sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Dilemas do Capitão do Mato e da Casa-Grande

Por Marcelo Zero, no site Brasil-247:

Que o Brasil não é para amadores todo o mundo já sabia.

Mas, com Bolsonaro, a coisa está ficando difícil até para os mais experimentados profissionais.

O grau de volatilidade do cenário político é tanto que as análises de conjuntura têm prazo de validade de apenas algumas horas.

Num momento Bolsonaro, uma dissidência do Homo Sapiens, parece estar ensaiando um autogolpe e, no outro, Michel Temer, o profissional dos golpes, parece estar mandando de novo no país.

Os meandros tortuosos e contraintuitivos da física quântica são mais fáceis de serem entendidos.

Na política brasileira, o gato dentro da caixa não apenas pode estar vivo ou estar morto.

O curto caminho que me levou à esperança

Por Jair de Souza


Neste 7 de setembro, o dia tinha amanhecido cheio de incertezas. Nos últimos dias, tivemos de suportar uma enorme carga de pressões que visavam nos afastar dos atos populares de rua programados para a data.

Por um lado, Bolsonaro havia convocado atos de força para o mesmo dia e havia posto em funcionamento toda sua máquina política miliciano-fascista para ajudá-lo a levar vantagens em sua disputa contra o STF em sua pretensão de aferrar-se ao comando do governo nacional, sem precisar submeter-se à eventualidade quase segura de ser derrotado por Lula nas próximas eleições.

Esta ameaça de um golpe de força por parte de Bolsonaro não era algo carente de importância. Afinal, estavam ativamente engajados como apoiadores e articuladores dessa medida de força os principais representantes do agronegócio e do capital financeiro. Portanto, rios de dinheiro foram disponibilizados para a elaboração e concretização dos planos de ocupação das ruas de Brasília e de São Paulo pelas hostes do nazibolsonarismo.

Um dia depois do outro

Por João Guilherme Vargas Netto


Felizmente os terremotos previstos para acontecer no 7 de Setembro não derrubaram nada, embora façam tremer a superfície e invertam a sabedoria portuguesa: as piores consequências já aconteciam antes.

Com efeito, os problemas do povo e particularmente dos trabalhadores continuaram como antes – doença, desemprego, carestia – e muito pouco se falou de seu enfrentamento (exceto algumas manifestações no campo oposicionista, com destaque para o pronunciamento do ex-presidente Lula na véspera do 7 de Setembro) e muito menos o presidente da República, obcecado por sua pregação golpista, minoritária e contestada.

A lira do delírio de um ingênuo Arthur

Por Hildegard Angel

Bolsonaro convocou o povo pra insurreição, pra quebrar tudo, escalpelar, matar, que ele garantia, porque ele é o comandante-em-chefe das Forças Armadas.

A Nação ficou em suspense por meses, desde que ele anunciou um 7 de Setembro "do babado". Jair iria barbarizar!

O país parou uma semana, respiração presa na expectativa do pior. Os ricos, animados, fizeram o "brunch do esquenta das manifestações" em suas coberturas.

Com o sol na cabeça, no asfalto, ficaram os zumbis do Exército de Bolsonaroleone.

O plano A de Bolsonaro é melar as eleições

Por Luis Felipe Miguel, no Diário do Centro do Mundo:


O entusiasmo do capital, do Centrão e de grande parte da mídia com a “solução” da crise só comprova que o que eles querem é que Bolsonaro lhes dê uma desculpa, por mais fajuta que seja, para continuarem juntos.

Não importa que já existam experiências de sobra para provar que os acenos de Bolsonaro à moderação não valem um tostão furado.

Não importa que um par de horas depois ele já estivesse com as ameaças, insinuações e grosserias de sempre, na famosa laive.

Muito menos importa que os fatos sejam graves demais para que um mero pedido de “escusas”, como diria Sérgio Moro, resolva a situação.

Perdeu, Mussolini de araque!

Por Manuel Domingos Neto

Cedinho, topei com meu velho amigo Zé Afonso na fila do pão. Arqueado e triste, disse que esse país não tinha jeito.

Afonso sempre achou que o problema nacional fosse a corrupção. Brasília seria um antro de meliantes. Parlamentares e juízes, nem se fale, todos ladrões. Daí apostar na necessidade de um corajoso que botasse todos na cadeia. Bolsonaro, era mal educado e até podia ser corno, mas, coragem o homem tinha, acreditara o inocente Afonso.

Na volta para casa, encontrei Toinho da Carlota estacionando sua moto possante. Toinho gosta de lustrá-la. Malha todo santo dia e veste camiseta apertada. Respondeu à contragosto meu cumprimento habitual. Havia retirado o adesivo verde-amarelo do “Brasil acima de tudo”. É protegido do Arquimedes, um médico que, dizem, ganha mais dinheiro vendendo reprodutores bovinos e equinos do que atendendo clientes. Duas coisas Arquimedes nunca perde: missa aos domingos e oportunidade de comprar imóveis a preço abaixo do mercado.

O trabalho e a luta dos jornalistas

O 11 de Setembro na América do Sul

Bolsonaro recua, caminhoneiros em transe

EUA: 11 de setembro completa 20 anos

Nem golpe, nem impeachment

As mulheres da independência do Brasil

O falso aceno de paz do presidente

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

O caminho sem volta do golpismo bolsonarista

Bolsonaro: impeachment ou vira pato manco

Sobre as manifestações de 7 de setembro

Por Flávio Aguiar, no site A terra é redonda:


A única vez em que as esquerdas brasileiras interromperam a trajetória de um golpe de estado já em marcha foi defendendo a Legalidade, há 60 anos atrás

Desde logo vou dizendo que observei o 7 de setembro com meu óculo de alcance, a 12 horas de voo (pelo menos) do aeroporto de Guarulhos, que é onde normalmente aterrizo quando vou ao Brasil. É mais fácil, portanto, observar o tamanho da floresta do que os detalhes de cada árvore, arbusto e clareira.

Feita a ressalva, vamos lá.

Olhando a floresta toda, antes, durante e agora no day after do 7 de setembro, levando em conta as manifestações pró e contra Bolsonaro, os debates oficiais, oficiosos, as reações que pude observar em sites e grupos a que tenho acesso, fico com a sensação de que o jogo do 7 de setembro terminou num empate técnico.