quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Enchentes: “omissão criminosa” de Serra

As enchentes que castigam São Paulo desde dezembro passado não são culpa exclusiva da mãe-natureza, como insiste em alardear a mídia demo-tucana. Bem diferente da postura adotada na gestão de Marta Suplicy, quando os âncoras e comentaristas da televisão crucificaram a prefeita petista, agora a mídia tenta limpar a barra dos responsáveis – culpa Deus e o povo. A TV Globo, sob o comando do “senhor das trevas” Ali Kamel, amiguinho de José Serra, é a mais tendenciosa na cobertura. O governador nem sequer é citado, parece que submergiu nas águas lamacentas.

E isto quando os estragos causados não têm qualquer comparação na história recente do estado. Até o final de janeiro, cerca de 70 pessoas já haviam morrido em decorrência dos desabamentos e afogamentos; 132 cidades paulistas tinham sido atingidas por inundações e desmoronamentos; bairros da capital e 26 municípios do interior estavam alagados, com a população vegetando em lonas e barracos, sem comida e água para beber. Diante do caos, o prefeito demo Kassab culpou os pobres; o governador tucano Serra sumiu; e a mídia demo-tucana faz de tudo para blindá-los.

Recursos desviados para a publicidade

Mas o povo não é bobo e a verdade vai aparecendo aos poucos – o que talvez explique a queda do presidenciável tucano nas últimas pesquisas de opinião pública. Várias entidades populares e técnicos sérios passaram a denunciar os verdadeiros culpados pelo drama vivido pelos paulistas. O Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sintaema) comprovou que a empresa responsável pelo setor, Sabesp, foi sucateada durante o longo reinado tucano no estado, com a demissão de milhares de funcionários e os cortes nos investimentos em infra-estrutura.

Com base em várias denúncias, a bancada do PT na Assembléia Legislativa entrou nesta semana com representação na Procuradoria Geral da Justiça para que sejam apuradas “as suspeitas de ilegalidade, inconstitucionalidade e improbidade na gestão de José Serra, que reduziu os recursos para a prevenção e combate às enchentes”. O partido responsabiliza o governador por “má gestão e omissão criminosa” e denúncia que os recursos para a prevenção das enchentes estão sendo remanejados e “têm sido destinados à publicidade do seu governo, visando à eleição de 2010”.

Cortes nos gastos em infra-estrutura

As provas exibidas pela bancada petista são irrefutáveis. De acordo com dados do Orçamento do Estado, em 2010 houve redução de 20% nas operações de combate a enchentes. Em 2009, foram previstos R$ 252 milhões; já em 2010, estão estimados R$ 200 milhões – uma queda de R$ 51,5 milhões. “Os números revelam que será cortado quase o dobro do valor dos atuais contratos para desassoreamento da calha do Rio Tietê, que somam R$ 27,2 milhões – se com os valores atuais o resultado é o visto, imagine-se com um corte que é o dobro dos valores atuais”, alerta a bancada.

O orçamento estadual também prevê menos investimentos em serviços e obras complementares da Bacia do Alto Tietê. O corte proposto para 2010 é de 61%. Já no Departamento de Água e Energia Elétrica, órgão do governo responsável pelas obras da calha do Tietê, foi previsto um corte de R$ 20,3 milhões. “Essa redução se dá especialmente nas despesas correntes, onde estão as ações de desassoreamento da calha, que atingiram o valor de R$ 30,8 milhões e o impacto de R$ 42 milhões a menos nos investimentos”, descreve o texto da representação.

“Má gestão e imoralidade pública”

A Procuradoria recebeu tabelas comparativas entre os gastos no combate às enchentes e os gastos em publicidade. Extraídas do Sistema de Gerenciamento de Execução Orçamentária (Sigeo), elas revelam que, entre 2006 e 2009, José Serra deixou de contratar o desassoreamento e de destinar recursos adequados ao combate às inundações. “Havia uma previsibilidade e, então, temos uma omissão culposa, além da má gestão e da improbidade face à imoralidade do desvio de finalidade que a alocação dos recursos representa”, critica o deputado Ruy Falcão, líder da bancada.

