Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Rodrigo Constantino foi, paradoxalmente, vítima daquilo que ele mais idolatra: o mercado.
Ele não tem do que se queixar, diante disso.
Foi o mercado – ou sua mão invisível, para usar a formidável expressão de Adam Smith – que colocou em estado de agonia terminal a empresa que despediu Constantino, a Abril.
A mão invisível transformou em dinossauros as empresas de mídia tradicional com o advento da Era Digital.
Revistas de papel – que fizeram a Abril ser o que foi – são hoje objeto em extinção.
Você virtualmente só as encontra em consultórios de médicos e dentistas, mas mesmo assim a maioria dos paciente prefere ficar conectada a seus celulares para colher notícias em tempo real.
A Abril de Constantino fatura cada vez menos. As duas grandes fontes de receita de uma editora – publicidade e vendas avulsas – entraram em colapso.
A Veja, particularmente, para manter a miragem da circulação de 1 milhão de exemplares, gasta cada vez mais dinheiro na forma de dezenas, centenas de milhares de exemplares distribuídos gratuitamente a assinantes que não renovaram suas assinaturas.
É um expediente antigo. Mas, até alguns anos, a conta era paga pela publicidade. Os anunciantes eram iludidos por uma circulação que na verdade não existia.
Agora, com a debandada da publicidade da mídia impressa, a Abril teria que imprimir dinheiro como uma Casa da Moeda para cobrir o buraco dos gastos.
(Ou, para pelo menos prolongar a sobrevida, teria que contar com um presidente da República que despejasse nela copiosas doses de dinheiro público via propaganda e financiamentos a juros maternos em bancos oficiais. Daí, em boa parte, a luta desesperada por Aécio e, antes dele, Serra e Alckmin.)
A mídia tradicional está para a mídia digital assim como a carroça esteve para o carro há cem anos.
No começo, as pessoas diziam que o carro não podia dar certo: não havia estradas, não havia onde abastecer, não havia motores confiáveis como os cavalos.
Deu no que deu.
A tragédia das corporações de mídia é a repetição da tragédia dos fabricantes de carroças.
Nenhum sobreviveu. Todas as competências deles de nada serviram na nova era.
Da mesma forma, tudo que as empresas de mídia aprenderam tem muito pouca utilidade no jornalismo digital.
Este é dinâmico, em constante renovação, e o gigantismo das grandes corporações como Globo e Abril torna impossível acompanhar o ritmo do mercado.
Se não bastasse isso, o dinheiro da publicidade das empresas tradicionais jamais vai se repetir na internet, um meio fragmentário por excelência.
Tudo isso é obra de uma coisa chamada mercado.
A seu modo tosco, de ideias pedestres e prosa sofrida, Rodrigo Constantino invocou o mercado todos os dias ao longos dos dois anos em que foi blogueiro da Veja.
Acabou morto pelo mercado, que tirou da Abril os meios para mantê-lo em seus quadros.
Poderia ser este seu epitáfio como blogueiro da Veja: “Lutou pelo mercado e foi morto por ele”.
Ele não tem do que se queixar, diante disso.
Foi o mercado – ou sua mão invisível, para usar a formidável expressão de Adam Smith – que colocou em estado de agonia terminal a empresa que despediu Constantino, a Abril.
A mão invisível transformou em dinossauros as empresas de mídia tradicional com o advento da Era Digital.
Revistas de papel – que fizeram a Abril ser o que foi – são hoje objeto em extinção.
Você virtualmente só as encontra em consultórios de médicos e dentistas, mas mesmo assim a maioria dos paciente prefere ficar conectada a seus celulares para colher notícias em tempo real.
A Abril de Constantino fatura cada vez menos. As duas grandes fontes de receita de uma editora – publicidade e vendas avulsas – entraram em colapso.
A Veja, particularmente, para manter a miragem da circulação de 1 milhão de exemplares, gasta cada vez mais dinheiro na forma de dezenas, centenas de milhares de exemplares distribuídos gratuitamente a assinantes que não renovaram suas assinaturas.
É um expediente antigo. Mas, até alguns anos, a conta era paga pela publicidade. Os anunciantes eram iludidos por uma circulação que na verdade não existia.
Agora, com a debandada da publicidade da mídia impressa, a Abril teria que imprimir dinheiro como uma Casa da Moeda para cobrir o buraco dos gastos.
(Ou, para pelo menos prolongar a sobrevida, teria que contar com um presidente da República que despejasse nela copiosas doses de dinheiro público via propaganda e financiamentos a juros maternos em bancos oficiais. Daí, em boa parte, a luta desesperada por Aécio e, antes dele, Serra e Alckmin.)
A mídia tradicional está para a mídia digital assim como a carroça esteve para o carro há cem anos.
No começo, as pessoas diziam que o carro não podia dar certo: não havia estradas, não havia onde abastecer, não havia motores confiáveis como os cavalos.
Deu no que deu.
A tragédia das corporações de mídia é a repetição da tragédia dos fabricantes de carroças.
Nenhum sobreviveu. Todas as competências deles de nada serviram na nova era.
Da mesma forma, tudo que as empresas de mídia aprenderam tem muito pouca utilidade no jornalismo digital.
Este é dinâmico, em constante renovação, e o gigantismo das grandes corporações como Globo e Abril torna impossível acompanhar o ritmo do mercado.
Se não bastasse isso, o dinheiro da publicidade das empresas tradicionais jamais vai se repetir na internet, um meio fragmentário por excelência.
Tudo isso é obra de uma coisa chamada mercado.
A seu modo tosco, de ideias pedestres e prosa sofrida, Rodrigo Constantino invocou o mercado todos os dias ao longos dos dois anos em que foi blogueiro da Veja.
Acabou morto pelo mercado, que tirou da Abril os meios para mantê-lo em seus quadros.
Poderia ser este seu epitáfio como blogueiro da Veja: “Lutou pelo mercado e foi morto por ele”.
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