quinta-feira, 22 de agosto de 2019
Privatização e o diálogo de Machado de Assis
Não se pode falar em desenvolvimento e soberania nacional sem desprivatizar o Estado, distinguindo claramente o público do privado e demarcando bem o espectro de ação de ambos. A isso se dá o nome de projeto de nação, algo que a Constituição de 1988 estabeleceu com certa nitidez. Esse conceito se formou com os êxitos dos ciclos que impulsionaram o país, dotando-o de um nível médio de desenvolvimento industrial e tecnológico, sobretudo o deflagrado pela Revolução liderada por Getúlio Vargas em 1930.
quarta-feira, 21 de agosto de 2019
Portugal, o novo alvo da extrema-direita
Manifestação organizada pela Frente Unitária Antifascista contra a conferência neonazi em Lisboa,10 de agosto de 2019 |
Vários acontecimentos recentes têm revelado sinais cada vez mais perturbadores de que o internacionalismo de extrema-direita está transformando Portugal num alvo estratégico. Entre eles, saliento a tentativa recente de alguns intelectuais de jogar a cartada do ódio racial para testar as divisões da direita e da esquerda e assim influenciar a agenda política; a reunião internacional de partidos de extrema-direita em Lisboa e a simultânea greve do recém-criado Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas.
Sociedade e jornalismo se movimentam
Por Laurindo Lalo Leal, na Rede Brasil Atual:
De um lado da Avenida Paulista, próximas às grades do Parque Trianon, duas fileiras de soldados do batalhão de choque da Policia Militar, com seus indefectíveis escudos e cassetetes intimidavam, como sempre, os que ali passavam. Do outro lado, junto ao Masp um caminhão de som ampliava as vozes dos que discursavam contra o atual governo e suas barbaridades. No meio, com as pistas da avenida fechada para veículos, entre os manifestantes destacava-se um grupo de cerca de 10 pessoas portando crachás da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Eram integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Seccional de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil.
Quem é essa OAB?
O presidente da República, Jair Bolsonaro, lançou ao público a pergunta título deste artigo, acrescentando mais uma: Qual a intenção da OAB? No seu estilo autoritário e descompromissado com a verdade, carregou nas indagações o pacote de maldades que tem caracterizado o seu mandato, desta vez em perigoso flerte com o crime de responsabilidade. É que, querendo intimidar o atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a própria Casa da Advocacia, o governante de plantão confessou saber do cometimento de graves crimes contra a humanidade - tortura, assassinato e desaparecimento forçado de Fernando Santa Cruz, pai do mandatário da OAB - sem adotar qualquer medida para apuração dos delitos e permitir que uma família possa enterrar com dignidade o ente querido.
Mídia tenta comparar bolsonarismo e esquerda
Por Bepe Damasco, em seu blog:
Certas avaliações ouvidas e lidas no oligopólio da mídia sobre o período de trevas que vivemos no Brasil, embora aparentemente críticas ao autoritarismo crescente e à disseminação do ódio, são marcadas por um vício de origem: a mentira. Pôr no mesmo saco o fascismo e a esquerda acaba sendo uma envergonhada maneira de apoiar o que há de pior e mais nefasto na política. Senão vejamos:
1- O clima de Fla-Flu, com a sociedade polarizada e radicalizada de parte a parte, está matando a democracia e corroendo a convivência entre as pessoas.
Certas avaliações ouvidas e lidas no oligopólio da mídia sobre o período de trevas que vivemos no Brasil, embora aparentemente críticas ao autoritarismo crescente e à disseminação do ódio, são marcadas por um vício de origem: a mentira. Pôr no mesmo saco o fascismo e a esquerda acaba sendo uma envergonhada maneira de apoiar o que há de pior e mais nefasto na política. Senão vejamos:
1- O clima de Fla-Flu, com a sociedade polarizada e radicalizada de parte a parte, está matando a democracia e corroendo a convivência entre as pessoas.
"Capitão motosserra" e os focos de incêndio
Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Vamos parar com essa conversa mole de que os incêndios na floresta são provocados por bitucas de cigarro jogados na beira da estrada, por algum descuido ou acidente.
