Por Altamiro Borges
A efêmera detenção de Daniel Dantas, que durou apenas um dia – bem que num dos telefonemas grampeados um serviçal do banqueiro garantiu que seu patrão temia apenas a Polícia Federal, já que no Supremo Tribunal Federal “ele resolveria tudo” – dá um baita alivio à mídia hegemônica. Afinal, ela estava fazendo de tudo para esconder as relações promiscuas entre o megaespeculador e vários tucanos de alta plumagem. A TV Globo, por exemplo, noticiou a cinematográfica prisão vinculando-a unicamente ao “escândalo do mensalão do PT”. Já a Folha de S.Paulo, da famíglia Frias, deu um título esquizofrênico na capa: “Defesa do banqueiro diz ter papéis contra o PT”.
Defensora intransigente da privataria na era FHC, a mídia venal evitou vincular a fortuna obtida ilicitamente pelo mafioso com o processo da venda criminosa da estatal das telecomunicações. O seu banco, Opportunity, foi criado em 1996 e cresceu exatamente com a onda das privatizações, graças às íntimas relações com líderes do PSDB. Nenhuma manchete para o fato do especulador ter sido diretamente agraciado pelo ex-ministro tucano das Comunicações, Mendonça de Barros, que acionou os fundos de pensão nas negociatas. Pouco destaque para outras figuras tucanas que assumiram altos cargos no Opportunity, como o ex-presidente do Banco Central, Pérsio Arida, e a ex-diretora do BNDES, responsável pela área das privatizações, Elena Landau.
Cadê a filha do governador Serra
No seu desespero para defender os tucanos, a mídia deixou de noticiar até que um dos presos na mega-operação da PF, Verônica Rodenburg, irmã de Daniel Dantas, foi sócia de Verônica Serra, filha do atual governador paulista, na firma de consultoria Decidir. A empresa, que continua em atividade, registrou-se em Miami (EUA) em 3 de maio de 2000, sob o número P00000044377. Tem filiais na Argentina, Chile, México, Venezuela e Brasil e oferece dicas sobre oportunidades de negócios, incluindo a área de licitações públicas no Brasil. Consta no seu site: “Encontre em nossa base de licitações a oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado”.
Durante a CPI do Mensalão, em 2005, a senadora Ideli Salvatti acusou Dantas de manter íntimas relações líderes tucanos, citando sua sociedade com Pérsio Arida e a empresa de sua irmã com a filha do então prefeito da capital paulista, José Serra. A denúncia causou alvoroço na época, mas a mídia venal sequer retomou o caso agora. Esquecimento ou cumplicidade? Bob Fernandes, jornalista do site Terra Magazine e o primeiro a denunciar as prisões desta semana, talvez tenha a resposta. Após anos averiguando as maracutaias do banqueiro, ele chegou à conclusão de que Daniel Dantas é “um dos personagens centrais da mais feroz e encarniçada batalha da historia do capitalismo brasileiro” e que esta “batalha feroz incluiria também jornalistas e publicações”.
A efêmera detenção de Daniel Dantas, que durou apenas um dia – bem que num dos telefonemas grampeados um serviçal do banqueiro garantiu que seu patrão temia apenas a Polícia Federal, já que no Supremo Tribunal Federal “ele resolveria tudo” – dá um baita alivio à mídia hegemônica. Afinal, ela estava fazendo de tudo para esconder as relações promiscuas entre o megaespeculador e vários tucanos de alta plumagem. A TV Globo, por exemplo, noticiou a cinematográfica prisão vinculando-a unicamente ao “escândalo do mensalão do PT”. Já a Folha de S.Paulo, da famíglia Frias, deu um título esquizofrênico na capa: “Defesa do banqueiro diz ter papéis contra o PT”.
