Charge: Aroeira |
Vocês me desculpem voltar a 2013, pela enésima vez, mas essa minha obsessão cumprirá o papel de nos conduzir ao tema inescapável: o golpe que Bolsonaro está montando - e anunciando -, peça a peça, passo a passo.
Qual a versão predominante nas esquerdas sobre 2013 (embora, felizmente, haja outras)?
As ruas foram tomadas por fascistas e despolitizados, liderados por interesses internacionais, que visavam a derrocada do governo Dilma e a estigmatização do PT.
Vocês sabem o que me impressiona nessa leitura simplificadora?
A rapidez com que uma interpretação se consagra quando confirma convicções anteriores e reforça os próprios valores. É muito difícil reconhecer contradições e lidar com a complexidade.
Dizer que 2013 revelaria suas verdadeiras intenções no golpe parlamentar do impeachment é mais ou menos como afirmar que a Igreja Católica medieval teria desvelado as intenções verdadeiras do cristianismo primitivo, ou que o stalinismo teria desnudado a verdadeira essência do marxismo, ou que a mercantilização das calças rasgadas e dos demais itens associados ao mundo hippie teriam demonstrado o caráter intrinsecamente (pequeno) burguês e capitalista do movimento libertário dos anos 1960, etc.