasileira, o de construção civil, mais a decisão do governo atual de cortar qualquer investimento, produziram a maior crise varejista da história do país.

Trecho de matéria publicada há pouco no Estadão:

SÃO PAULO – O comércio varejista brasileiro teve o pior ano da sua história em 2016. O setor bateu recordes de fechamento de lojas, de demissões e de queda nas vendas. Entre aberturas e fechamentos, 108,7 mil lojas formais encerraram as atividades no País no ano passado e 182 mil trabalhadores foram demitidos, descontadas as admissões do período, revela um estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC). O ano superou os resultados negativos de 2015 tanto na quantidade de lojas desativadas como em vagas fechadas. Em dois anos, o comércio encolheu em mais de 200 mil lojas e quase 360 mil empregos diretos.

Espírito Santo e o "efeito Orloff"

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Num país que acaba de aprovar a PEC do gastos públicos, que proíbe - por 20 anos - toda elevação de despesas acima da inflação do ano anterior, o colapso do sistema de segurança do Espírito Santo é uma amostra da tragédia anunciada que Michel Teme reserva aos 206 milhões de brasileiros.

O desmonte da Policia Militar, que expôs a população à crueldade dos criminosos do Estado, tem sua raiz no programa de austeridade do governo Paulo Hartung, uma espécie de Henrique Meirelles antes da hora.

Queridinho de plantão da TV Globo, que sempre assegurou um tratamento generoso aos ataques contra os serviços públicos, garantindo ao governador uma cobertura de grande estadista, Hartung marcou sua gestão por um corte de R$ 1,3 bilhão no orçamento. Mesmo assim, desmentindo as previsões mais elementares, conseguia ser apontado como exemplo de que é possível reduzir gastos sem sacrificar os pobres e necessitados. Era chamado a dar entrevistas explicando façanha tão incrível.

A deterioração da ética na era Temer

Por Eugênio José Guilherme de Aragão

Na disputa da vaga aberta no STF pela aposentadoria de Carlos Aires Brito, despontou como "candidato" com maiores chances à indicação presidencial o Prof. Heleno Torres. Chegou a ser recebido pela Presidenta Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada, que, segundo se fez circular, batera o martelo em seu favor, mas lhe pedira absoluta discrição enquanto não houvesse anúncio oficial do nome. Heleno, porém, com forte apadrinhamento no STF e no governo, não honrou o pedido da Presidenta. Almoçando em elegante restaurante dos Jardins em São Paulo, na companhia do então Advogado-Geral da União, Luis Inácio Adams, deu com os dentes na língua e falou pelos cotovelos, a comemorar antecipadamente a indicação.

Juros e o conservadorismo intelectual

Por Norberto Montani Martins, no site Brasil Debate:

Reconhecer que o custo do conservadorismo intelectual nas questões monetárias já foi alto demais e que a condução da política monetária pode estar, há décadas, equivocada, são os pontos altos da reflexão do professor André Lara Resende no artigo “Juros e Conservadorismo Intelectual”, publicado no jornal Valor Econômico.

O artigo, que causou certa agitação no meio acadêmico, apresenta uma crítica aos modelos usualmente utilizados para descrever a experiência brasileira e guiar a política monetária no país desde a adoção do regime de metas para inflação. Para ambos os propósitos, tais modelos se mostraram insuficientes – ou fracassaram de forma retumbante, fica ao gosto do analista. O artigo de Resende tem mérito em chamar a atenção para tal fato. Contudo, estes mesmos modelos estão longe de serem abandonados, como a réplica de Lisboa e Pessoa, publicada no mesmo veículo, revela.

Eliseu Padilha, o senhor das terras

Por Renan Truffi, na revista CartaCapital:

“Quem invade indevidamente é grileiro, é assim que a gente chama.” Com essa frase, Luiz Alberto Esteves Scaloppe, procurador de Justiça do Ministério Público de Mato Grosso, referiu-se ao ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Homem forte do governo Michel Temer, o peemedebista foi acusado na última semana, entre outras coisas, de ocupar terras irregularmente no estado. Esse tipo de acusação não é novidade para o braço direito do presidente da República. Ocorre que Padilha tem o poder de alterar ou derrubar os entraves que dificultam a vida daqueles que usufruem ilegalmente dos terrenos alheios. O primeiro passo nesse sentido já foi dado.

Previdência: os números da crueldade

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Os imbecis não conseguem pensar além de seus próprios umbigos e tomam a questão previdenciária como um simples cálculo entre o que se contribui e o que se recebe, daí balançarem a cabeça em aprovação aos que não são imbecis, mas são perversos e querem sanear e fazer funcionar bem a máquina de pagar juros que é o Estado brasileiro.

