Tariq Ali |
Em 21 de março de 2003, uma coalizão liderada pelos Estados Unidos invadiu o Iraque. Foi o desfecho de uma guerra anunciada e da polêmica acerca de sua necessidade – cujo fórum privilegiado foi a ONU, mas também as ruas, palco de um protesto mundial, em 15 de fevereiro, que mobilizou cerca de oito milhões de pessoas.
A intenção do exército norte-americano, efetivamente posta em prática, de permanecer no Iraque depois do fim da guerra e da deposição de Saddam Hussein causou perplexidade geral. As potências do Ocidente estariam retornando à “Era dos Impérios” e aos métodos neocoloniais de ocupação territorial? O século XX não havia consolidado, em todo o mundo, a política de “descolonização”? Os Estados Unidos não haviam obtido sua hegemonia incontestável, em parte devido ao seu discurso e à sua ação em favor da autonomia e independências nacionais? As guerras pontuais, após 1945, não foram apenas escaramuças em fronteiras de um mundo dividido pela Guerra Fria e que, com o fim desta, estavam destinadas a desaparecer?