Defensora intransigente da privataria na era FHC, a mídia venal evitou vincular a fortuna obtida ilicitamente pelo mafioso com o processo da venda criminosa da estatal das telecomunicações. O seu banco, Opportunity, foi criado em 1996 e cresceu exatamente com a onda das privatizações, graças às íntimas relações com líderes do PSDB. Nenhuma manchete para o fato do especulador ter sido diretamente agraciado pelo ex-ministro tucano das Comunicações, Mendonça de Barros, que acionou os fundos de pensão nas negociatas. Pouco destaque para outras figuras tucanas que assumiram altos cargos no Opportunity, como o ex-presidente do Banco Central, Pérsio Arida, e a ex-diretora do BNDES, responsável pela área das privatizações, Elena Landau.
Cadê a filha do governador Serra
No seu desespero para defender os tucanos, a mídia deixou de noticiar até que um dos presos na mega-operação da PF, Verônica Rodenburg, irmã de Daniel Dantas, foi sócia de Verônica Serra, filha do atual governador paulista, na firma de consultoria Decidir. A empresa, que continua em atividade, registrou-se em Miami (EUA) em 3 de maio de 2000, sob o número P00000044377. Tem filiais na Argentina, Chile, México, Venezuela e Brasil e oferece dicas sobre oportunidades de negócios, incluindo a área de licitações públicas no Brasil. Consta no seu site: “Encontre em nossa base de licitações a oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado”.
Durante a CPI do Mensalão, em 2005, a senadora Ideli Salvatti acusou Dantas de manter íntimas relações líderes tucanos, citando sua sociedade com Pérsio Arida e a empresa de sua irmã com a filha do então prefeito da capital paulista, José Serra. A denúncia causou alvoroço na época, mas a mídia venal sequer retomou o caso agora. Esquecimento ou cumplicidade? Bob Fernandes, jornalista do site Terra Magazine e o primeiro a denunciar as prisões desta semana, talvez tenha a resposta. Após anos averiguando as maracutaias do banqueiro, ele chegou à conclusão de que Daniel Dantas é “um dos personagens centrais da mais feroz e encarniçada batalha da historia do capitalismo brasileiro” e que esta “batalha feroz incluiria também jornalistas e publicações”.
2 comentários:
Luis Weiss, OI, Verbo Solto
Ou muitíssimo me engano, ou nenhum jornal fez qualquer coisa com a informação que se lê no 10º parágrafo da matéria "Dantas falou com Braz sobre a investigação", de Juliano Basile, no Valor de ontem.
A informação tem nada a ver nem com Dantas, nem com Braz - e sim com o mais importante político brasileiro citado nos trechos já vazados do relatório da Operação Satiagraha. Seguinte:
"Ao falar de Naji Nahas, a Polícia Federal mostra-se impressionada com a habilidade do investidor no mercado financeiro. As gravações entre Nahas e doleiros revelariam, segundo a PF, que o investidor teria importantes informações privilegiadas. Em 5 de novembro de 2007, Nahas fala com um doleiro que a Cesp seria privatizada e monta operação para ganhar R$ 80 milhões, segundo a PF. O investidor diz na gravação que a privatização fora informada a ele pelo próprio "Serra" (governador de São Paulo, José Serra)."
Por escassa que seja a credibilidade do especulador - ele diz ter sabido com antecedência da decisão do Fed, o banco central americano, de aumentar os juros - o mínimo a esperar dos jornais de hoje seria um comentário de Serra a respeito (ou o seu eventual silêncio, se essa fosse a sua reação, caso procurado).
O que não pode é esse silêncio da mídia.
è isso mesmo, parabéns ela lembrança e esclarecientos. Enquanto isso,nós da base popular, ficamos nos atacndo (PT X PSOL) (CUT X CONLUTAS) ... PRECISAMOS IDENTIFICAR NOSSOS INIMIGOS E TRABALHARMOS JUNTOS POR UMA REVOLUÇÃO POPULAR, ANTES QUE O NEO-LIBERALISMO NOS SUFOQUE ATRAVÉS DA ISULÃO DO SUBORNO OCULTO E DA MÍDIA CAPITALISTA
Claudinho Assembléia Popular Salto SP
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