Reportagem assinada por Mariana Carneiro, Ana Estela Sousa Pinto e Paulo Muzzolon, na Folha, mostra que nada menos que 80% das pessoas que hoje se aposentam por idade perderia este direito por muitos anos se aprovada a reforma previdenciária enviada por Michel Temer ao Congresso. E mostra mais: que o grande peso disso recaria sobre os mais pobres, não apenas porque a média dos proventos dos que se aposentam por idade é de 890 reais (apenas 10 reais acima do mínimo de 2016), mas porque a concentração das aposentadorias deste tipo mostra que também são os estados mais fracos da Federação os maiores prejudicados.

Havia um país chamado Brasil

Foto: Antonio Lacerda/EFE
Por Selvino Heck, no site Sul-21:

“Gente por favor, me ajudem! Tem uns caras aqui tentando entrar na minha casa. Por favor, me ajudem!”

Era o grito desesperado da amiga e companheira Sandra, de alguma cidade do Espírito Santo, via redes sociais, na noite de segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017, mesmo dia e mais ou menos mesmo horário em que o ainda Ministro da Justiça, e agora também da Segurança pública, era indicado para ser o novo ministro do STF.

Na mesma noite, um pouco mais tarde, outra amiga, Edivânia, de outra cidade do Espírito Santo, escreve: “Ai, meu Deus, está um desespero por aqui! Uma guerra. Horrível. Estamos trancados em casa. Não tem nem palavras pra descrever o sentimento. Muito triste, o medo mesmo!”

Volta à época do 'almoço das primeiras-damas'

Marcela Temer no almoço com as primeiras-damas. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

A esposa do presidente da República, Marcela Temer, recebeu nesta quinta-feira, 9 de fevereiro, as primeiras-damas dos Estados e dos municípios brasileiros para um almoço no Palácio da Alvorada. A embaixadora do programa Criança Feliz trajava um vestido florido com detalhes em azul claro e escuro, ajustado ao corpo. Muito mais segura e desenvolta, a jovem primeira-dama disse que, quando uma causa é promissora e envolve o futuro do Brasil, é preciso superar as diferenças ideológicas e partidárias.

'Reforma' afasta os jovens da Previdência

Por Vitor Nuzzi, na Rede Brasil Atual:

Para estudiosos do tema, a reforma da Previdência pretendida pelo governo Temer, sob a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, ao contrário da propaganda oficial, pode inviabilizar de vez o sistema, ao afastar atuais e possíveis futuros contribuintes. A dificuldade de acesso a aposentadorias se tornaria um fator de desestímulo. "Está se disseminando a ideia de 'Se eu não vou usar, por que pagar?'", afirmou hoje (7) o economista Eduardo Fagnani, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), durante seminário promovido em São Paulo pelo Dieese e centrais sindicais.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Datafolha, Doria e a bolha midiática

Por Altamiro Borges

Vaidoso e egocêntrico, a playboy João Doria – o Júnior – deve estar transbordando de alegria. A pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (12) aponta que 44% dos paulistanos consideram a sua gestão na prefeitura boa ou ótima. Outros 33% acham o seu governo regular e apenas 13% avaliam que é ruim ou péssimo – 10% não opinaram. A sondagem serve para acariciar o ego do novo prefeito, estimula seu apetite para voos mais altos e gera até ciumeira nos velhos tucanos que sempre torceram o bico para o novato. Mas ela não representa muita coisa – ou melhor, não representa nada. É pura jogada de marketing!

Fascistas do MBL tumultuam Câmara de SP

Por Altamiro Borges

O vereador Fernando Holiday, um dos líderes das marchas golpistas do “Fora Dilma” e chefete do sinistro Movimento Brasil Livre (MBL), tem desempenhando um papel asqueroso na Câmara Municipal de São Paulo – para qual foi eleito pelo “ético” DEM. Além das posições políticas reacionárias – ele já anunciou que apresentará projeto pelo fim das cotas raciais nas faculdades, entre outras barbaridades –, o demo infantil também tem se mostrado um provocador barato. Na semana passada, dois dos seus assessores invadiram reuniões organizadas pelo PT para agredir verbalmente os seus participantes.

Temer e o festival de mediocridades

Por Roberto Amaral, em seu blog:

A primeira semana de fevereiro foi pródiga em mediocridade e escárnio. Como anunciado, foram eleitos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, respectivamente, Eunício Oliveira e Rodrigo Maia, também conhecidos pelos codinomes de ‘Índio’ e ‘Botafogo’ nas listagens de beneficiários de doações ilegais da Odebrecht. Michel Temer, desinibindo-se e decidido a também não mais disfarçar, cria mais um ministério para instalar Moreira Franco, seu colega de trupe e truz, e assim assegurar-lhe foro privilegiado em provável processo da Lava Jato.

Trump e a farsa da globalização

Por Mauro Santayana, em seu blog:

O fato de o IED - Investimento Estrangeiro Direto - ter se mantido historicamente alto na era Lula-Dilma - (na faixa dos 60, 70 bilhões de dólares por ano) e estar conservando o mesmo patamar agora, no atual governo, mostra que o Brasil não precisa rastejar, como um verme, para conseguir capital externo.

