quinta-feira, 18 de julho de 2019

Descolonizar o saber e o poder

Mural: Oswaldo Guayasamin
Por Boaventura de Sousa Santos, no site Outras Palavras:

“Outras Palavras” tem orgulho de publicar, com frequência, os textos de intervenção política de Boaventura de Sousa Santos. O que vem a seguir refere-se, em sua parte final, às eleições parlamentares portuguesas: marcadas para outubro, elas já incendeiam o país, inclusive pelo inconformismo da direita diante da “gerigonça” – um raro governo de esquerda. Talvez falte, ao leitor não-português, contexto para compreender parte dos argumentos lançados neste trecho.

Universidade não é banca de camelô

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O projeto de financiamento privado das universidades federais, anunciado com pompa hoje pelo cidadão que responde pelo Ministério da Educação, é uma deformação completa do que são os mecanismos que fazem a supostamente ideal fórmula norte-americana para ampliar a pesquisa e desenvolvimento.

Primeiro, é uma mentira grosseira que sejam as empresas quem financiem a maior parte das pesquisas por lá. Longe disso.

Confirmado o 'cachezinho' de Deltan. E agora?

Por Altamiro Borges

Quando a jornalista Mônica Bergamo postou a bombástica nota sobre o cachê pago pela Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) ao pastor do powerpoint Deltan Dallagnol – R$ 30 mil, mais direito à diversão de toda família no luxuoso Beach Park –, os bolsonaristas mais tapados ficaram irritados, histéricos. Espalharam novamente pelas redes sociais que a colunista da Folha é comunista, inimiga da midiática Lava-Jato e do “mito” Jair Bolsonaro – que deve muito da sua eleição às pirotecnias e abusos de autoridade de Sergio Moro e do seu procurador-capacho. Agora, porém, a própria entidade patronal confirma o pagamento do “cachezinho” e a gentil doação do passeio no parque.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Miriam Leitão e o ovo da serpente

Por Altamiro Borges

As milícias bolsonaristas, que têm muitas semelhanças com as hordas fascistas, seguem com a sua cavalgada aterrorizante pelo Brasil. Na semana passada, elas atacaram na Feira Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro, tentando inviabilizar uma palestra do premiado jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept. Agora, elas conseguiram suspender um convite à colunista Miriam Leitão, uma das principais celebridades do Grupo Globo, para participar da 13ª Feira do Livro de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina.

'Future-se' do MEC é retrocesso na educação

Guedes acelera plano de desmonte do país

Oposição tenta reduzir golpes da Previdência

Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

O Congresso Nacional entra em recesso nesta quarta-feira (18). Deputados e senadores voltam em agosto. A oposição ao governo Bolsonaro conta com esse período, em que parlamentares ficarão expostos a suas bases, para que pelo menos alguns pontos do texto da “reforma” da Previdência, aprovado em primeiro turno, sejam modificados na segunda votação da Câmara. O abono salarial e a pensão por morte são duas questões do relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) que oposicionistas acreditam ser possível mudar.

A aposta no dissenso

Por Roberto Amaral, em seu blog:

No Brasil, o pluripartidarismo – visto pela media dos comentaristas como fonte de todas as crises - o que é um erro – ensejou o chamado ‘presidencialismo de coalizão”, aquele no qual o Chefe do Executivo, entre nós uma figura ainda quase imperial, é obrigado a negociar com as forças representadas no Congresso para poder governar. A negociação, uma prática essencial nos regimes democráticos, relembre-se, é aí indicada como estorvo, por reduzir a liberdade de ação do presidente da República. Mas o que se conhece como obstáculo à governabilidade – principalmente em regime no qual frequentam o Congresso mais de 30 siglas e um sem número de bancadas super-partidárias (boi, bala, bíblia… ) – também deve ser visto como antígeno à tendência imperial-autoritária do presidencialismo, qual o conhecemos e praticamos, ao impedir que a mesma força partidária controle, a um só tempo, Poder Executivo e Poder Legislativo, o que, na história republicana posterior à democratização de 1946, só se observou na ditadura, a cujo mando também não escapou o Judiciário.

Deltan Dallagnol vai ao Beach Park

As novas ilegalidades da Lava-Jato

Currículo do "embaixador" Eduardo Bolsonaro

Ilustração: Gladson Targa
Por Giovanna Galvani, na revista CartaCapital:

A indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao cargo da embaixada do Brasil em Washington tem gerado um efeito de pente fino nas qualificações do ‘recruta zero três’. Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, já anunciou que não existe uma segunda alternativa até agora para o cargo, que está vago há três meses. Em defesa do filho, o presidente Jair Bolsonaro alegou que Eduardo possui inglês fluente, bom relacionamento com o presidente norte-americano Donald Trump e até já fritou hambúrguer nos EUA. Agora, é o currículo acadêmico do deputado que está sob questão.