Os estragos causados pelas enchentes em São Paulo, além de confirmarem o total menosprezo do governador José Serra com os dramas da população, corroboram a tese de que existe uma relação promíscua entre o grão-tucano e a mídia golpista. Como insiste o jornalista Luiz Carlos Azenha, no vigilante blog Vi o mundo, a imprensa evita desnudar as verdadeiras causas desta tragédia paulista. Ela inocenta o presidenciável tucano e prefere culpar Deus e os pobres, fazendo vários malabarismos jornalísticos e estatísticos para justificar o injustificável.

Mídia não toca na promessa tucana

O atento blogueiro observa que “nos últimos dias, a Folha e outros órgãos da mídia tem dançado em torno de um recorde irrelevante: se as chuvas desde janeiro em São Paulo serão ou não as maiores dos registros históricos. Minha pergunta é: e daí? Para quem é vitima das enchentes ou para quem dirige pelas marginais do Tietê e de Pinheiros isso é absolutamente irrelevante”. Para ele, o bom jornalismo recomendaria averiguar porque a principal promessa eleitoral dos tucanos, a do fim das enchentes na calha do rio Tietê, afundou de vez no cotidiano lamaçal paulista.

“É impossível dançar em torno dessa realidade: o gerenciamento das represas do Alto Tietê e a capacidade de vazão do rio são essenciais não apenas para a temporada de chuvas de 2010, mas de 2011, 2012, 2013..., independentemente de quem seja o governador. Sabemos que Geraldo Alckmin concluiu uma obra bilionária cuja promessa central era acabar com as enchentes em São Paulo... No entanto, quatro anos depois da conclusão desta obra o rio Tietê já transbordou quatro vezes: uma durante o próprio governo de Alckmin e três recentemente, no governo Serra. Foram milhões em prejuízos para a cidade, tanto em danos diretos como em danos indiretos”.

6 comentários:

GilsonSampaio disse...

Miro,
Zé Aluvião condenou sumpaulo às enchentes.
INPE avisou Zé Aluvião para esvaziar os reservatórios em outubro.
Veja no Estadão
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100203/not_imp505449,0.php
ou
http://gilsonsampaio.blogspot.com/2010/02/ze-aluviao-condenou-sumpaulo-as.html

Anônimo disse...

Olá Altamiro, gostei muito desse texto que lir. Seria bom que todos os brasileiros visse o quanto a mídia venal distorce, faz sensacionalismo com tragédias alheia. O pobre povo desse referido pais e que sofre na pele os longos séculos de humilhaçaõ e espoliação de suas riquezas. Os meios de comunicação latino-americanos continuam tão porta voz dos interesses estadunidense como nunca antes na história,Se procurasse pelo menos ler o seu livro recente:A Ditadura da Mídia, saberia destiguir .

Marcos disse...

Isso, caro Miro, não contando os bilhões que os japoneses enviaram para a despoluição do rio, que já tem 20 anos e nada foi feito.

Sem contar o rio assoreado que não dá vazão aos afluentes e obviamente retornam, causando inundação onde não havia ou onde havia pouca.

Ainda, as pistas eleitoreiras junto ao leito do rio, que teimam não ter impermeabilizado a área.

Este governo demo-tucano dá nojo.

do avesso disse...

Posso postar este seu texto no meu blog (claro que com os devidos créditos)?

Cristiana Castro disse...

Sr. Altamiro Borges gostaria de obter informações acerca da viabilidade da criação de uma TV da WEB, ou seja, a possibilidade de se levar a web para os domicílios que já possuem TV, porém com o conteúdo da rede. A discussão está aberta no Observatório da Imprensa, no " Código Aberto", do jornalista Carlos Castilho.

JEAN CARLOS disse...

Excelente texto,conciso e esclarecedor.Como é lamentável observar o comportamento venal,tendencioso e hipócrita desta ''grande mídia '' tupiniquim. O OUTRORA GOVERNO MARTA,mesmo com volumes pluviométricos bem abaixo deste, era demonizado diariamente.Agora pergunto:onde estão os mesmos ''especialistas'' cobrando investimentos ? onde estão as extensas reportagens exigindo respostas rápidas do poder público? onde estão os repórteres que exibiam os números financeiros não utilizados pela prefeita ? Nós sabemos onde eles estão,infelizmente calados,aprisionados pelo chefe que tudo sabe ,mas nada pode ser divulgado. Só lamento ter que morar em um país com esta ''imprensa''.