quarta-feira, 11 de junho de 2008

Alstom, Yeda Crusius e a mídia tucana




O jornalista Nelson de Sá, que monitora atentamente o que rola na mídia e ainda preserva certa imparcialidade nas páginas da Folha, confirmou nesta semana o que muitos já sabem: a imprensa burguesa protege descaradamente tucanos e demos. Com o título “um mês depois”, ele ironizou: “Por qualquer razão, o Jornal Nacional [da TV Globo] deu o caso Alstom na sexta-feira, um mês depois de sair em manchete no Wall Street Journal. E nada de mencionar o PSDB ou o governo paulista, só o Metrô, ‘sob suspeita’ por um contracheque de 1994”. Noutro caso mais cabeludo, o colunista lembrou que “o escândalo no Rio Grande do Sul só chegou ao JN, enfim, no sábado”.

As duas denúncias sepultaram a imagem dos tucanos e dos demos, que pousavam cinicamente de guardiões da ética. No primeiro caso, a empresa suíça foi privilegiada em contratos para obras no Metrô, inclusive ficando livre de licitações. Mas a mídia, inclusive a Folha, não dá destaque nem esclarece o assunto. Como reagiu indignado o blogueiro Eduardo Guimarães, “no caso Alstom, a denúncia contra Alckmin, Kassab e outros não vem de brasileiros ou de pessoas físicas. Quem denunciou que a multinacional andou dando dinheiro para as campanhas políticas em troca de gordos contratos com o governo de São Paulo foram o Wall Street Journal e a justiça suíça”.

Já no caso da governadora Yeda Crusius, a situação é mais dramática. Não há apenas indícios de corrupção, mas provas concretas. O próprio vice-governador, do insuspeito Demo, já apresentou fitas comprovando que as estatais gaúchas fizeram “caixa-2” para a campanha tucana e mantém um esquema ilícito para garantir a sua governabilidade. Desesperada e abandonada por tucanos de alta plumagem, Yeda exonerou quatro secretários e até montou um gabinete da crise. Mesmo assim, cresce o movimento pelo impeachment da governadora tucana. A CPI do Detran acumula provas que justificariam a cassação do mandato, o que seria o maior vexame nacional do PSDB.

A mídia hegemônica, que durante a chamada crise do “mensalão” pediu a cabeça do presidente Lula, agora nada fala sobre o impeachment da atual governadora e ex-ministra de FHC. Cadê os editoriais e as chamadas no horário nobre de televisão sobre a queda iminente da nobre tucana? Cadê os vestais da ética do PSDB e do ex-PFL? O demo até fala em expulsar o vice-governador linguarudo. FHC e Serra simplesmente sumiram. Vale até recordar um discurso hidrófobo da ex-senadora Yeda Crusius, em julho de 2005, contra “o mar de lama da corrupção que se instalou no Palácio do Planalto” e também a sua singela pergunta: “Não é o caso de impeachment?”.

1 comentários:

Anônimo disse...

Nada como um dia após o outro...os "guardiões" da moralidade, os primeiros a atirarem pedras no governo Lula, provam do próprio veneno...A direita mais retrógrada é a do RS, não tenho dúvida disto...basta viajar para o interior aonde ainda existem os coronéis de latifúndio, toscos, brutos, capciosos e golpistas...todos apoiaram esta corja que já vem no poder desde o governo Brito (com um interregno, o governo Olívio). Estão sem palavras. Aliás, o ódio ao Olívio na época, cuja eleição foi uma surpresa para a direita, deveu-se à interrupção de uma série de negociatas em andamento, organizadas pelo bando do Brito, o segundo pior governador do meu estado. Sim, porque eu nunca duvidei de que o governo de Yeda "novo jeito de governar" Crusius (Cruzes?)teria a honra de ocupar o primeiríssimo lugar. Eu e a metade do estado.