Por Cris Rodrigues, no blog Somos andando:
Achando pouco colocar em prática sua estratégia de distorcer a informação e basear a construção das notícias na ideia de que o leitor/espectador/internauta/ouvinte é burro, a RBS mais uma vez joga os pés pelas mãos e decide estabelecer normas escritas para a conduta. O título, claro, distorce a ideia. Fala em “autorregulamentação”.
Mal sabem eles que quem está do outro lado (lado?) não é burro (ou bem sabem e estão tentando correr atrás? hmm…).
Com palavras bonitinhas e concatenadas com o objetivo, mais uma vez, de fazer o leitor entender uma coisa que não está escrita, a Zero Hora publicou um editorial sobre o tema. No ar desde ontem no site, o texto vai vir com a edição impressa do próximo domingo, como comemoração ao lançamento do seu “Guia de Ética e Autorregulamentação Jornalística”, a acontecer hoje, sexta-feira.
Pois comecemos pelo começo. Ética. Esse povo gosta de usar a palavra em vão. Vale uma regra: se não tiver, não usa. Simples assim. No caso do grupo que exerce o monopólio das comunicações no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, conviria deixar de fora. Falta honestidade. Mas bom, issa é prática comum para quem não tem a tal da ética.
Ainda no primeiro parágrafo, o editorial fala em “informação independente e opinião plural”. Cof cof. Risos. Murmúrios.
O povo se ajeita nas cadeiras desconcertado e ligeiramente envergonhado. Tudo bem que brasileiro costuma ser meio cara de pau, mas tudo tem limite. Na frase seguinte, vêm as palavras “integridade, autenticidade e transparência”, e aí o leitor se espanta ao perceber que a empresa está falando de si própria, como se a frase anterior não tivesse sido suficiente.
Calma, continua aí que a diversão está só começando.
Ainda temos pela frente “liberdade de expressão”, “promoção do ser humano”, “informação livre”, “ética” de novo (quando muito repetida, sabe como é, vira verdade), “permanente discussão” (provavelmente se referindo ao profícuo debate de ideias dentro da família Sirotski), “mecanismo democrático de transparência”. Tudo muito bonito, mas né.
Isso sem falar na falácia da luta contra a censura, como se monopólio não fosse uma forma de exercê-la. Mas não vamos tão a fundo nos detalhes, para não cansar o leitor, que já deve estar exausto de tantos anos de enrolação. Falemos dos pontos gerais de questão com vários aspectos:
Em primeiro lugar, a ideia de autorregulamentação em si. Convenhamos, quem acredita? Se eu vou me regular a mim mesma (e o pleonasmo é proposital), é só eu não fazer o que eu acho errado, certo? Ou alguém aqui
Ou seja, diante da pressão por mais pluralidade e comprometimento social, a RBS publica um manual (e faz um alarde em cima da história) só pra bonito, pra dizer que faz alguma coisa e manter as aparências (que aparências ainda restam mesmo?).
Engraçado que não comentam quem escreveu o guia. Quem dita as regras da autorregulamentação da Zero Hora. Por que todos os leitores têm que achar essas regras bonitas, se elas representam só os interesses dos donos do jornal, ou, pra ser um pouco mais condescente, que os donos do jornal acham que é o melhor pra sociedade (considerando alguma possível boa intenção)?
E por fim, como se não bastasse o próprio editorial autoadulatório e hipócrita, ainda vem a pergunta cretina, publicada no site como uma enquete a ser publicada junto com o texto na edição de domingo: “você concorda com o editorial que defende a autorregulamentação jornalística como direito do público?”. Entre parênteses, antes do ponto de interrogação, caberia colocar: “que a Zero Hora defende e apresenta a seguir com os argumentos mais bem trabalhados e as palavras mais bem escolhidas e sem contraponto”.
Ops, desculpa, esqueci que honestidade não passa por aquelas bandas…
P.S.: Mudando de assunto, alguém aí viu a cobertura da RBS sobre o livro do jornalista Amaury Jr., divulgado essa semana, que denuncia a privataria tucana? Não estou conseguindo achar…
Achando pouco colocar em prática sua estratégia de distorcer a informação e basear a construção das notícias na ideia de que o leitor/espectador/internauta/ouvinte é burro, a RBS mais uma vez joga os pés pelas mãos e decide estabelecer normas escritas para a conduta. O título, claro, distorce a ideia. Fala em “autorregulamentação”.