Nada disso: trata-se apenas do cumprimento de mais uma promessa de campanha do “Capitão Motosserra” (assim ele se autodenominou), transformada em projeto de governo, como escreveu hoje Gregorio Duvivier em sua coluna na Folha (“Queimar era um prazer”).
Resultado: já foram contabilizados 72.843 focos de incêndio nos oito meses de governo Bolsonaro.
O Brasil está pegando fogo, com a Amazônia queimando para transformar a maior floresta do mundo em pasto do agronegócio bolsonariano.
Aliados ativos contra o desemprego
Por João Guilherme Vargas Netto
Alguém que lê os jornais preocupado com a situação dos trabalhadores é bombardeado todo dia com as notícias mais aterradoras.
Nas televisões aparecem costumeiramente as multidões que enfrentam filas quilométricas em busca de escassos empregos.
Os comentaristas e colunistas nos veículos nem parecem se preocupar com isso. A mídia grande está anestesiada com o drama social do desemprego e quando o registra trata-o como o novo normal.
E, no entanto, este é o verdadeiro grande problema conjuntural e a permanência do desemprego alto vai desorganizando ainda mais a vida em sociedade: aumento da miséria, aumento da desigualdade, aumento da criminalidade, aumento das doenças e do desespero, decadência do movimento sindical.
Alguém que lê os jornais preocupado com a situação dos trabalhadores é bombardeado todo dia com as notícias mais aterradoras.
Nas televisões aparecem costumeiramente as multidões que enfrentam filas quilométricas em busca de escassos empregos.
Os comentaristas e colunistas nos veículos nem parecem se preocupar com isso. A mídia grande está anestesiada com o drama social do desemprego e quando o registra trata-o como o novo normal.
E, no entanto, este é o verdadeiro grande problema conjuntural e a permanência do desemprego alto vai desorganizando ainda mais a vida em sociedade: aumento da miséria, aumento da desigualdade, aumento da criminalidade, aumento das doenças e do desespero, decadência do movimento sindical.
Traição em Itaipu requer impeachment
Por Leonardo Wexell Severo
“Quando se tem um presidente da República que pode ser extorquido por outro presidente para seus negócios pessoais, como você se sentiria? O que dizer diante do seu presidente flagrado numa atitude de entrega e servilismo? Que sensação teria diante de tamanha manifestação de antipatriotismo, como demonstrou Mario Abdo Benítez?”, questionou a senadora paraguaia Esperanza Martínez, em entrevista exclusiva a Leonardo Wexell Severo, da Hora do Povo. Líder da bancada da Frente Guazú no Senado, a ex-ministra da Saúde do governo de Fernando Lugo defendeu o impeachment de Marito e a mobilização em defesa da represa de Itaipu como patrimônio público, denunciou o objetivo de privatização da Eletrobrás e da Administração Nacional de Eletricidade (ANDE) e assinalou que “por trás de duas figuras como Bolsonaro e Mario Abdo estamos falando de grupos econômicos muito poderosos, de capitais transnacionais, dos quais provavelmente sejam simplesmente a fachada”. Para Esperanza, é fundamental a solidariedade para se contrapor a “estas cúpulas econômicas mafiosas transnacionais que vêm se apoderar das nossas riquezas”.
“Quando se tem um presidente da República que pode ser extorquido por outro presidente para seus negócios pessoais, como você se sentiria? O que dizer diante do seu presidente flagrado numa atitude de entrega e servilismo? Que sensação teria diante de tamanha manifestação de antipatriotismo, como demonstrou Mario Abdo Benítez?”, questionou a senadora paraguaia Esperanza Martínez, em entrevista exclusiva a Leonardo Wexell Severo, da Hora do Povo. Líder da bancada da Frente Guazú no Senado, a ex-ministra da Saúde do governo de Fernando Lugo defendeu o impeachment de Marito e a mobilização em defesa da represa de Itaipu como patrimônio público, denunciou o objetivo de privatização da Eletrobrás e da Administração Nacional de Eletricidade (ANDE) e assinalou que “por trás de duas figuras como Bolsonaro e Mario Abdo estamos falando de grupos econômicos muito poderosos, de capitais transnacionais, dos quais provavelmente sejam simplesmente a fachada”. Para Esperanza, é fundamental a solidariedade para se contrapor a “estas cúpulas econômicas mafiosas transnacionais que vêm se apoderar das nossas riquezas”.
