segunda-feira, 4 de abril de 2011

Noblat ampara Bolsonaro; racismo é crime

Reproduzo artigo de Brizola Neto, publicado no blog Tijolaço:

Hoje, em sua coluna em O Globo, o jornalista Ricardo Noblat diz que aqueles que defendem a punição do Sr. Jair Bolsonaro são os “fascistas do bem”.

O Sr. Ricardo Noblat aborda a questão como se a atitude do sr. Bolsonaro tivesse se restringido à homofobia. Embora seja absurdo discriminar alguém por sua opção sexual, não é por essa razão que o Sr. Bolsonaro precisa ser punido pela Câmara dos Deputados.

Porque a homofobia foi saída estúpida e “esperta” de Bolsonaro para tentar descaracterizar o ato de racismo que praticou.

A cantora Preta Gil perguntou-lhe o que faria se o filho dele, Bolsonaro, se apaixonasse por uma negra.

E foi diante disso que Bolsonaro teve sua explosão racista.

Não sou – e não somos, os 20 deputados que representamos contra Bolsonaro – ”a patrulha estridente do politicamente correto” (…), ” opressiva, autoritária, antidemocrática”, que “em nome da liberdade, da igualdade e da tolerância, recorta a liberdade, afirma a desigualdade e incita a intolerância”.

Dizer que alguém tem o direito de agir de forma racista e não ser punido não é “patrulhar”. É defender a Constituição brasileira – aquela mesma que o Sr. Bolsonaro jurou cumprir e respeitar, ao tomar posse. Lá está escrito, em seu art.5º, inciso LXII, textualmente:

“A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”.

E a lei, a 8081/90, diz, específicamente:

"Art. 20 – Praticar, induzir ou incitar, pelos meios de comunicação social ou por publicação de qualquer natureza, a discriminação ou preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional. Pena: reclusão de 2 a 5 anos".

O que fez o Sr. Jair Bolsonaro no programa CQC?

Ele tem o direito de ser contra cotas, contra gays e pode até ter um pensamento racista. Direito dele. Pode até expender estas opiniões, lamentáveis e desumanas, em diálogos privados. Mas não pode praticar atos racistas nos meios de comunicação. Está na lei.

Um deputado não pode praticar o que a lei proíbe, e foi isso que o sr. Bolsonaro fez. Se o colunista Noblat acha que a lei antiracismo é fascista – e achar isso é um direito democrático – que o diga, claramente.

Agora, se não é isso que pensa e se está mal-informado sobre a representação por quebra de decoro parlamentar que fizemos ingressar na Câmara – neste caso, o texto está aqui para ser lido – não pode chamar de fascistas, ainda que do “bem”, os que pedem o cumprimento da Constituição e da lei.

3 comentários:

Unknown disse...

"Se a questão for de falta de decoro, sugiro revermos nossa capacidade seletiva de tolerância. Falta de decoro maior é roubar, corromper ou dilapidar o patrimônio público. No entanto, somos um dos povos mais tolerantes com ladrões e corruptos. Preferimos exercitar nossa intolerância contra quem pensa e diz coisas execráveis." Não estou aqui para defender atos racistas, estou aqui para defender a ideia do colunista, pois, atos dignos de prisão perpétua são efetuados para quem quiser ver em todas as esferas de governo e não vejo ninguém fazendo representação.

Pedro disse...

Concordo com absolutamente tudo e acho execrável o comportamento daqueles que vêem na responsabilização algo de facista, por que censura. Se ser facista é censurar, o que dizer do próprio Bolsonaro, partidário da pseudo-revolução de 64? Acrescentando ao que dise o Luciano, se esse fosse um país sério quanto a punir os seus criminosos, os perpetradores e mantedores da ditadura de outrora já teriam sido punidos, a exemplo da Argentina, que, essa sim, nesse quesito, dá exemplo de Democracia.

Aline Perantoni disse...

Não acho que ele foi racista não...
Se vê claramente que ele não gosta da preta... a resposta nada tem a ver com a pergunta! Antes de pensarmos em "liquidar" com os racistas, vamos primeiro tirar do poder os que nos empobrecem!