E que, por mais que seja conservador, esse capital não pensa, radicalmente, o Brasil, com um viés cegamente ideológico, como certos segmentos mais mesquinhos e burros do capital nacional costumam fazer, de vez em quando, infelizmente, na maior parte das vezes, em detrimento próprio.

Até a Lei Áurea corre risco de extinção

Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

No rolo compressor acionado para blindar a turma do pudim na Lava Jato e tocar seus projetos no Congresso Nacional, o Planalto não poderia ter escolhido um nome melhor para presidir a Comissão Especial da Reforma da Previdência: Carlos Marun, aquele mesmo, o histriônico comandante da tropa de choque de Eduardo Cunha.

Com seu porte espaçoso, gestos largos e falando sempre aos gritos, o gaúcho Marun, 56 anos, deputado federal em primeiro mandato pelo PMDB do Mato Grosso do Sul, defendeu Cunha com unhas e dentes até o fim, sem dar bola para a platéia.

"Reformas" a serviço do deus-mercado

Por Marcos Verlaine, no site do Diap:

O governo, a serviço do mercado, tem pressa. As comissões que visam alterar as regras previdenciárias e a legislação trabalhista foram instaladas na Câmara, nesta quinta (9). Os que irão conduzir os trabalhos - presidentes e relatores de ambos os colegiados - foram escolhidos à dedo.

O relator da reforma da Previdência (PEC 287/16), deputado Arthur Maia (PPS-BA), que foi relator do projeto da terceirização (PL 4.330/04), em 2015, já é conhecido do movimento sindical. Liberal, ajudou a aprovar todas as proposições de interesse do mercado, tais como o congelamento de gastos (PEC 241/16), a manutenção do fator previdenciário (MP 475/09), a quebra do monopólio na exploração do pré-sal pela Petrobras (PL 4.567/16), a DRU (Desvinculação das Receitas da União) (PEC 87/15), e a transformação das empresas públicas em sociedades anônimas (PL 4.918/16). É fiscalista.

Espírito Santo e a dobradinha PMDB-PSDB

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Até que o caos ficasse impossível de ignorar e explodisse na cara do país, o Espírito Santo era elogiado como um modelo - ao menos pelos suspeitos de sempre.

Em março, o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, baluarte do pensamento liberal, afirmou que o estado era “uma referência nacional na gestão pública e, em especial, na política de austeridade fiscal”.

“O governador Paulo Hartung assumiu os problemas de frente, foi claro e transparente (…). O Espírito Santo está com as contas em dia. Não foi fácil, mas enfrentou de frente o problema”, falou.

Jornalões apoiam Moraes para o STF

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

No dia 20 de janeiro, a Folha de São Paulo publicou:

“Em conversas reservadas, o presidente já manifestou o desejo de indicar um nome de perfil 'técnico' e 'apartidário', que não desperte desconfianças de que o Palácio do Planalto poderia querer intervir na Operação Lava Jato.”

A pose republicana do presidente não eleito durou pouco. Temer dizia querer um nome apartidário para o STF para que ninguém desconfiasse de que sua nomeação seria mais uma força-tarefa da Operação Estanca Sangria. Pois bem, o apartidário escolhido é um filiado do PSDB, ou melhor, era. Alexandre de Moraes se desfiliou do partido essa semana e talvez tenha adquirido automaticamente a isenção necessária para integrar a mais alta corte do país.

Risco Trump e a integração latino-americana

Por Tatiana Carlotti, no site Carta Maior:

Um dos principais responsáveis pela política externa “altiva e ativa” do Brasil durante a Era Lula, o diplomata Celso Amorim participou na última quarta-feira (01.02.2016) de um bate-papo sobre o mal-estar da globalização, organizado pela Fundação Rosa Luxemburgo, na capital paulista.

Entre os sintomas desse mal-estar, além da saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, o diplomata analisou a conjuntura internacional após a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, alertando sobre a necessidade de um estudo sobre o “trumpismo”, para além do indivíduo Donald Trump.

Lava-Jato desestabiliza a América Latina

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

“Lava Jato põe governos da América Latina sob suspeita”.

Realmente, é incrível. As empreiteiras americanas são responsáveis pela morte de milhões de árabes, pela destruição da infra-estrutura de países inteiros, numa guerra que elas financiaram, pagando propina e lobby para políticos norte-americanos – só para ir lá e reconstruir tudo de novo, em contratos superfaturados pagos pelo contribuinte americano, mas quem será preso não serão Obama nem Bush, nem os donos dessas empreiteiras, e sim das empreiteiras que estavam empenhadas, reparem só, em construir a rodovia que liga o Brasil ao Pacífico, em obras de metrô, na construção de infra-estrutura básica desses países. Serão presos também os governantes que assinaram esses contratos.