O apagão ambiental de Bolsonaro
Por Gilberto Maringoni
A noite precoce desta segunda-feira jogou a questão ambiental - algo propagado como exotismo neohippie - na cara de todos, como uma bofetada.
O Brasil viveu neste 19 de agosto seu apagão ambiental. É uma tragédia ainda mais dramática que o apagão energético de 11 de março de 1999, quando 18 estados ficaram no escuro.
A grande São Paulo conheceu a escuridão a partir do meio de uma tarde cinzenta e chuvosa.
Fumaças de incêndios florestais do Norte e do Centro-oeste cobriram um pedaço do Sudeste com a fuligem de um país em combustão.
A noite precoce desta segunda-feira jogou a questão ambiental - algo propagado como exotismo neohippie - na cara de todos, como uma bofetada.
O Brasil viveu neste 19 de agosto seu apagão ambiental. É uma tragédia ainda mais dramática que o apagão energético de 11 de março de 1999, quando 18 estados ficaram no escuro.
A grande São Paulo conheceu a escuridão a partir do meio de uma tarde cinzenta e chuvosa.
Fumaças de incêndios florestais do Norte e do Centro-oeste cobriram um pedaço do Sudeste com a fuligem de um país em combustão.
Não comemore Witzel, trabalhe!
Por Jandira Feghali
O Rio viveu ontem mais uma tragédia destas que envergonham e entristecem qualquer brasileiro. Um rapaz de 20 anos com transtornos psiquiátricos sequestra um ônibus com 37 trabalhadores que madrugam na Região Metropolitana. O fim de Willian Augusto, amplamente noticiado, não é novidade a esta altura. Ouvi especialistas em segurança pública sobre esta tragédia para chegar a uma opinião bem embasada.
O Rio viveu ontem mais uma tragédia destas que envergonham e entristecem qualquer brasileiro. Um rapaz de 20 anos com transtornos psiquiátricos sequestra um ônibus com 37 trabalhadores que madrugam na Região Metropolitana. O fim de Willian Augusto, amplamente noticiado, não é novidade a esta altura. Ouvi especialistas em segurança pública sobre esta tragédia para chegar a uma opinião bem embasada.
Deputada da Espanha detona Bolsonaro
Por Antonio Barbosa Filho, de Berlim
Maria Dantas é brasileira, radicada há 25 anos em Barcelona, e como jurista atua nos movimentos sociais da Catalunha, o que a levou a ser eleita no começo deste ano para o Congresso da Espanha, em Madri (cargo equivalente ao deputado federal, no Brasil). Além de sua atuação na região catalã, ela sempre lutou junto aos movimentos de brasileiros contra o golpe de 2016 e contra o Fascismo no Brasil, com destaque para a bandeira "Lula Livre".
Durante o recente encontro da Fibra - Frente Internacional de Brasileiros contra o Golpe -, em Berlim, ela concedeu esta entrevista exclusiva:
Maria Dantas é brasileira, radicada há 25 anos em Barcelona, e como jurista atua nos movimentos sociais da Catalunha, o que a levou a ser eleita no começo deste ano para o Congresso da Espanha, em Madri (cargo equivalente ao deputado federal, no Brasil). Além de sua atuação na região catalã, ela sempre lutou junto aos movimentos de brasileiros contra o golpe de 2016 e contra o Fascismo no Brasil, com destaque para a bandeira "Lula Livre".
Durante o recente encontro da Fibra - Frente Internacional de Brasileiros contra o Golpe -, em Berlim, ela concedeu esta entrevista exclusiva:
Itaipu: a perda de outro Pré-Sal
Por Marcelo Zero
O recente escândalo da tentativa de corrupção embutida na Ata negociada entre Brasil e Paraguai sobre a energia contratada em Itaipu está sendo solenemente ignorado em nosso país.