Mal sabem eles que quem está do outro lado (lado?) não é burro (ou bem sabem e estão tentando correr atrás? hmm…).
Com palavras bonitinhas e concatenadas com o objetivo, mais uma vez, de fazer o leitor entender uma coisa que não está escrita, a Zero Hora publicou um editorial sobre o tema. No ar desde ontem no site, o texto vai vir com a edição impressa do próximo domingo, como comemoração ao lançamento do seu “Guia de Ética e Autorregulamentação Jornalística”, a acontecer hoje, sexta-feira.
Pois comecemos pelo começo. Ética. Esse povo gosta de usar a palavra em vão. Vale uma regra: se não tiver, não usa. Simples assim. No caso do grupo que exerce o monopólio das comunicações no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, conviria deixar de fora. Falta honestidade. Mas bom, issa é prática comum para quem não tem a tal da ética.
Ainda no primeiro parágrafo, o editorial fala em “informação independente e opinião plural”. Cof cof. Risos. Murmúrios.
O povo se ajeita nas cadeiras desconcertado e ligeiramente envergonhado. Tudo bem que brasileiro costuma ser meio cara de pau, mas tudo tem limite. Na frase seguinte, vêm as palavras “integridade, autenticidade e transparência”, e aí o leitor se espanta ao perceber que a empresa está falando de si própria, como se a frase anterior não tivesse sido suficiente.
Calma, continua aí que a diversão está só começando.
Ainda temos pela frente “liberdade de expressão”, “promoção do ser humano”, “informação livre”, “ética” de novo (quando muito repetida, sabe como é, vira verdade), “permanente discussão” (provavelmente se referindo ao profícuo debate de ideias dentro da família Sirotski), “mecanismo democrático de transparência”. Tudo muito bonito, mas né.
Isso sem falar na falácia da luta contra a censura, como se monopólio não fosse uma forma de exercê-la. Mas não vamos tão a fundo nos detalhes, para não cansar o leitor, que já deve estar exausto de tantos anos de enrolação. Falemos dos pontos gerais de questão com vários aspectos:
Em primeiro lugar, a ideia de autorregulamentação em si. Convenhamos, quem acredita? Se eu vou me regular a mim mesma (e o pleonasmo é proposital), é só eu não fazer o que eu acho errado, certo? Ou alguém aqui
Ou seja, diante da pressão por mais pluralidade e comprometimento social, a RBS publica um manual (e faz um alarde em cima da história) só pra bonito, pra dizer que faz alguma coisa e manter as aparências (que aparências ainda restam mesmo?).
Engraçado que não comentam quem escreveu o guia. Quem dita as regras da autorregulamentação da Zero Hora. Por que todos os leitores têm que achar essas regras bonitas, se elas representam só os interesses dos donos do jornal, ou, pra ser um pouco mais condescente, que os donos do jornal acham que é o melhor pra sociedade (considerando alguma possível boa intenção)?
E por fim, como se não bastasse o próprio editorial autoadulatório e hipócrita, ainda vem a pergunta cretina, publicada no site como uma enquete a ser publicada junto com o texto na edição de domingo: “você concorda com o editorial que defende a autorregulamentação jornalística como direito do público?”. Entre parênteses, antes do ponto de interrogação, caberia colocar: “que a Zero Hora defende e apresenta a seguir com os argumentos mais bem trabalhados e as palavras mais bem escolhidas e sem contraponto”.
Ops, desculpa, esqueci que honestidade não passa por aquelas bandas…
P.S.: Mudando de assunto, alguém aí viu a cobertura da RBS sobre o livro do jornalista Amaury Jr., divulgado essa semana, que denuncia a privataria tucana? Não estou conseguindo achar…
2 comentários:
Deviam perguntar pro Olívido Dutra o que ele acha da "ética" do Grupo RBS.
Pra quem não sabe Olívio é um dos políticos mais íntegros e honestos do país e durante seus 4 anos de governo foi implacavelmente perseguido pelo Grupo RBS.
Podes crer.
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