A Justiça que retalha a si própria

Por Grazielle Albuquerque, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Há pouco mais de um mês o cenário político brasileiro foi dominado pelo vazamento das conversas entre o atual ministro da Justiça e ex-juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, e Deltan Dallagnol, procurador da República e coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato. Assim, desde o dia 9 de junho, quando o site The Intercept divulgou a primeira troca de mensagens, boa parte da discussão sobre a conjuntura política brasileira passou pelos diálogos privados que se davam nos subterrâneos da chamada República de Curitiba. Para usar um termo técnico, no inventário de temas, a #VazaJato tem levantado questões sobre a imparcialidade do juiz, a agenda do Judiciário e uma série de pontos sobre o funcionamento da própria Justiça. Essas questões já são por si muito perigosas. Contudo, se tivermos em mente como, há pouco mais de uma década, o Judiciário era um ilustre desconhecido e agora tem que lidar com questionamentos em praça pública, as consequências se exacerbam. 

A Polícia Federal sob comando de Moro

A força do Congresso da UNE

Editorial do site Vermelho:

O sucesso do 57º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) foi um acontecimento marcante nesses tempos de regressão civilizatória. O evento, realizado nas instalações da Universidade Nacional de Brasília, reuniu uma multidão de jovens, representando a diversidade cultural e geográfica brasileira, uma multiplicidade de cores e sotaques que retratou com fidelidade a cara e a coragem do povo brasileiro. Uma massa juvenil que desfilou pelo Congresso buscando a retomada da esperança de um país com justiça social e liberdades democráticas.

terça-feira, 16 de julho de 2019

"Como enganar os trouxas e ficar rico"

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

O título acima é uma sugestão gratuita para o próximo ciclo de palestras dos heróis da Lava Jato.

Com a fama que ganharam de homens de negócios nas últimas semanas, após as revelações da Vaza Jato, seria o maior sucesso.

Platéia não vai faltar. Em síntese, é o que todos os bolsominions estão sonhando fazer antes que a farra acabe.

Tinha pensado num outro tema para as palestras da dupla, mas me falaram que pode não pegar bem: “Pequenos homens, grandes negócios”.

Se eles podem debochar de nós, por que os levaríamos a sério?

MP 881 e a sopa das bruxas

Por João Guilherme Vargas Netto

As bruxas de Macbeth bem que poderiam ter preparado com seus ingredientes nojentos o que saiu da comissão especial do Congresso que analisou a MP 881, dita da “liberdade econômica”.

Foram acrescentados, como artifícios de feiticeira, aos 19 artigos originais da MP outros 55 que alteram no que diz respeito as relações do trabalho pelo menos 26 artigos da CLT e em alguns casos a desconsideram integralmente. O projeto libera, por exemplo, o trabalho aos domingos para todas as categorias, acaba com as restrições de horários nas atividades agrícolas, afrouxa as regras para composição das CIPAs e remete ao direito civil os trabalhadores de altos salários.

A guerra de Trump contra a Huawei

Por Vijay Prashad, no jornal Brasil de Fato:

A maior delegação de fora da Rússia no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, no início de junho, veio da China. A equipe chinesa foi liderada pelo presidente do país, Xi Jinping. Nesse 23º Fórum, o mandarim juntou-se ao russo e ao inglês como um dos idiomas presentes nos avisos e conversas. Xi e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pareceram confortáveis um com o outro, e a camaradagem entre os dois Estados ficou clara. Durante o evento, os dois países realizaram um concerto de gala para celebrar o 70º aniversário do restabelecimento de seus laços diplomáticos. Putin disse que os laços entre os dois países atingiram atualmente um “nível sem precedentes”, com acordos de alinhamento comercial e militar.

Por que a Rússia e a China consolidaram esse novo arranjo?

Um presidente que acelera o retrocesso

Por Eric Nepomuceno, no site Carta Maior:

“Fala inglês e espanhol, é amigo da família Trump, viajou pelo mundo”. Com esses argumentos, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro justificou a intenção de nomear seu filho, o deputado Eduardo, para ocupar o posto de embaixador em Washington. Na manhã seguinte, o eleito acrescentou outra credencial às mencionadas pelo pai presidente: “conheço bem o país, já fritei hambúrguer no frio do Maine”. E Bolsonaro pai agregou outro argumento para justificar sua ideia: “é como se o presidente Mauricio Macri indicasse um filho para ser embaixador da Argentina no Brasil. Teria, claro, um tratamento especial”.

Bolsonaro amplia precarização do trabalho

Por Ana Luíza Matos de Oliveira, no site da Fundação Perseu Abramo:

Especialistas têm apontado que a Medida Provisória (MP) 881 é uma “minirreforma” trabalhista, dadas a quantidade e profundidade das mudanças propostas.

No fim de abril, Bolsonaro assinou a MP 881 com a bandeira genérica de “ampliar a liberdade econômica”. Ao longo da tramitação da MP em comissão mista, no entanto, ela sofreu diversos adendos, inclusive os chamados “jabutis”, que são trechos alheios à temática inicial da MP. Na tramitação, a MP passou a mexer em 36 artigos da CLT.

A razão real da privatização da Eletrobras?

Por Artur Araújo, no site Outras Palavras:

Basta atentar para isto:

“É preciso lembrar que o setor privado virá comprar ativos existentes. Como aconteceu na década de 90, nada novo será construído. Agora, dificilmente ocorreria um racionamento, pois a demanda está estagnada e temos uma ‘oferta’ cara de térmicas. Mas é bom lembrar que o interesse do capital está associado ao desmonte da tarifa imposta pela intervenção da MP 579. Pode-se imaginar o que ocorrerá quando cerca de 14.000 MW deixarem de custar R$ 40/MWh e passarem a cobrar R$ 200/MWh.