No Paraguai, o escândalo provocou a queda do ministro das Relações Exteriores, entre outras autoridades, e até a ameaça de juicio político (impeachment) do presidente Mario Abdo.
Já foi instalada CPI para investigar o caso. Não se fala de outra coisa.
Aqui, órgãos de controle e a grande imprensa fazem cara de paisagem, mesmo constatando-se que as denúncias tiveram como base mensagens trocadas por altas autoridades paraguaias, inclusive o vice-presidente Velásquez.
O recente escândalo da tentativa de corrupção embutida na Ata negociada entre Brasil e Paraguai sobre a energia contratada em Itaipu está sendo solenemente ignorado em nosso país.
No Paraguai, o escândalo provocou a queda do ministro das Relações Exteriores, entre outras autoridades, e até a ameaça de juicio político (impeachment) do presidente Mario Abdo.
Já foi instalada CPI para investigar o caso. Não se fala de outra coisa.
Aqui, órgãos de controle e a grande imprensa fazem cara de paisagem, mesmo constatando-se que as denúncias tiveram como base mensagens trocadas por altas autoridades paraguaias, inclusive o vice-presidente Velásquez.
terça-feira, 20 de agosto de 2019
Marxismo cultural é idiotia fascista
Por Tarso Genro, no site Sul-21:
“A liberdade tem leis; e se essas leis não são externamente impostas, só podem ser auto-impostas. Este é o conceito possível de liberdade; ele designa a liberdade como `autonomia´, ou a propriedade dos seres racionais de legislarem para si próprios”(…). Para Kant, o mais coerente teórico do liberalismo político, há justiça na sociedade “quando nela cada um tem a liberdade de fazer o que quiser, contanto que não interfira na liberdade dos demais”. (R.Castro de Almeida, Os Clássicos da Política, Ed. Ática).
A máxima de Kant é a base teórica do funcionamento do Estado de Direito: obediência à lei “autoimposta” pela consciência de quem vive na comunidade, com a premissa de que a liberdade de uns não pode ofender ou interferir na liberdade dos outros. Estes conceitos, que a partir do iluminismo passam a ser filtrados -reorganizados e recompostos- nos sistema legais modernos, vão se apresentando na história com linhagens mais (ou menos) conservadoras, mais ou “menos sociais”. Eles não foram fundados pelo marxismo nem pelo socialismo, mas iluminaram o desenvolvimento democrático-parlamentar do capitalismo e, mais tarde, conflituaram com uma certa visão mais dogmática do marxismo, que depreciava da democracia política como elemento constitutivo para uma nova e boa sociedade.
“A liberdade tem leis; e se essas leis não são externamente impostas, só podem ser auto-impostas. Este é o conceito possível de liberdade; ele designa a liberdade como `autonomia´, ou a propriedade dos seres racionais de legislarem para si próprios”(…). Para Kant, o mais coerente teórico do liberalismo político, há justiça na sociedade “quando nela cada um tem a liberdade de fazer o que quiser, contanto que não interfira na liberdade dos demais”. (R.Castro de Almeida, Os Clássicos da Política, Ed. Ática).
A máxima de Kant é a base teórica do funcionamento do Estado de Direito: obediência à lei “autoimposta” pela consciência de quem vive na comunidade, com a premissa de que a liberdade de uns não pode ofender ou interferir na liberdade dos outros. Estes conceitos, que a partir do iluminismo passam a ser filtrados -reorganizados e recompostos- nos sistema legais modernos, vão se apresentando na história com linhagens mais (ou menos) conservadoras, mais ou “menos sociais”. Eles não foram fundados pelo marxismo nem pelo socialismo, mas iluminaram o desenvolvimento democrático-parlamentar do capitalismo e, mais tarde, conflituaram com uma certa visão mais dogmática do marxismo, que depreciava da democracia política como elemento constitutivo para uma nova e boa sociedade.
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